Certa feita, há pouco mais de um ano atrás, meu amigo H.U. me fez a seguinte pergunta: "Urso, quais são seus filmes favoritos?". Pra quem viu Ratatouille, eu quero que vcs se lembrem da cena em que Anton Ego come o prato que intitula o filme da Pixar, e imediatamente volta pra infância dele, perdido em meio as memórias de quando sua mãe fazia ra refeição no jantar.
Então, algo assim aconteceu no segundo seguinte à pergunta feita. Eu imediatamente repassei minha vida inteira e relembrei absolutamente todos os filme que eu já vi na vida. Pra quem não sabe, eu meio que me encaixo naquele estereótipo típico do nerdzinho anti-social desde muito cedo.
Aos 5, 6 anos de idade, eu já me lembro de me isolar do resto das demais crianças. Aos 10, eu era um gurizinho que preferia ficar brincando sozinho no quarto, com minha coleção de bonequinhos (pq action figure é o caralho) das tartarugas ninjas. E aí, lá pelos 12, 13 anos, papai comprou nosso primeiro videocassete. Aí eu descobri as video locadoras e, como consequência, os filmes (lembrando que até os 23 anos eu morei no interior de São Paulo numa cidade chamada Avaré. Lá, o primeiro cinema só foi aparecer lá pelos idos de 1994, e muito pouca coisa boa passava. E de qualquer maneira, eu tinha o gosto cinematográfico de um adolescente, que, por natureza, não é marcado por ser particularmente sofisticado). Só que, com o tempo, veio essa tal dessa sofisticação, e aí as coisas foram ficando mais sérias (notei que parece que estou descrevendo uma relação amorosa agora. E talvez REALMENTE esteja). A expressão "apenas um filme" começou a incomodar e tals, e as vezes, essas histórias acabavam funcionando como pequenas fontes de onde eu acabava tirando muito do que eu precisava pra, sei lá, viver no mundo, me relacionar com as demais pessoas (ainda que do meu jeito tímido e reticente). Eu não sou um fruto do meu meio. Eu sou, sim, fruto dos filmes que eu vi (e dos quadrinhos, e dos seriados). Mas eu cito aqui os filmes com um carinho especial pq eles demandavam certo ritual. Quadrinhos são, foram e sempre serão o epicentro da minha existência de tal forma, que pra mim era comprar tais gibis e ir devorando ENQUANTO ia pra casa. As vezes, quando chegava, os gibis comprados já estavam lidos. Ou seja, não é algo ritualístico pra mim, pelo contrário, é tão natural quanto respirar.
Música....bom, minha relação com música é meio tardia e tals. Só fui ouvir música sério MESMO, lá pelos idos de 99 quando eu acessei a internet pela primeira vez e logo depois, descobri o Napster.
Seriados idem. Tirando a meia dúzia de coisa que passava na tv aberta, eu tb só fui assistir séries já na época do DVD, quando os primeiros boxes de séries fechadas começaram a ser lançados aqui no Brasil.
Mas filmes.....bem, devo dizer que mesmo sendo uma cidadezinha particularmente chata, Avaré tinha uma locadora, a Top Vídeo (faço merchan MESMO pq foi, com certeza, mais importante que escola, religião e meus pais no meu processo de formação educacional. Só não boto link pro site aqui pq ...bem, pq eles não tem site) que, ainda hoje, mais de 10 anos morando em SP, ainda é a maior (e melhor, devo salientar) video locadora de VHS e, posteriomente, DVDs que já vi na vida.
Aí era chegar final de semana, preparar uma tigelaça de fandangos com maionese (deixo receita mais pra frente), coca e sorvete, ir pra locadora a pé (do outro lado da cidade. Nada nessa vida que tem algum valor vem sem algum sacrifício) ou pedir pro meu pai me levar, separar uma cestinha e aí, eram 8, 10 filmes, pra ficar com as fitas/dvds pela semana inteira.
Caralho..... notei que fiquei ligeiramente nostálgico agora. Eu não costumo nutrir muito carinho pelo conceito de nostalgia, já que eu sempre acho que é vc babando ovo por uma época melhor que, na verdade, nunca foi melhor assim.
Anyway, nostalgia a parte, veio a idade, veio o tempo, meu gosto pra filmes foi melhorando ainda mais (modéstia aos infernos), mudei pra São Paulo, aí finalmente comecei a frequentar cinemas (e devo dizer que eu prefiro os bons - e extintos - cinemas de rua que rolavam na República e que viraram cinemas pornôs, infelizmente, aos atuais cinemas de shopping). Aí conheci Maristela, que me apresentou a seção de DVDs das Lojas Americanas (e além disso, tem o fato de Stella ter me apresentado a alguns dos melhores filmes que eu já vi na vida. O gosto dela pra filmes é um dos melhores, somente atrás .....bem, do meu. ^^), veio a popularização dos disquinhos e o barateamento dos mesmos e o resultado é ......bom, filme pra caralho comprado. Se contar os que foram baixados então...... Benzadeus pela conexão banda larga de casa (e daqui do trabalho, só dizendo e tals).
E aí voltamos à pergunta do nobre Marcelo H.U. "Quais os seus filmes preferidos?"
