quinta-feira, 27 de abril de 2017

#2sweet


Too Sweet


Rainbow Power, mothafucka!!!!!

La lucha continua.....




E lembrando: já começa com um iron man de 60  minutos (ou seja, o ep. todo) entre Johnny Mundo e The Mack.  Chegando com os dois pés no peito.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

"Stop making sense"



Jonathan Demme foi responsável pela melhor adaptação de uma das obras de Thomas Harris pra tela de cinema e vai ser perpetuamente lembrado tal feito. Isso posto, gostaria de lembrar-lhes que  o diretor, cuja morte foi anunciada hoje mais cedo, também é o responsável pela melhor gravação de uma performance de uma banda ao vivo da história: Stop making sense, de 1984, capturando uma apresentação dos Talking Heads. O show em si é quase todo foda (salvo aquela apresentação do tom tom club) mas tem dois momentos que sempre me fazem sorrir: um é logo na entrada, quando David Byrne, acompanhado apenas de um violão e um radio, entram pra, de cara, mandar "Psycho killer". A segunda, pra mim, é a mais perfeita representação visual de como funciona a cabeça de uma pessoa como eu: vcs sabem, o tipo de esquisitão introspectivo que, quando criança, preferia ficar sozinho no quarto brincando com bonequinhos enquanto os demais guris iam correr atrás de bola ou namorar. O tipo de pessoa que adora ficar sozinha, ensimesmada: me refiro à.....interação??.... entre Byrne e uma luminária, durante a execução de "This must be the place". 

"yesterday I found out the world was ending..... "




terça-feira, 25 de abril de 2017

"I'm gonna show you where it's dark, but have CERO MIEDO!!!!": NightFear

Tinham tirado esse vídeo do youtube. Legal que uparam de volta.


Então..... alguém notou que as bases de "Nightcall" do Kavinsky, que os senhores devem ter ouvido à exaustão na época do boom do filme "Drive", e "Thrill Switch" do Cut One, tema de Pentagon Jr/Dark/Penta0M são muito parecidas e decidiu mashupar as duas canções.
E o resultado...:



This is Wrestlemania: parte final - Wrestlemania XIX ao XXXIII

Wrestlemania 19




Data: 30/03/2003
Local do evento: Safeco Field em Seattle, Washington
Público: 54.097 pessoas
Narração: JR, Jerry Lawler, Michael Cole e Tazz

A ironia de onde a gente começa esse texto final da série de reviews relatando minha jornada através das 33 edições do Wrestlemania não me escapa. Principalmente considerando onde esse texto vai acabar. Mas até aí, eu tenho a confortável posição de já saber o final deste artigo, então, os senhores terão que confiar em mim. Anyways: essa é a famigerada edição do evento onde ouvimos a aparentemente nada auspiciosa frase na abertura: "AND NOW, PLEASE WELCOME, WWE'S 
- FAVORITE BAND IN THE WHOLE WORLD: LIMP BIZKIT". Frase essa que é parcialmente repetida mais adiante no evento como podemos visualizar abaixo....



Broken Matt Hardy vs. Rey Mysterio, pelo Cruiserweigt championship. Um combate curto e rápido mas legal. Nada ultrapassando o nível RAW, mas divertido anyways. Mas daí pra frente...oh hell...
- THE STREAK: A-Train e Big Show vs. The Undertaker. Era pra ser uma tag team, mas numa daquelas viradas de roteiro digna de apresentações de luta livre, os oponentes do undead man atocaiaram seu parceiro e a luta virou uma handicap match. Muito maneira, preciso dizer. Com direito a apresentação ao vivo do Limp Bizkit tocando "Keep rollin'", tema do Undertaker durante a fase do American Badass. 11-0
- Trish Stratus vs. Victoria vs. Jazz pelo Women's Championship: Olha, eu sei que é feio dizer isso, mas a não ser pra facção punheteira da audiência, eu entendo perfeitamente pq as lutas da divisão feminina da WWE eram consideradas a "hora de ir pegar uma cerveja". Muita pele exposta, pouca luta. Well....NÃO AQUI.
E veja bem, isso não é sinal de nada. Mudanças começariam aqui mas a gente só veria uma transformação real na divisão de mulheres da World Wrestling entertainment  12 anos depois. O que torna esse combate ainda mais notável pq mostra o quanto essa porra tava à frente do seu tempo: vejam bem, Jazz é uma mulher bonita. Mas não era esse o seu papel aqui. Do mesmo jeito que rainha Asuka na NXT atualmente: ela é linda, ninguém discute. Mas ela é uma porra dum rolo compressor, e essa era a função de Jazz nesse combate. Bater. Pra caralho. E como ela fazia isso bem. Victoria, cuja gimmick era de que ela era ligeiramente desequilibrada, idem. Puta combate foda. Não faço idéia do que demônios Trish Stratus tava fazendo aqui e menos ainda pq demônios ela ganhou, mas que luta animal.
- Chris Jericho vs. Shawn Michaels. Numa luta não valendo absolutamente nada, nem título algum.
E é provavelmente um dos 5 melhores combates que eu já vi na vida. A escalada de qualidade do evento só avança. Aqui temos um daqueles momentos de passagem de tocha entre o Y2J e o HBK. Mas o mr. Wrestlemania ainda não estava pronto pra deixar seu lugar e tava disposto a deixar isso bem claro pro seu oponente mais novo, na base da porrada e do superkick.
- Triple H vs. Booker T pelo World Heavyweight championship: O resultado dessa aqui, confesso que me incomodou um pouco, pq eu gosto bastante do Booker. Não concordo nem de longe com isso de que "The Game" não costuma perder, pelo contrário. Mesmo assim... Mas tudo bem, King Booker tava vindo e com ele, o heavyweight belt.
- Hulk Hogan vs Vince McMahon numa Street fight: Cara, dois comentários: primeiramente, dessas batalhas em tese "nostálgicas" entre McMahon e alguma ex-estrela famosa/hall of famer da corporação....... nenhuma foi ruim, né?
Segundamente: pra alguém visto coletivamente como um tirano ultra-controlador, é interessante como Vince tá plenamente disposto a, não apenas rir da própria imagem, mas a parecer fraco diante de alguém que foi, em algum momento, um desafeto de fato. You know...."Vince screwed Bret". "Vince screwed Shawn"....e obviamente, "Hogan screwed Vince". Pra quem não sabe, alguns anos antes desse evento, a WWF foi acusada de facilitar o acesso de seus superstars a certas.........substâncias......  E num dos julgamentos, Hulk Hogan em pessoa foi pra mesa de testemunhas, descer a lenha contra a então, Federation. No final, não deu em nada mas a mágoa ficou. Estranhamente, no entanto, Vincent Kennedy McMahon sempre teve facilidade em virar a página em relação a antigas inimizades se isso pudesse ser alquimicamente metamorfoseado em $$$ e esse foi bem o caso. Não vou me repetir e dizer novamente que não sou um dos membros da "família Hulkamania" mas foi um combate bem divertido, com direito à sangue e tudo. Viriam melhores, por um motivo ou outro (Vince vs. Shawn foi incrível, enquanto Vince vs. Bret foi mais lento, mas apertou os botões emocionais certos, you know...) mas esse aqui foi surpreendentemente bem bom.
- Steve Austin vs. The Rock. Parte III e final: No segundo combate, se os senhores se lembram, eu fui um pouco descrente, achando que veria mais do mesmo, e quebrei a cara lindamente. Dessa vez nope, eu fui crente de que veria um novo clássico, considerando a quimica existente entre the Brahma Bull e the rattlesnake, e não me decepcionei. E o legal é que são 3 lutas bem distintas entre si. A primeira foi ignorância pura, a segunda teve sua dose de estrategia, com direito aos combatentes usando finishers um do outro, enquanto essa aqui teve um pouco de ambos. Peso dramático lá em cima e finalmente o Jabroni beater consegue pinar o Stone cold.
- Brock Lesnar vs Kurt Angle pelo WWE Championship: The Beast is here...


E é válido ressaltar, Lesnar vinha varrendo o chão com o roster da companhia e isso sem muita dificuldade. The Rock, Hulk Hogan, Rey Mysterio...e então chegamos ao Wrestlemania e quem ele vai enfrentar?



pois é...

mas quem já viu Kurt Angle lutar sabe que essa imagem de inepto dele era pura gimmick e que no ringue, o negócio seria diferente.
E apesar da própria storyline entre ambos vender a idéia de que Angle não estava no mesmo nível que a besta, o que vimos no ringue foi o completo oposto.



Dois lutadores técnicos, foi mais um combate pra me provar errado quando afirmo que submissions matches são chatas. Ankle Locks, Suplex de ambos os lados, porrada pra caralho, false finishers e ao final, Lesnar vitorioso depois de um combro de f-5 contra o adversário.
Que luta incrível, senhores.

No final, entendo perfeitamente pq este é visto como o melhor Wrestlemania da história. Dada minha posição de estar escrevendo este post tendo visto todas as edições do PPV, anteriores e posteriores à este, posso dizer: por razões pessoais, não é meu favorito. Mas um deles. 


Wrestlemania XX



Data: 14/03/2004
Local do evento: adison Square Garden, NYC, New York
Público: 20.000 pessoas
Narração: JR, Jerry Lawler, Michael Cole e Tazz

Estréia no Wrestlemania de ninguém menos que....


Olha, eu vou ser honesto e admitir que esse eu fui ver com certa má vontade... tem alguns confrontos legais e tals, mas só as 3 ultimas lutas e a WWE tag team fatal four match me pegaram. O resto teve seus momentos, mas... vamos a elas
WWE tag team 4 four way match pelo World tag team championship:  Eu sei, eu sou uma bitch de qualquer luta que envolva Rikishi. Mas ele mandando o francês dançarino ringue afora me fez rir as hell.
THE STREAK: Kane vs Undertaker II: A luta foi maneira, mas vamos ser honestos que a melhor coisa desse confronto foi reestabelecer a gimmick do undead man no lutador. The American Badass tem seus fãs mas parecia MUITO coisa de crise de meia idade. Enfim.. Welcome back, lord of darkness. 12-0
- Eddie Guerrero vs. Kurt Angle pelo WWE Championship:  Uma daquelas lutas históricas, top 10 de qualquer lista de respeito reunindo os melhores combates dos Manias. E aquele final, só carimbando o quanto adoravelmente cafajeste Eddie era. Damn it, man... Aqui eu só beirei o choro. No final da luta seguinte, no entanto? Aí não teve como segurar.
- Shawn Michaels vs. Triple H vs. Chris Benoit pelo WWE heavyweight championship: Esse Mania deixa um gosto meio agridoce na boca, né? Uma mistura de alegria com tristeza , uma melancolia tão perene. Meio que saudades do que as coisas poderiam ter sido se a vida tivesse tomado os rumos certos. Como chegamos até aqui: Tudo começa no Royal rumble de 2004. Chris Benoit entra no número 01. As duas únicas pessoas que já conseguiram ganhar um rumble, começando como as primeiras a entrar no ringue? The Nature Boy Ric Flair e o HBK. Nesse nível. Benoit era o underdog máximo da corporação. Forte, mas sem muita mic skill e sem o visual certo pra ser  "THE FACE". De certa forma, ele foi o que Daniel Bryan foi e o que Sami Zayn é atualmente na companhia: aquele rosto que, mesmo não senso o arquétipo do campeão ideal da empresa, ainda é carismático o suficiente pra que todo mundo queira vê-lo entre os principais nomes lá dentro. Shawn Michaels, querendo uma revanche contra Hunter, acaba roubando a chance do canadense ir pro main event do Mania algumas semanas antes, mas o General Manager da época, ninguém menos que Stone Cold Steve Austin, decide que, tipo, PORRA NENHUMA e que a luta seria uma triple threat match, entre o rabid wolverine, o show stopper e the game. Quase 40 minutos depois, após vários pedigrees, sweet chin musics, suplexos e muito, mas assim, MUITO sangue derramado, Benoit prende o cerebral assassin numa submission e faz Triple H tap out. Benoit é campeão, dono do principal título da corporação.



 Ao final, um abraço do tb campeão Eddie Guerrero.



Menos de uma década depois, ambos estariam mortos.

......*suspiro.... Uma amiga minha me disse certa feita que meu defeito fundamental, aquilo que faria de mim aquela figura que no teatro é conhecida como o "trágico protagonista aristotélico" e que me impede fundamentalmente de ser um ser humano que, citando o sempre épico João Carvalho, não enxerga o mundo em matizes de cinza é minha capacidade de estar absolutamente SEMPRE consciente das coisas. Stella, minha namorada, vive tentando me fazer um ser humano mais capaz de aproveitar o momento mas, como eu disse, essa é minha trágica falha irremediável. E aqui, ela se faz presente, roubando a alegria daquele final e tornando a melancolia uma co-protagonista.
Um WM que começa mais ou menos, mas com uma segunda metade EXTREMAMENTE poderosa.
- duas notas: guardem esse momento na memória, pq aqui começa a conclusão da narrativa mais poderosa e duradoura da WWE: a saga da ascensão e queda de Triple H. E pra quem tá pensando "hey, mas a saga mais duradoura da WWE é o Streak", lembrem-se que essas duas histórias vão inevitavelmente colidir daqui a 6 anos. E nenhum dos dois protagonistas vai sair o mesmo desse choque.
- Numa edição onde Donald Trump aparece rapidamente pra dar o endorso para uma possível candidatura de Jesse Ventura para um cargo na casa branca, terminamos com dois não-americanos como campeões. E, serião, se vcs acham que esse é o momento mais politicamente consciente da empresa...HAH....esperem até o Mania 29.

