sábado, 31 de dezembro de 2022

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

quinta-feira, 10 de novembro de 2022


 

 ....


....e aí um dia, conversando com Stella, falamos sobre Jesus, aquelas capirotagens de sempre que saem da minha boca e comentamos bem "en passant" sobre como quase ninguém fala do ladrão impenitente, manja? É sempre uns papos sobre o nazareno na cruz e o ladrão gente boa mas o coitado do outro cara, tendo que aguentar uns papos super estranhos dos outros dois enquanto ele LITERALMENTE agonizava entrou pra história apenas pela infâmia de ter mandado um "fica pra próxima" pro filho de Deus.

Aí eu fiquei com isso na cabeça.

Corta pra umas duas semanas atrás. 

Fui chamado pra passar um tempo presencialmente no trampo que, normalmente, faço remoto. Já tendo terminado o que tinha pra fazer e PUTO por estar lá fazendo porra nenhuma, rascunhei um roteiro sobre a curta saga do terceiro homem crucificado lá no monte Gethesemane.  

E em seguida, fiz um sobre um sujeito com fobia social no meio do olho do furacão que foram aqueles primeiros meses do COVID e o medo que dava em botar o pé pra fora de casa.

Dois rascunhos de roteiro em menos de duas horas. 


....tem gente que só funciona na base do ódio, né? Caraio...


Ainda tô burilando os negócios antes de fazer....bom, algo com eles. Talvez eu vá caçar desenhista, talvez eu só poste aqui e foda-se. Mas tá sendo uma experiência divertida. 

Eu não escrevo histórias "minhas minhas" mesmo desde os 8 anos de idade. Meu professor da terceira série, o seu Carlitos, costumava dizer que eu tinha jeito pra coisa. 

De lá pra cá, é o que vcs sabem: eu prefiro ficar brisando em cima das artes dos outros. A tal "crítica" que eu sempre fiz questão de deixar claro que eu NÃO faço pq, né? Eu nunca partilhei da filosofia do Zé Wilker de que ele era especialista em cinema só pq viu mais de 4000 filmes. 

Só recentemente que eu peguei uns livros de crítica de hqs e linguagem dos quadrinhos (salvo quando precisei desse tipo de teoria na época do meu TCC). 

Mas é isso. Talvez role um dia gibizinho meu. Talvez não. Mas confesso que, uma vez que tu dá o start no negócio, começa a brotar idéia pra outros projetos. 

Eu nunca quis ser roteirista pq, afinal, eu sou um control freak. Se não é pra eu fazer 100% do projeto e sair exatamente como eu tenho na minha cabeça, eu só não faço e pronto. Mas agora, confesso que bateu aquela vontade de pelo menos tentar.

Pode ser que eu faça o grande romance gráfico latino americano. Ou pode ser que tudo isso termine na grande biblioteca do Lucien de obras jamais concretizadas. 

Mas enfim....

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

sábado, 1 de outubro de 2022

 No caminho pra Avaré (depois de dois anos achando que toda e qualquer ligação telefônica recebida era alguém me avisando que meus pais tinham sido vítimas fatais da Covid) eu vi uma imagem daquelas que deixam pateticamente claro o quanto a gente está numa distopia e o quão tudo está errado e, provavelmente, quem ainda nega isso é alguém severamente iludido ou parte da meia duzia se beneficiando com o caos: onibus saindo de SP, passando ao lado do rio Tietê. Ao redor, barracos improvisados com materiais à mão. De fundo, a loja da Havan, aquele tumor em forma de cafonice e colunas gregas.

E em primeiro plano, outdoors anunciando o novo projeto de casas de luxo em Alphaville, com imagens de pessoas jovens e sexy jogando tênis, nadando e coisas do tipo. 

Pq o roteirista do pesadelo distópico no qual atualmente vivemos não é um artista particularmente versado nas belezas da sutileza. 

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

terça-feira, 9 de agosto de 2022

segunda-feira, 1 de agosto de 2022


Yes, you are.

Mural da Divine num edifício em Baltimore. 
 