Mano, Rob Fleming/Gordon feelings total. Acho que uma das perguntas que eu esperei minha vida inteira pra que alguém fizesse.
e importante de tal forma que só agora, mais ou menos um ano depois, eu vou conseguir responder.
Então, sem mais rodeios.... meus 30 filmes favoritos. (E prestem atenção que isso é importante: SEM. ORDEM. DE. PREFERÊNCIA.)
And here.......we...................go!
Wayne's
World (1992) e Wayne's World II (1993)
Título nacional: "Quando mais idiota melhor" e
"Quanto mais idiota melhor II"
Direção: O primeiro é de Penelope Spheeris. O segundo, de
Stephen Surjik
Roteiro:
Mike Myers, Bonnie Turner e Terry Turner
Ok....então, comecemos com o filme que, sem brincadeira nenhuma, mudou tudo, tudo, TUDO.
Lá pelos meus 11, 12 anos, eu tava no meio do caminho entre ser um humano normal e um nerdzinho.
Eu curtia quadrinhos, tava bem no começo da minha transição entre quadrinhos da Mônica e Disney para o material da Marvel (no caso, o Incrível Hulk, começo da fase do Peter David. Sim, eu comecei bem pra caralho nas HQs, eu sei), mas ainda não era obcecado pelas coisas como hoje. Musicalmente eu curtia....sei lá... o que tivesse tocando. Até música sertaneja, graças à influência paterna. Na verdade, tudo indicava que eu ia ter uma vidazinha medíocre típica de um redneck interiorano (e sério, Avaré ativa alarme de estereótipo foda até hoje. Da última vez que fui pra lá, parei de contar o número de nego na rua com boné e camisa xadreza quando cheguei na casa dos 20 e tantos). Aí esse filme caiu no meu colo. E eu vi. E de novo na semana seguinte...
e na seguinte.
e na seguinte...
e na seguinte......
E pelas próximas 10 semanas. Sem brincadeira, esse é provavelmente o filme que mais vi na vida.
Daí veio minha admiração pelo Aerosmith, daí fui pro rock em geral, aí.... aí fodeu. ^^ Não tinha mais volta. Sem brincadeira, eu não consigo imaginar o tipo de pessoa que eu seria sem "Wayne's World". Party On!!!
Ah sim, pros mais atentos, agora vcs sabem de onde vem o meu hábito de terminar os posts aqui com um "excellent".
Magnólia (1999)
Direção e Roteiro: Paul Thomas Anderson
O melhor filme já feito pelo P. T. Anderson? Complicado dizer isso do cara que fez "Sangue Negro". Isso sem contar "The Master" mas como não vi, ainda é cedo pra comentar. Mas, apesar de adorar Daniel Plainview, esse filme entrou na lista por ser impossivel não se identificar com um ou mais dos protagonistas. No fundo, no fundo, apenas um bando de gente esperando algum tipo de ajuda, mesmo que a mais inusitada possível.
Fight Club (1999)
Título nacional: "O Clube da Luta"
Direção: David Fincher
Roteiro: Jim Uhls, baseado no livro de mesmo nome de Chuck
Palahniuk
"Importante" é um adjetivo que eu acho complicado de usar quando vc se refere à produção artística, já que não diz nada a respeito da qualidade da obra. Ela não é necessariamente boa por ser importante.
Ela pode ter tipo um papel de destaque na história daquela manifestação artística por um aspecto técnico, ou pelo pioneirismo em alguma característica específica. Avatar (o do James Cameron) tá longe, mas looonge de ser um bom filme, mas é meio impossível desconsiderar que é um filme puta importante por aperfeiçoar o uso do 3d como meio de enriquecer uma narrativa. Ainda assim, fica meio difícil de não me referir ao Clube da Luta e a Trainspotting como filmes importantes, tanto em nível pessoal quanto pra indústria. É bem verdade que fica mais fácil no caso de ambos, já que junto, vem uma porrada de adjetivos mais legais. Geniais, divertidos, engraçados, culturalmente relevantes. E no caso do clube da luta eu uso um mais hipérbolico que os já citados: esse é O MELHOR FILME da década de 90. E vcs sabem que eu tenho uma politica anti-uso do termo "o melhor" indiscriminadamente. Ainda assim, por tudo que representa, pelas idéias extremamente perigosas que ele contém, pela porrada (sem trocadilhos) no cérebro que ele dá no momento da revelação da natureza de Tyler Durden, por te fazer rir num momento e se chocar no seguinte com o sangue voando, por criar uma geração de pequenos anarquistas (e contestadores em geral) em formação, enfim, por tudo isso, ele merece fácil esse título.
Trainspotting (1996)
Direção: Danny Boyle
Roteiro: John Hodge, baseado no livro de mesmo nome de
Irvine Welsh
"Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, Choose washing machines, cars, compact disc players, and electrical tin can openers. Choose good health, low cholesterol and dental insurance. Choose fixed-interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisure wear and matching luggage. Choose a three piece suit on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who the fuck you are on a Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind-numbing spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked-up brats you have spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life . . . But why would I want to do a thing like that? I chose not to choose life: I chose something else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you've got heroin?"
A viagem de auto-conhecimento de Mark Renton e seus amigos loosers envelheceu bem pra caramba, não? Vi uns tempos atrás o filme e ele continua relevante. Vi na idade certa (tinha mais ou menos a mesma idade dos protagonistas) e, como de se esperar, foi outro que botou uma meia dúzia de idéias meio perigosas na minha cabeça.