Wrestlemania 21



Data: 03/04/2005
Local do evento: Staples Center em Los Angeles, CA. 
Público: 20.193 pessoas
Narração: JR, Jerry Lawler, Michael Cole e Tazz



Começa nessa edição do show anual uma das paradas mais legais ever: A Money in the bank ladder match!!! Ladder matches são sempre fodas e aqui não é exceção. Nessa edição, Benoit, Y2J, Christian, Edge, Kane e Shelton Benjamin, que, se o universo fosse um lugar justo, seria alguém PELO MENOS no mesmo nível de John Cena pq CARALHO. O sujeito dá uns saltos MUITO tensos na escada. Confesso que parte de mim achava mais legal as ladder matches no próprio Mania do que num ppv exclusivo. Enfim, um puta combate legal, que fica ainda melhor nas próximas edições do evento com a inclusão dos irmãos Hardy entre os contendores.

Piper's Pit: Stone cold steve austin meets Roddy Piper. Não tinha como isso não ser absurdamente bom... :-)

THE STREAK: Randy Orton vs. The Undertaker: Se vcs me perguntarem quem DEVERIA ter quebrado a aparentemente indestrutível sequência de vitórias do undead man num Mania, eu responderia que o nome de Orton apareceria no meu top 3, junto com Punk e HHH. Que luta incrível, violenta as hell, com direito à aparição do papai do viper, o cowboy Bob Orton e um dos RKOs mais bonitos da história.



Mas vem a hubris e, tal qual outros antes e depois dele, ao tentar acabar o combate enterrando um tombstone piledriver no adversário, vem o counter, e o Taker mostra como se faz. 13-0
Kurt Angle vs. Shawn Michaels: tá, ok, vcs sabem, a luta foi foda. Óbvio, dois dos melhores que já passaram pela World Wrestling entertainment, surpresa nenhuma. Mas o final desse combate, caralho, aquilo é uma obra de arte narrativa. Excruciantes 30 minutos de lutas depois, completamente esgotados, Angle dá um superplex lindo em Michaels, do topo da terceira corda. Cover e... Michaels levanta. Putaço, Angle vai, furioso, gritar com ele e toma um sweet chin music LINDO no queixo. Aos trancos e barrancos, Michaels cobre. Angle levanta. Mr. show stopper tenta levantar, mas o campeão olímpico o pega num ankle lock. A partir daí, são dois massacrantes, exaustivos, torturantes minutos do HBK tentando fugir sem sucesso. Eu lembro de um gibi do Hulk em que uma caixa de texto diz que, após um encontro pouco fortuito com seu nêmesis, o Abominável, o gigante verde fica puto (as always) e espanca seu oponente por dois minutos. O autor continua, dizendo "dois minutos podem parecer pouco, mas contem segundo.........após......segundo....". É bem isso aqui. Eu fui ver quanto tempo eles ficam nesse gato e rato achando que tinha batido quase uns 10 minutos e....nope.... 120 segundos. Michaels rola duas vezes mas Angle segue feito um pitbull, sem soltar e a luta termina com o mr. Wrestlemania tapping out. Lindo de ver...
- Teve uma sumo match. Que foi....curiosa....



- Batista vs. Triple H pelo World Heavyweight Championship: Depois da traumática derrota ano passado para Chris Benoit, Hunter agora tem que se ver lidando com o desmantelamento do seu Evolution. Randy Orton já se foi, e em breve vai estar voltando suas presas em direção ao cerebral assassin mas agora, o que restou do stable (o próprio HHH e Ric Flair) tem que lidar com o outro filho rebelde: Batista. E assim como a luta do The Game no ano anterior, essa tb vai deixar marcas que vão ser trazidas à tona alguns WMs depois, contribuindo ainda mais pra storyline do King of Kings.  No final, thumbs down e um "Batista bomb" que deve ter deslocado umas duas vértebras do marido de Stephanie McMahon selam o combate. Pros que curtiram a luta, procurem um outro combate entre os dois, num pay per view chamado "Vengeance", de 2005. Negócio consegue ser ainda mais brutal.

Wrestlemania 22



Data: 02/04/2006
Local do evento: AllState Arena em Chicago, Illinois
Público: 17.155 pessoas
Narração: JR, Jerry Lawler, Michael Cole, Joey Styles e Tazz

- Money in the bank ladder match: Melhor até do que a do ano passado. Temos a inserção de Broken Matt Hardy, Finlay, Lashley, RVD e Ric Flair, no que, me parece, a lenta construção da trama envolvendo sua aposentadoria, dois anos depois. and plus: Shelton Benjamin continua awesome. Insisto em dizer que, fosse o mundo um lugar justo, Benjamin seria um cara grande nível Balor e Rollins, you know?

And plus, temos Matt Hardy dando um superplex em Ric Flair do topo de uma escada.
Ric Flair, you know? Que na época, já tinha 57 anos.



- Edge vs Mick Foley, numa Hardcore Match:
....

....como eu descrevo essa luta com a devida justiça? Man.........todo mundo sangra. Inclusive a Lita. Alguns terminam com tachinhas presas em várias e várias e VÁRIAS partes do corpo. E com queimaduras de diferentes graus.





Edge vence a luta, mas...a que preço, não? BANG BANG...!!! HAVE A NICE DAY!!!!


- Trish Stratus vs. Mickie James pelo WWE Women's Championship. Só comentando que a gimmick de James aqui era ser uma fangirl lésbica doida querendo, na mesma proporção, matar ou fazer sexo com sua oponente. Só queria deixar isso registrado.
THE STREAK: Mark Henry vs. The Undertaker numa casket match. Uma luta lenta, entre dois gigantes. Uma casket match, onde ganha quem colocar o coleguinha dentro de um caixão primeiro e fechar a tampa. A grande dúvida era se o Taker ia conseguir levantar a montanha de quase 200 kilos pra mandar o tombstone piledriver. Daqueles momentos impressionantes, tipo Hogan erguendo André ou Cesaro levantando Big Show. 14-0
- Shawn Michaels vs. Vince McMahon - no holds barred match: Depois de ser surrado por Steve Austin, the Rock e Hulk Hogan, agora é a vez do mr. Show stopper enfiar a porrada no patrão. E rapaz..... Vince apanha feito boi ladrão. Cotovelada em cima da mesa dos locutores, chute em cima de latas de lixo, um combo de sweet chin musics que deve te-lo levado a marcar uma consulta com seu ortodontista para a implantação de meia duzia de próteses..... Bonito de ver pra qualquer um que já quis espancar seu empregador (o que eu sinto numa escala diária).
- Kurt Angle vs. Randy Orton vs. Rey Mysterio pelo World Heavyweight Championship: entrada foda de "EL REY" com banda tocando ao vivo. No ano seguinte ao da morte de Eddie, o luchador leva o cinturão de pesos pesados e oferece a vitória ao saudoso amigo, ao lado de Vickie e Chavito. Mais uma cena da coleção de momentos que me levou as lágrimas vendo um WM



- John Cena vs Triple H pelo WWE Champíonship: Vou me limitar a dizer que começo a entender os haters do Cena. E os de Roman Reigns, igualmente. A luta não é ruim mas.....hã......... eu entendo, ok? Parece extremamente artificial. E eu que sempre fui fã do senhor "hustle, loyalty and respect" me pego começando aqui uma tendencia de SEMPRE torcer pros adversários de Cena e SEMPRE frustrado, não apenas com suas vitórias, mas por sua recorrente posição como main eventer.
mas tudo bem, não é como se ele fosse fazer basicamente a mesma luta todo ano, né??

.....certo???


Wrestlemania 23




Data: 01/04/2007
Local do evento: Ford Field em Detroit, Michigan
Público: 74.867 pessoas
Narração: JR, Jerry Lawler, Michael Cole, Joey Styles, JBL e Tazz

Esqueci de dizer mas, desde o ano anterior, a WWE tava "estreitando laços" com a ECW, que se aproximava da extinção. Com a compra desta pela primeira, uma parte do roster de superstars foi incorporada à companhia dos McMahon. Com isso, temos a estréia de vários rostos que INEXPLICAVELMENTE, não estão atuando mais no RAW/Smackdown. E de novo: num mundo em que houvesse um mínimo de justiça, nomes como RVD, Montel Vontavious Porter e Mr. Kennedy estariam PELO MENOS entre os A lists da corporação, mas.... como sabemos, o único nome de lá que conseguiu se tornar um astro nível "Cena" dentro da World Wrestling Entertainment é o homem cujo rosto figura na camiseta que, curiosamente, uso enquanto digito estas linhas: Phil Brooks, mais conhecido como C. M. Punk.

Eight man money in the bank ladder match: - ok, senão vejamos... CM Punk, Edge, Finlay, Jeff Hardy, King Booker, Matt Hardy, Mr. Kennedy e Randy Orton. Vejam bem: em mais de um momento, pessoas atiram ESCADAS no rosto umas das outras. Não tem como isso não ser divertido.
WWE USA Championship: entre o rabbid Wolverine Chris Benoit e o dono de uma das músicas mais grudentas da história da promotion: MVP



THE STREAK: Undertaker vs Batista pelo World Heavyweight Championship: Se eu não soubesse que o melhor está por vir, diria que essa é minha luta favorita de todo o streak. Sério, daqui pra frente a qualidade do negócio escala num nível absurdo. O negócio é brutal, com direito á Batista bomb em cima da mesa dos narradores. mas no final, é aquilo que eu falei: VC NÃO TENTA DERROTAR O UNDERTAKER COM UM TOMBSTONE PILEDRIVER. 15-0
- Bobby Lashley vs Umaga - Hair vs Hair match: então....essa é infame edição do evento em que McMahon e Donald Trump apostam suas madeixas em uma luta. Seus escolhidos são o gigantesco Umaga e o não menos impressionante Lashley. O lutador negro pina o oponente e tio Vince termina tão careca quanto este que vos tecla. Detalhe pro final do spot, onde Stone Cold vai tradicionalmente, brindar com aquela breja honesta. Mais alguém notou que Trump não bebeu a segunda lata? Ele joga a latinha longe logo depois de Austin brindar com ele e subir pro poste no canto do ringue. Bom, não sei vcs daqui da capital, mas lá no interior, se nego brinda e não bebe.... esse é o momento em que mesas de bar começam a voar e tudo acaba naquele frenesi de violência que a gente tanto gosta. E não diferentemente, fazendo valer a sabedoria de homem texano que é, Austin volta pro ringue e...



..... considerando como tudo acabou, não deixa de ser curioso pensar que Austin já deu um stunner num futuro presidente.



- John Cena vs Shawn Michaels pelo WWE heavyweight Championship

encerrei o texto do Mania anterior da seguinte forma...

"E eu que sempre fui fã do senhor "hustle, loyalty and respect" me pego começando aqui uma tendencia de SEMPRE torcer pros adversários de Cena e SEMPRE frustrado, não apenas com suas vitórias, mas por sua recorrente posição como main eventer.
mas tudo bem, não é como se ele fosse fazer basicamente a mesma luta todo ano, né??

.....certo???"

well....eis minha resposta.

damn it...

Pior main event em anos. Qual o próximo passo? O main event do ano que vem vai ser Cena dando um STFU no Road Dogg?

Mas tudo bem, ano q vem tem Edge e Taker fechando o card do PPV.


Wrestlemania 24




Data: 30/03/2008
Local do evento: Florida Citrus Bowl em Orlando, Florida
Público: 74.635 pessoas
Narração: JR, Jerry Lawler, Jonathan Coachman, Michael Cole, Joey Styles e Tazz

- Money in the bank Ladder Match:
Participantes: Carlito, Y2J, Cm Punk, Johnny Mundo, MVP, Mr. Kennedy e Shelton Benjamin.
Sério, eu sei que eles tem que escalar essas lutas pra gente não achar que estamos revendo basicamente os mesmos combates mas, serião, eu realmente achei que pessoas iriam terminar essa ladder match com lesões permanentes.





Damn son!!!! Negócio termina dramático com Punk e Jericho prestes a pegar a valise quando o straight edge wrestler prende a perna do oponente num degrau da escada e, com Chris dependurado lá sem conseguir se mexer, consegue alcançar o disputado premio.
- Chavo Guerrero vs. Kane pelo ECW Championship: Um chokeslam
10 SEGUNDOS. DEZ FUCKING SEGUNDOS!! Chavito é mais um corpo estendido no chão e Kane leva o belt.
- John Cena vs. Triple H vs. Randy Orton numa Triple Threat Match pelo WWE Championship: 
HAHA, CENA SE FUDEU!!!!! CHUPA!!!! Ataque de oportunidade lindo por parte do Viper. Hunter senta um pedigree na moleira do sr. Nikki Bella e vai pro cover, quando toma um bicudão febroso de Orton. 1, 2, 3. e Randy leva o belt!!! FUCK YOU, CENA!!!!

