quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Relicário - Black Panther #5 a #8



Continuando nossa jornada pelas aventuras do monarca de Wakanda: 
Da ultima vez que fiz um texto sobre, os personagens não estavam num lugar particularmente tranquilo. T'challa e Ross estavam literalmente, no Inferno, sendo torturados por Mefisto, o equivalente do demônio no universo Marvel. A edição #5, além de concluir a trama, serve pra estabelecer certos elementos "larger than life" na mitologia do Pantera Negra, em que o demônio descobre que ele pode ter dado um salto maior que a perna ao tentar conseguir a alma do protagonista.
Ao final da edição, surpreendendo a absolutamente ninguém, Mefisto é derrotado e o exército de Achebe perde o apoio sobrenatural com o qual contava (mas ainda continuam sendo uma força a ser temida e com todo o potencial de desestabilizar a política Wakandiana).
A edição seis é pura e simplesmente porrada. E é tão awesome quanto parece.



Confesso que estou tão acostumado a ver Kraven, o caçador, como um personagem ridículo que esqueço que ele é um dos melhores artistas marciais do universo 616. O gibi é um imenso pega pra capar entre Kravinoff e T'challa. O nº seguinte segue no mesmo ritmo, com um ultimo acerto de contas entre o soberano de Wakanda e Ramos (o traficante que "recebeu" o herói e sua comitiva em sua primeira noite nos EUA, lembram?) antes do segundo round contra o Caçador. 
E é aí que as coisas complicam.



É bem legal notar como, tal qual Paul Cornell sem sua passagem pelo Action Comics, Christopher Priest decidiu estabelecer a personalidade daquele personagem - o qual, nesse momento, o fandom sabe bem pouca coisa, sejamos honestos - através do contraste com os grandes medalhões do universo Marvel. As primeiras edições serviram pra reintroduzir o personagem e todo seu rol de coadjuvantes e salientar que, antes de ser um super herói, T'challa é um chefe de estado. E mais que isso, de uma das maiores nações do planeta. Em segundo lugar, ao jogar o Vingador em solo americano, o segundo elemento destacado é que....ele é um homem negro. Um homem negro, líder de uma nação auto suficiente, tendo que se ver num local de profundas desigualdades sociais e raciais. Sempre sob o impaciente olhar de alguém que sabe que aqueles problemas só existem pq existem pessoas que se beneficiam com a continuidade desse status quo.

A oitava edição vem como a melhor até agora.  Convidado para uma festa de gala, o Pantera se vê como o unico negro em uma sala lotada de homens velhos, brancos e ricos. Insatisfeito, um senador - tb afro descendente e que tem um passado com o protagonista - decide tornar publica a presença do rei africano em solo americano. O resultado é..... algo: 



Um momento particularmente poderoso, tocando na questão da representatividade anos antes de questões do tipo ganharem a força que tem hoje quando falando sobre cultura pop. 
Uma tentativa de atentado contra o Black Panther e temos Priest levantando questões sobre a aliança entre o protagonista e o super time da Marvel que conferem ainda mais densidade ao personagem.
Sobre a arte, tipo.... Mark Texeira é foda. Simples assim e desculpem o palavreado mas é nesse nível. O domínio que o artista tem nas expressões e cenas de ação.... a vida do seu sucessor no título vai ser complicada, tendo que manter o nível e a barra lá em cima. (por sorte, o primeiro a receber a missão, Mike Manley, desenhista da edição 9, tem um estilo tão diferente do de Texeira - enquanto o primeiro domina certo expressionismo realista, o segundo vai mais pra área do cartunesco - que a comparação entre ambos soa absurda). As expressões e cores, ângulos, somado ao estilo "tarantinesco" de "edição" do gibi, com o tempo todo entrecortado e aquele elemento que poucos desenhistas tem, de poder saltar de uma cena dramática pra uma de humor rasgado em instantes, fundamental pra um gibi como esse.
Mas apesar dos momentos de respiro engraçado, o tom segue tenso.
O Pantera termina a edição 8 tendo alienado completamente seus colegas de super equipe. A consequência disso pra sua missão em solo americano e, em maior escala, em sua guerra contra Achebe, só vamos saber no futuro. Mas o gibi segue uma das leituras mais divertidas tipo, ever, naquela que é "A" fase definitiva do personagem.

Inclusive, já tendo esse material sido republicado lá fora recentemente, em 4 tpbs grandões, tipo.... Quando isso vem pra cá, Panini Brasil? 

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