Pink Flamingos (1972)
Direção e Roteiro: John fucking Waters \o/
Eu já falei tudo que eu tinha pra dizer sobre esse filme no post sobre John Waters, mas me permitam reafirmar: eu amo esse filme. Sem ironia, sem cinismo, sem nenhuma tentativa de parecer cool ou algo assim, até pq esse é o filme anti-cool em essência. Como eu disse no post "All Hail to John Waters" os protagonistas querem o fundo do poço, mas não como meio de reinvenção, tabula rasa ou algo assim. eles só querem ser um bando de criaturas ferradas. Ponto. Eles se sentem confortáveis lá. Será que existe algo mais libertador que isso?
Heat (1995)
Título nacional: "Fogo contra fogo"
Direção e roteiro: Michael Mann
Ok, então vc é um cineasta com um nome já estabelecido na indústria e consegue um excelente roteiro, uma caralhada de dinheiro e a chance de reunir, pela primeira vez, dois dos maiores atores que já existiram. Alguém mais óbvio faria o que? Colocaria os dois contracenando o tempo todo, num esquema "good cop, bad cop", cheio de tiradinhas engraçadinhas e coisas do gênero.
Michael Mann, não. Ele sabe perfeitamente o que a gente, como público, quer do filme e ele segura esse clímax até não poder mais. O encontro dos dois astros só vai acontecer depois de dois terços do filme. E EXATAMENTE POR ISSO, quando acontece, o impacto é inacreditável. No filme, o policial Vincent Hanna (Pacino) e o criminoso Neil McCauley (DeNiro) se embrenham num jogo de gato e rato, em que, mais do que as diferenças, são as semelhanças entre ambos que chamam a atenção. E que vai culminar numa das melhores cenas de tiroteio já feitas.
Annie Hall (1977)/Midnight in Paris (2011)
Título nacional: "Noivo neurótico, noiva
nervosa"...sério, quem dá esses nomes pra filmes nacionais, mano, e como
esse cretino ainda não foi demitido? Anyway,
"Meia-noite em Paris".
Direção: Woody Allen (ambos)
Roteiro: O primeiro é do Woody Allen com Marshall Brickman.
O segundo é do Allen sozinho.
Woody fucking allen. Cara..... divide com John Waters o posto de meu cineasta favorito. As razões são meio óbvias, até já falei delas aqui no blog, mas reforço: tímido pra cacete, odeia sair da própria cidade, anti-social, apaixonado por cinema, um tantinho mais inteligente do que a média mas nem um pouco mais feliz por isso.
Fiquei na dúvida em quais filmes colocar aqui. Podiam entrar fácil mais uns 4 ou 5 na lista, mas escolhi Annie Hall e Meia noite em paris por serem os que mais me marcaram. O primeiro pq eu sou apaixonado pela história de Alvin e Annie. O segundo pq......foda escolher uma razão. A crítica à nostalgia? A insegurança do protagonista, que obviamente me lembra a minha própria? Entre as várias razões eu fico com a mais non-sense: "Rhinoceros".
The Big Lebowski (1998)
Título nacional: "O grande Lebowski"
Direção e roteiro: Ethan e Joel Coen
Dude.....escolher dois filmes do Woody Allen já foi sinistro, escolher apenas UM dos irmãos Coen quase me causou dor física. Até o último segundo eu fiquei na dúvida entre este e "E aí, meu irmão, cade vc?". Acabei escolhendo Lebowski por ter uma relação mais antiga com ele. :-)
E sério, a dinâmica entre the Dude (Jeff Bridges) e Walter (John Goodman) é de constar na lista de melhores duplas do cinema. E não sou só eu dizendo não: com o tempo, como vcs devem saber, o filme ganhou status de Cult de tal forma que virou até religião (a qual eu já sou afiliado, como vcs podem ver no certificado a seguir).
O filme é exibido em sessões noturnas até hoje e o "verdadeiro" Jeffrey Lebowski frequentemente dá palestras falando da relação entre o personagem e sua "inspiração". Sinal do reconhecimento que o filme merecidamente conseguiu.
The
treasure of the Sierra Madre (1948)
Título nacional: "O tesouro de Sierra Madre"
Direção e roteiro: John Huston (baseado em livro de mesmo nome
de B. Traven)
Esse eu escolhi meio por capricho. Eu queria pra cacete colocar um filme com o Humprey Bogart pq....bem, pq é o cara. Não sei onde li isso, mas, "o unico galã feio de hollywood". Só por isso eu já sabia que ia gostar do cara. Sempre adorei um "underdog", entendem? Mas aí o cara é um puta ator e isso ajuda pra cacete. Fui nesse pq todo mundo já incensou "O falcão maltes" e "casablanca" o suficiente, e não me entendam mal, os dois filmes merecem todo o sucesso que têm, mas eu ouço muito pouco sobre "O Tesouro de Sierra Madre" e acho isso meio injusto, já que estamos falando de uma grande história sobre ambição, ganância e tudo de ruim que vem quando vc tem esses elementos em excesso.