- Ric Flair vs. Shawn Michaels numa Career Threatening match: caralho....

não, sério, caralho. O que demônios eu posso falar sobre essa luta q gente muito melhor que eu já não tenha dito?
Cacete, eu já choro nessa merda só com a entrada do Nature Boy.
Vejam isso...




Percebam como a câmera pega Flair só de baixo pra cima, não só pra mostrar o céu com os fogos ao fundo mas pra agigantar o lutador. Okay, esta é sua luta final, mas ele ainda é um dos maiores do mundo e longe de ser um senhorzinho frágil. Quando ele chega ao ringue, ele para, e com um comando dos mais viris q já vi, praticamente COMANDA que o referee separe as cordas pra ele poder entrar. Não é babaquice, mas roteiro. É importante mostrar que aquela ainda é uma figura ameaçadora, ainda que enfraquecida em virtude da degradação natural decorrente da passagem do tempo. A luta é linda, com Michaels conduzindo o tom. Flair, por sua vez, tem chance de recorrer a cada elemento que compõe aquilo que o tornou fazendo, de seu figure four até o famoso dedão no olho. Ao final, depois de um superkick de Michaels, Flair cai e aí....bom...



"I'm sorry. I love you"

damn son....
E não, não me escapa que 9 anos depois, nesse mesmo estádio, outra lenda da história da WWE vai ter seu momento de fechar de cortinas. .....

- Playboy bunnymania lumberjack match: Okay, lágrimas derramadas, seguimos adiante e........PLAYBOY BUNNYMANIA?? QUEM FOI O SÍMIO COM HIPERTIREOIDISMO QUE FEZ ESSE BOOKING??? SERIO, QUEM FOI O GÊNIO COM MESTRADO EM RETARDO QUE ACHOU QUE SERIA UMA IDÉIA ACEITÁVEL SEGUIR UM DOS MOMENTOS MAIS EMOCIONAIS DA HISTÓRIA DO WRESTLEMANIA COM UMA PLAYBOY BUNNYM...... pqp...fuck the playboy bunnymania, fuck snoopy fucking dogg, fuck this shit. NEXT!!!!!

- Edge vs. The Undertaker pelo World Heavyweight Championship: 
Oh and by the way, THE STREAK: e dessa vez, valendo título. Se não me engano, o ultimo reinado da carreira do undead man e, dessa vez, contra o Rated R Superstar. Considerando a imagem de Edge, e apesar de ter sido bem bacana, a luta foi menos brutal do que poderíamos imaginar. No final, tudo começa a ir pro cacete depois que Edge tenta encerrar a luta com um tombstone piledriver e VC NÃO TENTA DAR UM TOMBSTONE PILEDRIVER NO FUCKING UNDERTAKER. Tudo acaba com the devil's gate em Edge. E o streak segue ileso. Mas é hora de escalar as coisas e ver o undead man diante do seu oponente mais difícil: the heartbreak kid, Shawn Michaels. 16-0

WRESTLEMANIA 25



Data: 05/04/2009
Local do evento: Reliant Arena em Houston, Texas
Público: 72.744 pessoas
Narração: JR, Jerry Lawler e Michael Cole

Money in the.......you know what? fuck it, vcs sabem, eu sei, todo mundo sabe que essa luta é foda.
Caralho, tem uma porra de um anão Leprechaun sendo destroçado do alto de uma escada. Como isso pode ser ruim?



 As Money in the bank ladder matches que rolavam no Wrestlemania são absolutamente TODAS memoráveis. Vamos então ao desenrolar dos eventos aqui que eu acho bem mais fascinantes: okay, Punk, pelo segundo ano seguido, leva a valise com o contrato dentro. Tudo muito bom, tudo muito bem... Algum tempo depois, Edge vs Jeff Hardy pelo world hevyweight championship. Depois de uma porradaria honesta, Brother Nero consegue pinar o oponente e leva o título, todo mundo feliz, gritos, aplausos, YOU DESERVED IT e......


.....falemos de anti-clímax...

Não vou entrar no mérito de bastidores aqui mas, vamos simplesmente dizer que Jeff queria deixar a WWE e a WWE estava afim de aquiescer por motivos ligados à wellness policy da corporação. A storyline iria ser a seguinte: Punk, na época heel e o profeta straight edge, odiava Jeff pq este tinha um estilo de vida q pode gentilmente ser descrito como "boêmio". Resultado: Feud entre os dois.
E a coisa escalou até o ponto em que decidiram que a promotion era pequena demais pra eles e foram pra uma career's ending match numa steel cage. Resultado?



surpreendendo a absolutamente TODO mundo, Punk ganha a luta e Jeff tem que, melancolicamente, dizer adeus a seus milhares de fãs. E quando eu digo MILHARES, eu não estou brincando: Os Hardys sempre tiveram uma leva absurda de fãs, acompanhando os dois irmãos por toda sua carreira, seja na WWE, seja na TNA. Então, vcs podem deduzir o baque disso. No vídeo acima, avancem até os dois últimos minutos e tentem contar a quantidade de gente chorando com a partida do charismatic enigma.

Agora....como a empresa lida com isso? Como lidar com os fãs insatisfeitos, furiosos até?
Com toda a delicadeza do mundo e admitindo que é um momento complicado pra estas pessoas que eles mesmos cativaram, certo?

PORRA NENHUMA!!!!!!! TORCENDO A FACA E BOTANDO O PUNK PRA ENTRAR COM A MÚSICA E A MAQUIAGEM DE JEFF HARDY.



Leva uns 30 segundos pras pessoas se tocarem, mas quando rola....bom...






Sério, artistas MATARIAM pra obter esse nível primal de reação de seu publico, manja? E isso, considerando o ep. do RAW da semana em que escrevo este texto, o primeiro programa depois do Wrestlemania 33, é algo que a empresa ainda manda muito bem fazendo.

Falem o que quiserem, mas sometimes,  this company is ballsy as fuck, you know?? Nem sempre. Ás vezes ela resolve apostar no seguro beirando a covardia. Mas as vezes, eles decidem deixar claro que sabem como tocar o publico feito um violino. E falando nos irmãos Hardy

- Jeff vs Matt Hardy numa Extreme rules match: yeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeesssssssssssssssss
FIGHT FOREVER.... O antigo avatar da Broken Brilliance e aquele q viria a se tornar Brother Nero vão pra porrada com estilo numa luta sem limites. Não vou comentar tudo mas....man....



Depois dessa queda. só precisou que Matt desse um twist of fate no irmão pra vencer a luta...

Um twist of fate. Com Jeff com uma cadeira enfiada no cranio.



As 7 deities que viriam a abraçar Matt já estavam olhando pros dois irmãos pq só isso justifica que Jeff não tenha terminado essa luta aleijado. Enfim, um puta confronto legal.

- JBL vs Rey Mysterio pelo WWE Intercontinental Championship: Um golpe. UM. Okay, foi um 619, sejamos justos, mas ainda assim...

- Edge vs. John Cena vs Big Show pelo World Heavyweight Championship:  Só comentando pra tirar do caminho: sim, Cena levantando Edge e Big Show ao mesmo tempo foi do caralho.

Okay....já tendo passado por todos os demais eventos desse Mania, vamos ao cream de la cream.

- THE STREAK: The Undertaker vs Shawn Michaels: 

Como eu já disse antes
1- a maior storyline da WWE é a trágica saga de ascensão e inevitavel queda de Triple H
2 - Concorrendo ao titulo, no entanto, tambem temos a Streak do Undertaker.

Bom, lembram que eu disse que elas estavam em rota de colisão? Bom...tudo começa aqui, com as duas matches que fecham esse PPV.
Já disse mais uma vez aqui que o Pablo Villaça é meu crítico de cinema favorito, certo?
Tem um texto dele que eu acho particularmente fascinante em que ele discorre sobre qual a fala mais importante do seu filme favorito, "O poderoso chefão". Não a mais marcante ou a mais impactante: a mais importante. Vão lá ler, eu espero.

Um jazz suave pra me entreter enquanto vcs leem...



......
....
voltaram?  perfeito.

Pros fãs de comics, lembram de "the nail"? Uma história da JLA que mostra como um prego, um pedacinho de metal pontudo, poderia ter mudado toda a história do universo DC?
Tipo, "por causa de um prego, perdeu-se uma ferradura. Por falta de uma ferradura, perdeu-se um cavalo. Por falta de um cavalo, perdeu-se um cavaleiro. Por falta de um cavaleiro, perdeu-se uma guerra. Tudo por causa de um prego".

Tudo começa com o fallout dos eventos ocorridos um ano antes. Ric Flair foi aposentado por um sweet chin music no queixo. Adicionemos a isso que era a edição comemorando um quarto de século de idade do principal pay per view da promotion, somemos 2 + 2 e o resultado foi o HBK se perguntando: hey..o que seria mais awesome do que eu, o MR. FUCKING WRESTLEMANIA, acabando com o streak no aniversário de 25 anos do evento?
Assim, com uma pergunta aparentemente inocente, começam os eventos que vão tirar dos trilhos as carreiras de Michaels, Undertaker e HHH.



Eu não vou descrever a luta. Near finishes, sweet chin music, tombstones, last rides, um figure four apropriado, homenageando o Nature boy....se vcs quiserem listar os golpes, os movimentos e tudo mais, é só procurarem a luta.
O que eu posso dizer é: vcs sabem que quando a massa vai em uma direção, eu tendo a ir pro lado oposto. Mas nesse caso, é complicado dizer qualquer coisa diferente de "essa foi a maior luta da história do pro-wrestling". A maior do Wrestlemania, com certeza, sem dúvida. Algumas chegam bem perto. Mas o que Michaels e o undead man fazem aqui estabelecer um parâmetro. É cravar numa placa de titânio os nomes de ambos na história do esporte, junto com lendas como Rick Steamboat, Bruno Sammartino, Antonio Inoki, Sting, entre outros..... É uma celebração absurda a duas carreiras completamente únicas dentro desse business.
Eu critico direto o criativo da WWE, mas justiça seja feita: quando eles acertam, JESUS (e eu escrevo isso à luz do WM 33, um dos melhores em minha opinião). No geral, tenho a impressão de que, até pelo número menor de programas, a NJPW é mais consistentemente boa. Mas quando os americanos acertam, eles REALMENTE acertam.



Ao final, um moonsault mal sucedido determina o final do combate e o streak segue ileso. 18-0

- Agora...NORMALMENTE....eu pularia esse main event e iria direto pro próximo Mania. Desculpem, comprometimento é uma coisa, mas nego não pode sinceramente esperar que ainda sobre algum nível de energia emocional em mim pra ver qualquer coisa após.....you know....THAT............E FOI exatamente o que eu fiz.
Mas eu voltei depois pq, apesar de não ser um combate espetacular nem nada (3,5 estrelas de cinco?)
ele agrega mais densidade a trama envolvendo o King of kings. Aqui, HHH enfrenta Orton pelo WWE Heavyweight Championship e obtêm alguma redenção pessoal. Lembremos que o membro fundador da DX vinha de 3 derrotas, duas delas contra ex-membros da Evolution (Batista e o próprio Apex Predator, no ano anterior). A match é selvagem as hell, com Hunter assinando a derrota do oponente com um Pedigree. Percebam: dois membros da DX, um derrotado na maior luta da história do evento. O outro, vencedor e ganhando momentum. Dá pra perceber as engrenagens na cabeça ardilosa do cerebral assassin girando aqui, né?


Wrestlemania 26



Data: 28/03/2010
Local do evento: University of Phoenix Stadium em Glendale, Arizona
Público: 72.219 pessoas
Narração:  Jerry Lawler, Michael Cole e Matt Stryker

Desculpem, eu não vou nem fingir que eu não to aqui PRINCIPALMENTE pelo Streak e pela saga pessoal de Paul Levesque, então bla bla bla, achei legal que Rhodes vs. DiBiase vs. Orton tem ecos dessa mega trama de homens poderosos dentro da WWE formando grupos pra maximizar seu poder apenas pra ter que ver suas conquistas usurpadas por seus acólitos.
A Money in the bank foi awesome, as always...
CM Punk vs. El Rey foi divertido (mas recomendo que procurem o combate hair vs. hair que rolou depois, entre ambos).
Jericho vs. Edge, idem.
Bret Hart vs. Vince McMahon foi catártico, pra dizer o mínimo.
E Cena venceu Batista. que surpreendente.

