Tudo começou quado fomos, procurando por vídeos legais, Stella e eu, em um link de um site grande onde um influenciador fazia sua listinha de aberturas de séries de tv favoritas.
Obviamente, Stella e eu discordamos do rapaz. E aí, tínhamos dois cursos de ação que poderiam ser tomados: em um, o mais racional e o mais comum quando falamos de internet, era deixar um comentário pro dono do canal desejando sinceramente que todos os seus entes queridos morram em um incêndio.
I mean, a internet é feita disso, basicamente...
Mas aí, decidimos por um caminho menos... hã... "adolescentemente confrontacional" e decidimos nós mesmos, fazer nossa listinha.
Separei em uma playlist quase tudo que é série de tv que assistimos os últimos anos. E sim, eu tenho certeza de que haverão omissões criminosas no nosso top 10, mas, é o que deu pra fazer.
So, sem mais delongas, o top 10 oficial do Groselha on the Rocks de melhores aberturas de tv já feitas.
10 - WHAT WE DO IN THE SHADOWS
É exatamente o tipo de mood que usamos pra pautar nossas escolhas na hora de pensar essa listinha: a junção perfeita de uma abertura com imagens que encapsulam o espírito do show que estão introduzindo, com uma música que vai ficar na tua cabeça.
Ouvimos a música de Norma Tanega enquanto vemos as fotos mostrando os séculos de vida daqueles vampiros não particularmente dotados de auto-consciência, em seus altos e baixos.
Porque uma das graças dessa série e uma de suas piadas mais recorrentes é exatamente o quão alheios estes vampiros estão a respeito do quão ridícula é a vida deles e toda a pompa a respeito de sua condição imortal.
Todo mundo tem aquele amigo gótico meio patético, fã de Anne Rice e Nightswish, que batia cartão no Madame Satã praticamente, bate no peito por já odiar Evanescence "before it was cool" e ainda usa seu e-mail Lugosi_Draven_of_Lioncourt@gmail.com feito no começo dos 2000s, sabe?
É como se esse show fosse sobre esse seu amigo. Se ele tivesse poderes e fosse um vampiro de fato.
09 - BOARDWALK EMPIRE
Essa é uma das minhas favoritas e admito que eu tentei coloca-la em uma posição mais alta. Ela passa toda a gravitas que resume a série, narrando a vida, ascensão e inevitável queda de um gigante que construiu fama e reputação navegando acima da lei em uma época sinistra (os anos 20 e a era da prohibition, onde a produção, consumo de álcool e sua venda eram crimes) e sobrevivendo a todo tipo de coisa que jogavam contra ele. Nucky na praia, vendo as garrafas no mar a perder de vista, enquanto o tempo vira, anunciando uma tempestade.
Perfeito
08 - WHITE LOTUS
White Lotus é uma série difícil de categorizar ou mesmo descrever e sua abertura segue o mesmo caminho. É uma comédia com tons fortemente dramáticos ou um drama cômico? No final, todos podemos concordar que a idéia é rirmos daquelas pessoas ricas, presas em seu labirinto de privilégios, excessos e breguice. E, DEUS DO CÉU, como eles são bregas...
07 - SUCCESSION
Todo mundo que tem pretensões de ter filhos deveria assistir isso aqui pra entender o estrago que um pai ruim pode fazer em suas crianças.
06 - TWILIGHT ZONE
Falar o que? Uma das maiores e melhores séries de todos os tempos? Talvez A MAIS influente? Um marco cultural raramente igualado? E uma abertura que resume bem o pathos do show. Existe uma dimensão de estranheza e, baby, nós vamos chafurdar nela pelos próximos 20-50 minutos, não vamos?
O Hierofante Rod Serling vai nos pegar pela mão e nos mostrar a entrada, mas, uma vez lá dentro, é só a gente por nós mesmos.
05 - SIX FEET UNDER
Eu lembro que, nos extras do box de dvds da season 01 dessa aqui, tem um documentário particularmente denso a respeito do processo de criação da abertura e você pode testemunhar o profundo amor e cuidado que todos os envolvidos tiveram durante ele. Das mãos se separando no começo, passando pelo preparo do corpo para o velório, seu enterro e, ao final, a árvore sozinha no meio do campo, indicando que alguém partiu, mas que a vida segue resiliente.