Around the bend (2004)
Título nacional: "Segredos de família"
Direção e roteiro: Jordan Roberts
Eu e Stella (bom, e mais milhares de pessoas, mas pro inferno) temos um termo que usamos pra filmes como esses: filmes pequenos. Não quer dizer que sejam insignificantes de forma nenhuma, pelo contrário. São pequenos pq suas histórias não são grandiosas, mas contos sobre pessoas. Eu sei que é meio clichê falar isso, pq, no final, toda história é sobre pessoas, mas nesse caso, estamos falando sobre conflitos humanos/familiares que todo mundo tem. Redenção pessoal, problemas familiares, coisa assim. Ninguém aqui quer salvar o mundo, apenas o seu mundo pessoal (se bem que tem aquela frase de que "uma vez que somos todos um só, ao salvar uma única pessoa, vc salvou o mundo"). E pequeno também pq o filme tem pouco alarde, geralmente produzido de forma independente. Esse aqui é um deles. Outro exemplo é o que segue na lista. Recentemente eu e Stella vimos um filme pequenininho (sem nenhum trocadilho com o protagonista) do Peter Dinklage (vcs sabem, o Tyrion de Game of Thrones) chamado "the Station Agent" que é adorável. Outro exemplo, tb um excelente filme, é o "Hora de voltar" com o Zach Braff (de Scrubs) e a Natalie Portman.
E tem Around the bend. O filme se foca em 4 gerações de uma familia disfuncional. O avô (Michael Caine), tentando reunir seu filho (Christopher Walken), ex-presidiario que acabou de ganhar a liberdade, e o filho deste, vivido por Josh Lucas. Este, por sua vez, acaba de se divorciar e ainda se encontra meio sem rumo, tendo que cuidar do filho.
O plano do avô desemboca em uma longa viagem pra reaproximar os 3 e o filme vira um road movie cheio de momentos engraçados e outros em que os personagens expõem suas feridas. O final é uma das coisas mais adoráveis que já vi. Feel good movie sem nenhuma vergonha disso. E por mais que eu goste de finais infelizes, acabei a história com um sorriso no rosto pelo jeito como terminou. Meio melancólico, mas feliz. Agridoce. Que nem a vida real. :-)
Lost in translation (2003)
Título nacional: "Encontros e desencontros"
Direção e roteiro: Sofia Coppola
Solidão é uma parada estranha. Mesmo quem está acostumado com ela, tipo eu, às vezes precisa admitir que ela pode sobrecarregar, sobretudo se não for do tipo que se resolve com a presença de outras pessoas. No meu caso específico, a coisa mais normal do mundo é me sentir sozinho com gente perto. Aquele clichê de "se sentir sozinho numa multidão"? Então. Às vezes não é companhia de que uma pessoas nestas condições precisa, mas sim, da companhia certa. É o caso de Bob Harris e Charlotte, protagonistas desse filme. Ambos estão sozinhos, num lugar em que não conhecem ninguém (no caso, o Japão. Ele, para atuar num comercial de whisky. Ela - Scarlet Johansson - acompanhando o marido, um fotógrafo de celebridades), não falam a língua local (e mesmo quando conhecem alguns indivíduos que falam, eles não tem muito o que dizer). E aí eles se trombam, meio que por acaso, e disso, surge uma amizade (pq não me parece, por mais que exista uma pista aqui ou ali, que o interesse entre ambos seja romântico. Mesmo o beijo no final - que foi improviso do Bill Murray - me parece mais um ato carinhoso do que necessariamente algo de cunho romântico/sexual) das mais marcantes do cinema moderno. Pra ajudar tudo, o cenário é lindo (eu não consigo declarar o quanto eu adoro o Japão) e a trilha sonora (de Kevin Shields, do "My bloody valentine") é matadora.
Synecdoche, New York (2008)
Título nacional: "Sinédoque, Nova Iorque"
Direção e roteiro: Charlie Kauffman.
Eu acho que nunca admiti isso em voz alta, mas, como todo bom filho único levemente mimado, eu meio que sofro de mania por controle. Paralelo a isso, e como já afirmei aqui, sempre tive a leve impressão de que o mundo é uma história de ficção, sendo contada para entretenimento de algum terceiro extra dimensional, talvez. Conjecturas existenciais à parte, ver esse filme foi maravilhoso (apesar de um pouco cansativo. Podia ser pelo menos uns 20 minutinhos mais curto) por tratar um pouco de ambos os tópicos. Philip Seymour Hoffman interpreta Caden Cotard (que não tem esse nome por acaso, considerando a trama) que é um diretor de teatro que, depois do abrupto final de seu casamento, ganha uma bolsa para financiamento de sua próxima peça. A partir daí, ele aproveita o ensejo para revisitar (quase de forma literal) toda a sua vida, recriando elemento por elemento dela no seu próximo trabalho. A coisa chega a um nível de, em determinado momento, vermos o diretor escolhendo o elenco para a realização da cena do diretor escolhendo o elenco. É o personagem peneirando cada momento da vida, atrás do momento X em que tudo deu errado. E descobrindo que não é bem assim que às coisas funcionam, por mais que isso irrite control freaks (como eu, inclusive).