Okay, tirado tudo do caminho, podemos ir ao que interessa:
Sheamus vs. Triple H:  A luta em si foi legal, mas o que eu gosto realmente desse combate é como ele contribui pra construção de trama que vai desaguar no Mania posterior à este: Triple H vence e é o segundo ano seguido com uma vitória. E contra um young lion em ascensão na empresa. A confiança de HHH em rota ascendente, o ego dele idem, e pelo segundo ano seguinte Michaels não consegue quebrar o streak. A aposentadoria do amigo, a inevitável passagem do tempo e, como Max Landis lembrou no já citado "wrestling isn't wrestling", aquela volátil mistura de orgulho e insegurança....  Hora de botar todas as fichas na mesa e tentar o maior accomplishment de sua vida: derrotar o Undertaker num Wrestlemania. O cenário tá pronto e, desculpem o clichê, as peças estão em seus respectivos lugares no tabuleiro.
Ah sim: ver Hunter mencionando sua luta de estréia contra o Ultimate Warrior foi lindo e deixou o fã de hq em mim totalmente triggered. O lutador citando sua encarnação "anterior" foi quase o equivalente ao Superman new-52 lembrando de sua versão pré reboot, um daqueles momentos de consciência da própria continuidade.

- Shawn Michaels vs. The Undertaker - Career vs. The Streak 

A luta anterior foi melhor? Foi.
Gosto mais dessa? Yep. Da primeira vez que eu assisti, achei um tiquinho inferior, tanto que em outros textos dessa série narrando minhas "viagens" pelas 33 edições do PPV, eu afirmo categoricamente preferir o primeiro combate entre o HBK e o dead man walking. Mas dessa vez...... mesmo já sabendo do resultado, o peso dramático desse combate bateu de um jeito absurdo

E aquele final, pqp...... Um rebelde desde o começo, a carreira de Shawn Michaels não acaba com melancolia ou com um nocaute rápido e piedoso, mas com um tapão na cara do oponente.





Desafiador até o inevitável fim...... 50% do DX se foi. Agora é hora do homem de preto lidar com os 50% restantes. It's time to play the game...

Wrestlemania 27


Data: 03/04/2011
Local do evento: Georgia Dome em Atlanta, Georgia
Público: 71.617 pessoas
Narração:  Jerry Lawler, JR, Michael Cole, Josh Matthews e Booker T

Dizer que esta edição do evento não foi das mais inspiradas seria um elogio. Mas teve seus momentos. Punk vs. Orton foi maneiro e Cody Rhodes vs Rey Mysterio idem. Mas vamos só concordar que o main event foi só puro foreshadowing pra match do ano seguinte que iria fechar o Wrestlemania, jogando The Rock contra Cena numa "once in a lifetime event" e ir direto pro que rolou de mais legal aqui: THE GAME VS. THE UNDEAD MAN

- THE STREAK: Undertaker vs. Triple H;

Primeiramente, só dizendo, minha experiência com esse combate foi melhor que a da maioria dos senhores pq, por alguma razão, na minha cópia do DVD desse WM, a música tema do Taker é substituída por essa aqui, tanto em sua entrada quanto na saída do ringue...


E como todos sabemos, não existe nada de bom nessa vida que não possa ser tornado zilhões de vezes melhor com a voz de Johnny Cash. Diabos, RELIGIÃO é um dos trecos mais boring do mundo e mesmo as canções mais devotas do man in black são tão boas quanto o resto de suas composições.
O clima é de duelo de final de filme de faroeste, com punhos e marretadas substituindo armas de fogo. O negócio é no holds barred e Hunter vai com sangue nos olhos. Sério, a sequência de cadeiradas nas costas do undertaker é doloroso de assistir.
Os "personagens" terminam a luta num lugar diferente do qual estavam no começo dela: Taker vence, mas termina quebrado. E o King of kings: notem como mesmo depois de todos os homens que falharam tentando vencer o streak usando como finisher o tombstone piledriver, e MESMO ASSIM, o marido de Stephanie tenta a própria sorte. Ou como ele parece chocado toda vez que o adversário levanta de um cover. Ou como a raiva vai dando lugar a um desespero beirando as lágrimas... pq? Pq ele é o fucking TRIPLE H e o lutador nem cogita falhar onde os outros falharam pelo simples motivo de que ele tem a vantagem de ser o FUCKING TRIPLE H. Várias e várias pessoas já lembraram como esse traço de personalidade é um dos elementos que fazem do "personagem" o mais fascinante dramaticamente dentro do pro-wrestling.


The Undertaker vs Triple H Wrestlemania 27 Full... by irfanalichaudhry

Tb vale a menção: é raro ver diálogos no meio dos combates na WWE. Sim, nego falar merda pro oponente dentro do ringue é normal, mas os microfones pegando esse som de forma a deixar claro que aquelas sentenças proferidas vão afetar o rumo da história? Bem raro. No entanto, o peso dramático dessa e da próxima luta entre dois dos principais nomes no roster da companhia é TÃO grande que ambas as matches ganham o direito de usar esse recurso para enriquecer a narrativa.
O payoff desse combate vai vir 3 anos depois, com o homem de preto e o king of kings enfrentando as derrotas mais significativas de suas carreiras no Wrestlemania 30 (não coincidentemente, meu favorito, já adiantando aqui). Mas ainda temos mais 2 edições do PPV até lá e, boy, oh, boy...podem não ser as melhores da história do evento, mas elas tem seus momentos, sem dúvida alguma. 19-0

WRESTLEMANIA 28


Data: 01/04/2012
Local do evento: Sun Garden Stadium em Miami Gardens, Florida
Público: 78.363 pessoas
Narração:  Jerry Lawler, Michael Cole e JR

- Sheamus vs. Daniel Bryan pelo World Heavyweight Championship
Um golpe. UM FUCKING GOLPE.



Okay, é o BROGUE KICK, e eu consigo facilmente enxergar aquela botinada no queixo arrancando dentes de alguém azarado o suficiente pra merecer receber um desses na fuça, mas mesmo assim.
- Kane vs. Randy Orton e Jericho vs. Punk entram na mesma categoria: lutas não valendo nada mas que foram bem divertidas. A primeira tem uma motivação bem melhor construída que a segunda (Orton segue em sua missão de vingança contra os membros da Authority, enquanto Y2J está com inveja pq Punk roubou seu slogan ????)
- Cody Rhodes é um daqueles nomes que vc nunca entende bem pq nunca caíram nas graças dos poderes que valem dentro da promotion. Luta bem, tem a aparência física certa, é carismático, tem pedigree, sendo filho de quem é. Por sorte a história lhe fez justiça e agora o wrestler partiu pra jornadas mais recompensadoras nos ringues da New Japan e do Ring of Honor (e da Impact Wrestling, mas até aí, quem se importa com essa droga? #FuckThatOwl).
- JOHN CENA VS THE ROCK: O EVENTO DE UMA VIDA!!!! DAQUELAS RARIDADES QUE SÓ OCORREM UMA VEZ E ENTÃO NUNCA MAIS E.....

....que vai se repetir no main event do ano que vem

e não, não adianta propagandearem, Cena não tá no nível de Dwayne, não importa quantas hipérboles vcs usem pra falar desse combate.

- THE STREAK: The Undertaker vs. Triple H numa Hell in a cell match:  

The end indeed.
Todos os caminhos trouxeram the cerebral assassin e o demônio de Death Valley até aqui.
Previously, on wrestlemania, Taker conseguiu pinar Hunter, mas sem conseguir sair de pé do ringue, tendo que ser carregado. E isso não desceu bem em sua garganta.
Passam-se 11 meses e vem o desafio para uma rematch. E o adversário, sendo quem é, obviamente diz ....NÃO.




Mas, tal qual o publico, o Undertaker sabe como a cabeça do oponente funciona e não precisa de mais do que um "Vc nunca vai ser igual a Shawn Michaels" para conseguir deixar o Rei dos reis babando de raiva. Ele estipula as regras da luta e terminamos com Taker vs. HHH dentro numa hell in a cell match, no holds barred, no count outs. no disqualification. Vale tudo, de cuspe na cara a dedada no olho.
E, cereja no topo do bolo, com HBK como special referee..
Mais uma vez, temos diálogos conferindo densidade à trama, incluindo o do heavy metal wrestler mandando um "you wanna show compassion. i'm not" pra Michaels quando esse implora pra que o amigo pare de atacar antes que ele ou o adversário terminem mortos.
Dois pontos
- alguém precisa comentar sobre as habilidades dramáticas de Michaels. Puta ator fodão, ele consegue vender bem a dor sentindo entre defender o melhor amigo ou fazer a devida justiça ao coveiro da WWE, mesmo este sendo o homem que lhe levou à aposentadoria.
A luta foi incrível, como deveria ter sido. Se HBK vs Taker no WM 25 foi o melhor combate da história da World Wrestling Entertainment, essa aqui fica num top 5 com extrema facilidade.
Teve chute no saco, spine buster nas escadas de metal, hell's gate em HHH, hell's gate no mr. wrestlemania, sweet chin music e cadeirada.
Sério, muita cadeirada.
Foley levou 11 na cabeça no Royal Rumble.
Pois aqui foram VINTE E FUCKING NOVE cadeiradas. Nove recebidas por HHH e a impressionante soma de VINTE tomadas pelo Undertaker.
Sério, falem de novo que luta livre é de mentirinha depois de um vislumbre no estado das costas do Undertaker após essa luta:






Né?

Com um golpe de marreta no cranio do coleguinha, Taker termina a luta e os 3 deixam o ringue.





Três dos principais pilares da história da corporação de Vince McMahon. E a certeza de que nada mais seria como antes.
E não foi.



Em termos de storyline, essa luta marca o começo do fim definitivo pros dois wrestlers.
Apesar de ter se mostrado melhor que nunca, paradoxalmente, o man in black nunca pareceu tão frágil. Agora, imagine que vc é um jovem leão, querendo mostrar domínio.



E vc tem um histórico impressionante, já tendo varrido o chão com nego nível Kurt Angle, The Rock, Rey Mysterio, Hulk Hogan.



E, já spoilando, vc vem de uma derrota após tentar aposentar um dos grandes nomes dessa mesma promotion.



Como marcar seu nome na história??



Como se tornar imortal?


......

...Enquanto isso, Hunter, experimentando uma mini-aposentadoria, vai se afastar das disputas por títulos, mas não dos ringues como um todo. Ele, Stephanie, Kane e mais alguns acólitos vão criar a Authority, stable que vai fazer de forma corporativa o que sua Evolution tentou dentro do squared circle: apertar a mão na garganta dos superstars e controlar a corporação com mãos de titânio.
No entanto, o backlash é inevitável e vai vir na forma mais surpreendente possível: quem vai quebrar de vez a Authority e seu líder não vai ser uma montanha de músculos gigantesca mas um lutador franzino, nível cruiserweight, com uma aparência incomum pra um contratado pela promotion. Se 10 anos antes, Chris Benoit pinou os planos do cerebral assassin, dessa vez ele vai ter suas ambições postas abaixo por um improvável novato chamado Daniel Bryan. Mas antes....

Ah, e que foda, enquanto o trio vai deixando o ringue, o ultimo olhar semi-consciente de Hunter pro Taker como se perguntasse: "eu ganhei?" e a resposta, um balançar negativo de cabeça. Um legítimo wrestlemania moment. :-) 20-0



WRESTLEMANIA 29



Data: 07/04/2013
Local do evento: MetLife Stadium em East Rutherford, NJ
Público: 80.676 pessoas
Narração:  Jerry Lawler, Michael Cole e JBL


- Six man tag team match: Randy Orton, Sheamus e The Big Show vs. The Shield.


Estréia wrestlemaniana daqueles que vão ser 3 dos novos rostos dominando o ringue da companhia pelos próximos anos. O mega foda Dean Ambrose, Seth freaking Rollins........ e Roman Reigns...
- Mark Henry vs. Ryback: Sempre digo como são legais essas lutas entre duas montanhas de músculos. Mais lentas, óbvio, mas nem por isso menos intensas. E Ryback levantando o strongest man in the world foi incrível.
- Chris Jericho vs......fandango....

.....Fandango....



Seriously....



FANDANGO....

- The Rock vs. John Cena: who cares? next!!!!

- Alberto Del Rio vs. Jack Swagger pelo World Heavyweight Championship: Ok........ ocasionalmente, a WWE brinca de levantar questões políticas e usa-las como tema e plot device de alguns storylines. Mas JESUS AMADO...... acho que a corporação nunca foi tão política quando nesse Mania e, em virtude de tudo, eu quase morri envenenado por intoxicação irônica enquanto assistia o evento. Não, serião, esse deve ser um daqueles momentos responsáveis pelas úlceras nervosas de Vince McMahon, incluindo a decisão de descer Owen Hart por um cabo até o ringue e o dia em que o RH da companhia deu sinal verde pra contratação de Chris Benoit. Sem brincadeira, vejam bem: THIS is Jack Swagger.



A gimmick dele era ser "um verdadeiro americano". Beleza, até aí, ele não era nada além de uma evolução da gimmick de outros grande superstars da companhia tipo Hogan ("a real american") ou Kurt Angle ("an american hero"). Okay, eu não sou um grande fã dessas punhetações patrióticas mas, vá lá, costume deles. Okay?

