Uma edição bem interessante, que responde algumas questões enquanto levanta outras de natureza mais complicada. Primeiramente, descobrimos o papel dos deuses asgardianos no gigantesco tabuleiro cósmico erguido pelos Celestiais.
Criações humanas ou aliens shape-shifters amorfos que ganham consciência e individualidade a partir do contato com a humanidade? No final, o resultado é o mesmo: criaturas em eterna relação de simbiose com o coletivo humano. Moldados a partir das percepções destes e, por sua vez, em um ciclo de retroalimentação, moldando a humanidade. Criadores e criaturas ao mesmo tempo. Um paradoxo ou, em tons mais esotéricos, um milagre.
Em tons mais profanos, Rogers, humilhado depois do confronto com o jovem Caveira Vermelha, recebe a inesperada oferta de ajuda do Daredevil dessa realidade, um artista circense aparentemente imortal e indestrutivel. Algumas revelações importantes conferem nova perspectiva geral: a terra não possui mais telepatas ativos. Aparentemente, a humanidade mutante não pode mais procriar.
E "algo" está vindo, de acordo com Starjammer, em comunicação com seu filho, Scott Summers.
Mas há alguma esperança, ainda que mesmo essa venha com sua cota de sombras: uma das poucas crianças ainda vidas no planeta, um rejuvnescido Bruce Banner, revela para Clea que ele tem sido tomado por sonhos envolvendo Mar-vell, o Capitão Marvel original. Nestes sonhos, o herói, que morreu anos atrás vítima de um câncer, teria na verdade, transmutado em um novo estágio de consciência. Ele, agora um "universo Marvel", estaria tentando dizer algo para Bruce. Neste sonho, Bruce pode ver nossa galáxia, mas sem o terceiro planeta do sistema solar nela.
Então, incapaz de decodificar a mensagem, os personagens decidem adentrar o reino dos mortos e questionar Marvel pessoalmente.
Descobrir que as entidades asgardianas são menos onipotentes do que se imaginaria de deuses, extremamente condicionados à percepção alimentada a respeito deles, é algo bastante inteligente do roteiro. Deidades reduzidas à condição de tulpas, construtos alimentados coletivamente, manifestados na realdade apesar de tal crença e subserviente a ela. Uma gigantesca "arma de Tchekov" que com certeza vai ter importância ao final da trama.
Ao final, falando de armas de Tchekov, os Inumanos, ainda no Doom Castle na Latvéria, descobrem a máquina do tempo de Victor. Se ela vai ser um elemento da história, não dá pra saber mas sua presença aqui vai em direção aos temas da série. O desejo do retorno ao passado glorioso, a nostalgia como prisão (feita literal no caso de Tony Stark). E mesmo o homem mais brilhante do planeta, Reed Richards, se vê dividido em sua busca por respostas para o apático fim do mundo que seu planeta vivencia: olhar para o passado em busca de respostas ou voltar sua busca em direção do futuro?
Nos aproximamos do meio da jornada, o relógio bate seis horas e adiante, apenas mais promessa de trevas.
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