quinta-feira, 16 de julho de 2015

Hawkeye #22: "This is how it ends"



E ontem foi publicado o ultimo número do run de Matt Fraction e David Aja no título de Clint Barton, o Hawkeye. E boy, que viagem foi essa. 
Nem digo pela instabilidade na periodicidade da HQ (o titulo era, em tese, mensal. o número 20 saiu em Novembro do ano passado. o 21, em Abril agora. A edição até faz piada com isso na página de recapitulação com um espirituoso "if you're still here, you know what happened last time") pq, pros fãs desse titulo, esse foi só um elemento pra fortalecer nossa resiliência na espera. 
Digo mais pq essa revista foi uma das bases, junto com a primeira edição de Ms. Marvel, pra atual fase das HQs das duas principais editoras norte-americanas que Philip Sandiffer chamou de "new pop" (não sei se ele cunhou o termo mas como foi o primeiro lugar que vi, fica sendo)
Se hoje temos "The Unbeatable Squirrel Girl", "Howard, the duck" ou, na DC, "Doctor Fate", "Batgirl", "We are Robin", "Black Cannary" e etc., parte dos créditos vão pra Fraction e Aja. 
Enquanto o destino do universo estava na balança nos titulos de Steve Rogers e Tony Stark, enquanto Scott Summers carregava a responsabilidade de messias mutante nos ombros, Clint Barton só queria ter um dia de folga, relaxar e curtir a tv com seu fiel sidekick, Lucky, o cão. Parte da mística da série vinha exatamente desse elemento mais pé no chão do personagem. Ele não tem armadura, não tem superpoderes. Apenas um puta talento como arqueiro, algum treinamento militar e força de vontade.
"Hawkeye" termina sua edição com um painel mostrando Wilson Fisk e não me passou despercebido como a arte dessa página e o uso de sombras dela lembram muito a arte de David Mazzucheli na sua fase no titulo do Demolidor nos anos 80. O que não é coincidência nenhuma já que os dois personagens foram moldados no mesmo tipo de forja. Ambos tem ambientação urbana, ambos tem poucos ou nenhum super poder e ambos são submetidos a provações que triturariam corpo e alma de homens mais fracos. Mas esse sempre foi o principal super poder de ambos: a habilidade de levantar, contrariando todas as expectativas, dos próprios escombros. 


Aliás, ainda sobre a arte da série (sigo ansioso esperando pelos próximos trabalhos de David Aja), não dá pra não comentar dos títulos "especiais", feitos com linguagem de sinais...... 


ou contados sob a perspectiva do Lucky (sim, o cão). 


Além disso, a escolha de uma paleta de cores mais neutra (exceto nas edições estreladas pela Kate - estas, desenhadas por Annie Wu - ou em momentos mais "superheroísticos") foi uma escolha apropriadíssima pra manter o tom mais crível, mais próximo da nossa realidade do que a de um universo com devoradores de mundos, deuses e mutantes.
E, já que mencionei, Kate Bishop. 


Man, como eu odiava essa personagem na época de Young Avengers. E agora, isso: ela termina dividindo o codinome com Hawkeye. E o protagonismo dessa série (ela não é nenhuma sidekick, "flechete", "hawkeye girl" ou coisa do gênero. Ela é A Hawkeye, do mesmo jeito que Jane Foster é THOR ou Carol Danvers veste o título e manto de CAPTAIN MARVEL. A partir de certo ponto, inclusive, o caminho dos dois personagens se divide e as edições passam a alternar o foco da história. Um mês focando na vida de Clint e no seguinte, na de Kate). E sendo a melhor arqueira do mundo. E sendo o norte de Clint. O personagem procurava por uma reinvenção durante toda a duração da série e terminou encontrando uma. 
Agora ele é herói. Arqueiro. E mentor. 


Os titulos já publicados da nova fase do personagem, sob o comando de Jeff Lemire, são bem bons, mas definitivamente "Hawkeye" vai direto pro rol de novos clássicos pós-2000. Clint, Kate, Lucky, cada um dos moradores do prédio e até alguns dos vilões como Madame Masque e Ivan, líder da gangue russa ("Bro") vão deixar saudades. 
Encerro esse textinho com vídeo da minha musica favorita de Brian Wilson (e os fãs de "longa data" da série vão entender o porque da escolha).


"Hawk it like it's hot" :-)

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