The Hours (2002)
Título nacional: "As Horas"
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: David Hare, baseado no livro de mesmo nome de
Michael Cunningham
Quando eu quis que Stella visse "O clube da luta" comigo, eu vendi a história da seguinte forma: do mesmo jeito que "as horas" é um filme sobre angústias femininas que funciona também pro público masculino, o filme de David Fincher é um filme com angústias masculinas mas que tb acertam as mulheres em cheio. Menti um pouco, admito. Eu conheço varios homens que curtem o filme baseado no livro de mesmo nome escrito por Michael Cunningham, mas muito poucas mulheres que gostam da saga de Tyler Durden (na verdade, conheço um monte delas que odeia o filme). No meu caso, no entanto, funcionou. Maristela adorou "Fight Club" e eu adorei "The Hours". Como eu disse, o tipo de angústia existencial do filme, ao mesmo tempo que é algo extremamente feminino tb tem um aspecto universal que torna a identificação meio imediata. E pra quem lida com depressão crônica, então, inevitável.
Once Upon a
time in the west - ou no italiano "C'era una volta il West" (1968)
Título nacional: "Era uma vez no oeste"
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone e Sergio Donatti (e mais uma mãozinha
de Dario Argento e Bernardo Bertolucci. Sério, não tinha como esse filme dar
errado).
Mano, outro item da lista que me doeu. Fiquei hesitando entre esse, "O estranho sem nome" e "os imperdoáveis". Mas por mais que eu goste dos outros dois, esse filme entrou por uma razão simples: quando eu relembro os 3, é esse que vem com mais força em minha memória. Charles Bronson e Henry Fonda completamente entregues em seus respectivos papéis, Ennio Morricone fazendo aquele ("the man with harmonica") que eu considero o seu melhor trabalho (sim, melhor que a musica tema de "o bom, o mau e o feio"), Leone matando a pau. A trama fazendo vc ter simpatia pelo vilão da história (quase me senti tentado a botar aspas na palavra vilão, mas aí lembrei da primeira cena. E do flashback no final), toda aquela flexibilidade moral de filmes passados no velho oeste. E o duelo final, onde a tensão construída é tão densa que dá pra ser cortada por uma moto-serra.
E vale sempre ressaltar, que a música tema foi reutilizada em uma das maiores obras do gênero da história: o episódio do Chapolin em que ele confronta o Racha Cuca. ^^
Unbreakable (2000)
Título nacional: "Corpo Fechado"
Direção e roteiro: M. Night Shyamalan
Passados mais de 10 anos, e ainda hoje, mesmo num mundo pós Vingadores e pós Batman do Nolan, esse é o melhor filme de super-heróis já feito. O que melhor adapta a linguagem e a estrutura de quadrinhos pras telas. O mais fiel às características de uma hq e isso, veja bem, sem se basear em nenhuma história em quadrinhos existente, já que é um roteiro original.
Pra quem diz que o Batman recente é realista e usa isso como se fosse uma grande vantagem (já digo de cara: nem é), ESSE é um filme que, apesar dos elementos fantásticos, se mantém durante quase sua totalidade, com os pés fincados no mundo real. Os elementos super-heroísticos são usados como meios de contar a história de David Dunn e Mr. Glass (Bruce Willis e Samuel L. Jackson, matadores em seus respectivos papéis). E afirmo que nenhum uniforme de super herói cinematográfico funcionou tão bem quanto o que David adota, já no momento do clímax do filme.
The Imginarium
of Doctor Parnassus (2009)
Título nacional: "O imaginario do Doutor
Parnassus"
Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Terry Gilliam e Charles McKeon
Confesso que eu não vi muitos filmes do Terry Gilliam, apenas esse (e imagino que "lost in la mancha" não conte) e os 12 macacos, mas, mesmo considerando o quanto esse ultimo citado é bem contido, acho que dá pra afirmar o seguinte: se tem um diretor que se beneficiou com os efeitos digitais e que tem todo potencial de utilizar o 3d de forma excepcional é ele. Eu via Parnassus e só pensava no quanto eu queria ver uma versão 3d disso. Fora que, por mais que os efeitos "analógicos" mereçam todo respeito (estão aí filmes que os utilizaram e sobreviveram muito bem ao teste do tempo, como "Labirinto" e "Blade Runner") é incrível como a computação gráfica ajuda a trazer pro mundo "real" as pirações imagéticas do diretor. Esse filme é belíssimo, com imagens maiores que a vida (diabos, olhem só pra esse poster). A história do filme é muito legal, contando a relação de um homem amnésico e um circo itinerante liderado por um homem com uma antiga dívida com o diabo. E por mais que a troca do intérprete do protagonista tenha ocorrido por uma fatalidade (a morte do Heath Ledger), ela funciona de forma bem orgânica (olha só, eu utlizando termos de crítico sério. ^^) com o universo criado. Destaque pra Christopher Plummer como o personagem título do filme e Tom Waits, interpretando o capiroto, o tinhoso, o pé preto, o chifrudo, o zé tridente. Enfim, o diabo (e uma das melhores versões do capa-preta que já vi, e isso, considerando que ele já foi interpretado por gigantes como DeNiro, Pacino, Gabriel Byrne, etc.). E uma das protagonistas, Valentina, interpretada por Lily Cole, ser uma ruiva muito bonitinha, só ajuda. ^^
Ratatouille (2007)
Direção e roteiro: Brad Bird
Pra quem me conhece e sabe de minha adoração por histórias de super heróis, deve estar achando estranho que, de todos os filmes da Pixar, eu não tenha escolhido "Os incríveis". Eu mesmo pensei em vários outros que tb poderiam estar aqui, principalmente Wall-E. Mas escolhi esse por causa de seus "efeitos permanentes" deixados em mim. Sim, é o que vcs estão pensando: sempre que eu como algo novo, eu fico imaginando uma espécie de efeito sinestésico fundindo sabores, cores e sons, como acontece no filme. Diabos, parei de comer que nem um desesperado ao melhor estilo Son Goku e passei a mastigar com calma, exatamente por causa do Remy. Fora que, como alguém que está há anos-luz de se definir como crítico, mas gosta de rabiscar uns textos sobre aquilo que assiste/lê/ouve, não tem como eu não me identificar um pouquinho com Anton Ego. Como eu disse, se a boa arte (como um bom prato) deixa seus efeitos mesmo depois de um bom tempo desde sua "degustação" então não poderia ser outro filme a constar nessa listinha senão Ratatouille.
