terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Nada a ver com nada - edição "séries que estou vendo"

Hey crianças...
Hak the bear, alive and kicking, mais uma vez dando reports do período - doce período - em que permanece em casa, aproveitando a vida o universo e tudo mais, em suas prolongadas "férias".
Só passando pra duas rápidas recomendações:



A primeira, pra vcs que gostam de seriados sobre gente perturbada e que estão na abstinência de Bojack Horseman, é Baskets, série do FX criada por Jonathan Krisel e que conta com Zach Galifianakis no papel principal. Sabe essas séries de comédia que cortam na carne, too real ás vezes, tipo Louie e a acima citada "Bojack.."? Pois é. O programa equilibra bem o humor e o drama familiar. Acompanhamos a vida de Chip Baskets, rapaz americano numa escola para palhaços francesa.

E só pra constar: nos últimos anos, vejo uma pá de gente com nariz vermelho e maquiagem que se descreve como "clown", com todo cuidado de diferenciar do palhaço clássico. Foda-se. Pra efeitos descritivos, vou usar o termo palhaço aqui, okay?

Depois dessa introdução, ele acaba, movido por forças maiores que ele mesmo, tendo que voltar pros EUA, na Califórnia e retomando contato com sua família, principal fonte do "cringe" e do drama do show. Família essa formada por seu irmão gêmeo, Dale, um vendedor de cursos online, seus ausentes irmãos adotados, tb gêmeos, Cody e Logan, e sua mãe, vivida pelo comediante Louie Anderson, provavelmente o melhor personagem do show.
Somam-se a esse grupo, Martha, agente do seguro que, por virtude de um acidente com a moto de Chip, acaba se aproximando deste numa relação de amizade bem.... única...., Eddie, o chefe de Chip que, sem opções, acaba se tornando um palhaço de rodeio (aqueles caras que trampam em rodeios, servindo pra, depois do caubói cair de cima de sua montaria, distrair o bicho e impedir que ele mate o infeliz) e, por fim, Penélope, esposa de conveniência do protagonista. 
O seriado é um slice of life retratando gente pobre, então, não tem grandes vilões e ao mesmo tempo, todo mundo é encantador e odioso. Chip é rude e desagradável, Penélope soa uma parasita aproveitadora, Dale soa sempre como o estereótipo do "classe média relativamente bem sucedido". Mas conforme os episódios avançam, a série subverte nossas expectativas, mostrando pq aqueles indivíduos são como são. Se não os desculpa por suas falhas, pelo menos os tridimensionalizam, os humanizam, os aproximam da gente (Penélope, por exemplo, ganha uma profundidade absurda nos últimos episódios, fazendo a gente entende,r um pouco, de onde vem o amor bizarro que Chip sente por ela). 
Gente machucada, profundamente quebrada por uma série de eventos além de seu controle além de uma sucessão de escolhas ruins, mas que, sem outra opção, precisam fazer o melhor que podem com os limões que lhe foram dados pela vida. A cinematografia do negócio é incrível, sendo uma série linda de se ver (e Hannibal, American Gods, Fargo e Legion me deixaram exigentes com esse tipo de coisa), o roteiro é foda e o elenco é aquele tipo de junção de pérolas pelas quais muito diretor grande mataria.  Serião, tenho percebido que o FX tem sido responsável por algumas das minhas séries favoritas da vida. Baskets é mais uma numa galeria de grandes shows produzidos pelo "canal adulto" da Fox (tipo, The Shield, Atlanta, Legion, Archer, entre várias outras).
Três temporadas até agora. Se não tiverem medo desse tipo de show que faz rir ao mesmo tempo em que incomoda, vão atrás. 


Saindo da FOX e indo pra IFC, canal de propriedade da AMC, falemos de Brockmire.



Outra série sobre homens difíceis (bom, e qual não é? Don Draper, Tony Soprano, Walter White. "Difficult men" é, inclusive, o título de um livro muito bom sobre os bastidores das séries que constituem aquilo que chamam de "a era de ouro da TV", narrada por alguns dos realizadores dos shows protagonizados pelos nomes acima citados). Brockmire é mais engraçada que Baskets mas também chafurda bonito no drama. Jim Brockmire (Hank Azaria) é um locutor de baseball que teve seu momento de consagração mas caiu em desgraça depois de perder a cabeça e ter um breakdown ao vivo, enquanto narrava uma partida. Após alguns anos no ostracismo (ou no mais próximo disso no nosso mundo onde erros e acertos são eternizados via youtube), onde ganhou seu $$$ em países da ásia fazendo locução pra "esportes" como rinha de galo profissional, ele consegue um trampo como locutor fixo num timecozinho (os Frackers) em Morristown, uma cidadezinha no c* dos Estados Unidos. 
Lá, ele vai narrar vitórias e derrotas enquanto se relaciona com Jules, dona dos Frackers e responsável por sua contratação e Charles, responsável pelo social media do time, além de interações hilárias com alguns dos jogadores (o melhor deles sendo, sem sombra de dúvida alguma, Pedro Uribe, ex jogador de times grandes americanos que, agora, no final de carreira, acabou indo parar em Morristown). Engraçada, dramática e sem medo de tocar a trama adiante, mesmo que isso signifique ter que abrir mão de cenários familiares e de certos coadjuvantes, que deixam saudades. Também, tal qual Baskets, é sobre crescer e evoluir e aprender com os erros passados, tocando em temas complicados como alcoolismo - pra surpresa de absolutamente ninguém, Jim é muito fã de todo tipo de bebida - racismo, obsolescência na era digital, entre outros.   
Duas temporadas curtinhas, com uma terceira já programada pra estrear esse ano. Uma das melhores descobertas televisivas que fiz em 2018. 



é isso, crianças. Volto logo. Sigamos fortes, sigamos resilientes. :-)

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