Evito ao máximo falar de política pq, neste blog, assim como na vida, se eu não sei do que estou falando, das suas nuances e meandros e detalhes e etc., eu simplesmente calo a boca.
Longe de ser apolítico no entanto: costumo dizer que orgulhosamente não carrego nenhuma ideologia (ou, melhor, consigo com certa - e incomoda - facilidade enxergar a falha em absolutamente todas elas) mas OBVIAMENTE tenho minhas crenças.
Por outro lado, arte é política. Desculpem quem achar que arte é puro escapismo mas..... nope, vcs só estão errados. Mesmo o filme mais imbecil do mundo, mesmo, sei lá, algum "clássico" do Adam Sandler carrega valores e propaga idéias e conceitos culturais, explicita ou implicitamente. Quando eu digo que vcs deveriam ler X é pq eu gosto daquilo mas tb estou, intencionalmente ou não, recomendando que vcs acessem aquele conjunto de idéias. E não estou dizendo que concordo com elas.
Isso posto, com Trump por lá e com a legítima presidente sendo "convidada a se retirar" por aqui, com a ascensão de uma nova mentalidade totalitarista e que flerta com o fascismo (ou com o retorno de uma velha mentalidade rebootada pros novos dias. Totalitarismo 2.0. Direitismo open source. Fascismo liquido), eu não poderia ser mais enfático e dizer aos senhores: sério, procurem Transmetropolitan. Não é só sobre distopias futuristas, sobre o REAL papel da imprensa e do nosso papel, individual e coletivamente enquanto agentes ativos politicamente. Sim, é sobre tudo isso, mas também é sobre, como sempre ocorre com os melhores trabalhos de ficção especulativa, o NOSSO mundo, um reflexo distorcido e sombrio, uma lupa criticando com ferocidade esse contexto pós 11/9 em que vivemos (detalhe que o gibi começou a ser publicado em 97 e terminou em 2002, ou seja, pegou o mundo antes, durante e depois da transição socio-politico-cultural desencadeada pela queda das torres gêmeas).
O torrent com as 60 edições (mais especiais) tá a duas googladas de achar. E quem preferir o negócio por meios oficiais, a série tá saindo atualmente aqui no Brasil (se pans até já terminou de ser publicada). Não importa como vcs vão ler isso mas sério: Transmet nunca foi tão relevante quanto é no caótico cenário político em que nos vemos enfiado nesses dias sinistros.
Pra quem quiser mais incentivo pra procurar o negócio, deixo não um, não dois, mas três artigos dissecando a série. E claro, futuramente eu pretendo resenhar a hq, arco por arco.
Escutem titio Urso e vão atrás desse material, uma das melhores coisas que a Vertigo já lançou....
Isso tudo dito, uma ultima observação: não sei se uma olhada em qualquer caderno político de qualquer jornal em publicação atualmente causaria uma ereção permanente em Spider ou uma úlcera nervosa gangrenante fatal.
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