terça-feira, 29 de setembro de 2015

Doctor Who 9x02: "The Witch's Familiar" - ALL PRAISE DAVROS!!!


Esse é um episódio que melhora bastante depois da segunda assistida. 
Ainda assim, me parece ligeiramente inferior ao anterior.  Sim, tivemos mais da interpretação mais efusiva da Missy nessa parte do que na anterior e eu já disse que eu prefiro a personagem um pouco mais contida, mas hey, Michelle Gomez poderia interpretar a personagem como uma burocrata britânica ou como uma cheerleader adolescente texana e eu ainda estaria satisfeito. A resolução do episódio me soou ligeiramente apressada e as viradas de trama diminuíram um pouco o impacto emocional estabelecido alguns momentos antes e que é onde "the witch's familiar" cresce. Mas, mesmo considerando essas possíveis falhazinhas, ainda é um episódio bom, melhorando ou piorando dependendo de como vc o enxerga. E digo isso pq "The witch's familiar" pode ser analisado de 3 formas distintas

1) Como a segunda parte de um arco, que é onde ele peca um pouco.
2) Como um episódio de set up, apresentando conceitos que vão ser desenvolvidos depois
3) Como um episódio individual.

Já me concentrei nele como a segunda parte do arco iniciado em "The magician's apprentice", então, sigamos adiante.


Como um episódio individual, já falei de alguns dos pontos que me deixaram insatisfeito com o resultado final. E como um episódio de set up, só poderemos avalia-lo depois que a temporada terminar, já sabendo quais elementos introduzidos aqui foram (ou não) reutilizados depois e o quão bem esse uso foi feito.

Tirados esses pontos do caminho, falemos do que funcionou: eu disse que os elogios hiperbólicos à atuação de Julian Bleach viriam nesse texto. Só não sabia o quanto eu iria gostar da interpretação do ator. E, boy, eu fiquei realmente surpreso pq, como todos os fãs, eu esperava ver o personagem se rasgando em histeria megalomaníaca, tão característica desse tipo de vilão. Mas não. Vimos aqui um Davros contido, que fala quase sussurrando. Aquele lance do aproveitamento do espaço vazio de que eu já falei varias vezes aqui no blog, uma característica que poucos artistas sabem utilizar adequadamente. Os silêncios e momentos mais contemplativos de Davros revelaram tanto quanto seus momentos de diálogos com o Doctor. 


E eu falei da quimica entre Jon Pertwee e Roger Delgado no texto avaliando o season premiere dessa temporada, mas não posso deixar passar que Peter Capaldi e Julian Bleach tem uma química absurda.
Um dos meus problemas iniciais com esse episódio foi a impressão de que o twist do plano de Davros, ao final, diminui o impacto desses momentos de quase comunhão real entre o timelord e seu nêmesis, exatamente por sabermos se tratar de um plano do vilão. O que parecia um momento de guarda baixa de dois inimigos mortais na verdade era parte de um plano extremamente bem calculado, uma dança de duplos, triplos e quádruplos blefes. Mas, como disse, o episódio desce melhor depois de uma segunda chance e é possível ver nuances no dialogo entre ambos e notar que o plano do dark lord of Skaro se sustenta exatamente na profunda intimidade que os dois partilham. As coisas correm exatamente como correm EXATAMENTE pq os dois estão sendo sinceros em suas confidencias, ainda que cientes dos propósitos secretos um do outro. Méritos do roteiro mas, mais ainda méritos dos atores (ou juntando ambos: mérito de um roteiro que sabe que pode exigir esse nível de sutileza dos seus atores protagonistas).



Enquanto isso, Clara e Missy. Hey, eu veria facilmente um spin off estrelado pelas duas. "The witch's familiar" é, seguramente, um episódio que cresce muito por causa da magia do seu elenco e, sabendo disso, o tempo de tela é quase igualmente dividido entre a dicotomia Doctor/Davros e Clara/Missy. Ok, a companion não tem muito o que fazer aqui, exceto ser cobaia dos planos da Timelady e permitir momentos de exposição do raciocínio da Mestra,  mas, de novo, esse também é um episódio de set up. Talvez, portanto, vejamos mais dessa relação bizarra entre as duas personagens no decorrer da série? Tomara.
Não vou me estender demais falando do elenco pq todos os elogios que fiz no primeiro texto valem aqui tb (talvez até em maior proporção).
No final, um episódio que cresce muito pela dinâmica entre seus personagens e pela promessa, sendo um season premiere, do que ainda está por vir. 
Gosto muito desses momentos mais calmos na série, portanto, não conseguiria não gostar de "The Magician's Apprentice/The Witch's familiar", um arco que aparentemente era sobre uma grande tese dialética mas, no final, girava em torno de dois "amigos" se reunindo pra "celebrar" uma vida juntos.