 

Nada a ver com nada, mas...

Eu acredito ter morrido pela primeira vez antes mesmo de completar meu primeiro aniversário. Diz minha mãe, única testemunha dos eventos a serem descritos, que um dia ela seguia a vida normalmente, quando escuta um BUMP ao longe. Sem nenhum som a seguir, ela ignorou o que ouviu e continuou com seus afazeres.... até vislumbrar o resultado do estrondo. De acordo com ela, alguns segundos depois um bebê - como vocês podem deduzir, o pequeno hak the bear - adentra o quarto, engatinhando. Um sorriso no rosto e um filete de sangue descendo da testa. Segundo mamãe, o que ocorreu em seguida é uma sequencia de eventos amorfos, como é típico de situações de trauma e grande impacto emocional.

Pra ela, claro. Pq, segundo ela, eu seguia tranquilo. A calma de um bebê na primeira infância, inabalado pela torrente de sangue que macabramente banhava meu corpinho não tão miúdo (nasci com 5 quilos. Um pacote de arroz, basicamente). 

Pausa: quando eu digo que eu "morri", não quero dizer que eu literalmente faleci. Não é uma daquelas circunstâncias em que eu digo algo supostamente chocante pra parecer que eu tive uma vida mais interessante do que ela realmente foi. 

O que eu quero dizer é o seguinte: vamos supor que o multiverso exista e que cada decisão que eu tomo gera um novo plano de realidade. Vamos, nesse exercício hipotético, supor que exista uma infinita rede de dimensões para cada decisão tomada e não tomada, não só minha, mas de todos nós.

É razoável, portanto, deduzir que existe uma dimensão em que o pequeno Daniel decidiu virar a direita ao invés da esquerda, ou decidiu ficar no lugar, parado, admirando curiosamente o liquido vermelho que descia da sua testa aberta. Então, deve existir um plano dimensional em que minha mãe achou o corpo do pequeno ursinho depois dele, silenciosa e calmamente, ter sangrado até a morte. 

Daí pra diante é um pulo: aos 17 anos, seguindo pela subida de terra batida pela qual eu tinha que passar pra ir pra casa, eu pisei em falso e a seguir, tudo virou uma imagem borrada. Racionalmente, eu sei que eu segui rolando pelo declive próximo e caí em queda livre por uns 3 metros até o corregozinho ao lado da linha de trem que tinha ali. A água e a lama amorteceram minha queda e eu saí com uns machucadinhos mas nada muito sério - o único dano real foi no meu orgulho, já que algumas pessoas testemunharam o acidente. Mas, novamente, existe um plano dimensional em que eu caí uns dois metros pra direita, em cima dos trilhos do trem e provavelmente abri meu crânio. R.I.P Hak The Bear.

Anos mais tarde, durante minha passagem pelo RJ, eu saí da casa onde estava, depois de um comentário infeliz da pessoa que me hospedava e fui, magoado e precisando de distância, caminhar pelas noites de Niterói. Nada aconteceu. Mas neste plano dimensional. Porque em algum outro....

Mais tarde ainda: talvez, na noite em que fiquei preso no banheiro da pensão em que morei em meus primeiros anos em SP e tive que subir na privada que estava solta, pra poder chegar na janela e pedir pra alguém abrir a porta por fora, o vaso mal chumbado tenha cedido aos meus mais de 100 quilos e eu tenha desabado junto com ele. Ou da vez em que eu quase fui atropelado ao atravessar fora da faixa e quase colidir com um carro em alta velocidade, eu tenha dado aquele passo um segundo mais tarde.

Ou pode ter sido ainda mais estupido. Quando tentei trocar a fiação do chuveiro com a eletricidade ligada. Quando não reagi aos dois assaltos que sofri na vida. Quando tive uma infecção na perna em 2013. Eu quase morri vitima de septicemia. Mas, em um plano dimensional adjacente, talvez Hak não tenha QUASE morrido. 

