"Where Black Stars Rise", de Nadia Shammas e Marie Enger, é ao mesmo tempo cósmico e intimista.
Amal é uma terapeuta em começo de carreira, lidando com uma paciente, Yazmin, que sofre de esquizofrenia. Tudo muda quando a jovem desaparece e Amal é a única capaz de encontrá-la, mesmo que isso a leve em rota de colisão com o lendário Rei Amarelo em uma jornada talvez sem volta para o onírico reino de Carcosa.
Que obra incrível. A arte ultra-expressionista, o elemento metalinguístico (que é, em si, uma referência direta ao conto que inspirou essa HQ) e, claro, a fusão entre o terror cósmico, um horror grandiloquente, que (literalmente) nos cerca e o pessoal, insignificante, que nos atinge um por um, individualmente.
O espaço sideral é um lugar tão misterioso e assustador quanto o interior de nossas mentes. Em ambos os casos, há o risco do desconhecido olhando de volta, constantemente nos lembrando de nossa insignificância e do quanto qualquer ilusão de controle que temos é apenas isso: uma ilusão. E, nos dois cenários, ninguém vai te ouvir gritar...
Mas, pra terminar em uma nota positiva e mais "solar": há também o consolo de que uma prisão só é uma prisão de você não quiser estar lá. Porque, em caso contrário, ela pode ser um sonho realizado. Um final feliz. Ou, na melhor das hipóteses, um lar.
Minha nota: 8,5
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