Outros pensamentos


- Sendo o fã da série clássica que sou, admito que abri um sorriso imenso quando o "Special Weapons Dalek" apareceu. Acredito ser a primeira vez que revemos essa versão tunada dos Daleks desde "Rememberance of the Daleks", arco estrelado pelo 7th Doctor (aeeeeeeee \o/).
Sério agora: procurem esse arco. Tem a minha cena favorita de todos os 50 anos de série: Ace, uma das companions mais incríveis que qualquer Doctor já teve, arrebentando um Dalek com um taco de baseball tunado. #ChupaRoseTyler


- Fiquei na dúvida se a energia de regeneração afetou APENAS os Daleks presentes em Skaro ou absolutamente todos os representantes da espécie soltos pelo universo. Caso a segunda hipótese se prove real, isso significa que o Dalek rebelde de "Into the Dalek" também foi "regenerado", certo? Será ele o tal híbrido?


- Já que falei do híbrido: eu não sei se eu gosto dessa idéia. Todo mundo tem suas teorias do porque o Doctor fugiu de Gallifrey, fico com certo pé atrás de uma tese definitiva explicando as motivações do timelord (ainda que eu tenha a minha própria teoria). Mas sei lá, prefiro comentar quando ela se confirmar (ou não) de fato.
- Já que falei do híbrido II: NO ENTANTO, é valido lembrar: há a teoria do híbrido. Ponto. Quem concluiu que se tratava de uma mistura entre os habitantes de Gallifrey e os filhos de Skaro foi Davros. Nada garante que seja exatamente disso que se tratava a tal lenda. 


- Aparentemente, o híbrido vai ser o grande plot da temporada..... ou não? Pq eu consigo, com certa facilidade, imaginar Moffat usando essa história como forma de distração. O grande plot point é o tal disco com a confissão final do Doctor, mas imagino não haver uma grande trama cósmica associada a revelação do conteúdo do tal disco e sim, alguma motivação mais intima, permitindo que o climax desse arco não envolva uma cena grandiloquente de ação, mas um momento mais reflexivo, de desenvolvimento das motivações do Timelord. 
- Doctor e Davros rindo juntos. Mais alguém lembrou de uma outra cena clássica envolvendo dois arqui-inimigos se permitindo um cessar fogo momentâneo pra poderem rir juntos?


- Quando Davros foi regenerado, fiquei esperando algo mais ousado, rejuvenescendo o vilão pro seu corpo  Kaled pré-acidente. Sim, acho o visual do Davros algo incrível, mas ia ser legal ver o rosto de Julian Bleach sem maquiagem, vivendo o criador dos Daleks. 

Julian Bleach: Davros unmasked
- Phlip Sandifer, do Tardis Eruditorum, resumiu bem: Se vc pegar os Cybermen originais e coloca-los ao lados dos atuais, o resultado seria algo bizarro (muito embora, preciso dizer, eu acho o visual original dos filhos de Mondas ABSOLUTAMENTE perturbador). 

Boo!!!
Pegue um Dalek original, coloque-o ao lado de uma versão mais recente e eles são absolutamente idênticos. A metáfora é clara: Daleks são incapazes de mudar, e essa é uma das graças destes monstros. Absolutamente coerente, considerando que as criaturas são inspiradas na imagem de pureza ariana dos nazistas, totalmente oposta à miscigenação e mudanças.


- Caso alguém esteja se perguntando: sim, eu chorei junto com Davros. O quão bizarra e perturbadoramente adequada é a idéia de Davros realmente tocado pelo retorno de Gallifrey? (afinal, pra um supremacista, nada é mais importante do que a sensação de adequação a um grupo e o ódio a qualquer alteridade). E a cena do nascer do sol, pqp....
- E pra encerrar: comprei completamente a idéia dos sonic sunglasses. R.I.P. Screwdrivers. Sentiremos sua falta!!!

Compaixão e misericórdia. :-)

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