É bizarro pensar que eu sou não apenas a versão "mais sortuda" minha que existe (pelo menos, no presente momento), mas que eu também deixei uma pilha de corpos - todos MEUS - atrás de mim. E no entanto, eu sou uma das versões que conseguiu cruzar a fronteira dos 40. E a cada dia, deixa uma versão sua pra trás. Vítima de acidente, doença ou que apenas, em todas as vezes que pensou "pq não simplesmente se matar?" não conseguiu uma resposta convincente pra faze-lo seguir mais um dia. 

Descansem em paz, HakS The BearS. Que a fortuna e sorte que vocês não tiveram siga comigo e que eu ainda tenha um bom tempo antes de me juntar a vocês e virar assunto do blog de um outro Eu. Versão minha que, não só sobreviveu a o que quer que tenha finalmente me mandado pra vala, mas ainda tenha tido leveza de espírito para escrever sobre.

quarta-feira, 20 de julho de 2022


 

"The great white god": "Moby Dick" de Christophé Chabouté.

 Revirando minha caixa de e-mails, achei um texto meu de uns anos atrás que fiz para uma entrevista de emprego. Foi pedido uma resenha crítica de um livro. Como eu não sou exatamente famoso por meu amor pela literatura, decidi dar leve trapaceada e falar sobre a adaptação quadrinhística de um clássico: Moby Dick. 

Em retrospecto, foi uma escolha infeliz. Não pela decisão de falar de uma hq, mas pela obra escolhida, já que o local da entrevista de emprego era uma universidade católica e obra de Herman Mélville tem certo caráter...hã.... "sacrílego". Não ajudou também, provavelmente, o fato de eu usar termos como "mitologia cristã" no texto em questão, além do tom soturno que a resenha tem, não só pela obra na qual eu foco mas pela natureza... hã... "não exatamente festiva" pela qual eu sou conhecido, mas que seja. Não queria a vaga mesmo (imagino que os senhores já tenham antecipado esse detalhe, mas obviamente eu não consegui o trabalho). 

Pelo menos rendeu um texto legal e um post aqui no blog. 


“Moby Dick” de Christophé Chabouté



Desde o início da história humana, histórias tem tido o objetivo de nos educar, de nos orientar diante de situações desconhecidas, de trazerem intrinsecamente uma forte carga de significados e mensagens. Desde o conto de Lúcifer e sua queda, passando pelo fogo de Prometeus, a queda da Torre de Babel e alguns episódios da mitologia greco-romana, como os protagonizados por Ícaro e Aracne, o imaginário coletivo tem alertado a sociedade dos riscos da hubris, da arrogância humana e dos perigos de nos tomarmos como o centro simbólico do universo. 

Nesse aspecto, “Moby Dick”, obra de 1851 de autoria do escritor inglês Herman Melville, se insere como mais um olhar sobre os efeitos nocivos das ambições humanas e o custo pessoal que tal busca pode cobrar de quem se aventurar em demasia nelas. Por sua vez, a adaptação para as HQs de 2014 criada por Christophe Chabouté ressignifica a obra acentuando o elemento de horror que já se fazia presente no livro que lhe serviu de base. Em suas 255 páginas, o quadrinista francês transforma a narrativa existencialista num conto de terror expressionista, bebendo de forma intensa dos elementos do expressionismo alemão, movimento cinematográfico surgido na década de 1920 e que tinha como característica a distorção da imagem, através de maquiagem, efeitos de câmera e cenários, de forma a acentuar a maneira como os realizadores viam o mundo. O artista, responsável tanto pelo roteiro adaptado quanto pela arte, utiliza o recurso do desenho em preto e branco, o traço detalhista e a escolha por expressões exageradas, como forma de acentuar o horror da jornada empreendida pela tripulação do navio baleeiro Pequod, barco de caça de baleias, animais cuja gordura era utilizada como combustível, lubrificante para máquinas, entre outros usos. A partir da perspectiva de Ismael, ex membro da marinha mercante britânica e em sua primeira viagem num barco de caça, vemos a grandiosidade e o horror da obsessão do Capitão do Navio, Ahab, em sua busca por vingança contra Moby Dick, a baleia que lhe custou diversas cicatrizes e a perda de uma perna. 

