quinta-feira, 25 de junho de 2020

nada a ver com nada, mas...

Licença poética é o cacete. Eu SOU velho o suficiente pra ter feito curso de datilografia. CHUPA ESSA!!!
Quando eu paro pra pensar, escrever é uma das poucas constantes na minha vida.
Eu comecei a ler muito cedo, graças a minha mãe. Dois orgulhos: ter aprendido a ler com gibis, aos 4 anos de idade. E poder encher o peito e dizer que eu não devo isso à escola. 
Acho que nunca escondi que minha relação com a escola sempre foi extremamente tensa. Meus primeiros bullyings (que nem tinham esse nome na época), passando por momentos de certo destaque e chegando à posição - permanente, deve ser dito - de não dar meia foda pra todo o processo. Então, fico feliz que ler, habito que me define, não seja algo que me force a ser grato a uma instituição pela qual não tenho o menor carinho. 
Escrever, no entanto, me obriga a ser humilde. Aprendi na primeira série, aos 6 anos. Nunca gostei, admito. Minha caligrafia é horrorosa. Mas tomando pela memória, seja de forma literal, seja de maneiras menos diretas, eu venho criando histórias por minha vida quase inteira. 
Lembro que aos 9 anos, consegui certo destaque na minha classe por causa de algumas histórias cujos temas eram sugeridos pelo meu professor. Uma redação em especial, sobre um romance entre a Terra e o Sol, renderam elogios que me são memórias carinhosas ainda hoje. Com o estímulo, veio certa empolgação.
Infelizmente, já no ano seguinte, minha personalidade tímida fez com que o professor de redação me visse como o "coitado" da turma e meus textos eram recebidos com certa condescendência. Mesmo sem conhecer esse termo, eu "sentia" seu significado e ficava puto com isso. Soma-se a isso o irritante hábito dele de deixar o caderno corrigido em cima da minha carteira, o que dava margem pros colegas de sala - e o termo é utilizado aqui de forma genérica. Eu odiava todo mundo ali - lerem minhas mal traçadas palavras e transformarem aquilo em escárnio. Só joguei a toalha.
Pra além disso, só quando escrevia tramas épicas enquanto brincava com minhas tartarugas ninjas, quando arriscava tentar desenhar (pq fã de quadrinhos sempre termina mordido com esse bichinho de querer criar o seu, em algum momento) ou, filho único, quando falava sozinho e tinha altas discussões sobre a vida, o universo e tudo mais com meus interlocutores imaginários. 
No entanto, em 99, meus pais me deram meu primeiro computador. Daí pro primeiro blog foi um pulo.
E nunca mais parei, desde então. Durante um período sem internet por causa de um defeito no meu monitor, me vi tão desesperado querendo escrever que, pela primeira e única vez nessas 4 décadas, esbocei um diário físico. Mas claro, ao invés de narrar meu cotidiano, eu contava histórias de meu futuro. Um diário das coisas que viriam.
Salvo a permanência de UMA pessoa, obviamente o jovem Hak errou todas as previsões. Aquele futuro virou o sonho fantasma de uma versão minha que não existe mais. Dias de um futuro esquecido, de fato. 
Eu tenho certo prurido em admitir que o que eu faço são histórias, já que na maioria esmagadora das vezes, eu prefiro resenhar o que eu leio e/ou assisto. Mas, na real, ainda são pequenas narrativas contando a história de Hak, the Bear e como tal livro, gibi, game, filme ou série mudaram sua vida, suas idéias e sua visão de mundo e pq, talvez, tais obras vão mudar as de vocês também.


Esse texto é menos, ao contrário do que pode parecer, um arremedo de crise de meia idade nostálgica e mais uma reflexão surgida a partir de outras. Eu sempre quis lançar minha voz pro mundo mas sempre achei que eu não tivesse talento absolutamente algum. Só recentemente eu me toquei que eu não faço tão feio quando digito palavrinhas em sequência. Gostaria de ter tido essa reflexão uns 20 anos antes, mas tudo bem. Amo minha jornada até aqui e tudo que ela me trouxe, de bom e ruim. 
Tenho lido sobre fanzines, sobre como roteirizar quadrinhos. Talvez eu tenha ambições de criar algo com a minha voz de fato? Não sei. 
No momento, eu não sei de nada.
Só sei que, o que quer que aconteça, espero que me renda bons textos. 

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