E ontem, depois de longo inverno, finalmente os irmãos Mael voltaram a aparecer em uma edição do clássico programa Later... with Jools Holand. Uma instituição da TV britânica, o programa não recebia o SPARKS desde 2015, quando a dupla foi lá conjuntamente com os meninos do Franz Ferdinand para o disco que fizeram em parceria, o simpático "FFS".
Como ponto de partida pra turnê britânica, Ron e Russel interpretaram duas canções do disco mais recente, o "MAD!" (que eu ainda preciso ouvir com o devido cuidado): "Do thing my own way" e a belíssima "drowned in a sea of tears"
Dude... se você combinar as idades dos dois, tem mais de um século e meio de existência e, juntos, mais de meio século de atividade e ainda assim, a energia e performance ao vivo dos Maels bota muita banda de meninos novinhos no chinelo.
Se ainda não ouviram o disco que os irmãos loucos lançaram esse ano, aproveita o ensejo que o tio Urso facilitou pra vocês.
Só peguem uma bebida, relaxem na cadeira e apertem o play.
Ele disse, depois do lançamento do álbum mais recente da banda, o "In times new roman", que o próximo trabalho do grupo envolveria o maior público de sua carreira.
E no ultimo dia 5, ele entregou o que prometeu. Um show acústico diante de mais de um milhão de pessoas.
Todas mortas.
O show, gravado nas lendárias catacumbas de Paris, incorpora cada um daqueles esqueletos, daquelas ossadas, daquelas pessoas em seu descanso final como um personagem a mais, como mais um membro da banda. Não que a morte seja um conceito estranho ao grupo e a seu vocalista.
Homme vinha de uma crise pessoal que, entre outros problemas que não cabe aqui mencionar, envolvia também o luto pela perda do amigo pessoal Mark Lanegan.
E além disso, um diagnóstico de câncer (até onde sei, ele nunca revelou qual o tipo) tornava o nosso fim inevitável um conceito ainda mais palpável, mais difícil de ignorar para o líder do QoTSA.
Para nossa sorte, a morte tem sido uma das fontes mais frutíferas de inspiração para arte em toda a história da humanidade, e Homme decidiu canalizar o horror da situação nessa apresentação, cercado de cadáveres por todos os lados. Em um momento em que seria natural procurar enfiar a cabeça na terra metaforicamente e tentar paliativos escapistas para se distrair, o homem decidiu olhar a morte LITERALMENTE nos olhos e se enfiar junto àqueles que jazem.
O resultado é, e desculpem o eufemismo, uma apresentação transformadora. Soturna, calma (o cenário não permitia instrumentos elétricos ou de percussão e, de qualquer maneira, a ambientação não particularmente encorajava um show de tons arquetipicamente roqueiros), sinistra, contemplativa. Curto, com apenas 6 músicas, mas profundamente marcante.
Nada aqui tem a violência e agressividade típicas do gênero e do Queens, preferindo um caminho mais intimista, ainda que, em sua essência, confrontacional. Diante do fim, Homme e seus parceiros de banda preferem cantar e dançar.
Diante do abismo, o Queens of Stone Age responde não com uma explosão, mas uma serenata. Elegia em homenagem aos mortos assistindo ao show e a todos aqueles que (ainda) não partiram junto a eles.
A versão em áudio desse show vocês já encontram no youtube, no spotify, youtube music e nas demais plataformas de streaming.
Já a versão em vídeo dessa apresentação, só no site do QoTSA. O show, sozinho, sai por 55 reais, enquanto o combo show + making of sai por 85 pila.
Como prometido, duas edições de Monster Mash na mesma semana.
De nada, ímpios.
Tem música da minha nova banda favorita nesses últimos anos, a Idles, KLF, The Cramps, tem M.I.A. do velho testamento (que descanse em paz), K-dot, Fontaines DC, entre outros.
Espero que gostem. E agora, acabaram as edições da MM que eu tinha em reserva, então, ainda essa semana, vamos com uma edição novinha, feita artesanalmente.
Sem adentrar muitos detalhes (por enquanto), eu me encontro, talvez, na fase mais interessante e criativamente ativa da minha vida pessoal E profissional e estou curioso pra ver como isso vai afetar não só a Monster Mash, mas este blog num geral e todo e qualquer projeto criativo que eu vier a desenrolar pelos próximos tempos.
Falo com mais detalhes em algum momento, aqui ou lá na newsletter.
Mas, por enquanto, é isso. Dancem, cantem juntos, vão atrás dos discos e da obra completa dos artistas que gostarem mais e se quiserem, comentem depois quais curtiram.