Chabouté, um mestre na mídia em que trabalha, opta por abrir mão de passagens mais descritivas e áridas do livro de Melville, como as que se debruçavam sobre detalhes da engenharia naval, e utiliza a graphic novel para empreender em um conto moral e um estudo de personagem centrado no velho lobo do mar que lidera a expedição. 

A trama adota um tom intimista e um ritmo lento, onde podemos experienciar, junto com o protagonista, a compassada decadência moral do Capitão e o efeito dela no resto da tripulação. 

A adaptação, se concentrando, como já dito, nos aspectos psicológicos da jornada, adota o duplo, a duplicidade e o efeito do embate dicotômico entre esses aspectos como norte simbólico que vai guiar a trama até seu final. Inicialmente, vemos essa dualidade personificada de forma literal entre Ismael e seu colega de quarto, o “selvagem” Queequeg. Em seguida, vemos o conflito do jovem marinheiro entre o familiar, o mundo que deixa pra trás, e o desconhecido, o convidativo mar que o chama de forma sedutora e que ele enxerga de forma romantizada, apesar dos avisos de homens com maior experiência em viagens navais. 

A seguir, já cientes da real natureza da missão do Pequod, temos o confronto entre o homem e a natureza, simbolizada de forma literal e de forma prática na aventura que os espera, mas também, de forma metafórica, no embate entre o homem e Deus. A história já prenuncia suas raízes na mitologia cristã na cena anterior ao embarque, quando numa igreja, Ismael e Queequeg assistem a uma missa onde um padre menciona a passagem envolvendo Jonas e a Baleia. A seguir, eles são interpelados por um marinheiro chamado Elias e avisados do custo que a missão custaria a suas almas. No decorrer da trama, diversas citações e alegorias vão remeter ao cristianismo: a consagração profana da lança de Ahab para o demônio, o relâmpago que cai no mastro que queima como uma cruz, os brados do capitão que se declara o Deus daquele barco, entre outras. Durante a viagem, o Pequod cruza com um navio chamado Raquel – nome de uma personagem bíblica – liderado por um capitão que teria perdido seu filho em uma embarcação enquanto este caçava baleias e este implora pela ajuda da tripulação, recebendo uma recusa como resposta. Essa passagem simboliza o ultimo julgamento moral daquelas pessoas e sua resposta acaba por selar seus destinos.

Outros duplos encontrados: 

- masculino versus feminino, simbolizados nas duas únicas figuras que são referidas pelo pronome feminino durante a história: A embarcação “raquel” e a própria baleia, a quem Ahab chama de “ela”

- vida e morte: Chabouté opta por, na maioria esmagadora das vezes, representar cenas abertas com o barco e o mar em preto sem cenários. A viagem daqueles homens, portanto, é, de forma simbólica, um adentrar no limbo, um infinito branco sem fronteiras. Esse limbo sem limites, eterno, é uma das representações clássicas do purgatório bíblico. Aquela jornada, portanto, seria um estado de não-viver, um vácuo existencial onde aquelas figuras foram cooptadas pela sede de sangue do comandante da embarcação.

- Destino versus lívre arbítrio através da figura de Feddelah, descrito no quadrinho como “a sombra de ahab”, temos a inserção dos poucos elementos metafísicos de fato da história, com o sujeito mencionando três profecias a respeito do futuro do capitão. Se por um lado, portanto, a morte parece certa, já que prevista, ela também depende das decisões daquelas trágicas personagens para sua completude.