Okay.

Mas então, algum roteirista de espírito particularmente subversivo achou que ia ser uma boa idéia pegar esse arquétipo do ultra americano e explorar os possíveis desdobramentos sinistros que tal conceito poderia ter. E milagrosamente, a direção do programa DEIXOU algo assim passar.



A chave pra essa mudança de gimmick foi a aliança de Swagger com a bizarra figura de Zeb Colter. Colter, um ultra nacionalista, bota pilha pro seu protegido ir contra Alberto Del Rio, então, o campeão de pesos pesados e, antes da luta entre os dois, o cara me manda o seguinte discurso, aqui transcrito:

"Fellow Americans! I got a question for ya! What is wrong with America? Zeb Colter knows what’s wrong! Jack Swagger knows what’s wrong! But I think most Americans have forgotten what is wrong with America. Years ago, me and this man’s daddy laid in a jungle in Vietnam with bullets whizzin’ by our heads. You know why? Because we were real patriots, we were real Americans.

And now I look around and I see a country I don’t even recognize. I see people with faces not likemine. I see people that I don’t even know what they’re saying. They can’t even talk to me. And I look around and I think, where did all these people come from? But most importantly I think, how do we get rid of ’em? We the people! Americans, real Americans, know the truth! Zeb Colter knows the truth! Jack Swagger knows the truth! Because this is the land of the free and the home of the brave, not the land of the free and whoever wants to cross our borders! … It’s our country and it’s our land, to protect and defend! [Emphasis added]"


.........OBVIAMENTE, isso tem como réplica um discurso emocionado por parte de Del Rio, ressaltando como os Estados Unidos foram construídos a base do trabalho, sangue, suor e lágrimas de vários povos imigrantes e do quanto o país é a terra das oportunidades para alguém "criado no México mas construído na América".

Cereja no topo do bolo? Sabe quem foi induzido ao Hall da Fama da companhia nesse mesmo ano?

Uma dica:




... e só pra constar, na hora do anuncio de Donny, só boos e vaias. Mais uma fracasso na longa lista do homem que hoje é o dono dos códigos do armamento nuclear norte-americano.



.....we're so fucked....

Anyway......  Lindo ver a WWE sendo tão política, mas ao mesmo tempo..... Donny tava lá, ouviu esse discurso e resolveu transformar isso numa plataforma política "séria". Resultado??




.....

......

De novo: isso é 2013, nem meia década atrás. Como diabos saímos DISSO e chegamos em



???

Pessoal diz que o fandom de quadrinhos é meio obtuso, incapaz de absorver alguns conceitos ideológicos que seus gibis favoritos carregam (a mensagem de tolerância dos x-men, o desafio contra autoridades estabelecidas de uma quantidade imensa de super heróis, etc..) mas aparentemente, a fanbase do pro wrestling não fica muito atrás. Aí fica a pergunta: quantos ali estavam REALMENTE torcendo pra Del Rio e quantos estavam secretamente se identificando com os medos de Colter?

- THE STREAK: CM Punk vs. The Undertaker: Que luta foda, QUE LUTA FODA. Punk usando os golpes do Taker, Punk sentando o GTS num cara do tamanho do undead man, Punk evil bicho ruim do inferno zoando com a urna com as cinzas de Paul Bearer. Um ultimo respiro do Streak antes....bom..... da besta. CM Punk lembrando pro mundo pq ele chegou à posição que chegou, mesmo sendo quase o extremo oposto do perfil do superstar arquetípico da  WWE.



Mas de novo: VC NÃO TENTA DERROTAR O UNDERTAKER USANDO O TOMBSTONE PILEDRIVER. É tipo tentar usar a espada do Blade, manja? Vai dar merda.



O streak chega a 21-0.  It's time.... The black sword is coming....

- Triple H vs. Brock Lesnar numa career on the line no holds barred match: Depois de duas tentativas fracassadas por parte do The Game em mandar Lesnar pro chão, ele decide ir "all in": o cerebral assassin bota sua carreira na linha de fogo. Depois de uma derrota pra Lesnar no Summerslam do ano anterior, agora, ou vai ou racha. The Beast já tinha atacado Vince, quebrado os braços de Shawn Michaels e do próprio HHH e o negócio era pessoal.

Achei curioso, pra começo de conversa, que o marido de Stephanie entra no ringue mandando uma marretada num espelho. Simbólico, não? Triple H já estava em sua persona corporativa, parte de Authority. me pergunto se foi preciso mandar essa imagem abaixo via marretada pra ele poder se reconhecer como The Game again, antes de entrar num ringue contra aquela monstruosidade.
E vamos esclarecer: Lesnar não sabe brincar, ok? Vcs lembram do Summerslam do ano passado e do que ele fez com Randy Orton, certo?
E a luta é selvagem. Mesa dos narradores foi pro cacete, teve uso das escadas de metal como arma. E mano: é só unholy como o braço do game se dobra quando, perto do fim do combate, Brock o prende num Kimura lock.
No final, depois de Heyman receber um providencial sweet chin music e Lesnar levar um Pedigree em cima das escadas de aço, HHH vence.



 E conhecendo a psiquê do "personagem", é fácil concluir que o principal motivador pra Hunter não foi salvar a própria carreira ou mesmo evitar a humilhação da derrota. Não foi fazer justiça para Vince, que tomou um F5 da besta, o que foi o motivador dessa luta. Oh, noes.
No final, Triple H não venceu o Undertaker, mas ele conseguiu realizar algo que Ric Flair e seu maior amigo e rival, Shawn Michaels não fizeram: sair de uma career on the line match como vencedor no Wrestlemania. E pro King of kings, não deve haver maior prêmio dentro do ringue que ser melhor que o HBK.
Now....let's go to New Orleans.

WRESTLEMANIA 30


Data: 06/04/2014
Local do evento: Mercedez Benz SUPERdome em New Orleans, Louisiana
Público: 75.167 pessoas
Narração:  Jerry Lawler, Michael Cole e JBL


Olha....eu entendo que, em termos gerais, o WM 17 ou o 19 sejam melhores que este. Mas..sorry, esta é minha edição favorita do pay per view. Eu tentei, fui rever o show com uma mente tendendo ao mais analítico e tals, mas caralho, como esse Mania é bom e bem escrito. Da primeira frase ao vídeo de introdução até o ultimo take, tudo é tão redondinho que não tem como isso não merecer todos os loas. Fora que este Mania é o payoff da maioria das storylines que a empresa tem lentamente construído em, pelo menos, uma década.
O grande tema aqui? Lembremos que a World Wrestling Entertainment, a corporação, é tão boa quanto o roster de superstars que ela possui. O problema é que pessoas envelhecem, sofrem acidentes, tem suas habilidades comprometidas, principalmente num esporte de alto impacto como o pro-wrestling. E a roda precisa girar. O tema aqui é legado. Tendo como cenário uma das cidades mais importantes em termos da herança cultural e artística dos Estados Unidos, este Wrestlemania lembra aquilo de que todos aqueles homens estão sentados sobre o ombro de gigantes e que estes novatos também vão pavimentar o caminho dos que virão depois deles. O evento abre com Hulk Hogan relembrando o primeiro Mania. Depois, entra o principal nome dos anos 90 da empresa, Stone Cold Steve Austin e, após este, aquele que é, provavelmente, o maior nome de toda a história da empresa, Dwayne Johnson, The Rock. Este é o evento em que alguns dos legados vão ser estraçalhados e substituídos por novas lendas. Onde os novos rostos que vão determinar o futuro da empresa pelas décadas que virão vão começar a viver as aventuras pelas quais serão lembrados.
So...here we go...

- Disputa pela #1 contendership pelo WWE World Heavyweight Title: Daniel Bryan vs. Triple H:

Dá pra contar nos dedos de uma mão (e sobra dedo) a quantidade de vezes que o raio caiu na corporação da mesma forma: CM Punk, Daniel Bryan e Sami Zayn. Num cenário lotado de mega montanhas de músculos e mega power explosions, a história da companhia não conta com muitos underdogs. Claro, tem figuras como o já citado Steve Austin, quase um Bruce Springsteen dos wrestlers, o blue collar, chão de fábrica, tão povão quanto a parcela do público que assiste o Raw/Smackdown depois de um dia puxado de trabalho, entre um gole e outro de uma cerveja. Mas o rattlesnake passava longe de ser um underdog, aquele por quem ninguém dava muito mas que, na marra, conquista seu lugar sob os holofotes. Apesar de estilos distintos, os 3 nomes citados acima dividem essa característica de não aparentarem ser o que os McMahon vem historicamente estabelecendo como "championship material". então, o que resta senão conquistar o spotlight na base da porrada, do carisma, do ataque de oportunidade e do grito?
Literalmente, no caso de Daniel Bryan.



Cadas vez que Bryan se via perto de conseguir um lugar numa title match, a Authority, personificada em Triple H, vinha e mandava o sonho do lutador pra vala. Até o momento em que "the people's champion" (com o devido perdão ao Brahma Bull) decide causar o caos



E um sempre conveniente ataque ao ego de Hunter termina de cimentar a luta determinando quem será o terceiro protagonista na luta pelo titulo de pesos pesados, que já conta com Orton e Batista.


Max Landis fez uma série de tuítes comentando sobre essa luta e como ela contribui pesadamente pra lore envolvendo HHH. Como eu disse lá em cima, ela é o ato final de uma trama que começa no Wrestlemania 20, quando o wrestler foi derrotado por Chris Benoit.
Apesar do corpo esculpido, Benoit tb era descrito como fora da caixa pelos padrões da empresa. Não tinha a aparência certa, era pequeno demais, os dentes da frente separados. Não exatamente o perfil que vc imagina aparecendo nos programas matinais americanos ou estampando a capa dos games oficiais da WWE. E ainda assim, Benoit o fez tap out.
10 anos depois, temos Hunter desesperado no meio do ringue, recebendo um submission move de Bryan. O mesmo submission que o rabbid Wolverine usou para vencer HHH. E que depois se torna a submission assinatura de Bryan. O paralelismo aqui é gritante, mas ele se transforma em algo diferente. O passado mandando lembranças e seguindo inclemente em direção ao futuro. Evolution, 4 real, não a que o próprio Game tentou impor, mas aquela natural que vem e manda nossos melhores planos para o oblívio. Uma joelhada no queixo e Bryan arranca a vitória das garras da derrota e vai, nesse mesmo PPV, tentar a sorte contra o animal e a serpente. Respect the beard. No ano seguinte àquele onde Triple H fragmentou a imagem refletida dele mesmo antes de subir no ringue, um lutador franzino lembrou-lhe que, "evolutions" a parte, o futuro é só o passado se reescrevendo e que certas feridas nunca se fecham.
- Bray Wyatt vs. John Cena:



Wyatt vai, um dia, ser lembrado como o melhor heel que a WWE já teve em suas fileiras. Uma evolução, olhem só aí a palavra do dia mais uma vez, da gimmick do monstro. Ele próprio, um wrestler com uma história MUITO parecida com a do principal monstro da corporação, o Undertaker: um lutador que começou numa gimmick rasa e sem sal e que se viu a beira de ser despedido antes de um revamp sombrio que lhe consagrou como um "DOS" rostos da promotion. Não é pra menos que no Wrestlemania do ano seguinte, os caminhos de Wyatt e Taker vão se cruzar, quase como uma passagem de tocha não oficial.
É preciso dizer que eu posso ser tendencioso aqui já que o patriarca dos Wyatts é um dos meus 3 lutadores favoritos da atual encarnação do Raw/smackdown live. E vcs lendo até aqui, sabem que esta jornada/revisita aos shows anuais da companhia está me fazendo gostar menos de John Cena. Isso posto, estou pronto para admitir que o que faltava era um oponente que trouxesse o melhor de dentro do líder da Cenation. Faltava um vilão pra desencavar os elementos mais "Supermanianos" de Cena e joga-lo contra o "the new face of fear" foi EXATAMENTE o que ele precisava.
Ajuda tb que as promos do feud entre os dois são, provavelmente, minhas favoritas de todos os 33 anos do evento:



Paul Cornell, quando foi escrever Man of steel, escolheu usar Luthor, e não o ultimo filho de Krypton, como seu protagonista e, pra estabelecer o personagem que, convenhamos, nunca foi um poço de carisma, começou jogando o cientista e empresário contra quase todos os principais nomes no rol de vilões da editora? Pq? Pq antes de estabelecer quem Alexander Luthor era, seria importante estabelecer, por contraste, quem ele NÃO era. Ele não era um louco como o Coringa, um déspota como Darkseid, um animal como Grodd ou um fanático como Ra's Al Ghul.
Ainda falando do filho de Jor-El mas mudando de gibi: o brilhantismo de "All-Star Superman" é, tb, usar toda a mitologia do Superman pra estabelecer o papel do super herói no universo DC e jogando-o contra o pior e mais sombrio lá dentro. Afinal, quanto mais densas as sombras, mais forte a luz.
Da mesma forma, eu finalmente aprendi a gostar de John Cena quando vi tudo que ele era como "personagem" se estabelecendo diante do seu extremo oposto, Bray Wyatt. Queria ver o irmão de Sister Abigail ganhando uma luta? Claro. Dois anos depois e ele ainda não teve uma grande vitória dentro do principal evento da promotion. Mesmo assim, um grande feud, uma grande storyline e uma luta animal. Ah sim, e uma puta entrada, com Mark Crozer e banda tocando o tema da Wyatt Family ao vivo.

