Não pretendo discorrer demais sobre essa HQ, apenas queria deixar aqui registrado que este é o primeiro gibi com roteiros de Brian Michael Bendis do qual eu gosto em quase 10 anos.
Uma década.
Não que isso queira dizer muita coisa: o encadernado reúne os 6 primeiros números da nova série da YJ, portanto, ainda estamos naquele momento de introdução dos personagens, em que só precisamos saber o suficiente destes para diferenciar um do outro, jogados em meio à uma trama de "som e fúria" que serve pra, em tese, dar o tom do que nos espera pelo futuro da série.
Botar um desenhista particularmente talentoso ao lado de Bendis ajuda a disfarçar alguns de seus erros e vícios. Em "Naomi", por exemplo, um roteiro medíocre é salvo pela belíssima arte de Jamal Campbell.
Se não leram, vão atrás. A trama é qualquer nota, mas é um dos gibis mais bonitos que já vi na vida.
Da mesma forma, em certos momentos, a arte de Patrick Gleason torna tudo mais palatável, mas a impressão que fiquei é que este é um Bendis menos lento, com um texto menos descomprimido do que o de praxe. Seus protagonistas são adolescentes então tudo tem que ser mais enérgico e non-stop.
Passadas essas 6 edições de premissa, aí de fato poderemos ver se isso se mantém - o que seria positivo para a série - ou se ele volta com seu hábito de longas edições em que nada acontece - o que, sejamos justos, é um recurso válido dependendo do tom do título em questão. Em "Demolidor", por exemplo, isso soa apropriado porque este é o ritmo tradicional de obras noir.
Outra "bandeira vermelha" típica de Brian Bendis é seu hábito de levantar perguntar interessantíssimas mas respondê-las de forma pouco satisfatória. Citando novamente sua passagem pelo título do "Daredevil": um dos motivos pelos quais essa fase é tão bem vista pode ter a ver com o fato de que ele encerra sua passagem pela revista com um cliffhanger. Ou seja, as perguntas são deixadas no ar e o próximo autor que se preocupe com elas - por acaso, Ed Brubaker fez uma excelente limonada com os limões que recebeu.
Sua passagem pela revista dos "X-Men", no entanto, termina extremamente decepcionante, onde além de preguiçoso, seu final é um plágio dele mesmo.
"Gemworld" começa com uma premissa metalinguística fascinante: o que aconteceria se personagens estivessem conscientes dos reboots sofridos dentro daquele universo? A idéia já rendeu histórias interessantes como "Supreme Blue Rose". E eu confesso, eu tenho uma queda por tramas que usam os tropes do gênero como pontos do roteiro. No entanto, isso é resolvido de forma preguiçosa, ainda que um outro elemento da história - o passado de Conner Kent, o Superboy dos anos 90 - permita retomá-lo futuramente, o que espero que aconteça.
Concluindo: sim, existe um elemento de nostalgia. E sim, eu fiquei incomodado com como o gibi parece saído da década de 90, ignorando toda a evolução de personagens como Tim Drake e Bart Allen nestas últimas décadas. Mas, não posso confessar que fiquei empolgado em ver o que o futuro reserva para a publicação. E esse é o objetivo de um começo de série, não?
Ah sim, e antes que eu me esqueça: "Teen Lantern" é o pior nome de personagem da história. E estamos falando de um universo que conta com o "Catman", "Bouncing Boy" e "Colour Kid".
Se incluirmos a concorrente, a Marvel tem o "Homem-Absorvente". E ainda assim... "Teen Lantern".
Não consigo nem pensar nisso sendo dito num contexto sério sem rir.
De qualquer forma, até aqui, Young Justice tem minha atenção e por enquanto, vai continuar com ela.
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