- Natural versus artificial: Podemos vislumbrar que a adaptação toma certo cuidado em mencionar, ainda que de forma breve, a forma preconceituosa que o “selvagem” arpoador Queequeg, único homem negro da trama, é representado, assim como uma ainda mais curta passagem envolvendo marinheiros chineses. No entanto, o africano é representado como um dos poucos centros de fortitude moral da história. É ele que sugere ao amigo que vão à igreja local, antes de embarcarem. Ele também é quem sugere a criação de um caixão quando, após um trágico acidente, aquele grupo descobre que as bóias que deveriam servir de salva vidas para potenciais náufragos estão apodrecidas demais para executarem sua função. Antevendo o trágico final daquela empreitada, Queequeg sugere criarem um caixão para servir de bóia e que, caso ele morra, deve ser usado como sua morada final. E, não coincidentemente, ao fazer isso, ele demonstra certa presciência do quão futil é aquela incursão, já que de certa forma, o quadrinho acena para o leitor o fato de que todos os navegadores do Pequod nada mais são do que futuros cadáveres singrando pelo infinito em um gigantesco caixão de madeira, nada mais do que uma versão em larga escala do pequeno ataúde criado pelo caçador.

Ao final da história, ocorre o catártico encontro entre Pequod e Moby Dick e o resultado é trágico para os humanos, com o mamífero marinho destruindo o navio, causando a morte de quase todos ali, com exceção de Ismael, que sobrevive ao se agarrar ao caixão feito por Queequeg alguns momentos antes. O grande julgamento da história foi feito e, com exceção do protagonista, ninguém ali foi absolvido. Em sua jornada ensandecida, Ahab acaba concretizando as profecias das quais tentava fugir. Com sua trágica conclusão, o livro e a graphic novel encerram seu conto moral e sua crítica à obsessão humana, lembrando que, apesar de nossas ambições, a vontade humana ainda é insignificante diante da natureza fria. E ironicamente, o artista francês encerra seu conto sobre a corrupção do espírito humano utilizando brilhantemente a mídia em que ela se insere para representar a baleia que acaba por terminar com a vida do seu algoz, mostrada em painéis pelas páginas de forma igualmente fria. Não como um deus ou demônio que veio do firmamento ou do inferno apenas para medir forças de forma épica contra seu nêmesis, mas um animal que existe apesar de qualquer significado simbólico que lhe seja depositado por homens a procura de um propósito maior que eles próprios.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Em rumo a Krakoa: Sobre homens e super-homens

 "I prefer a real villain to a false hero"

                                        Killer Mike

Continuando nossa jornada retratando a saga dos mutantes da Terra 616 e sua longa odisséia até o momento atual onde a nação mutante de Krakoa tenta se tornar uma força permanente no universo Marvel, vamos passar por duas edições, uma saga "de respiro" entre dois arcos grandes. As aspas aqui se dão porque eu sinceramente acho que a trama que passa pelas edições 215 e 216 de Uncanny X-Men (roteiro de Chris Claremont e arte de Alan Davis e Jackson Guice) narra um dos momentos mais importantes e interessantes da caminhada dos homo superior e do seu principal time de defensores em busca da própria identidade. 

Mais de uma vez eu defendi aqui que o grande meta-tema que permeia toda a era Claremont e os melhores momentos da história dos X-Men após o fim desse período é que o grupo precisava evoluir para além do trope dos super heróis. Os Vingadores são super heróis. O Homem Aranha é um super herói.

Os X-Men são algo maior. Toda vez que eles tentam agir como super-heróis, com seus uniformes e patrulhas e grandes sagas em defesa dos fracos e oprimidos, eles falham. Se não com os humanos que defendem, com as vítimas da própria raça, deixadas em segundo plano enquanto eles tentam ganhar as graças dos sapiens. Em nenhum outro momento isso fica mais claro do que na saga que foi o foco do texto mais recente desta série de posts aqui no blog: O Massacre de mutantes. 

Os personagens, ali, tentaram usar a lógica super-heróica contra seus inimigos e o que conseguiram foi salvar uma meia duzia de gatos pingados, 3 dos membros de seu time gravemente feridos e a confiança geral entre eles, abalada em um nível quase irrecuperável.


