sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Relicário: Black Panther v.3 #01


Se no "esquadrinhando a quarta" eu falo um pouco sobre os últimos lançamentos quadrinhisticos, aqui no "relicário" o lance é revisitar os clássicos (ou mesmo conhecer alguma perola perdida que passou batido pelo meu radar. Pra um cara de 36 anos de idade e que lê gibis de heróis desde os 10, é meio absurda a quantidade de coisa legal e com status de clássico que eu NÃO li...).

Pra começar, deixem-me pagar uma promessa: este blog voltou do hiato há uns meses atrás pq eu prometi pra entidade cósmica de vossa escolha que, caso eu encontrasse um torrent com o Pantera Negra do Christopher Priest e a Supergirl do Peter David, eu ressuscitaria o Groselha on the rocks e resenharia as duas fases inteiras.

Well... "a Lannister always pay his debts". Então, pra começar, vamos mergulhar no título que redefiniu o Pantera Negra pros novos tempos. E já aviso de antemão: não vou maneirar nos spoilers, ok?

"Pow, tu vai resenhar um arco que nem saiu no Brasil?"

Ow, Little John.... Parece um comentário razoável. Se pelo menos as 10 primeiras edições dessa HQ já tivessem sido disponibilizados pra download gratuitamente em um blog muito simpático cujo nome não me ocorre agora mas tem a ver com uma bebida de tom rubro servida com cubos de água congelada, não é mesmo?

And also: fuck you, little John. 

so, this is it, guys

Bora pra Wakanda!!!



Black Panther v.03. #01 (Publicada em 10 de Novembro de 1998)
Roteiro de Christopher Priest
Arte de Mark Texeira

Primeiramente, vamos apresentar nossos protagonistas:


Na ordem: 
As Dora Milaje: ok, story time - Em Wakanda, temos dois grupos distintos, os habitantes do perímetro urbano e os clãs tribais. Basicamente, os moradores da cidade odeiam os clãs. Os clãs odeiam os urbanos.
E os dois grupos odeiam o Pantera Negra. Pra apaziguar as coisas, as leis Wakandianas permitem que o monarca escolha uma jovem de cada grupo pra sua potencial futura esposa. Dessa forma, temos paz. As Dora Milaje (as adoradas na linguagem nativa) são guerreiras treinadas e acabam servindo também como guarda costas do seu soberano. T'challa tem uma relação bastante respeitosa com ambas (até pq, segundo um comentário do agente Ross, ambas ainda estão abaixo da idade legal)
Zuri: Vou descreve-lo usando as palavras de Ross "Zuri é como aquele seu tio que fica direto atropelando seu skate com o carro velho dele". Zuri é irmão de T'chakka, pai de T'challa. Com a morte do primeiro, ele ajudou o segundo, treinando-o e continuando sua educação e, posteriormente, funcionando como conselheiro e outro segurança do rei. Sim, eu sei. Pq diabos T'challa precisa de tantos seguranças, sendo um artista marcial bom à nível de sair na porrada com o Capitão América e Namor e ganhar? Eu não sei, mas seguro morreu de velho e tals.
T'challa, o Pantera Negra: Monarca, Vingador, líder do clã da Pantera, um dos homens mais poderosos do planeta. E o motivo pelo qual essa resenha está sendo feita.
Everet K. Ross: O cara branco e engraçado da revista. O cara mais branco dos EUA. O que eu quero dizer com isso? Vejam este comentário do rapaz após sua primeira noite num prédio na periferia de Nova York. 


Ficou claro?
Ok, sigamos: 
O negócio já começa frenético. Somos recebidos pelo gibi com a emblemática imagem do agente Ross apontando uma arma contra um rato. Sem calças. Em cima de uma privada. 


E nessa primeira página, já, sem dó nem piedade, pegamos a idéia geral do que nos espera: é a partir da visão do agente Ross, um cara branco (não, não é coincidência) e, sob qualquer perspectiva, medíocre, que vamos acompanhar a jornada do protagonista.
O ritmo da narrativa tb é apresentada nessa página, toda não linear e via flashbacks. Tarantinesco? Yep, e a ponto de merecer referencia direta.


