Esse provavelmente vai ser o menor texto da série aqui no blog, cobrindo a primeira - e segundo rumores recentes percorrendo a interwebz, única? - temporada de Doom Patrol. Não pq não tenha rolado muita coisa durante o episódio, mas por que
a) foi um episódio de set up. Quase um prólogo pro episódio seguinte, que encerra a temporada e
b) Pq ele girou quase todo em torno de simulações de realidade criadas pelo Mr. Nobody para despistar seus inimigos, antes da inevitável luta final. Dá pra dizer que o episódio, além da parte um que precede o clímax no seguinte, é um gigantesco preambulo do seu ato final, quando após conseguir superar os labirínticos desafios impostos a eles pelo "vilão", eles finalmente tem seu confronto.
O twist vem, no entanto, do fato de que a "luta" não é física, mas emocional. E o adversário não é o Mr. Nobody, mas o patriarca e fundador daquele time. Pra quem leu a fase de Grant Morrison no título da Patrulha do Destino, não foi surpresa nenhuma a revelação, já que ela rola também na hq. Mas considerando que o Chief da série é bem mais caloroso e humano que o frio e estóico Niles do gibi, o impacto emocional da revelação acaba sendo maior. Caulder foi o responsável pelos horrores que transformaram pessoas quebradas em super humanos igualmente quebrados.
Há aqui, óbvio e principalmente nos dias atuais, o risco de se glamorizar a dor como mecanismo de desenvolvimento dos personagens. Quem lembra de Sansa Stark quase grata por ter passado por toda sorte de horrores (estupros, inclusive) pq isso a tirou do seu estado inicial de comodismo e a tornou a figura pivotal que ela é ao final de GoT? O roteiro de Chris Dingess no entanto consegue bailar sobre tais questões com a devida graciosidade. Eles não são gratos pelas desgraças que os acometeram, mas já que elas vieram, eles decidem aceitá-las como parte daquilo que os reuniu, que os tornou aptos a salvar vidas e interceder contra injustiças. Eu gostaria de não ter sido exposto ao tipo de coisa pela qual passei quando criança e adolescente, mas aceito esses episódios como partes daquilo que me moldaram e me tornaram a pessoa que sou hoje. Talvez eu seria uma pessoa melhor sem eles? Talvez. Mas talvez, se uma cereja fosse menor e verde, seria uma ervilha. O fato é que é isso que eu sou e é isso que eles, Vic, Jane, Larry, Cliff e Rita são e o que nos resta é fazer a melhor limonada possível com os limões que a vida nos deu. E no processo, salvar o mundo.
Mas claro que aí vem o final do episódio e o destino reserva uma ultima rasteira bonita para cada uma daquelas pessoas. Era preciso que eles tivessem passado por toda a gama de experiências que viveram desde o season premiere e chegassem aqui já resolutos e seguros sobre as próprias personas para a revelação de Niles ter o impacto que tem (neles e na gente). Uma jornada imensa de auto aceitação reduzida à pó. O grande confronto não ocorre e só veremos o resultado dos eventos ao final de "penultimate patrol" no capítulo final desse primeiro ano do show, mas o que quer que aconteça, houve um "confronto".
E Mr. Nobody venceu. Aquele grupo de misfits é aniquilado. Caulder termina completamente isolado. O que quer que vá surgir dali, vai ser uma besta completamente distinta.
As peças, se me perdoam pelo uso dessa metáfora clichezenta, estão nos seus devidos lugares. A orquestra, chegou no ponto máximo de seu crescendo.
Que venha o ato final!!!!
- Cliff, punk até a medula, com camiseta do Bad Brains.
- Episódio, punk até a medula, abrindo com Gimme Danger, dos Stooges
- Adorei os elementos meta do episódio. Primeiro, temos a menção ao white space, nada mais que o que chamamos de "calha" dos gibis, aquele espaço branco separando os quadros de uma revista em quadrinhos. Segundo vários estudiosos da mídia, entre eles Scott McCloud, é nesse espaço que rola a magia quando lemos HQs. Pq gibi é uma sucessão de quadros e desenhos. Quem transforma aquilo tudo num evento contínuo, sequencial, é a gente enquanto lê, enquanto transitamos entre um quadrinho e outro.
Rita, por sua vez, literal e figurativamente, decide resgatar de volta a narrativa da própria vida e da história em que está inserida. E claro, não posso deixar de mencionar a frase sobre a real extensão dos poderes de Nobody, capaz de "sequestrar essa plataforma de streaming inteira, se quiser"
- Elegante também o call back do "Booyah" do Cyborg, retomando um comentário de lá atrás, solto de forma completamente descompromissada em "Therapy patrol".
- "You want to be original". Desculpem, eu preciso falar disso: Mencionei lá em cima, que essa pode ser a última temporada do show, em virtude de boatos que rondam pelas redes sociais. O negócio surgiu depois do súbito cancelamento da série do Monstro do Pântano, depois de UM episódio exibido. Independente das motivações, o lance é que começou uma discussão sobre a Warner, dona da DC e da plataforma de streaming da editora, estar insatisfeita com os programas criados para o site. De acordo com o que alguns sites publicaram, a idéia é algo menos "artsy" e mais "Arrowverse". O que dá um tom melancólico pra frase acima, dita pelo chief a respeito do seu oponente e da resposta dele "I'm not basic". Doom Patrol passa longe de ser básica, sendo uma das coisas mais originais feitas em cima do universo de super heróis em qualquer mídias, mas, assim, DE LONGE. No meu cânone pessoal, depois de mais de dez anos desde que surgiram os filmes da Marvel e as séries da DC na TV, se salvam apenas Pantera Negra, Iron Man 3, Thor Ragnarok, Logan, Capitã Marvel, Infinity War, Endgame, Legion, os dois primeiros filmes do Blade e óbvio, Doom Patrol.
O resto oscila entre o "bacaninha" e o "meh". Se forem verdadeiros esses rumores, estamos de novo diante da típica estreiteza de visão dos executivos, a mesma assassina de preciosidades como Pushing daisies, Firefly, Constantine, Hannibal e outros projetos que acabaram cedo demais, antes de poder atingir seu pleno potencial e contar a história que pretendiam em sua totalidade. Os engravatados da Warner tem uma pérola em mãos mas estão insatisfeitos pq ela não é "básica" o suficiente.
O resto oscila entre o "bacaninha" e o "meh". Se forem verdadeiros esses rumores, estamos de novo diante da típica estreiteza de visão dos executivos, a mesma assassina de preciosidades como Pushing daisies, Firefly, Constantine, Hannibal e outros projetos que acabaram cedo demais, antes de poder atingir seu pleno potencial e contar a história que pretendiam em sua totalidade. Os engravatados da Warner tem uma pérola em mãos mas estão insatisfeitos pq ela não é "básica" o suficiente.
Espero que os boatos sejam só boatos, mas se não forem, admito: vou ficar decepcionado, mas não surpreso.
A seguir: Danny. Admiral whiskers. EZEKIEL. Fucking Kaijus. HELL UNLEASHED!!!!!! E o fim....
Also: fiquem com a imagem de Flex, flexionando seus poderosos músculos enquanto segura um gibi....
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