segunda-feira, 9 de maio de 2016

Huck



São 11h23 da manhã do dia 09 de Maio de 2013 e há aproximadamente uns 30 minutos eu terminei de ler Huck, do Mark Millar e Rafael Albuquerque e, contrariando minha própria natureza, eu mataria por um filme disso. 
Vejam bem, eu não escondo que essa atual política de "quadrinhos já pensados como filmes", onde autores nem bem lançam o primeiro número da HQ e já tem contrato assinado pra mesma ser adaptada como uma trilogia de filmes, me soa extremamente negativa pra industria da nona arte.
Gibis, com toda sua carga semiótica e aqueles elementos que são intransponíveis pra outras mídias, acabam sendo reduzidos meramente à storyboards, insumo pra industria do cinema e sua carência de novas idéias. 



Isso posto, insisto: Huck (mini-série em 6 edições) PRECISA virar filme, tipo pra ontem, PRINCIPALMENTE pela relevância do seu tema: o gibi é uma das paradas mais light-hearted, mais anti-dark, mais adoráveis que eu já li nos últimos anos. É um gibi que pega suas influências pesadamente da estética e do mito do Superman. E, principalmente, é o quadrinho anti-zack snyder em essência. Num mundo onde o Superman, o bom-moço, o escoteirão da DC, quebra o pescoço de seus oponentes, "Huck" funciona como a resposta dialética de um autor BEM mais conectado com a essência do que faz o último filho de Krypton funcionar como personagem. E vejam bem: Huck não é ingênuo de forma alguma. O personagem vive numa linha tênue onde sua inocência tem de conviver com trevas das mais densas e, ainda assim, ele consegue sair delas com suas convicções ilesas e ISSO é o elemento mais mágico do Superman pra mim: ao contrário do que as pessoas pensam, o filho de Jor-el não vive num mundo sem trevas. Pelo contrário, a questão, o que o torna o farol de esperança do universo DC, é sua capacidade de encarar tais trevas, de olhar dentro do abismo e sair dele com aquilo que o faz estruturalmente o que é, ainda no lugar. Que é o que Bryan Singer entendia e que Zack Snyder parece compreender superficialmente. 




Huck é sobre o protagonista de mesmo nome, um frentista de cidade pequena com super poderes, um coração do tamanho do universo e a disposição de realizar pelo menos UMA boa ação por dia, tanto pra conhecidos locais como para completos estranhos do lado oposto do planeta. Durante um tempo, o rapaz consegue se manter longe dos radares, o segredo mais valioso da cidadezinha onde vive. Até o momento em que sua existência se torna pública e daí... unleash hell. 
Momentos tensos, situações extremas e o herói saindo delas com um sorriso no rosto e suas convicções inabaladas exatamente por terem sido colocadas sob teste pesado. 



Por isso eu bato nessa tecla: não posso esperar por um filme do personagem. Pra mostrar que filmes de super heróis podem ser divertidos E sombrios (ao contrário dessa disputa babaca de filme "estilo Marvel" e filme "estilo DC"). E que a gente pode sim, ter uma história estrelada por um personagem que não só é aquilo que o mundo precisa, mas também, aquilo que o mundo merece. :-)

Ps: só eu acho que o visual do personagem foi completamente inspirado em John Cena?


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