Monty
Python and the holy grail (1975) /Monty Python's The life of brian (1979)
Título nacional: "Monty Python em busca do cálice
sagrado" e "A vida de Brian"
Direção: O primeiro tem direção de Terry Gilliam e Terry
Jones. O segundo, só de Terry Jones
Roteiro: Todo mundo do Monty Python, cujos nomes não vou
escrever aqui por preguiça. Não gostou, pega eu. Há menos que vc seja grande e
forte. Nesse caso desculpe ferir seus sentimentos, não foi minha intenção.
Exceto no caso de, apesar de seu tamanho e força superior, vc ser extremamente
frágil ou tiver queixo de vidro. Nesses casos, e somente quando algum dos dois
casos se fizer real, aí sim, pega eu otário. E veja vc, escrever esse
comentário já me custou mais toques do que se eu simplesmente tivesse escrito o
nome dos membros do elenco. Seria o esperado que eu fizesse tal coisa, talvez
até mesmo me rendesse maior apreciação por parte dos potenciais leitores deste
texto, mas uma vez decidido previamente que eu não pretendia faze-lo, não o
farei. Chorem de desespero, meros mortais. Huahauahauhauahauhua.
Mano, vou burlar as regras de novo: impossível me decidir entre os dois. Quase coloquei tb "Monty Python e o sentido da vida" mas desisti por causa do ritmo meio irregular deste. Algumas piadas funcionam bem demais, outras nem tanto e outras como a esquete do Judeu Rastafari (pra mim um dos melhores personagens já criados na história) me fazem rir por meia hora direto. Já esses dois são perfeitinhos, em toda sua bizarrice e non-sense, característicos das obras do grupo. Em especial, no "cálice sagrado" cito o massacre promovido por John Cleese e no caso de "A vida de brian", cito a cena do apedrejamento e sendo o mais óbvio possível (e me importando muito pouco com isso), a canção que fecha o filme, "always look on a bright side of life")
The Shawshank Redemption (1994)
Título nacional: "Um sonho de liberdade"
Direção e roteiro: Frank Darabont. Baseado no livro "Rita Hayworth and the
Shawshank Redemption" de Stephen King.
Se alguém me dissesse que um dos melhores filmes que eu iria ver na vida é uma obra baseada em livro do Stephen King, e livro esse que não teria elementos de terror, eu iria rir do coitado. E no entanto é isso. A saga de Andrew Dufresne (Tim Robbins, no melhor papel da vida) em busca da liberdade, acusado por um crime que não cometeu e preso na penitenciária Shawshank é uma celebração à liberdade. Eu me acabo de chorar toda vez que vejo, sobretudo na cena retratada no poster acima, onde Dufresne parece estar lavando toda a imundície, literal e metafófica, a qual foi submetido desde que adentrou os portões da prisão.
E nem vou aqui começar a rasgar elogios pra Morgan Freeman ("o unico homem assumidamente culpado de Shawshank") pq seria chover no molhado. Sem trocadilhos. ^^
Road To Perdition (2002)
Título nacional: "Estrada para perdição"
Direção:
Sam Mendes
Roteiro: David Self. Baseado na série de HQs de mesmo nome
de Max Allan Collins e Richard Piers Rayner
"I'm glad it's you"
Itto Ogami e Daigoro nos E.U.A. da década de 30. Sério. Não tinha como dar errado. Claro que a história é bem mais que isso, mas o cerne é basicamente o mesmo do clássico mangá "lobo solitário": um assassino e seu filho caçando (e sendo caçado por) seus antigos aliados. De novo: nó no estômago quando lembro da cena acima, do confronto final entre Michael Sullivan (Tom Hanks, que abandona aqui o bom-mocismo e convence de forma absurda como o assassino com o qual os outros assassinos tem pesadelos) e John Rooney (Paul Newman). O roteiro é extremamente cruel com o espectador ao ressaltar o extremo afeto, numa relação de pai e filho, que existe entre ambos e como mesmo esses laços precisam ser ignorados em detrimento dos laços sanguíneos reais (o que é quase um pesar pro personagem de Newman, considerando o quando seu filho é decepcionante sob todos os aspectos). Negócios são negócios. E sangue, como a cena acima deixa claro, é bem mais grosso que água.
