sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Troféu Milani dos melhores de 2016

Primeiramente: eu não sei onde eu estava com a cabeça quando escolhi o nome desse blog, já que eu odeio groselha, acho a cor feia e o cheiro do negócio terrível. Isso posto, BEM VINDOS, CRIANÇAS, ao prêmio bloguístico mais famoso das organizações Groselha on the rocks.


........e o único.....


Anyway, bem vindos ao Troféu Vitaminado Milani 2017, premiando os melhores em suas respectivas áreas da cultura pop no ano que findou à exatamente um mês (e dois dias). 
O nome do nosso troféu vem da clássica garrafa de groselha vendida nos meus tempos de criança, quando o universo era jovem e passávamos o tempo exterminando espécies inteiras de Australopithecus como forma de garantir nossa dominância como espécie......e em virtude do mais puro tédio.



Jesus amado, ESSA MERDA NEM RIMA!!!! "TB NO SABOR MORANGO E FRAMBOESA?" WHATTA HELL!!! "IAHUUU"? QUEM DEMÔNIOS VAI SOLTAR ENTUSIASMADAS INTERJEIÇÕES DE ALEGRIA POR TER GANHO UMA PORRA DE UMA GARRAFA DE GROSELHA??? FUCKING HELL!!!!!

Eu fico desgraçado com essas coisas. Enfim......

A idéia é a mais básica o possível: listinha de melhores do ano. E sim, em fevereiro. Das poucas vezes que investi na idéia, sempre coincidiu de cair em fevereiro, so, acho que já dá pra afirmar se tratar de uma tradição do blog. 

FILMES DO ANO

HUNT FOR THE WILDERPEOPLE (direção e roteiro de Taika Waititi)




SKUXX LIFE!!!! #STAYMAORI

MOANA
Direção e roteiro de: Ron Clements e Jon Musker
Elenco: Auli'i Carvalho, The Rock, Jermaine Clement




You're Welcome. O primeiro filme da disney que eu amo incondicionalmente. Ponto. Não tem aquilo de "Rei Leão é legal mas as músicas são meio bregas" ou "A Bela e a Fera é legal mas é uma história meio abusiva". Nope. Confesso que estava com medo de ir atrás, ainda mais no hype que eu tava pq, da ultima vez que eu fui assistir um filme da empresa do Mickey Mouse com igual ansiedade, o que eu tive foi.....Frozen...... jesus amado, eu não consigo expressar o quanto eu odeio Frozen..... Mas NOPE. As músicas tem o tom certo, inclusive algumas cantadas no idioma Maori, a história tem um ritmo animal, os personagens são carismáticas, a proposta da trama subverte quase todos os clichês de "filmes de princesa" da produtora. Man.... E tem o "The Rock"!!!!!!! Méritos pros citados acima, além de Lin Manuel Miranda, que foi um dos compositores da trilha sonora, e do meu novo diretor favorito, Taika Waititi, que se envolveu no roteiro do longa.

LIFE ANIMATED
Direção de Roger Ross Williams
Roteiro de Ron Suskind




Esse eu achei por acidente, enquanto caçava torrent de "Floyd Norman: an animated life" e fui às cegas assistir e, sem brincadeira, foi uma das experiências mais mágicas que o cinema (e a serendipitía) já me proporcionou na vida. Não é pra menos que a obra está concorrendo à Oscar. E não, eu não vou falar sobre o que é, só vão atrás às cegas pq o efeito vai ser bem mais poderoso dessa forma.

BO BURNHAM: MAKE HAPPY




Não é um filme, e sim um especial de comédia do NETFLIX. Foda. Vi um monte de coisa de George Carlin, quase tudo do Louie C. K. e mais uns outros especiais pingados aqui e ali mas nada tão único quanto "make happy". Destaque pras canções "Kill yourself" e "Suck my dick".

THE JUNGLE BOOK
Direção de Jon Favreu
Roteiro adaptado de Justin Marks



Como já disse acima, eu sempre tive meus problemas com filmes da Disney. Mas uma das minhas lembranças mais antigas é de "Bear necessities" ou "Somente o necessário", cantada por Baloo e Mowgli. Fui atrás do filme esperando só um live action recontando o filme quadro a quadro mas o que encontrei foi uma obra que aprofunda ainda mais o conto original. Não chega a mudar a perspectiva de forma tão radical quando Maleficent faz com a história original da Bela Adormecida, meu favorito desses que recontam histórias clássicas, mas é bem bom. E a sequencia com o King Louie, os créditos finais e a canção de Kaa, "trust in me" na voz de Scarlett Johanson já justificariam a existência da obra. Puta filme legal.

SOUTHBOUND
Direção de: Radio Silence, Roxanne Benjamin, David Bruckner e Patrick Hovarth
Roteiro de: Matt Bettinelli-Olpin, Roxanne Benjamin, Susan Burke, David Bruckner, Patrick Horvath e Dallas Hallam




Uma daquelas obras que deixariam Rod Serling com um sorriso no rosto. Uma antologia de histórias curtas e (aparentemente) sem conexão nenhuma, exceto envolverem pessoas dirigindo por uma estrada através do deserto norte-americano.  O final é de dar um nó no cérebro. O inferno nunca pareceu tão desolador.

KUNG FU PANDA 3
Direção de: Jennifer Yuh Nelson e Alessandro Carloni
Roteiro de: Jonathan Aibel e Glenn Berger




Vamos ser francos que quem nasceu pra ser Dreamworks jamais, mesmo com um ou outro tombo aqui e ali da rival, chegar à Pixar, certo? Shrek tem seus fãs e de vez em quando o estúdio surpreende com um "A origem dos guardiões" mas de resto, é a produtora que criou os Minions e só. Exatamente por isso, eu não esperava que a terceira aventura de Po e seus amigos não fosse nada além da DW milkando uma franquia à exaustão. Nope. Longe disso.
O primeiro KFP é um dos meus filmes favoritos. O segundo é bonito mas se perde com força.
O terceiro? Meu predileto dos 3. Tem a ação e a poesia visual do primeiro, mas tudo isso potencializado. Se a sequencia da morte do mestre Oogway é uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida em minhas quase 4 décadas de existência, a passagem envolvendo o reencontro da tartaruga anciã e Po não fica muito atrás.

KUBO AND THE TWO STRINGS
Direção de Travis Knight
Roteiro de Marc Haimes e Chris Butler




Falando de filmes plasticamente bonitos e com uma história muito boa, inclusive.... :-)

MANCHESTER BY THE SEA
Direção e roteiro de Kenneth Lonergan



Mesmo considerando meu histórico com vários longas narrando uma reunião familiar mal sucedida, onde atritos e erros passados voltam para atormentar todos os envolvidos, MESMO ASSIM, esse não é um filme fácil de assistir. O personagem de Casey Affleck me lembrou em diversos momentos o protagonista vivido por Billy Bob Thornton em "O homem que não estava lá". Mas se a apatia daquele era apenas uma reação natural, a daqui é uma muralha levantada com cuidado pelo personagem para se proteger de memórias dolorosas. Num longa que é lotado de momentos poderosos, a cena do reencontro dos personagens de Affleck e Michelle Williams vai fazer até o mais tough entre os homens ter que recorrer a um lenço para secar uma ou outra lágrima teimando em se fazer notada. 


