segunda-feira, 7 de março de 2016

nada a ver com nada, mas... (edição ovo-lacto-vegetariana)



Não gosto de escrever sobre minha própria vida aqui, apesar de, tecnicamente, ser isso que eu faço o tempo todo, sendo este um blog pessoal. Mas sei lá, só queria extravasar e esse me parece o canal público mais apropriado (e, paradoxalmente, o mais discreto) pra faze-lo: ontem eu terminei a primeira temporada de chef's table. O seriado, que, a cada episódio, se foca no dia a dia de um grande chefe de cozinha , é obrigatório e belíssimo. Facilmente, um dos melhores seriados do ano passado. E que se junta a todo um grupo de reality shows não competitivos que tenho assistido nos últimos dias, já que sempre fui um grande fã de culinária. Chef's Table, inclusive, é um dos melhores programas de que consigo me lembrar sobre o tema, conseguindo mostrar o quanto gastronomia é uma arte, com diversos momentos em que aproximam o ato de cozinhar com o teatro ou com a música clássica. Uma sequencia no quinto episódio, inclusive, com a sétima sinfonia de Beethoven, é uma das sequencias mais bonitas que já vi na vida,  provocando lágrimas devido a sua beleza. Manjam "Hannibal" e como aquilo era maravilhosamente produzido? Quase "poesia visual"? Tipo isso.



MAS.........esses mesmos programas estão provocando uma reação meio inesperada em mim: estou cada vez mais chocado com o tratamento dado aos animais. Quando um chefe diz que, por razões de praticidade, prefere utilizar carne de vacas leiteiras nas comidas ou outro afirma que prefere cozinhar certos crustáceos com os bichos ainda vivos, pois o sabor da carne fica melhor quando feita sob tais condições, eu não consigo não ficar PROFUNDAMENTE incomodado. Em grande parte, culpo David Foster Wallace e seu "pense na lagosta" por isso. Fora a sensação de hipocrisia que tais pensamentos fazem com que eu acabe sentindo: então, matar vacas leiteiras e crustáceos é monstruoso, mas bois machos, galinhas e demais bichos que me serviram de alimento por quase 4 décadas de vida, tudo bem? 

Por outro lado, aí bate o conformismo. "ah, mas virar vegetariano é difícil". E não necessariamente isso é falso: é fato que tentar comer produtos light e/ou orgânicos é algo que engorda monstruosamente o gasto nas compras semanais/mensais (e sim, falo isso por experiência própria. Recentemente comecei a mudar um pouco minha dieta e o impacto no orçamento de casa foi meio impressionante). Fora que, salvo exceções, as alternativas propostas como substitutos de carne são quase ridículas (bacon de soja é um treco ofensivo do quanto pega o conceito de "wishful thinking" e manda a idéia pra casa do caralho)



Acho que, pelo menos por enquanto, vou optar pelo meio termo: continuo carnívoro mas vou tentar diminuir o consumo quando der. Uma pizza? 4 queijos, por favor. Vou comer fora? Se tiver opção de massas com vegetais, é aí que eu vou. No final é só um paliativo barato pra ver se eu consigo fazer as pazes com minha consciência, mas....

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