- THE STREAK: Brock Lesnar vs The Undertaker


Acho que era lá pelos idos de 96, 97 e eu ainda morava, à MUITO contra-gosto, em Avaré, interior de SP. Tava chegando perto da época em que eu iria finalmente vir pra capital, mas eu ainda não tinha nem idéia disso. Comecei um curso de inglês no Yazigi que tinha lá, a maior escola de inglês da cidade. Numa das primeiras aulas, entre uma inflexão do verbo to be e outra, a professora pediu pra escrevermos algumas palavras em inglês q já conhecíamos. Estranhamente, eu já não via pro-wrestling há alguns anos e só viria a voltar a acompanhar regularmente ano passado, 20 anos depois.
Mas a primeira palavra que eu escrevi no meu caderno naquele dia não foi love, stop ou alguma cor, mas sim, como os senhores já devem ter adivinhado, "Undertaker", provavelmente pronunciada errada quando a professora em questão pediu pra lermos nossas listas em voz alta.



A memória  de uma memória voltou a aparecer quando comecei a esboçar as primeiras linhas desse texto. Pq aquela figura de preto ficou tão impregnada na minha mente que, mesmo sem ver luta livre há anos, foi a primeira coisa que me ocorreu.


Uma das coisas mais tensas desse processo de envelhecer é que teus heróis, aqueles que já estavam aqui quando chegamos e que tomamos como pedras de lei que nasceram 5 minutos depois do big bang e que estarão pra sempre, vão recebendo, dia após dia, a visita cruel do tempo.
Até que chega o momento em que os gigantes que tu viu fazendo a terra tremer a cada passo simplesmente caem. pq o tempo não perdoa ninguém. Nem eu, que já noto alguns inclementes fios brancos aparecendo aqui e ali na cabeça e barba. Nem os senhores lendo isso.
E nem os mortos, caso do protagonista desse texto.




Como eu disse lá em cima, o Wrestlemania 30 é sobre legados, lendas que surgem e lendas que caem. Dentro do lore da WWE, provavelmente não existe lenda maior que a dessas 21 vitórias "consecutivas" do man in black dentro do maior ppv anual da empresa. E poucos nomes se igualam ao do personagem de Mark William Calaway. Das mesmas proporções (no pun intended) só me ocorre o nome de André, The Giant. O guardião do mundo dos mortos vai à cidade dos loas e mitos de voodoo, provavelmente um centro de poder para o tipo de criatura que ele é, e lá, com 3 F5's, somos lembrados de que nenhuma força no universo, mesmo num reino onde magos sombrios e leprechauns e entidades extradimensionais existem e resolvem suas pendencias com golpes de luta livre,  é páreo para a entropia. Como se a fonte tivesse secado, as próximas lutas do homem de preto vão ter um pacing mais e mais lento, até o WM 33, doloroso de assistir e verificar o efeito de décadas a serviço do pro wrestling no corpo do coveiro.


UnderTaker vs Brock Besnar  HD 21- 1 ....... by aleem771

A luta em si, considerando que cheguei até aqui sem falar dela, nem é tão notável. Entre o Wrestlemania 29, com aquela luta foda contra o Punk e esse, aparentemente o corpo do demon from death valley resolveu pedir arrego depois de anos de algo que pode ser gentilmente descrito como "tortura".




O wrestler que dava saltos homéricos do ringue, o homem que derrotou Shawn Michaels no WM 25, passa a ser mais e mais uma memória nostálgica. Nada de ruim nisso, apenas o tempo passando. Mesmo assim, Lesnar não perdoa. Suplexos, Kimura locks e, claro, a fatal tripla dose de F5's, tornando a antepenúltima passagem do dead man walking por Suplex City algo traumática. Depois disso, num oceano de queixos caídos, mãos na cabeça, expressões chocadas e lágrimas pelo passado dando adeus, 10 minutos de ovação e "thank you taker". O streak se vai, mas a lenda do Undertaker segue eterna.
21-1



- Batista vs. Randy Orton vs. Daniel Bryan pelko WWE World Heavyweight Championship: depois do momento mais traumático da carreira do homem de preto, é hora de Triple H enfrentar seu inferno pessoal. O já repetidamente citado "Wrestling isn't wrestling" já cantou essa bola: O motivo do ódio de "Cerebral Assassin" contra Benoit ou Bryan vem do fato dele se ver neles: alguém que não deveria estar lá, que não se encaixa. Que não merece. Um farsante. E essa constatação, seguindo esses passos lógicos, se transforma em raiva. Hunter interfere, se envolve e tenta de toda forma deter o inevitável. mas, se como constatamos na luta do Undertaker, o tempo se manifesta por meio da entropia e da desintegração inevitável das coisas, ele também mostra sua face por meio do oposto dialético desta: a evolução. De novo, não a engenhada por HHH, que batizava o grupo de mesmo nome do qual 2/3 dos competidores ao cinturão sendo disputado nessa luta faziam parte, mas a que vem APESAR de nosso melhor planejamento. Do nada, com uma joelhada no queixo e um submission move, paralisando-nos.



1, 2, 3. O homem que não deveria, segundo the Game, se enxergar como um igual aos demais superstars no roster da corporação, não só se iguala a estes, mas os supera.



As duas principais faces da WWE saem mancando, literal e figurativamente. A Taker restam algumas vitórias e, provavelmente pq ainda não foi confirmado, uma aposentadoria no Wrestlemania 33. O mesmo Mania em que Triple H vai enfrentar outra derrota significativa, na qual ele vai se ver mais uma vez repetindo o ciclo de traição e vingança que compõe uma parte substancial da saga pessoal do lutador. Onde o King of Kings vai tombar diante do Kingslayer.

Wrestlemania 31


Data: 29/03/2015
Local do evento: Levi's Stadium em Santa Clara, California
Público: 76.976 pessoas
Narração:  Jerry Lawler, Michael Cole e JBL


- WWE Intercontinental Title Seven Way Ladder Match: Eeeeeeeeeee, as ladder matches dos manias estão de volta. E já começamos bem com Daniel Bryan levando título, depois do final apoteótico do WM do ano anterior.
- Randy Orton vs Seth Rollins: A Shield já foi desmantelada e Seth Rollins é o novo protegido de Triple H. Obviamente, considerando que o hobbie favorito da serpente é quebrar os dentes de qualquer um que tenha alguma afinidade com The Game, Orton vai pra cima de Rollins. Como cita Michael Cole no decorrer da luta, Orton era "Seth Rollins antes de Seth Rollins". Luta bem legal e com o RKO mais bonito de todos.


Randy Orton Super RKO on Seth Rollins by JNoLimits

- Triple H vs. Sting - No count outs or disqualification match.



Um resumo simples dessa luta: galera ao vivo gritando "THIS IS AWESOME"
E eu sozinho vendo isso "NO, ITS NOT"

Essa luta poderia ter sido tão mais foda do que foi. E nem falo do final, apesar disso ter me incomodado, mas tudo foi pro cacete quando a DX entrou. E piorou quando o NWO veio atrás. Pq aí deixou de ser sobre os dois e passou a ser sobre pura nostalgia ou como a porra da mesa de narradores ficou repetindo a cada 10 segundos, "IT'S MONDAY NIGHT WARS ALL OVER AGAIN".
E não precisava. Não precisava ser sobre o passado de dois dos maiores wrestlers de todos os tempos. Podia ser sobre o "agora", sobre o que ambos ainda tem a contribuir pra essa forma de arte e de contar histórias. But.....nope... Punhetação nostalgica. Não foi sobre Triple H vs Sting, mas sobre WWE vs WCW. Menos uma luta e mais uma declaração política. Ironicamente, vi isso num momento em que, pela primeira vez, surge um arremedo de "concorrência" pra empresa, personificada no avanço lento mas gradual da NJPW, agora com uma network pra chamar de sua, um catálogo de décadas e décadas, VÁRIOS momentos históricos, planos de penetração em outros mercados como o americano e narração em língua inglesa. Pelo menos os dois protagonistas do combate deram o sangue ali. Kayfabeísticamente falando, faz sentido que Hunter se oferecesse pra derrotar o, talvez, maior wrestler de todos os tempos, em sua primeira incursão dentro da promotion dos MacMahon. Afinal, Sting é tudo aquilo que o "personagem" Triple H jamais vai conseguir se enxergar sendo. E no final, o aperto de mão. Fora da storyline, um sinal de respeito, apesar de toda a farofada nostálgica entre Paul Levesque e Steve Borden. E dentro da narrativa, um silencioso sinal de cumplicidade por parte do "The Game", admitindo que, graças às intervenções, ele pode ter terminado tendo oficialmente vencido o adversário mas mesmo assim, eles saem desse ringue como iguais. 

Ou, esse posso ser eu, copo meio cheio, tentando salvar algo dessa luta. Que a história me julgue.

- The Undertaker vs. Bray Wyatt: - UMA DAS MELHORES ENTRADAS EVER.


Bray Wyatt vs The Undertaker - Wrestlemania 31 by dankarta1998

Uma pena que Wyatt não levou, mas entendo que ia ser tenso emendarem DUAS derrotas seguidas para o Taker, logo após o fim do streak. Mas ia ser uma boa passagem de tocha entre os dois monstros da corporação

- John Cena vs Rusev pelo WWE United States Championship: de bom, só comento da entrada do russo, dentro de um fucking tanque de guerra.



De resto, aquela farofada patriótica que os ianques gostam tanto. Como disse alguém num podcast nacional de luta livre, não lembro se foram os guris do 4corners ou os do Luchamania: depois do marido da Lana entrando de tanque, o mínimo que esperava era Cena entrando montado numa águia gigante. :-)

- Brock Lesnar vs. Roman Reigns pelo WWE Heavyweight Championship: Posso dar uma opinião impopular? quer dizer....eu SEI que eu posso, pq afinal, o blog é meu....

claro, vcs podem, em protesto, parar de ler isso e me deixar falando sozinho e....

...........sério, não vão, ok? eu corto minha garganta se alguém sair daqui, okay? eu tenho um arrancador de grampos aqui à mão e eu sei como usa-lo, ok?


Eu desgosto menos de Reigns do que de Cena. Tem ALGO no líder do Roman Empire que eu gosto, embora não saiba o que é. Até pq, o push que a wwe faz nele é muito mais agressivo e não-orgânico que o recebido por John Cena. Mesmo assim, quando eu penso em lutas envolvendo o samoano, a maioria delas me deixou satisfeito. Okay, vamos admitir: ele tá longe de ser um lutador perfeito. Principalmente na WWE que, no ano seguinte, vai ter Shinsuke Nakamura e AJ Styles em sua folha de pagamento. Mesmo assim, tenho mais simpatia por ele do que a média dos fãs de pro wrestling. E hey, o problema não é ele, e sim o push forçado enfiando o coitado pela garganta do fandom à força. Anyways, OBVIAMENTE, mesmo considerando todo esse preambulo, foi LINDO ver Lesnar limpando o chão com ele, repetindo o feito de um dos meus combates prediletos, no Summerslam de 2014, onde Lesnar passou por Cena feito um bate-estaca.

Sério, eu adoro essa luta. Em especial a carinha decepcionada daquele garotinho que ficou a porra da luta inteira gritando "LET'S GO CENA!!!"

Chupa essa trouxa. Assiste tua inocência sendo demolida, suplex após suplex. SUPLEX CITY, BITCH!!!!



Mas esse sou eu, dono de um coração de adamantium. Anyways, a luta me soou crível. Lesnar domina o tempo todo e quando finalmente vem a ofensiva de Roman, ela é mais fruto de sorte e de um ataque de oportunidade em cima do oponente do que por méritos dele próprio.



Por um raro momento, existe a possibilidade de Reigns conseguir, contra tudo e todos, virar a sorte e pinar o oponente. Vitória improvável. Acreditem em seus sonhos, crianças.

Mas aí...



SETH FREAKING ROLLINS!!!!! YESSS!!!! Na maior trollada da história de um Mania, Rollins usa sua maleta do Money in the bank e transforma o combate em uma Triple Threat Match. Manda Reigns pra casa do cara***, aproveita que Lesnar ainda tá baqueado, enfia-lhe um Curbstomp bonito e
1, 2, 3. Rollins é o campeão. 
A luta foi legal e o twist foi foda. Meu final de WM favorito!!!!