THE VVITCH
Direção e roteiro de Robert Eggers




Os ultimos anos tem trazido uma safra particularmente inspirada de filmes de terror. O primeiro "the conjuring", Babadook, o sinistraço Goodnight Mommy, entre vários outros. Mas boy.......se alguém me dissesse que o monstro mais sinistro de 2016, e um dos mais tensos de toda a história do cinema de horror, seria pura e simplesmente um bode preto, eu riria por minutos.

Ao final desse filme, "alguém" lhe olha de volta e pergunta com uma voz sussurrante "quem estás a rir agora?"


LUTA LIVRE

Combates do ano: 
Sami Zayn vs. Nakamura


Sami Zayn vs Shinsuke Nakamura (NXT Takeover... by emre-karasal7


Qualquer um dos confrontos entre Dean Ambrose e AJ Styles


TLC 2016: Aj Styles vs Dean Ambrose Full Match by zeemu28


Aj Styles vs. Cena (Summerslam)


John Cena vs. AJ Styles by bgmix5


Killshot vs. Marty, the Moth



Asuka vs. Nia Jax


Asuka Vs Nia by asukalock


The Young bucks vs. The Briscoes



Aztec Warfare III (não achei link, guys. Sorry)

Pentagon Dark vs. Ninjas



The Addiction vs. The Young Bucks vs. The Motor city machine guns


The Motor City Machine Guns vs... by thanasis2299

MVPs:
Shinsuke Nakamura
Ricochet
Lio Rush
ADAM COLE, BAY BAY
Sami Zayn
Aj Styles
Sexy Star
Broken Matt Hardy *ft. all the Hardy Family

Desde a mudança do surfer Sting para o vigillant Sting, não tínhamos um processo de reinvenção pessoal tão radical e bem sucedido. Convenhamos que Matt sempre foi os 50% dos Hardy Boyz que menos recebiam atenção do fandom do pro-wrestling. Não é culpa dele: todo mundo ama Jeff Hardy. O cara transborda carisma. E então, já passando dos 40, Matt, já estabelecido como um dos principais nomes da TNA e com a plena liberdade criativa que tal posição (além de uma situação de quase falência da empresa em questão) proporciona, decide chutar o balde. E o resultado disso é: PURA AWESOMENESS!!!!!!!!!



SÉRIES DE TV: AS FAVORITAS DE 2016

ATLANTA




Donald Glover é um daqueles filhos da puta lazarentamente talentosos que só existem pra te mostrar o quão merda somos todos nós. Rapper talentoso, roteirista aclamado, ator em ascenção, comediante reconhecido por vários nomes grandes da cena americana. Transita entre o popular e o cult com uma fluidez digna de Baryshnikov, de um Fred Astaire.  FUCK HIM.

Atlanta é a tour de force do artista, que roteiriza, protagoniza e, em um episódio, dirige a série, sobre um jovem que, sem muito rumo depois de desistir de um curso em Harvard, decide voltar pra sua cidade de origem e tocar adiante o sonho de ingressar no mundo da música como produtor do seu primo que explodiu na cena rap local, da noite pro dia, depois de uma mixtape lançada.
Entre vitórias relativas e derrotas absolutas, Earn (Glover), Paper Boi (o rapper) e os demais membros de sua pequena entourage vão lidar com tiroteios, ex relacionamentos num estado Schrodingerniano, como diria minha namorada, de eterno "vai-não vai", abuso policial e demais situações vividas pela população negra, não só nos EUA mas no mundo como um todo.
Destaque para um dos episódios que figura entre os melhores do ano de qualquer programa de tv: "B.A.N.", gravado como se fosse um programa de entrevistas de verdade, com direito à comerciais fake e tudo, que tem várias cenas hilárias mas pelo menos UMA que me fez passar mal de rir. Vcs vão saber qual é no momento em que baterem os olhos nela. :-)

FLEABAG




Série curtinha, 6 episódios de uma hora. Uma história sobre erros e erros. Aqueles com os quais conseguimos conviver, aqueles cotidianos que a gente nem repara quando comete e que já são parte integrante de nossas personalidades e aqueles que são tão gigantescamente opressivos que um flash deles na memória é o suficiente  para nos paralisar.

INSECURE




Insecure dialoga tanto com Atlanta quanto com Fleabag. Também é sobre uma pessoa dividida entre um trabalho ordinario e uma potencial carreira artística. E também é sobre erros e consequencias.
Digamos que Issa (Issa Rae), a protagonista dessa série da HBO, está num momento histórico anterior ao de Ernie, protagonista da série ocupando o primeiro lugar dessa relativamente humilde listinha. O personagem de Donald Glover já fez sua escolha sobre qual caminho tomar. Issa ainda está naquela bifurcação, pesando prós e contras. E no processo, tomando decisões das quais vai se arrepender mais tarde. A personagem da amiga de Issa, Molly (Yvonne Orji), me soa meio boring inicialmente, mas depois ela também vai ter desenvolvimento mais aprofundado, tudo rumando inevitavelmente em direção ao catártico season finale da temporada, melhor episódio do programa e outro que poderia tranquilamente figurar entre os melhores do ano.

 WESTWORLD




Eu tento ser hipsterzinho tênis verde e tals, mas nem eu conseguir fugir do blockbuster de 2016, o mais próximo que o mundo chegou de "o novo Lost". Desde a série de Lindeloff e Cuse que eu não via a internet coletivamente tentando quebrar os puzzles e enigmas deixados por um programa de tv com tamanha voracidade. Baseada num filme bonzão dos anos 70, a série sobre um "parque de diversões futurista pra adultos que figura entre o lúdico e o distópico" inverteu a estrutura tradicional de histórias do tipo. Pode não parecer, considerando o banho de sangue, a pilha de corpos e a nossa confortável posição como espectadores, mas caso alguém ainda tenha dúvidas: os robôs do parque não são os vilões da história aqui. Pra onde a trama vai, nem faço idéia mas depois de uma season 01 quase sem pontos negativos, o mínimo que eles merecem é minha atenção e um voto de confiança.

