Ultimamente eu me pego pensando a respeito de certos temas recorrentes. Hey, a vida é caótica e aleatória e carece de um bom roteirista com as mínimas noções de storytelling mas, ás vezes, vc se vê cercado por constantes lembretes a respeito de um mesmo assunto. No caso, nostalgia.
Outro dia aqui eu comentei do quanto me parece oportuno que eu esteja vendo um zumzumzum a respeito de shows de duas bandas que, sejamos francos, perderam a relevância faz tempo (Aerosmith e Guns 'n roses) ao mesmo tempo em que a nova temporada de South Park fala das memberberries, frutinhas que vivem de nostalgia e pra onde a população local corre quando as coisas ficam difíceis. O passado como entorpecente, fuga da realidade.
Perfeito, tudo lindo, tudo maravilhoso. MAS..... imediatamente depois desse post (ou imediatamente antes, não sei, minha memória, que nunca foi lá essas coisas, anda piorando com a idade) eu comentei da minha dream match entre Undertaker e Sting. Além disso, fui com toda a vontade do mundo ver os primeiros eps. da nova temporada de Ash vs. Evil Dead. E agora, eu, como todo fã de pro-wrestling, me vejo tomado de assalto ao tomar conhecimento da notícia do retorno de Bill Goldberg aos ringues, depois de mais de uma década longe. Confesso que isso tudo deu certa balançada em mim e me peguei pensando se eu não era mais um hipócrita pregando contra uma idéia enquanto faço vista grossa das vezes em que eu me pego mergulhado nela. MAS............. acho que encontrei um loophole que diferencia esse tipo de fruição da pura masturbação nostálgica. E pra isso, vou ter que recorrer à Graphic Novel mais famosa do mundo:
Ok, vejam essa imagem:
Ninguém, na época de seu lançamento, esperava por TDKR (tal qual a inquisição espanhola. :-)...)
O que é parte da magia da coisa. Mas mesmo lendo a minissérie hoje em dia, já sabendo do que se trata e, talvez, de um ou dois de seus climaxes, o fato é: nada prepara um sujeito pra cena acima. Batman ENFIANDO A PORRADA no Superman enquanto deixa claro que os dois representam, estruturalmente, convicções diametralmente opostas e quase auto-excludentes. E o que confere a "gravitas" dessa cena é que é o Batman velhão, depois de décadas e décadas de combate contra o crime, depois de centenas de golpes e lacerações e cortes e fraturas, depois de décadas de cicatrizes resultantes do combate contra monstruosidades como Bane, Solomon Grundy e Killer Croc, entre outros. Depois de morrer e voltar e mutar em coisas estranhas e acima de qualquer descrição possível (Zurr-en-arrh).
Esse é o meu argumento contra possíveis acusações de hipocrisia da minha parte (todas elas, sendo justo, originando-se de mim mesmo): meu desejo de rever Ash e Sting e Undertaker e Goldberg e outros grandes nomes do passado de suas respectivas áreas de crafting e expertise não vem da vontade de recapturar uma era, de me refestelar num suposto tempo em que "tudo era melhor". A coisa aqui está menos pra uma caquética turnê de reunião do Guns 'n roses e mais pra ver o que as figuras acima citadas são capazes de, com todo o peso e sobriedade que a idade e a experiencia de vida traz, trazer de novo artisticamente. Não quero ouvir Morrissey interpretando "There's a light that never goes out" de novo, mas me encantar com "the first of the gang to die". Não tem nada a ver com revisitar discos clássicos do Primal Scream ou do New Order mas saber que as duas bandas ainda são capazes de criar material novo do calibre de, respectivamente, "Chaosmosis" e "Music Complete". É menos a pseudo homenagem do Zack Snyder em "BvS" e mais aquela sensação de tensão quase táctil que antecede, por exemplo, a cena, ao final de Lobo Solitário, de Retsudô Yagyu voltando pro campo de batalha pela primeira vez em décadas. Não é um epílogo ou um livro caça níquéis escrito depois do final da obra principal mas a sensação de que AINDA estamos vendo as ultimas páginas da obra focada nessas figuras recebendo suas ultimas linhas. Não é sobre um bando de velho lamentando pelos "good old days" mas a respeito, na real, de relevância e reinvenção e trazer algo de novo e refrescante no campo artístico que atuam ao mesmo tempo que celebram uma longa jornada. É muito uma coisa mesmo de samurai, do guerreiro velho indo uma ultima vez enfrentar um dragão, sem saber se ainda é capaz de exibir a mesma performance de seus dias de glória mas, indo mesmo assim pq, o que se perdeu em força, foi ganho em esperteza. De usar o conhecimento passado pra criar o futuro.
E no final, é sobre Goldberg ensinando pra Brock Lesnar que ele ainda tem um ou dois truques guardados e algumas lições pra ensinar pro guerreiro mais jovem.
This gonna be SO awesome!!!!!
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