Pulp Fiction (1994)
Direção e roteiro: Quentin Tarantino
Mais previsível que nunca:
Ezekiel 25: 17 - "The path of the righteous man is beset on all sides by the inequities of the selfish and the tyranny of evil men. Blessed is he who, in the name of charity and good will, shepherds the weak through the valley of darkness, for he is truly his brother's keeper and the finder of lost children. And I will strike down upon thee with great vengeance and furious anger those who attempt to poison and destroy my brothers. And you will know my name is the Lord when I lay my vengeance upon thee!".
Cara.... tá aqui um dos filmes que fortaleceu meu caráter. Assisti novinho logo quando saiu em DVD e foi meu primeiro contato com um filme com uma timeline toda quebrada. Engraçado, violento pra cacete, com algumas cenas impressionantes (a injeção no coração da Mia e, claro, o estupro de Marcellus Wallace) e personagens que vão ficar pra sempre na memória (Julius e Butch forever). A trilha sonora é tão boa que foi um dos primeiros cds que comprei na vida (ouço até hoje em dia, devo dizer). E o discurso final do Julius para os dois ladrões, ao final, arrepia ainda hoje, mesmo tendo visto esse filme umas 20 vezes.
Só não vejo ainda mais pq...bem, pq emprestei o dvd e NEGO AINDA NÃO DEVOLVEU. MORRA!!!!
.....ok, me sinto melhor agora.
Rocky Balboa (2006)
Direção e roteiro: Sylvester Stallone
"When things got hard, you started looking for something to blame. Like a Big Shadow. Let me tell you something you already know. The worlds aren’t all sunshine and rainbows. It’s a very mean and nasty place and I don’t care how tough you are it will beat you to your knees and keep you there permanently if you let it…
You’ve gotta hit as hard as life. It isn’t about how hard you hit, it’s about how hard you can get hit and keep moving forward. How much can you take and keep moving forward? That’s how winning is done. If you know what you’re worth, Go out and Get What You’re Worth. But you gotta be willing to take the hits. And not pointing fingers saying you aren’t where you wanna be because of him or her or anybody. Cowards do that and that aren’t you. You’re better than that.”
Apesar de curtir a série toda, eu tenho plena consciência de que bons, mas bons MESMO, só o primeiro e o último filme são. E aí?
Fiquei com esse já que é uma das tramas de auto-superação mais fantásticas que já vi, e funciona com a intensidade que funciona exatamente pq é com um personagem com o qual crescemos juntos, vendo cada vitória, cada derrota, cada momento de dúvida. E aqui, depois de toda uma jornada, ele parece de novo na posição de outsider, quase como no primeiro filme. Nenhum filme é esquecido (mesmo os mais zoados, tipo o quinto filme) e mesmo os amigos ausentes deixam sua marca (me refiro a Mickey, Apollo, o doutrinador e, óbvio, a força motriz de tudo, Adrian). Stallone está irrepreensível (denotando o quanto, por mais que os críticos discordem, existe um abismo em termos de atuação entre ele e os demais action heroes da década de 80) em roteiro de sua autoria.
O oponente, mesmo meio bronco, não é vilanizado e termina a história com sua própria curva de crescimento pessoal.
Tem esse discurso lindo do Rocky pro filho dele (descrito acima), e claro, não nos esqueçamos, a luta final, onde, eu pelo menos, senti cada soco que o protagonista levava.
É o ponto final na história de um dos outcasts mais carismáticos da história e realizada com toda a dignidade que o personagem merece. (mano, to quase chorando enquanto escrevo isso, então bora pro próximo da lista)
Donnie Darko (2001) / Southland Tales (2006)
Direção e roteiro: Richard Kelly (ambos)
Esse é outro daqueles que é uma batalha perdida de defender num círculo de fãs de filmes (não que eu já tenha tentado, mas considerando os textos que já li por aí....). A maioria gosta muito de "Donnie Darko" e detesta os dois filmes seguintes do diretor: "Southland Tales" e "A caixa". Até concordo que, apesar de algumas boas idéias, é complicado defender "The box". Mas Southland Tales são outros 500. Mas vamos na ordem:
"Donnie Darko" foi um filme que eu vi há algum tempo apenas pq eu sabia que tinha "the killing moon" do "Echo and the bunnymen" na trilha sonora, mas nada mais que isso. Uma hora e pouco depois, eu sai "mindfucked". O filme lida com conceitos de viagem no tempo, fisica quântica, uma certa metafísica e, em maior proporção, com a nossa perpétua busca a respeito de um pouco de compreensão sob nosso papel no mundo, com a diferença de que ao final da obra, Donnie REALMENTE descobre sua função, seu destino e aceita seu papel como "salvador". Trilha sonora oitentista, um elenco bem legal, plot twists na hora e proporção certas, tudo muito bem amarrado (é bem verdade que tudo funciona bem melhor se vc assistir a versão de diretor, mas a versão original não é nada que não se consiga entender se vc não for preguiçoso).
Aí veio a expectativa pelo próximo trabalho do diretor, "Southland tales". Virais na internet, mó burburinho e as primeiras críticas: decepção. Eu já baixei as expectativas. E o filme não foi lançado em cinema no Brasil. E bora esperar até isso sair em dvd. E aí, saiu. E eu vi.