BOJACK HORSEMAN




Bojack teve um ano ainda mais engraçado que os anteriores, o que é algo notável considerando o quão dark o programa ficou. As decisões questionáveis do seu protagonista são cada vez menos engraçadas e mesmo o universo ao redor dele começou a parar de tentar esconder-lhe isso. Não é aquele desconforto quirky de um Michael Scott da vida, que faz merda e vc ri do tão envergonhado vc fica, mas daquele que lhe destrói vidas, que intoxica tal qual uma droga ruim que provoca uma bad trip permanente. Existe um fio de esperança, com a revelação final da season 03 que TALVEZ possa botar o homem-cavalo que protagoniza essa série nos trilhos novamente, mas, talvez, ele só seja um caso perdido. Afinal, depois de tudo, o ator principal de "Horsin Around" parece cronicamente incapaz de perceber que, a base de todos os problemas de sua vida, inclusive como Todd lhe diz em alto e bom som em um dos episódios mais dramaticamente poderosos da série (e de qualquer série de 2016), é o rosto que lhe olha de volta quando se vê diante de um espelho. O óbvio destaque é o episódio mudo "fish out of water"

HIGH MAINTENANCE




Que série agradável. Começou como uma websérie no vimeo e agora, é um programa de meia hora de duração com o selo da HBO. A comédia foca nos moradores de New York City. cada ep. focadao numa pessoa diferente. O único elemento de conexão entre todos os personagens é que todos compram maconha do mesmo cara, um delivery guy sem nome (dentro do programa, as pessoas se referem a ele apenas como "the guy") que vai com sua bicicleta, de casa em casa, entregar o seu produto. Um slice of life bem leve e com um tom hipster que me fascina pra cacete. Destaque, com todos os méritos do universo, para o 3 º ep. da season 01, "Granpa". protagonizado por um cachorro de coração partido. :-)

BLACK MIRROR




Fuck "San Junipero". Vcs viram Nosedive e Hated in the nation? Cacete!!!!!!!

SOUTH PARK




Simpsons perdeu qualquer relevância lá pela décima segunda, décima terceira temporada. E é possível que eu esteja arredondando pra cima apenas para ser gentil. Enquanto isso, a série de Parker e Stone entregou sua melhor season. E isso um ano depois de ter se reinventado, abandonado a estrutura de episódios isolados e abraçando a estrutura de um macro tema percorrendo toda a temporada. Depois de, reforço, VINTE ANOS.
Chupa essa, Homer. 'Member Simpsons??" Mordaz, os social snipers que escrevem seguem disparando contra tudo e todos, ofendendo direita, ofendendo esquerda e qualquer imbecil perdido no meio. E que continuem assim por mais 20 anos!!!! Num mundo pós Trump, o papel de figuras como eles vai ser mais importante do que nunca

ANIMALS




Um desenho de meia hora de duração sobre os moradores de Nova Iorque. Mas não os humanos. A capital do mundo vista sob os olhos dos animais que residem ali. Pombos, ratos, cães, gatos...e num episódio específico, o melhor da série, aliás, uma dupla de moscas. Estranho essa série ser tão pouco comentada, não só em premiações mas nas redes sociais como um todo.

CHEF'S TABLE




Num ano em que eu vi mais documentários sobre comida e gastronomia do que sobre qualquer outro tema (num distante segundo lugar figuram os que tem videogames como tópico principal), eu diria que Chef's Table, produção do Netflix, figura como minha série favorita abordando o assunto. O programa, de 6 episódios por temporada, foca em um chef por episódio, mostrando seu dia a dia, como trabalha, como conseguiu renome e como lida e interpreta com a arte que escolheu. Além de ser um documentário sobre gente passional com o fazer cotidiano dentro do campo artístico que escolheram, algo que sempre me deixa com os olhos brilhando, o negócio é plasticamente lindo e com uma produção igualmente impecável. São duas temporadas com chefs de cozinha de vários lugares do mundo (incluindo o Brasil. O primeiro ep. da season 02 é protagonizado por Alex Atala) e uma terceira focada em chefs franceses. Uma obra de arte, tão marcante quanto os pratos mostrados e que deixa um aftertaste permanente na memória de quem se permitir devora-la.

HORACE & PETE




Feel bad show of the year. Quase um teatro filmado. E cruel as hell, mostrando, como li em algum lugar, o anti-cheers. Um lugar em que "nem todo mundo sabe o seu nome. E aliás, ninguém se importa com vc ou sequer vai lhe dirigir a palavra, salvo para ofende-lo". Pra quem acha que o barzinho da season 02 de True Detective ou o Paddy's Pub de "it's always sunny in philadelphia" são os bares mais deprimentes da história da ficção....well.... Uma história sobre uma corrente de escrotidão passada de geração para geração. Menos uma herança, mais como uma maldição. E no final, fade in. Cai o pano. Also: Louie C. K. é um gênio. Ponto.

LAST WEEK TONIGHT WITH JOHN OLIVER




Eu adorava o "Programa do Jô" na adolescência. Por causa disso, num mundo pré tv a cabo, eu vivia querendo ver os programas de entrevistas americanos. Beber direto da fonte, you know.
Aí eu vi o do Letterman e achei.....meh.
Jay Leno. Chapa branca as hell.
Vi uns e outros e o amor foi miando, chegando até a total repulsa atual.

Sério, eu quero morrer cada vez que cai na minha timeline de alguma rede social algum dos mais recentes feitos de qualquer um dos Jimmys, Fallon ou Kimmel. Ugh...

Enfia no c* a porra do celebrity lyp sinc, you know?? F*da-se o caralho do karaoke no carro com alguma celebridade (e aliás, como um todo, f*da-se karaoke!!!)

Aí vieram os de cunho mais político e aí sim, a coisa começou a fluir. Stephen Colbert, Jon Stewart....e por fim, John fucking Oliver.

Sério, a unica expressão que me vem à mente ao ver os eps. do programa dele é: CATÁRTICO. É catártico ver o apresentador apontando o dedo na direção daquilo que vc sempre soube que não funcionava na nossa sociedade, mas nunca teve eloquência o suficiente pra saber pq. De esquemas de pirâmide à planos de saúde mal intencionados, de política à celebridades estúpidas, não existem vacas sagradas aqui. COMO DEVERIA SER, aliás. FUCKING JORNALISM, crianças.
Qualquer coisa diferente disso é só marketing.



putz, sério, eu odeio Jimmy Fallon.

OBVIAMENTE, o principal tema do programa nesse ano foi o processo de mudança presidencial que estremeceu as bases do país do Tio Sam no ano passado, culminando no season finale da temporada 2016 que ....jesus, só corram atrás. Meu inglês é capenga e eu consigo ver sem legendas de boa, então, vão atrás. E sintam um peso gigantesco no peito ao se perguntarem "pq não tem nada igual no Brasil?", principalmente AGORA, em que tudo está indo pro caralho por aqui...e nos vemos entre uma esquerda oscilando entre o covarde e o abertamente estúpido e uma direita tão retardada quanto sempre foi, mas agora esperneante e sem medo de se assumir como tacanha e desprovida de qualquer bom senso e humanidade, como seus principais protagonistas, os Bolsominions, provam, dia sim e dia também.

e só pra concluir: JESUS, vcs também querem socar o Jimmy Fallon sempre que ele dá aquela risadinha artificial e emenda com um "oh, this is so funny". Vc pode estar falando sobre o tema mais boring do universo, de mercado imobiliário à índices de taxa cambial, aquele sorrisinho cretino vai estar lá, seguido do rápido remark sobre como aquele tema capaz de fazer um meth head bocejar e cochilar, é PROFUNDAMENTE divertido. sigh......