04 - THE LEFTOVERS
Okay, aqui as coisas vão soar excessivamente pessoais talvez, mas FUCKING JESUS, pensar em The Leftovers e lembrar que essa série acabou dois anos ANTES da pandemia é....algo... Porque, apesar dos motivos da morte de milhões de pessoas na vida real em virtude da COVID diferir das razões mais esotéricas que levaram ao sumiço de 2% da população da Terra na série, no final, o resultado pra quem fica é o mesmo. The Leftovers nunca foi sobre teorizar o que aconteceu e porque, mais importante, aconteceu. Mas sim sobre o vazio de quem sobrevive a uma grande tragédia. E se no texto anterior, sobre SFU, eu disse que a vida segue resiliente, aqui, somos lembrados que sim, o mundo não para nem parará de girar por causa das pessoas que se foram, mas nós temos, sim, que perdurar apesar do vazio e do vácuo e das cicatrizes deixadas depois que alguém que amamos se vai.
Eu sempre acho curioso pensar como, enquanto víamos a série, a gente sempre via os guilty remnants, aquele "grupo/culto/o que diabos era aquilo?" que viviam para lembrar ao mundo da tragédia ocorrida e que não dava para, simplesmente, fingir que nada aconteceu e só "tocar o barco", como vilões.
E vejam bem, eles tinham métodos questionáveis, indiscutivelmente. E aí, veio o COVID. E aí NÓS nos vimos como os guilty remnants da vida real. Os "chatos" lembrando ao mundo que tinha um vírus matando gente e que o problema não iria só desaparecer porque a gente decidiu coletivamente fingir que ele não está mais lá.
O mundo dá voltas, né? Já dizia o Badauí.
03 - CARNIVALE
Acho que meu favorito dessa lista. É absolutamente impecável. Uma mistura do profano, do mundano e do sagrado, não coexistindo dialeticamente, mas em confronto, em processo de choque e visando mútua anulação. Um resumo perfeito do começo do século 20, onde as linhas separando homens e deuses, mundano e metafísico, ordinário e extraordinário pareciam nubladas. Carnivale é um dos mundos com maior potencial de todos que eu já vi nesses mais de 40 anos assistindo seriados e é um crime que nunca tenha existido nenhum livro ou quadrinho contando o resto da riquíssima história que Daniel Knauf concebeu pro show.
Carnivale era um show sobre a humanidade em uma encruzilhada, tendo que decidir os rumos a serem tomados e o preço da decisão tomada recaindo sob os ombros de um profeta. Eu odeio ter que incorrer em clichês baratos, mas nesse caso não dá pra escapar: Carnivale era, de fato, uma experiência. Não apenas intelectual ou emocional, mas espiritual de fato.
02 - GAME OF THRONES
Tá aqui sob protesto e só pra mostrar minha isenção na confecção dessa lista, porque eu particularmente preferiria incluir as aberturas épicas - melhores que o show em si, vale mencionar - de American Horror Story. E agora que eu parei pra pensar, podia ter incluído a de Twin Peaks aqui também.
E nem é birra pelo fim da série não. Eu DEFINITIVAMENTE não odeio o final de Game of Thrones tanto quanto vocês.
Mas novamente, não se trata das minhas favoritas, mas das melhores aberturas. E, inquestionavelmente, seja plasticamente e por ser visualmente linda, seja pela música larger than life, seja pelo impacto na cultura e as 5000 referências que surgiram na época de ouro de GOT, não tem como ela não ocupar lugar merecido, pertinho do topo dessa lista.
01 - DEXTER
Mesmo nos momentos mais normais do seu dia a dia, Dexter não pode ignorar seu "passageiro sombrio". E a música, que é agradável mas, aqui e ali, adota notas e tons mais sombrios. Tudo isso combinado em uma fusão perfeita de imagem e som resultando em algo que DEVERIA parecer normal e confortável e familiar, mas que esconde sombras que escapam a um primeiro olhar, mas que quando vistas, saltam aos olhos e não podem mais ser ignoradas.
Idéia incrível e execução igualmente impecável
É isso, crianças.
Concordam? Discordam? Deixem seus comentários a respeito.
Qualquer dia desses, fazemos uma segunda lista, agora com as aberturas de séries animadas mais legais que já existiram. Eu acho que, de cabeça, consigo pensar em umas duas dezenas de potenciais candidatas para esse top 10.
E vocês?
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