Wrestlemania 32

Data: 03/04/2016
Local do evento: AT&T Stadium em Arlington, Texas
Público: 101.763 pessoas
Narração:  Michael Cole, Byron Sexton e JBL


Mano, vcs são muito chatos. Me venderam que essa edição do PPV e a anterior eram terríveis, as piores ever, bla bla bla, mimimi. E vou dizer: nem são. Tem piores. Claro, tem uns momentos que não funcionam. A punhetação nostálgica com a aparição de Michaels, Austin e Foley apenas não funcionou comigo. E, de boa, caralho, como esses momentos de "americanos vs não-americanos" soam xenófobos, não?? Nem tentam esconder, com os berros de U.S.A. na platéia. 

- WWE Intercontinental Title Seven Way Ladder Match
Zack Ryder, Ziggler, Kevin Owens, Sami Zayn, Sin Cara, Stardust e The Miz. PUTA luta legal, uma das melhores ladder matches ever, só perdendo pra primeira, com Edge e Christian, The Hardy boys e The Dudleys e aquela do Mania 25 com Punk, Matt Hardy e Shelton Benjamin. Uns dois momentos em que eu achei que nego ia sair da luta sem uma coluna em plenas condições de uso. Excelente estréia de KO e Zayn no show anual. E Zack Ryder levando o cinturão. Só não foi a melhor luta da noite pq.......
- Chris Jericho vs. AJ Styles:

Estréia do melhor lutador do mundo no Wrestlemania



Momento bonito de passagem de tocha. Esta luta estava para os dois envolvidos tal qual, anos antes, Jericho vs. HBK esteve pro primeiro. Fiquei inicialmente incomodado por Styles, fácil fácil o melhor wrestler em atividade hoje em dia, não ter levado, mas entendo que esse momento foi pra ecoar Jericho que tb não levou na luta contra Michaels. 
-  Brock Lesnar vs. Dean Ambrose numa No holds barred street fight: 
De novo: vcs são muito chatos. Já ouvi o próprio Ambrose falando mal desse combate mas achei divertido pra porra. Claro que, se quiserem ver algo parecido mas melhor, procurem pela melhor luta de todos, TODOS os tempos,e, caso eu não tenha deixado claro, minha favorita: The Beast vs. The Best - Brock Lesnar vs. CM Punk no Summerslam de 2013

- Shane McMahon vs. The Undertaker numa Hell in a Cell match: 

Shane é insano, só isso que eu digo. Pra um "não-wrestler", incrível como ele conduziu o ritmo da luta. E aquele salto.... jesus amado...


Só não foi a melhor luta da noite pq....

- Charlotte vs. Sasha Banks vs. Becky Lynch pelo WWE Women's Championship: 
FINALMENTE, CARALHO. FINALMENTE. CHEGA DE "MAS". FINALMENTE UMA PORRA DE LUTA ENTRE MULHERES EM QUE EU POSSO SÓ GOSTAR DESSA MERDA, SEM TER QUE INSERIR CONJUNÇÕES ADVERSATIVAS EM ALGUMA LUGAR DA FRASE.

"Jazz e Victoria foi uma luta animal, mas pena que Trish Stratus estava lá"
"Chyna vs. Ivory foi legal, pena que ela teve que deixar a oponente sem roupa por motivo nenhum"



NÃO, FODA-SE. Não tem catfight, pillow fight, fucking PLAYBOY LUMBERJACK BUNNY FIGHTS, Fucking BRA AND PANT FIGHTS. Não, foda-se essa putaria voltada pra facção punheteira do publico. É só porrada, mulheres descendo o braço (e a perna) umas nas outras. 
32 ANOS. TRINTA E DOIS FUCKING ANOS. Mas finalmente.


Women's Championship: Becky Lynch vs... by therackattackvideos

Mais do que um combate, foi um manifesto do potencial das moças dentro da companhia.
Só não foi a melhor luta da noite pq....oh, wait....FOI  a melhor luta desse Mania. Fácil.

Começa aqui o reinado de Charlotte e seu streak de quase um ano sem ser derrotada em nenhum dos pay per views da companhia. Isso, claro, até o Fastlane desse ano....



Bayley's gonna hug you!!!!! :-)

- Triple H vs. Roman Reigns pelo WWE World Heavyweight Championship: 

Primeiro: Eu não odeio Roman como a maioria de vcs.
Segundo: eu não odeio o push da WWE pra ele. Odeio como é porco e pouco orgânico.
Terceiro: Sim, eu consigo pensar em uns 5 nomes que mereceriam a posição no lugar dele. Okay? Okay.
E vou admitir: sim, é visível que Hunter teve que dar um tone down pra pode parecer que ele e Reigns estavam em pé de igualdade.

Pra mim, no entanto, o mais legal aqui é como o discurso da Stephanie, na entrada, acrescenta novas camadas pra personagem de Paul Levesque. Natural pensar que The Game se tornou um dos vilões pq ele não acredita no conceito de heróis. Heróis só existem num mundo de bem e mal, e, num contexto que estimula a vitória do forte sobre o fraco, retidão moral é uma farsa, uma fantasia alimentada por desprovidos para contra seus opressores. Nesse aspecto, o personagem de Paul Levesque não é alguém que se vendeu pro sistema e que vem caçando os "bons moços" da companhia por inveja, mas alguém que se enxerga diante de diversos falsos ídolos e que está prestando um serviço ao mundo por derruba-los na base da porrada.
Vou dizer que, enxergando dessa forma, a luta contra Sting e a vitória de HHH sobre o Icon soa mais palatável. E até o estranho aperto de mão ao final daquele combate soa mais natural: Hunter era incapaz de respeitar o falso herói, adorado por milhões. Mas tendo o vencido, Sting foi reduzido a uma condição relacionável por parte de Triple H: a de um homem e, antes disso, um wrestler, que ele, por seu histórico na indústria, é capaz de respeitar. E digno de um aperto de mão fraternal.

Tendo dito tudo isso, sim, foi um combate um tiquinho abaixo da média, mas passou longe de ser uma luta ruim. Eu diria que um 2,5, talvez 3 de 5.

Terminou a luta e eu só fechei o arquivo pq não queria passar pelo constrangimento de enfiarem o The Rock pra celebrar a vitória do primo pra ver se conseguiam engajar o público. Relatos me contam que tiveram que aumentar o volume da música e dos rojões de fundo pra cobrir o mar de vaias e boos. O que, em retrospecto, deve ter parecido, pra Roman, com um dia de boas, comparado com os efeitos do main event do ano seguinte. Ódio?? Isso aqui foi só o começo.

WRESTLEMANIA 33


Data: 02/04/2017
Local do evento: Florida Citrus Bowl em Orlando, Florida
Público: 
Narração:  Jerry Lawler, Michael Cole, JBL, Tom Phillips, Corey Graves e JR

E finalmente chegamos aos dias atuais, mais precisamente ao evento ocorrido 16 dias antes do momento em que traço as linhas finais desta longa série. E dessa vez, posso falar com o conhecimento de quase todas as feuds que levaram os lutadores até ali, todas as storylines e todos os preâmbulos que nos trouxeram até este momento. Já cravo que foi, provavelmente, meu segundo Wrestlemania favorito de todos, só perdendo pro 30, mas acima do 17 e do 19. Chupa, mundo!!!!!
Okay, eu admito que haviam agravantes nublando meu julgamento, já que
1 - Foi o primeiro Mania que vi ao vivo e, como já dito, tendo ciência de todas as storylines envolvidas.
2 - Eu fiz um ritual digno de fã de futebol em final de Brasileirão ou de apreciadores de futebol americano em dia do Superbowl: 



A quantidade abusiva de refrigerante foi pra aguentar massacrantes (pq eu acordo cedo e essa porra nem podia, pra ajudar, ser numa noite de sábado. Oh, noes, TINHA que ser no domingo) mas divertidíssimas CINCO horas de evento (e isso que eu não assisti o pré-show, podendo botar mais duas horinhas na conta).

                                     

Já começou com o vídeo de introdução lindo, meu favorito junto com o do WM 30 e sua noitada pelas ruas de Nova Orleans.
Daí, seguindo o combo, descobrimos que Michael Cole é um gigantesco fã de Final Fantasy como ele muito eloquentemente afirmou no começo do PPV.
E entra o New Day com um carrinho de sorvete e fazendo cosplay de FF e, convenhamos, não existe possibilidade desse evento ser ruim tendo o Koffi, Xavier e Big E como hosts e.....

....e....

.....










Posteriormente, vi no twitter que eu não fui o primeiro e nem o único a notar ...isto...
Anyway, o que foi visto jamais será desvisto, imagino....

- AJ Styles vs Shane McMahon: Já com os dois pés no peito, o evento começa botando o Phenomenal One, the man who don't want none, contra Shane-o-Mac. Confesso que, antes do show começar, estava com um pézinho atrás com essa luta. Sabia que ia ser divertida, como são sempre os combates envolvendo Shane. E, fucking hell, estamos falando de AJ Styles, provavelmente o melhor wrestler do planeta, atualmente. Mas não imaginei que a match fosse chegar TÃO perto de roubar a noite. Sério, aquilo foi incrível. O filho de Vince deu um up nas habilidades como lutador depois das duas toneladas de XP adquirido após o combate com o Taker no ano passado e se arriscou a fazer uns movimentos de wrestling. Mas é aquilo, "The face who runs the place" consegue, depois de um Styles clash e um phenomenal forearm, pinar o oponente. Puta combate legal.



- Kevin Owens vs Chris Jericho pelo WWE United States Championship: Eu vou fazer voz ao coro afirmando que, apesar de ter sido uma luta legal, principalmente considerando que a preparação dela resultou em alguns dos melhores momentos do RAW em todo o ano passado e começo deste, eu esperava um pouquinho mais. Foi bem legal, principalmente considerando os talentos envolvidos, mas eu não vou ficar surpreso se ambos botarem pra foder MESMO na rematch, já marcada pra daqui há duas semanas no Payback. 
- Bayley vs Nia Jax vs Sasha Banks vs Charlotte pelo WWE RAW Women's Championship: Estréia de Bayley no WM. Por mais que eu tivesse decepcionado com o criativo da WWE, que roubou da gente a chance de ver a Hugger ganhando o titulo da divisão feminina do RAW pela primeira vez num Mania (ao invés de num PPV meio caído como foi o Fastlane), ainda assim estava animado pra cacete. Salvo alguns momentos em que aparentavam estar um tiquinho perdidos, o criativo da WWE soube fazer da Raw women's division uma das melhores partes do programa de segunda. E a luta teve uns spots muito legais, como o "montinho" pra pinar a Nia e aquele salto LINDO da Charlotte pra cima das oponentes.
Não teve heel turn da Sasha (e eu nem sei o quanto eu quero isso, pra ser honesto. Mas não dá pra dizer que isso seria algo off character, já que estamos falando de alguém que cresceu tendo Eddie Guerrero como herói :-)  ) nem nenhuma estréia nesse combate, mas, apesar de confessar que estava torcendo pra Charlotte, admito que fiquei feliz com Bayley ter mantido o título.
Ah, e, fã de ciclos e rimas narrativas que sou, não me escapou a entrada de Charlotte, emulando a entrada, nesse mesmo local, 9 anos antes, de seu pai para o combate contra Shawn Michaels que encerrou sua carreira.
Lindo de ver.




- The Bullet Club vs Cesaro e Sheamus vs. Enzo e Big Cass numa ladder match pelo WWE Raw Tag Team Championship:

Okay..... não tinha como isso ser ruim. Era uma ladder match (e TODAS as ladder matches ocorridas num Mania são boas, simples assim) pelo título de tag teams, envolvendo o Bullet Club...



... que, depois de um começo meio tosco, jobbando pro New Day e enterrado sob piadas sobre testículos e momentos igualmente menos inspiradores, finalmente começavam uma escalada que retomava sua gloriosa passagem pela NJPW.



Além deles, temos Enzo e Big Cass, que sempre são divertidos

E Cesaro e Sheamus, donos de uma de minhas entradas favoritas de qualquer superstar da companhia e também carismáticos as hell.



NÃO. TINHA. COMO. ISSO. NÃO. SER. INCRÍVEL.

E aí entra o New Day e avisa: Fatal 4 way match, com a inclusão de mais um duo.

Vou tentar reproduzir os eventos ocorridos nesse momento da forma mais fiel possível:

Interior Bear: "hahaha, a WWE quer nos fazer acreditar que são os Hardys mas OBVIAMENTE é o New Day. Isso vai ser foda de qualquer maneira"

Xavier: "WHICH means that there is one more team envolved in this match"

Interior Bear original: "pessoal gritando DELETE, hahaha, coitados, estamos vendo um trauma em seu momento de concepção"
Interior Bear 02 e mais algumas vozes baixinhas: "I'll fade awaw and classify myself as obsolete"

Koffi: "now......I wonder who this fourth team....could possibly be..."

Interior Bear 01: "é o new day, NÃO SEJA IMBECIL *tentando parecer sereno enquanto grita "EU ACREDITO EM FADAS" secretamente"
Interior Bear 02 ao 50: "DELETE, DELETE, DELETE

























He....did it.
Matt Hardy conseguiu. Ele encerrou a "Expedition of gold" na WWE.
....