QUADRINHOS DO ANO

Eu sou uma porra de um farsante. Li BEM menos quadrinhos ano passado do que deveria, o que significa que provavelmente vou ler menos quadrinhos de 2017 do que deveria, pra tirar o atraso dos títulos do ano passado. O problema é aquilo: luta livre. Em 2015 minha obsessão pessoal foi doctor who e, no decorrer dos 365 dias daquele ano, vi os 50 anos de série, ouvi alguns audiodramas, fiquei em dia com os quadrinhos e li algumas das novels oficiais. 
Pois é.
Ano passado voltei a ver as lutinhas e aí....um abraço. Começou light, com a WWE. Aí fui pra drogas mais pesadas: Lucha Underground, TNA, PWG, NJPW, ROH. Fiquei apaixonado por aquele jeito roots, puro em essência, de contar histórias por meio da ação, sem muito preambulo. Mas ano passado foi um ano bom de quadrinhos. Foi o final das Secret Wars da Marvel, a melhor saga em todos os anos de existência da editora....sucedida por uma das mais fracas fases da casa das idéias. enquanto isso, depois de meia década com mais erros que acertos, a DC decide voltar aos eixos e abraçar o sense of wonder. Rebirth, a linha da Hanna Barbara e, cereja no topo do bolo, Young Animal. 

A GIGANTESCA BARBA DO MAL
Roteiro e arte de Stephen Collins



Sobre o direito de ser diferente. Ou melhor, sob controle e falta de. Sobre nossas tentativas de manter tudo dentro de um padrão, bonitinho, familiar, fácil. Aí vem o caos e...bom....Lennon já disse que "a vida é o que acontece enquanto fazemos nossos planos". Num mundo kafkaesco extremamente padronizado conhecido como Aqui, tudo é ordeiro, não há surpresas, não existe o imprevisível.
Até que uma barba teimosa e absolutamente resistente decide balançar o dia a dia de "Aqui" e lembrar que existe "", aquele lugar que os olhos não conseguem enxergar e por isso, esconde o imprevisto, o caótico, assoprando o castelinho de cartas que socialmente construímos e que achamos resistente feito adamantium mas que não sobrevive á primeira brisa mais forte. O Vitralizado elegeu como melhor hq do ano passado e eu não sei se discordo.

THE UNBEATABLE SQUIRREL GIRL
Roteiro de Ryan North
Arte de Erica Henderson



Se um indivíduo me perguntar pq eu amo quadrinhos, ao invés de gastar fosfato, saliva, ATPs e paciência em longos discursos sobre as maravilhas dessa mídia, eu vou simplesmente pegar o número 01 do gibi da Squirrel Girl e entregar-lhe. Cabou. Sense of wonder em forma de gibi. Tudo colorido, tudo awesome, equilibrando humor e tensão com habilidade e entregando a personagem mais carismática da Marvel, atualmente. Num mundo ideal, a Squirrel girl seria tão popular quanto a Arlequina!!!!

Dc Universe Rebirth #1
Roteiro de Geoff Johns
Arte de:  Ivan Reis, Phil Jimenez, Ethan Van Sciver e Gary Frank



No princípio, tudo era trevas. Então veio a luz. e por anos, a luz reinou. Então vieram as trevas novamente e por meia década, a DC virou um dos territórios mais áridos e sem graça de todo meu período lendo quadrinhos e, veja bem, eu vi o começo da Image Comics. Eu li a Marvel no começo dos anos 90. Eu sei do que estou falando. Sob a desculpa de popularizar seu produto, veio um reboot que deveria tornar tudo mais fresco e renovado, mas cujo resultado foi uma aberração que não atraiu a garotada fã de Playstation e XBox e afastou a velha guarda tipo eu.
Mas então, WITH A FLASH, a luz deu sinal de vida novamente. E, tal qual um messias, injetou cor e vida na editora do Superman e Batman. Wally West voltou. Jaimito voltou, o Superman original voltou, agora com família e filho. E os casamentos voltaram. Os sorrisos voltaram. As cores voltaram. A Dc que não funciona não tinha Wally West. A atual que funciona? Tem dois. E isso TEM que querer dizer alguma coisa. E não parou. Não pensando no Rebirth apenas como arco do universo DC mas como uma nova forma de enxergar a empresa editorialmente falando, vieram junto desse pseudo-reboot uma nova linha de hqs baseada nas clássicas criações da Hanna Barbera, reimaginadas pros nossos dias e, cereja no topo do bolo, uma espécie de reimaginação/repaginação da Vertigo, na forma da Young Animal, selo de quadrinhos bizarros/ultra pop gerido por Gerard Way, roteirista de quadrinhos (The umbrella academy é absurdo de tão bom) e ex-vocalista do My Chemical Romance, único motivo pelo qual o movimento emo não foi um completo desperdício de tempo e energia.
E a luz voltou a reinar.

SUPERMAN
Roteiro de Peter Tomasi
Arte de Patrick Gleason



Numa disciplina na faculdade eu defendi a nada original tese de que o Superman é tão bom quanto a percepção coletiva da idéia de herói do período em que se insere. Ele sempre é, ou deveria ser, o pináculo do que a humanidade deveria almejar ser. Nos anos 80, ele era aquele americanão básico, o escoteirão patriota do John Byrne. Nos anos 90 e nos 2000 pós-911, o Superman parecia tão inseguro quanto o resto de nós. Identidade fluida, posicionamento fluido. Os 2010 foram tão tensos que ele precisou parar, falar "foda-se essa merda" e tirar um tempo apenas andando pelos Estados Unidos, numa daquelas jornadas pelo coração da América que faz a cabeça de muito filho de Kerouac por aí.
E então vieram as trevas. E um novo Superman que aparentemente, achava a idéia de não esquartejar seus oponentes meio antiquada.

"mas o superman não mata"
"ah, agora, ele não mata humanos", respondeu o grande deus Didio.