E mano, sério, que filme legal. Mindfucking como Donnie Darko, com uma trilha sonora ainda mais foda, um protagonista tão tosco que funciona maravilhosamente (Mano, eu tenho que confessar, eu adoro o "The Rock". Só eu acho que ele tem um timing comigo muito bom?), um bom tom de crítica social, ficção cientifica de fritar o cérebro. O problema aqui é que o filme funciona bem melhor se vc tiver lido as graphic novels que foram lançadas antes do lançamento dele, que funcionam como prequel. Eu não tinha lido, mas adorei o filme, o que só aumentou depois de ler as hqs. Entendo as críticas de que parece que a história está pela metade, mas discordo respeitosamente. Mais ou menos como "Donnie Darko", é tudo uma questão de raciocínio participativo. Enfim, piração no melhor estilo Grant Morrison (o que, se vcs já lêem esse blog há algum tempo, sabem que é o melhor selo de qualidade que qualquer coisa pode receber vindo de mim).
Murder by death (1976)
Título nacional: "Assassinato por morte"
Direção: Robert Moore
Roteiro: Neil Simon
Esse é bom nem falar muito pq a graça está exatamente em descobrir a resposta dos mistérios juntos com os personagens, mas preciso dizer: pra fãs dos detetives clássicos do cinema e literatura, esse filme é, tipo, a Liga Extraordinaria, os Vingadores. Numa noite, uma figura misteriosa reúne os maiores detetives do planeta (com nomes trocados, provavelmente pra evitar processos, mas dá pra perceber de cara que são versões de Charlie Chan, Sam Spade, Hercule Poirot, Miss Marple e o casal Nick e Nora Charles - que eu confesso que não conhecia antes do filme, mas que, assim como Spade, também são criações de Dashiell Hammet). Agora, pensem uma reunião de mentes desse naipe (e de egos igualmente gigantescos) e imaginem o tipo de situações que podem surgir. É algo desse nível.
Comédia muito legal com elenco estelar (especial destaque pra Peter Sellers debaixo da maquiagem de oriental de Charlie Chan).
On the waterfront (1954)
Título nacional: "Sindicato de ladrões"
Direção: Elia Kazan
Roteiro: Budd Schulberg
Assim, eu tinha, pq TINHA que botar um filme do Marlon Brando na lista. E por mais que parecesse óbvio que eu fosse citar "O poderoso chefão", quando eu lembro do ator, o que mais me vem a memória é aquela cena linda dele brincando com as luvas da personagem da Eva Marie Saint (bom, tb lembro de "um bonde chamado desejo", mas até aí é sacanagem, considerando que minha namorada se chama Stella). Como eu posso ter deixado claro nos itens acima, eu adoro um "underdog", então, incluí esse filme na lista, que conta a história de Terry Malloy e da sua luta para superar o ambiente de corrupção no qual está inserido (um sindicato de trabalhadores portuários que está ligado à um esquema criminoso local) e em maior escala, a própria natureza trágica.
Mary and max (2009)
Direção e roteiro: Adam Elliot
Curiosamente, eu, um conhecido apreciador de histórias sem final rasgadamente feliz, coloco esse filme no final da minha listinha. E, sem dar spoilers, mas toda a história dessa animação em stop motion linda, linda, linda, é assim. Meio tristinha. Mary Daisy Dinkle (voz, quando adulta, de Toni Colette) é uma garotinha australiana, que não tem amigos e decide escolher uma pessoa aleatoriamente e mandar uma carta pra ela, falando sobre sua vida, seus dilemas, enfim, a vida, o universo e tudo mais. Max Jerry Horowitz (voz de Philip Seymour Hoffman), por sua vez, é um judeu portador de síndrome de Asperger, igualmente solitário, morador de Nova Iorque e que é o sujeito que acaba recebendo a cartinha de Mary. A partir daí, os dois vão desenvolver uma amizade que, apesar de seu caráter extra-continental, vai durar por toda uma vida.
Olha aí uma certa rima "narrativa" com outros filmes da minha listinha: história de amizade que foge do comum, um protagonista fácil de se identificar (minha mãe já suspeitou que eu tivesse asperger e eu mesmo já fiz o teste. O resultado? Inconclusivo), um final devastador mas que vai te deixar com um sorriso, ainda que melancólico, no rosto e de novo, o lance dos efeitos permanentes: sim, eu viciei em cachorro-quente de chocolate. ^^
Ufa, é isso. Posso apagar esse texto da minha listinha de dívidas pessoais para com terceiros. O primeiro, rendeu um dos meus posts favoritos (Prime), esse aqui, como eu já disse, devia pro H.U. E o próximo é um post convidado pro blog de Stella, que tá dando um certo trabalho, mas acho que vai ficar bem bacana quando pronto.
Enfim, esses são meus filmes favoritos. Ficaram váaaaaaaaarios pelo caminho, que provavelmente constariam na listagem se eu tivesse escrito esse post num dia ou com um humor diferente. Mas, de qualquer maneira, espero que gostem e que essa lista sirva como sugestão, para aqueles que não assistiram um ou mais dos filmes citados. Ainda quero poster mais duas listinhas aqui, além dos posts aleatórios de ultima hora, antes de encerrar as atividades do blog por 2012.
Até breve, crianças.