........OH, FUCKING JESUS, IT'S THE FUCKING HARDYS!!!!!!! DELETE, DELETE, DELETE, DELETEEEEEEE!!!!!!


Tudo isso sendo gritado em voz baixa, pra não acordar Stella, dormindo ao lado. 

Eu disse há alguns posts que não achava que os Hardys fossem conseguir algo tão mágico quanto encerrar seu périplo por entre diferentes promotions do mundo atrás de títulos de tag teams na maior corporação de pro wrestling do planeta, apenas pq esse não é o tipo de idéia a qual alguém como Vince costuma abraçar. Mas eu também disse que "se alguém for capaz de um milagre do tipo, esse alguém é o mais velho dos irmãos Hardy".

Well.....eu estava certo. E errado ao mesmo tempo, mas foda-se, copo meio cheio!!!!!!!!!

Maior pop da noite e um dos maiores de que me lembro em todas as edições do PPV.

E a luta foi absurda. Milagre não ter tido gente sangrando pq algumas das pancadas foram feias as hell

Destaque para, enquanto o ringue tá o inferno na Terra e tudo indo pro caralho, lá está Brother Nero  com sua escadinha, calmamente se preparando para partir os corpos de Sheamus e Cesaro em dois.


"dibidiiii.... estou com minha escadinha... só passando.... de boinhas aqui....não olhem para mim"

eu nunca tive a menor intenção de ser isento enquanto comento coisas durante a confecção dos textos deste blog mas aqui voi ter que chutar o balde: sou incapaz de comentar essa luta de forma justa.
Pra mim? Melhor luta da vida e foda-se.....





ACREDITEM EM SEUS SONHOS, crianças!!!

_  John Cena e Nikki Bela vs. The Miz e Maryse: Nesse momento eu só fui pegar mais coca-cola e mais Doritos. Also, depois de 3 latas de coca de baunilha consumidas, precisei fazer uma pausa para o banheiro. Anyways, meh.
- Seth Rollins vs. Triple H numa non-sanctioned match (ou o ato de suicídio mais lento e bem articulado da história da cultura pop abaixo apenas de "Sandman"): 




"Show them, Seth freaking Rollins. Show them why I choose YOU"










"Ooooh
Run away, the past will bite again
Ooooh
No matter where you dwell
You
Here again, a captive of the howl
You
Welcome back to hell

Ooooh
Inheritance, the past has bit again
Ooooh
The next heir of anarchy
Feel
Stretching skin so far beyond belief
I feel
The ever changing, you, in me

Am I savage?
Scratching at the door
Am I savage?
Howling evermore
Am I savage?
I don't recognize me anymore
Anymore"




Eu recomendo enfaticamente que, qualquer um a procura do contexto que antecede essa storyline corra atrás das 3 edições lançadas (até o momento) da HQ da WWE. O protagonista é Seth Rollins e a trama acrescenta tons e nuances que vão enriquecer bastante a experiência de quem chegou até aqui e quer mais do que APENAS a porradaria.

Tendo dito tudo isto: eu estou total e plenamente disposto a admitir que sim, uma parte de tudo que torna o lore a respeito do personagem de Paul Levesque tão fascinante foi, obviamente, um acidente de percurso. Senhores: 20 anos. Sim, muito foi concebido pensando num arco maior, mas obviamente existem os elementos que podem ser descritos como felizes acidentes que um roteirista com um mínimo de amor pelo que faz vai enxergar e usar como plot device. Um furo de roteiro que pode ser melhor desenvolvido aqui, uma ponta solta acolá. De novo, estamos falando de uma narrativa serializada exibida quase ininterruptamente de forma semanal desde 93.

Isso posto, CARALHO, como tudo foi feito de forma redondinha nessa luta, tudo milimetricamente concebido, cada imagem, cada angulo de câmera, cada fucking movimento. O video promo pega a dicotomia entre Hunter Hearst Helmsley e Triple H e bota esse conflito no olho do furacão. Inevitável, considerando o quanto HHH é fã dessa estética de sword & sorcerer, que a imagem do guerreiro envelhecido saudoso pelos dias de gloria e guerra de sua juventude iria ser algo resgatado em algum momento mais próximo do final de sua carreira.
E é disso que estamos falando aqui: estamos assistindo o começo do fim. Comparando com o bárbaro cimério que já emprestou sua imagem para uma das entradas do wrestler, é como se ele estivesse entrando em seu momento de King Conan.


Lembremos que, 4 anos antes, o lutador literalmente quebrou um espelho antes de entrar no ringue pra luta contra Lesnar. A sua saga de poder e da irrefreável perda deste é toda permeada pela imagem de ciclos e duplos. E todos devidamente resgatados nesse vídeo de introdução:

- A DX era uma dupla, inicialmente
- O Shield e a Evolution
- Por sua vez, ambos os stables resultaram numa dissolução traumática e, em ambos os casos, um dos membros desse grupo, um ex-protegee do The Game, voltou pra unleash hell pra cima dele (Seth Rollins e Randy Orton).
- Por sua vez, metade dos 2/3 restantes dessas stables tb voltaram pra recusar uma posição sob a tutela do cerebral assassin e posteriormente derrota-lo (Roman Reigns e Batista).
- Por fim, a dicotomia máxima na vida do personagem: A rebeldia da juventude contra a sobriedade estéril da vida adulta, personificada na Authority.

Não coincidentemente, a música de fundo do promo, "Am I Savage?", saída do album mais recente do Metallica, também fala sobre duplos e ciclos que não se quebram. Passado e futuro, opostos e, ao mesmo tempo, uma longa linha contínua.

http://supreme-leader-rollins.tumblr.com/post/158655243056/show-them-why-i-chose-you

- A ultima dicotomia da história de Hunter, talvez a mais importante de todas, é aquela separando aquilo que ele é da forma como ele quer ser percebido. Depois de reinar por anos na companhia como um lutador, Triple H decidiu reinar de uma forma diferente, por meio do poder político dentro da WWE. E claro, como muito sabiamente nos lembra Cersei Lannister, "power is power" no final das contas, mas.........

Quem lembra do season finale de "The Shield" (coincidência?) e da punição final de Vic Mackey vai lembrar que existe poder....e Poder. Existe uma posição de destaque e controle sobre seu contexto, uma posição majestática. Mas existe o verdadeiro poder que acrescenta aos elementos acima um que vai ser determinante para diferencia-los: liberdade. Um soberano jovem, em sua jornada de conquistas é um tipo diferente de monarca do imperador envelhecido, que precisa manter 5000 pratos girando no ar diplomaticamente pra manter a coesão de tudo que conquistou através da vida, sabendo que os lobos espreitam ao longe.

E ele sabe que a roda do tempo segue inclemente.
Quando, num dos promos mais legais que ele já fez, ele afirma estar cansado da imagem do rei de terno e gravata, sabemos ser verdade. Um tigre não muda suas listras e um guerreiro não deixa de se-lo apenas pq alguém botou uma coroa sob sua cabeça e um cetro em uma de suas mãos.

Se vcs quiserem descer ainda mais uma camada, podemos ver o começo da aposentadoria do King of kings sob um outro viés: A Nxt é cria dele e o produto do qual ele (na vida real) é mais orgulhoso. E o primeiro campeão do programa? Seth Freaking Rollins. Gosto de pensar que existem dois Triple Hs guerreando entre si. O lutador, mr. Hyde, o Hulk interior, que vê no jovem leão um possível sucessor e decide parar a roda do tempo na base da porrada. E o administrador, o rei, que sabe que a queda é inevitável mas decide que sua maior criação, Rollins, é o único capaz e digno de faze-lo. Pq, independente de quem termina na horizontal no ringue após a contagem até 3, a verdade é que o sucesso de Rollins simboliza, paradoxal, irônica e tragicamente, a maior vitória de uma das facetas do "Rei dos Reis". O reino de HHH está em cinzas alimentada pelo fogo que o próprio monarca criou. Como Michaels antes dele, se Hunter vai cair, vai ser sob seus próprios termos.








A luta é brutal, linda (a sequência em que os dois lutadores trocam quase-pedigrees um contra o outro é visualmente belíssima), divertida as hell. Cheia de pequenos momentos pros mais atentos (repararam que Stephanie, que normalmente se refere ao marido pelo nome, em determinado momento grita "C'mon TRIPLE H"? Creiam-me: isso era uma invocação. Ou o instante em que Hunter desperta a besta interior ao pegar sua marreta. Ou o uniforme de Rollins, claro e com um ESCUDO no meio do peito).

No final, o cerebral assassin tomba diante do Architect, após um momento de fraqueza diante de...bom...



O rei desaba depois de ver a unica coisa que lhe é mais cara que seu reino, atacada. E, com seu próprio finisher, o potentado é posto abaixo.

“E no pedestal estão estas palavras:
“Meu nome é Ozymandias, Rei dos Reis;
Vejam minhas obras, poderosos, e desesperem!”
Nada mais resta. Em volta, só a decadência
Dessa colossal destruição, crua e sem limites
Apenas solitária areia por toda parte.“
– P.B. Shelley

O rei olhou pro espelho. E viu Seth Rollins olhando de volta.
The King is dead.
Long live the Kingslayer.

- Randy Orton vs. Bray Wyatt pelo WWE Championship: Tirando as lutas que eu solenemente ignorei, nenhuma delas foi particularmente ruim. Nem essa. Mas ela não deixou de ser um tiquinho decepcionante pelo potencial perdido. Uma luta que ia bem, o gimmick do Bray evoluindo, a conclusão de uma longa storyline legal, uma das melhores do ano passado. Tudo isso enfiado num combate meio apressado e num final anti-climático. Não tenho duvida de que Wyatt ainda vai ser um dos grandes nomes dentro da corporação, só uma pena que ele ainda não tenha tido seu wrestlemania moment dentro do principal evento da companhia. 
- Goldberg vs. Brock Lesnar pelo WWE Universal Championship: Exatamente o que eu esperava e queria de uma luta desse tipo: 5 minutos de dois tanques de guerra indo um contra o outro. Jackhammer, Spears, Suplexos e F-5s. Combate rápido porém intenso as hell. E, caso tenha sido o ultimo combate da carreira de Goldberg dentro da WWE, foi um belíssimo ponto final.
- Naomi vs. Becky Lynch vs. ...ah, who cares? Nessa hora eu fui tomar um banho já que tava podrão de sono. 
- Roman Reigns vs. The Undertaker: 

Nunca foi, obviamente, sobre quem era o maior cachorro daquele quintal. E sim sobre passagem de tochas, um conceito que Vince adoooora. E, estranhamente, e contrariando provavelmente a maioria das opiniões, voi dizer que me soou mais crível e natural do que John Cena vs. The Rock, alguns anos atrás. Não sei se pq, no geral, gosto mais de Roman do que gostava de John quando no começo de carreira. Ou se, pq, já era hora do Undertaker partir. Mas foi o que eu esperava. Solene, imperfeita, grandiosa e distinta de outras lutas parecidas. A aposentadoria de Ric Flair, nesse mesmo estádio, 9 anos antes, foi o final de uma carreira tão única quanto a do próprio Taker, mas os sinais da idade no Nature boy já eram visíveis já há bastante tempo. Shawn Michaels foi embora antes da derrocada. Um ano antes, o homem foi 50% responsável pela melhor luta da história dos Wrestlemanias. Um dedo do meio pra entropia e decadência. Um final em seus termos.
A aposentadoria do Taker tem um pouco dos dois. Ele cai desafiador e nos próprios termos, mas depois de ver o próprio corpo começar a falhar.



O coveiro derrotado por Reigns tá longe do mesmo homem que dava dives absurdos na luta contra o HBK. Como se a fonte tivesse secado dois anos antes, quando Lesnar fez o que fez. Como se desde então, a fonte mágica que alimentava os poderes do undead man tivesse sido fechada na base do suplexo e do F5 e tudo que tivesse restado em seu lugar fosse Mark Callaway, tentando da forma mais humana possível manter tudo de pé.
E a palavra chave na sentença acima é "humana".
Gimmicks como as do Taker não morreram, apenas se adaptaram. A Wyatt family tá aí pra provar.
Mas mesmo assim, o Undertaker ainda é o ultimo simbolo de uma era que acabou quanto o Iron Sheik venceu a "Gimmick match" no Wrestlemania 17. Ironicamente, o "guardião do mundo dos mortos" era o homem que mantinha a porta pra essa época aberta, o único dentre eles, segurando a chave em seu trono soberano.
Bom.... não mais.....
Gostem ou não de tudo, Vince conseguiu o que queria. Impossível um final mais emocionante que a despedida do, talvez, maior nome da corporação.
Roman, por sua vez, e erros a parte, nunca pareceu tão poderoso quanto naquele final...



Como, aliás, mais de uma vez eu martelei durante esse texto, o tempo não perdoa ninguém. 
Não vou fugir do clichê, já me desculpando com antecedência: "não pergunte por quem os sinos dobram" diz o romance clássico.
Desta vez, talvez pela ultima, eles tocaram pelo demônio de death valley. 
Até o momento em que se silenciaram.



Cai o pano.
Fade in...