Sim, pq xenofobia vinda do alienígena residente faz todo sentido. E então......WITH A FLASH, esse farsante foi pra cova e o Superman que o mundo merece e precisa voltou. Com mulher, filho, as já citadas mas não suficientemente elogiadas cores, um novo respeito pelo conceito de vida e melhores histórias do que por todo o período do new 52 (ok, justiça seja feita, a fase do Greg Pak é boa para cacete). Existem artistas incapazes de fazer um trabalho ruim. No cinema, Tilda Swinton, o já saudoso John Hurt, Don Cheadle e Toby Jones. Na música, o Arcade Fire, Yeah Yeah Yeahs, o Tv on the Radio e o Run the Jewels. E nos quadrinhos, Peter Tomasi. Estar acompanhado de Patrick Gleason tb ajuda. Vc sabe se a DC vai bem se os quadrinhos do último filho de Krypton vão bem. Esse termômetro quase nunca falha e, sob esse prisma, acho que podemos respirar tranquilos com relação ao futuro da DC. 2015 foi o ano da Marvel. 2016, no entanto, foi quando voltamos a acreditar no primeiro dos homens que podem voar.

ARCHIE
Roteiro de Mark Waid
Arte de Fiona Staples



Ok, meu desafio pessoal aqui é tentar falar bem desse gibi sem precisar recorrer ao argumento fácil de que é "a turma da mônica jovem, mas feito direito".

"ah, mas vende bem"

Sertanejo universitário tbm. Esse é o seu argumento?

Enfim, deixando o amargor de lado: eu odeio adolescentes (ok, não foi um bom começo)

Nem quando eu era um, eu gostava deles. Isso posto, abraçar esse gibi é muito fácil. Aliás, não só ele, mas todos os recentes reboots e repaginações pelos quais a turma da Riverdale high school vem passando. As séries de horror, a linha mostrando os personagens adultos e em tramas mais sérias e, claro, a atual encarnação, que passa pelos títulos Archie, Jughead, Betty & Verônica e Josie and the Pussycats. Não sei se a série de tv baseada nos personagens da Archie Comics vai beber dessa HQ. Mas deveria. Archie nunca fez parte do cotidiano brasileiro, já que o personagem é tão norte-americano quanto a águia careca e a torta de maçã, mas espero que editoras nacionais traduzam esse material, considerando que esta é, provavelmente, a encarnação mais acessível deste universo para os não-leitores.


DOOM PATROL
Roteiro de Gerard Way
Arte de Nick Derington




Falei da Young Animal acima mas reitero: os fãs do Morrison estão crescendo e escrevendo quadrinhos e essa é a melhor coisa que poderia acontecer pra indústria, salvo Didio e Bendis se aposentarem.

MR. LUVAS
Roteiro e arte de Raoni Marqs



Já falei dessa aqui

BULLDOGMA
Roteiro e arte de Wagner Willian



Eu sei que eu adorei esse gibi. Não sei se eu sei pq ou mesmo se consigo dizer que entendi perfeitamente as metáforas aqui contidas. Mas a jornada de Deisy Mantovani, ilustradora paulistana em sua cruzada pessoal visando produzir, entre um trabalho de publicidade e outro, sua primeira hq longa é algo fascinante.

*pausa: a mocinha de TI que trabalha aqui e tb traz docinhos para vender como forma de dar uma engrossada na verba do final do mês me trouxe um bolo de limão com chocolate que pqp...... Sempre fui meio reticente em misturar frutas, principalmente cítricas, com chocolate. Aparentemente, e como já é de praxe, eu estava errado. Desculpem o interlúdio.....

Voltando...a sinopse e o primeiro impacto dão uma enganada. O textinho na contracapa cita um apartamento com aluguel abaixo da faixa de mercado em virtude da alta incidência de abduções alienígenas no local. E, ao dar aquela olhada por cima, várias imagens remetendo a filmes clássicos de sci fi e cenas típicas do gênero, dão a impressão de que é uma obra de realismo fantástico. Mas...nope....aquelas cenas estão lá mais  pra mostrar o andamento da HQ que ela está produzindo dentro da história e, também, retratar, metaforicamente, o momento emocional da protagonista naquele ponto da trama, mais ou menos ao estilo das obras de David Lynch, onde o fantástico e o sobrenatural na tela funcionam principalmente para vermos não os fatos puros vividos pelos seus personagens, mas como estes interpretam tais eventos.
Enfim, o gibi é lindo, tem um cachorrinho adorável (não sei se o mais fofinho das hqs indies nacionais apenas pq existem Valente, Pino  e o Mr. Luvas) e é daquelas obras que te deixam pensando nela por dias a fio depois de seu término, pedindo ansiosamente por uma releitura.

VISION
Roteiro de Tom King
Arte de Gabriel Hernandez Walta



Eu vou pelo caminho mais fácil aqui e dizer que é "American Beauty" protagonizada por um andróide capaz de matar o universo Marvel inteiro, sozinho e sem muita dificuldade. É o clássico conto sobre a alteridade, sobre o diferente tentando se passar por normal e só conseguindo acentuar cada vez mais aquilo que o torna diferente em primeiro lugar. É o clássico conto do Pinóquio querendo ser um menino de verdade. E uma lupa sob a sociedade americana. Mas tudo isso....com um pequeno e sombrio twist. E super poderes.

AMERICAN ALIEN
Roteiro de Max Landis
Arte de Nick Dragotta, Tommy Edwards, Jöelle Jones, Jae Lee, Francis Manapul e Jock, 



Já falei desse aqui. Não sei se é o melhor gibi do ano passado, mas é meu favorito e uma das coisas mais lindas já feitas com o man of tomorrow em toda sua história. Um novo clássico, só dizendo.

HUCK
Roteiro de Mark Millar
Arte de Rafael Albuquerque



Já falei desse aqui.

MOON GIRL AND DEVIL DINOSAUR
Roteiro de Amy Reeder e Brandon Montclare 
Arte de Natacha Bustos



Meu Deus, como eu adoro esse gibi. Lunella é adorável, a relação dela com os pais é incrível, a forma dela enxergar o mundo é tão parecida com a que eu tinha, na idade dela, que eu lamento tanto não ter algo parecido com esse quadrinho, naquela época. Os vilões são maneiros e o Devil Dinosaur....amiguinhos gamers, sabem todos os adjetivos e elogios que o Trico, o .....bichão....de "The Last Guardian" ganhou após o lançamento do jogo? Mesma coisa. O Devil Dinosaur é adorável e assustador e um bichão abraçável e uma força da natureza incontrolável, na mesma medida. A arte é linda e o gibi é tão mágico que conseguiram pegar essa trama forçada da ascensão dos Inumanos, um tema que mais atrapalha do que ajuda na imensa maioria das vezes em que aparece nos quadrinhos da Marvel atual e conseguiu fazer esse tema funcionar organicamente dentro da trama, inclusive servindo pra evoluir a personagem. Outro daqueles gibis que eu queria comprar de baciada e distribuir para estranhos na rua, só pra espalhar a palavra.