Algumas cenas de diálogo (de novo, Tarantino all the way here) e finalmente temos a primeira aparição real do Pantera Negra, e, oh boy.


Página dupla, traço do Mark Texeira belíssimo (aliás, isso merece um comentário à parte: se o lance era impressionar de cara, não podiam ter feito escolha melhor que Texeira pra arte. Sou suspeito pra falar já que acho que sou bitch da arte dele desde sua passagem antológica pelo título do do Motoqueiro Fantasma. E o tom aqui é o mesmo: ambientação majoritariamente noturna, suja, permitindo que o leitor quase sinta o cheiro das ruas conforme lê. Além disso: não são muitos os artistas que conseguem fazer uma transição suave e súbita do drama pro humor em seu traço. John Romita Jr. consegue, Dale Keown consegue, Gary Frank consegue. E Mark Texeira consegue brilhantemente).. T'challa no centro, suas Dora Milaje e ao lado, pra tirar qualquer duvida, o titulo da história "The Client". Comparem essa imagem do T'challa imponente, larger than life, com a da primeira aparição do agente Ross. Everet pode ser o storyteller aqui mas a história dele só nos interessa pelo seu papel como narrador das aventuras do rei de Wakanda. A partir daí, é o protagonista e suas "noivas" sendo awesome, intimando uma gangue local pra trabalhar pra ele.



Antes da metade da primeira edição, Priest (via Agente Ross) já nos explicou PQ o personagem é foda. Não, ele não tem super poderes, tecnicamente ele é só um humano comum. E do pouco material anterior que me vem a mente no momento a respeito dele, pode-se dizer que ele não era um homem de personalidade fácil. 
Well, a questão é "pq ele seria?". Diabos, ele NÃO é um super herói. Ele não é o "Batman negro da Marvel". Ele é, provavelmente, um dos 4 homens mais poderosos do universo Marvel, junto com o presidente dos EUA, Namor, soberano da Atlântida (portanto, imperador de um reino com soberania em mais de metade do planeta) e Victor Von Doom (Líder da Latvéria, um país minusculo, sim, mas com mais tecnologia bélica do que provavelmente EUA e o bloco Soviético somados). A roupa de pantera não é um uniforme de super heróis, mas um traje cerimonial, simbolo tradicional do seu povo. So, again.... T'challa é um dos personagens mais fora da caixa do universo Marvel e finalmente alguém decidiu trazer esse elemento do personagem à tona.

Bom, a trama: Descobrimos, junto com o Agente Ross, que T'challa e sua comitiva estão nos EUA para investigar a Tomorrow Fund. Anos antes do início da história, o consulado Wakandiano nos Estados Unidos havia apoiado tal fundação, responsável por alguns planos de inclusão social, incluindo a construção de prédios de baixo custo. A merda inevitavelmente ocorre quando explodem as notícias de que tal fundação está enfiada em corrupção, servindo inclusive de fachada pra lavagem de dinheiro de drogas.
And also...



Essa linda garotinha? Que posou numa foto com o Pantera? O rosto-simbolo da iniciativa conjunta entre o governo de Wakanda e a Tomorrow Fund?
Morta. Encontrada num beco. Então, não só o rei africano vai até solo americano investigar mas decide ficar num dos edifícios construídos pela fundação acima citada.
Eu vou tentar não fazer nenhum comentário que envolva o que eu já li das demais edições, so, here we go: ok, então, temos uma criança morta, a reputação impecável do governo Wakandiano manchada e o olhar público voltado de forma condenatória em direção ao soberano desse reino, de forma que ele é obrigado a ir até os EUA, mesmo com seu país a beira de uma guerra civil. Sentem cheiro de algo?



Oh, fucking yeah, Ackbar. It's a fucking trap!!!!

Ah sim, e no final, o demônio aparece.
eu digo, literalmente...


A seguir: agente Ross e as calças do demônio. 

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