THE ULTIMATES 
Roteiro de Al Ewing
Arte de Christian Ward



E aí? como vc supera a melhor saga de toda sua história? Se formos considerar o primeiro ano da marvel pós "Secret Wars", a resposta seria "não muito bem". "Inhumans vs. X-Men" não anima e tudo que eu tenho de bom pra falar sobre o arco é que, pelo menos até o momento, não é tão desgraçadamente ruim quanto Civil War II. Mas, pra sorte da editora, seus elementos individuais são muito mais poderosos que a soma das partes. Squirrel girl, Moon Knight, Vision, Moon Girl, the totally awesome Hulk, Champions...todos gibis muito, MUITO bons. Mas, o nome a se prestar atenção na marvel pós Hickman é o do britânico Al Ewing. Os whovians lendo esse texto provavelmente vão reconhecer esse nome, visto o trabalho excelente que o roteirista fez no primeiro ano da mensal do 11th Doctor na Titan Comics. A idéia é pegar aquelas mesmas idéias cabeçudas que Jonathan Hickman usou durante toda sua passagem pela editora e manter o nível de epicidade cósmica.
E a arte....Jesus amado, que arte linda. Christian Ward é inacreditável, nível J. H. Williams III, Dave Mack e outros desses gigantes da industria.
Mas claro, veio Civil War II, teve que ter o inevitável tie in relacionado à saga e, mesmo considerando que Ewing até conseguiu se virar bem com os limões que a vida lhe jogou, também não dá pra fazer milagre. Sobretudo numa saga cujo único propósito visível foi estremecer as bases do universo Marvel às custas do desenvolvimento da Capitã marvel, uma das protagonistas de "the Ultimates". Mas é isso, agora é recolher os pedaços e tocar a série adiante. Não sei o quanto ele vai conseguir manter a escala de um gibi que lida com, sem brincadeiras, personagens que são as abstrações sencientes que mantém o universo Marvel funcionando, mas eu vou garantir meu lugar reservado durante toda a jornada de vida dessa hq, com certeza.

DISCOS DO ANO

"Awaken, my love!" de Childish Gambino



Depois de um dos melhores albums de rap do ano em que foi lançado e algumas mixtapes que mantinham o nível lá em cima, qual a melhor estratégia para se manter relevante?

Exatamente, lançar um disco novo num genero completamente diferente.
This kid got balls, you know?



"RUN THE JEWELS 3", Run the Jewels



The return of the kings.



"POST POP DEPRESSION", Iggy Pop


Mais um passo no processo de dominação mundial de Josh Homme, em trabalhar com cada superstar da música que já existiu para, um dia, unir todos eles e fazer o cd de rock definitivo. "Paraguay" é uma das músicas do ano. Para ouvir numa sala quente, com cheiro de cigarro e um copo do whisky mais vagabundo que tiver perto. 


"BLACKSTAR". DEUS. 



Deus está morto. No lugar de um monolito negro como lápide, ele deixou uma estrela negra, anti-brilhando no céu, seu ultimo testamento, onde lamenta a morte mas celebra uma vida transformada em arte. A própria morte como criação, ultimo ato de uma loooooooonga (mas mais curta do que gostaríamos) instalação artística que levou 69 anos para ser concluída. Explodindo como uma super nova sombria.
Deus está morto. Os vermes chafurdam tentando, no mar de cacofonia, convencerem o mundo de que eles são o novo rei. Deus morto, deus posto. Um burro coberto com uma pele de leão gritando "Eu sou Aslam"
O rei se foi. And there's nothing I can do.........



"SPLENDOR & MISERY", clipping



"Now that you're free, what are you going to do?"

Enquanto divas pop e artistas "do roque" tentam ler e reler o manual "como se tornar David Bowie em 7 lições fáceis" sem entender o que realmente fazia o criador de Ziggy Stardust funcionar, outros fizeram a lição de casa direitinho e se tornaram algo especial no processo. A idéia por trás de "Splendour e Misery" é a mesma do álbum das aranhas de marte: uma obra conceitual que usa musica pop de sua época (rock lá, rap aqui) pra mostrar as aventuras de um alienígena tentando salvar a si mesmo e o mundo enquanto trava contato com um povo estranho. O alien de Bowie era um homem oprimido pelos anseios de uma sociedade suicida, ainda lambendo as feridas causadas por uma guerra enquanto se vê diante oprimida pelas mentiras e falsas promessas do progresso e da vida moderna.
O protagonista de "Splendour e misery"? Ele é negro. Enquanto as dores de Ziggy eram mais filosóficas e existenciais, a dor do astronauta perdido do disco de clipping é algo mais palpável, factual, histórica e reincidente em ritmo cotidiano.
O típico fã de "Hamilton" é o cara que vai consumir toda e qualquer forma de arte direta ou indiretamente relacionada com a opera-rap da Broadway, de podcasts sobre até fanfics com crossovers entre as figuras históricas e, sei lá....o elenco de Supernatural, então, já devem estar carecas de saber disso, mas vou me permitir a auto-indulgencia: O vocalista e letrista da banda é Daveed Diggs, que interpretou Thomas Jefferson no blockbuster concebido por Lin Manuel Miranda. Pois é, Diggs esteve envolvido em DUAS operas rap EXTREMAMENTE complexas (sério, o flow do cara na música que abre o cd é impressionante) com forte tom político sobre as dificuldades sofridas pelo povo negro em nossos dias. Falando de flow, legal como o cd se permite ousar em vários estilos musicais para contar a história do ex-escravo e sua jornada em busca de um lugar onde possa ser verdadeiramente livre. De batidas eletrônicas que beiram o industrial à sons minimalistas, passando pela grandiloquente musica de corais gospel.   Enfim, ficção científica na sua essência, relevante, confrontacional e que usa dos tropes do gênero não apenas para discuti-los, mas também para falar do nosso presente.
Não me escapou também a imensa coincidência da capa do album, que me remete imediatamente à obra final da discografia Bowieana. Da gigantesca Blackstar, do corpo astronômico negro queimando de forma gelada no cosmos, vem uma nave com ex escravo dentro. There's a starman running in the sky....and he wants to be free!!!!



"HOPELESSNESS", Anohni



Tem a melhor música do ano passado. Só isso:




"MOUNT NINJI AND DA NICE TIME KID", Die Antwoord



Mano, Die Antwoord é daquelas bandas que tem uma assinatura constante nas obras que produzem.
Não é se repetir, mas ao pegar um novo trabalho dos caras, vc sabe o que vai encontrar. Aquela fusão de empáfia, heresia, rap mal ajambrado e batidas eletrônicas. Tu curte? Então esse cd é pra ti
E tem uma música, a faixa final, sobre ratos malvados e cantada pelo Jack Black. Se vc ainda precisa de algum incentivo pra ir atrás desse disco, ele só não é pra vc.
Em caso contrário, tu já desistiu desse texto pra ir atrás do negócio........, o que significa não apenas que eu afastei meu publico leitor que vai abandonar o resto deste texto mas que agora, estou esquizofrenicamente falando sozinho.
Hooray for me!!!! É assim que se cria um império!!!!



"FROM PAROW WITH LOVE", Jack Parow



Eu não ouço mais o podcast do Jovem Nerd, desde a edição número 100 e tanto, 200 e tanto, mais ou menos.
O que não quer dizer que eu ODEIE o podcast do Jovem Nerd, ou o site como um todo. Isso apenas significa que ele não dialoga mais comigo por um motivo ou outro. Pessoas mudam, gostos mudam, etc, é a vida. Mas se amanhã ou depois alguém que não conhece o formato de podcast ou nunca pegou pra ouvir um na vida, me pedir uma referência, eu vou sugerir o Nerdcast sem hesitar, apenas pq acho que, tanto pelos aspectos técnicos quanto pelo conteúdo, ele é uma boa porta de entrada para entender a mídia. Uma vez manjando como o negócio funciona, aí dá pra ir mais fundo.
Da mesma forma funciona com quase tudo na vida, incluindo, num nicho particularmente específico, o rap sul africano. A porta de entrada foi o Die Antwoord, banda que amo de paixão. Por causa deles, achei alguém que faz o que eles fazem, mas um tiquinho melhor. Jack fucking Parow. Aquela mistura saudável de música eletrônica, poesia, raiva e marra pra caralho. Fora que rap cantado naquela mistura de inglês com afrikaner soa lindo num ouvido pouco acostumado com a língua. E, tal qual os trabalhos do duo formado por Ninja e Yo-Landi, a real é que as músicas são divertidas as hell.



"AIM", Mia


Pq demônios alguém desperdiça 5 minutos de atenção com aberrações como Iggy Azaleia num mundo em que existe alguém como a MIA, é algo que eu jamais vou entender. É lindo ver como, enquanto inexplicavelmente, rappers famosos adoram pegar a câmera e se botarem no foco das próprias obras, a inglesa descendente de família do Sri Lanka, prefere transformar o mundo em seu canvas e disparar nas relações políticas entre ocidente e oriente, tanto no excesso de envolvimento, na herança colonialista e suas consequências, quanto na ausência deste, na apatia e desinteresse.
Eu costumo dizer que vc precisa ser MUITO talentoso pra saber equilibrar arte e política e fazer uma produção artística que não caia no panfletagem e no puro proselitismo. Creiam-me: eu fiz faculdade publica, eu SEI o que é achar gente que se acha o próximo Che Guevara e que vai abrir a cabeça do publico com uma arte "super confrontacional e provocativa" carregada de uma "crítica social foda" e que, como arte, é um excelente textão de facebook. Por isso que eu respeito tanto figuras como a MIA e nomes como Dead Kennedys, Black Flag, NWA, Racionais e Rage Against. Pq antes de serem peças carregadas de significados semióticos densos, a verdade é que são músicas legais pra caralho.
Se vamos destruir as bases do capitalismo, pq demônios não dançar um pouco durante o processo?
You say you want a revolution
I say I want a party
Why not both?



Menções honrosas a obras consumidas ano passado mas que não são de 2016 e que quero citar aqui apenas pq fuck you!!!

VIDA DE PRÁSTICO
Roteiro e arte: Ricardo Coimbra



Crescer é uma merda e qualquer um que diga o contrário ou está mentindo (pra si mesmo ou pro mundo) ou é filho de gente rica. Se vc não deu sorte de crescer endinheirado, vai ter que trabalhar. Portanto, vai ter que sacrificar seu dia, seus sonhos e tudo que poderia estar fazendo para garantir que alguém que DEFINITIVAMENTE não é vc possa se manter rico. Se vc tiver sorte, pelo menos esse alguém vai ser um sujeito minimamente talentoso e capaz de gerir uma equipe de forma minimamente competente. Pra gigantesca maioria restante? Sobram os profissionais de RH e suas tática polianescas de motivação profissional, um ambiente que incentiva o coletivo, mesmo que não tenha nenhum problema em sacrificar indivíduos em prol daquele grande demônio conhecido como "produtividade" e que espera que, ao final do processo, vc não só agradeça por ser parasitado de forma socialmente aceita mas que vc mostre orgulho e satisfação no processo. "Vista a camisa da empresa". "Torne seu trabalho a sua casa". "Sua segunda família".

.....sério, se vc já quis pegar um objetivo perfuro cortante de uso cotidiano em seu escritório, mesa de trabalho ou, deus lhe proteja, baia e brincar de "Norman Bates on meth" com seus coleguinhas de trabalho, creiam-me, CREIAM-ME, corram pra loja de quadrinhos mais próxima e comprem esse gibi. Ricardo Coimbra, tal qual os acima citados criadores de South Park, é um daqueles snipers sociais, atacando as bases daqueles conceitos imbecis mas socialmente propagados à exaustão na nossa doentia sociedade moderna. O livro é uma coletânea dos trabalhos de Coimbra pra diversos lugares e publicações, mas todas mirando naqueles dogmas cotidianos que fingimos serem "naturais".
Também do autor, e esse sim, lançado ano passado, tem o Ugrito nº7, fanzine lançado pela Ugra Press, loja de quadrinhos alternativos e fanzines aqui de SP.



Quem se identificou com o longo premabulo acima vai se refestelar com essa história curtinha, onde finalmente, vamos a vingança contra aquele corno do RH que propaga "dinâmicas de grupo para integrar a galera" visando aumentar a "pro-a-ti-vi-da....DE!!!"e os lucros da empresa.



Sério, melhor pular pro próximo tópico que só de falar em cultura corporativa e seus evangelistas, a gastrite já começou a atacar.......

BERBERIAN SOUND STUDIO (2012)
Direção e roteiro de: Peter Strickland
Elenco: Toby Jones, Antonio Mancino, Fatma Mohamed



O anti-filme de terror. Se vcs chegaram nesse ponto do texto, já perceberam que eu tenho fascínio por obras únicas. Claro, aquele arroz com feijão bem feito é super bem vindo e é sempre agradável navegar por águas familiares, mas as vezes vc também quer aquela obra igualmente desafiadora e fascinante redefinindo suas noções de como fazer um bom storytelling e é disso que falamos aqui.
Imaginem um filme de terror sem fantasmas, monstros ou morte reais. Sem psicopatas, sem uma gota de sangue. Mas onde uma melancia sendo partida ao meio por um martelo vai lhe causar calafrios.
A idéia é acompanhar o dia a dia de um editor de som envolvido na produção de um filme de terror italiano dos anos 70. Quem já viu alguma produção do tipo vinda de lá, sabe que elas tem um caráter completamente único, apostando PESADAMENTE no gore e no sexploitation. O horror experienciado pelo protagonista vem do seu cotidiano, do seu fazer profissional. Não vemos assassinatos, mas vemos uma atriz fazendo a gravação de um grito pra ser colocado na pós produção. Não vemos corpos sendo partidos ao meio, mas ouvimos o som das tais melancias acima citadas, reproduzindo o som de facas penetrando as entranhas dos personagens. Tudo num ambiente escuro e nublado pela onipresente fumaça do cigarro do tenso e rude diretor e dos igualmente rudes demais membros da equipe cinematográfica. Filmes sobre o ato de fazer filmes existem aos montes. Alguns retratando o amor dos envolvidos. Outros, o sacrifício e as dificuldades. Mas nenhum, até agora, retratando o horror psicológico do processo. Pelo menos, não como este.
Ah sim, Toby Jones no papel principal, sempre sinal de um bom filme. 


DECEPÇÕES DO ANO (hora de descer a lenha)

CIVIL WAR 2
Roteiro: Brian Michael Bendis
Arte: David Marquez



Num mundo justo, pessoas seriam demitidas por justa causa por algo como Civil War II. É muito ruim. Sabem o que dizem sobre a Marvel pegar o que DC faz, copiar, mas melhor? É bem isso. Civil War II pega tudo de errado do New 52 e insere numa mega-saga da editora. O resultado: vai pro ralo todo o desenvolvimento de personagem da Capitã Marvel, lentamente transformada, de uma bucha classe z de décimo sétimo escalão que era apenas um eye candy que funcionava muito bem de bikini para O MAIOR PERSONAGEM DA EDITORA. Eu não estou exagerando: Carol Danvers poderia se tornar o Superman da Marvel. Aí veio o Bendis. O mesmo homem que mandou por terra uma década e meia do desenvolvimento de background de Scott Summers, o Ciclope dos X-Men. E fez o mesmo com a Capitã, num nível que me parece irrecuperável. Lembrando que o roteirista escreve as aventuras de Miles Morales e da nova Iron Heart, então, recomendo não se apegarem aos personagens.
Enfim, eventos se repetindo que não fazem o menor sentido. Personagens tomando decisões contrárias a personalidade deles apenas para a história andar. Reações absurdas. Consequências imbecis e um final ofensivo de tão estúpido. Civil War II é a pior qualquer coisa produzida em 2016.

ARRIVAL
Direção de Denis Villeneuve
Roteiro de Eric Heisserer
Elenco: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker, Michael Stuhlbarg



Não chegou a ser uma decepção, mas ainda não sei se o roteiro desse filme é muito bom ou se é frágil tipo o de Interstellar, que não sobrevive a 5 minutos de pensamento crítico.


DON'T BREATHE
Direção de Fede Alvarez
Roteiro de Fede Alvarez e Rodo Sayagues
Elenco: Jane Levy, Dylan Minnette, Daniel Zovatto, Stephen Lang



Vcs sabem pq esse blog nunca vai fazer sucesso e eu nunca vou ficar trilionário com os dividendos gerados por ele? Pq eu parto do pressuposto de que quem entra aqui, gosta de TODOS os temas dos quais falo, então, sigo fazendo relações que conectam luta livre com quadrinhos com anime com seriados obscuros com filmes de kaiju de baixo orçamento com bandas de IDM do norte da Europa e esperando que todo mundo embarque comigo nisso. Por exemplo, eu não consigo explicar pq eu desisti desse filme antes do final dele, coisa que muito raramente faço ao assistir um longa, sem falar da WWE.
Amiguinhos fãs de lutinhas: sabem o ódio cego que a simples menção do nome "Roman Reigns" causa nos senhores? Se aplica aqui, de forma parecida. Sabe aquilo que faz com que a maioria dos senhores odeie profundamente o Wrestlemania 32 e seu main event e igualmente a edição mais recente do Royal Rumble? yep.
Sabe aquela sensação de que uma sala de roteiristas vai de toda e qualquer forma, entortar uma trama das formas mais absurdas possíveis apenas para terem certeza de que vc vai terminar torcendo para um personagem e não para outro? Como fazem com Reigns? Tentando enfia-lo goela abaixo, goste vc ou não, queira vc ou não? Pois é.

E vejam bem, eu nem concordo. No caso de Roman. Mas esse filme? pqp....
Começa com 3 ladrõezinhos invadindo a casa de um homem cego e indefeso onde, supostamente, existe uma fortuna guardada, apenas esperando alguém para ir lá e se apoderar dela. Com o facilitador de que a unica testemunha presente não tem os recursos necessários para identificar os responsáveis. Ora, ora, onde vcs vêem dificuldades, eu vejo oportunidades, certo? Desculpem o trocadilho não intencional e de mau gosto....

Obviamente, o homem cego em questão é menos indefeso do que os envolvidos pensavam e aí.....


.....e aí, essa porra de filme decide que eu TENHO que torcer pra pobre mocinha protagonista.

ELA É UMA LADRA ROUBANDO DE UM VETERANO DE GUERRA CEGO!!

"ah, mas é pra fugir da mãe bebada e do padrasto neo nazi com quem vive, num trailer menor que a uma barraca de camping"

nope, foda-se ela.

"e se o cara cego for quase um ninja de tão capaz?"

foda-se

"e se ele tiver um passado sinistro?"

Não

",,,,,,e se o cara cego for um estuprador psicótico?"

que?

E vai nesse crescendo, e há cada minuto é um fato novo e sombrio do passado do cara trazido à tona, assim como outro momento de contemplação melancólica da donzela protagonista que está fazendo o que faz apenas pelo bem da família dela e por um futuro melhor e pela cura do câncer e....UGH....

Eu odeio quando roteiristas me tratam como um imbecil. O filme não é um desastre maior só pq o diretor utiliza o espaço e os movimentos de câmera de forma extremamente inteligente, pra ambientar o público e nos fazer entender como aquela residência funciona e os riscos e vantagens que ela oferece pros protagonistas. O fascinante aqui? O roteirista e o diretor são a mesma pessoa, o uruguaio Fede Alvarez. Aparentemente nem todo mundo é um renascence man tipo Donald Glover, que faz várias coisas em várias áreas e todas igualmente bem, não é? Os atores mandam bem, principalmente o intérprete do cara cego, Stephen Lang. Mas, no fim, mesmo esses pontos positivos não salvam "Don't Breathe" de ser só mais uma boa idéia mas com uma execução não tão decente.



SO.....é isso crianças. Estes são os meus melhores (e alguns dos piores) de 2016. Parabéns pros bravos que leram essa bíblia inteirinha. Agora é torcer pra, depois de um ano bem rico em termos de arte e cultura pop, 2017 mantenha o nível. Em termos pessoais, o ano passado foi relativamente tranquilo. Produzi mais textos apenas em 2016 do que em todos os anos de existência do Groselha somados. Agora, é tentar bater o recorde do ano passado.
so....



Bear's out. Recognize!!! :-)

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