Começamos esse mini-arco com o time ainda lambendo as feridas da guerra contra os Carrascos. Colossus, Noturno e Kitty, fora de ação e um número gigantesco de feridos. Ororo e Wolverine decidem enviar um grupo para a Escócia, para as instalações de Moira MacTaggert, onde os convalescentes tem uma melhor chance de se recuperarem graças as instalações médicas da ilha Muir e da distância com seus adversários. Enquanto isso, os dois co-líderes do time, em solo americano, vão investigar um incidente ocorrido na residência da família Grey. Depois de uma série de eventos que separam os dois personagens e deixam Tempestade inconsciente, ela acorda cativa em uma cela. Rapidamente, graças as suas habilidades como ladra, adquiridas na infância, ela consegue se soltar das algemas e vai investigar. 

Neste momento, somos apresentados aos antagonistas da trama, os 3 "super heróis" de nome Super-Sabre, Stonewall e Crimson Commando.  



Uma primeira análise da mansão onde eles vivem passa a impressão de serem heróis e, de fato, o discurso e os uniformes dos personagens indicam que eles foram, quando jovens, justiceiros que usaram seus poderes na luta contra "o mal", inclusive sendo parte da ofensiva americana contra os nazistas na Segunda Guerra. 

Nesse momento, começamos a entender quais são os temas que o time criativo quer desenvolver nesse arco e como ele encaixa naquele macro-tema que falei alguns parágrafos acima.  Os 3 justiceiros se apresentam como "heróis", mas seu discurso retrógrado define como vilões quaisquer grupos que não encaixaram na sua perspectiva antiquada. Comunistas, subversivos, grupos de esquerda, punks. 





Inicialmente, o tom extremado do discurso pode indicar que eles são um ponto fora da curva; vilões que se enxergam como heróis. Mas paremos pra pensar por um segundo: Qual a diferença do grupo que eles determinam como inimigo e das pessoas que, até uns anos atrás, os super heróis enfrentavam? Além dos super vilões, o padrão era ver Batman, Superman e demais indo atrás de traficantes, ladrões, gangues e coisas do gênero e normalmente, estes grupos tinham certas características físicas e culturais muito distintas. Negros, punks, anarquistas. Aquele trope da gangue de motoqueiros que realiza crimes. 

Homem aranha prendendo batedores de carteira e deixando-os para a polícia com direito à bilhete com dedicatória. O inimigo era o ladrão, o traficante, o desajustado social. Meia duzia de socos desferidos e pronto. O mal tinha sido punido. 

Hoje, no entanto, sabemos que isso é só uma ponta do problema e que o batedor de carteira, o ladrão, o traficante, são um sintoma de um mal muito maior, frutos de um sistema que reservou esse lugar para eles e dos quais, eles não devem sair. Mais que isso: o sistema PRECISA desses grupos desfavorecidos executando tal papel para que as engrenagens que mantem essa máquina ativa continuem girando. 

Inteligentemente, Claremont deixa as linhas morais da trama um pouco mais turvas, com Ororo tendo que proteger não apenas ela própria (que aliás, só está enfiada nessa situação por ser vítima de profilling racista, com o perdão pela redundância), mas também uma outra garota, vítima do julgamento do trio de justiceiros. E, complicando tudo ainda mais, ela não é uma pobre vítima, como a mutante controladora do clima, no lugar errado e na hora errada, mas é alguém concretamente de índole ruim: Priscilla é uma menina rica que, por nada além do mais puro tédio, decidiu, junto com o namorado, traficar drogas. Ela não é fruto de um grupo desfavorecido. Ela não é, sob nenhuma perspectiva, uma pessoa boa. Ela possui sede de sangue e, conforme a história demonstra, um comportamento de tons sociopáticos. 



Tempestade se vê diante da questão de que, sozinha, ela teria mais chances de sobreviver aos eventos que seguem: os justiceiros dão algumas horas de vantagem para que as duas fujam floresta adentro. Se chegarem até a estrada mais próxima, podem seguir livres. Do contrário, serão mortas. 

No entanto, mesmo Priscilla sendo um indivíduo desprezível além de quaisquer tons de cinza, Ororo não a deixa para trás por causa de seu conjunto de crenças e moral. 



Obviamente, no entanto, a caçada vai colocar tais crenças sob extrema pressão. 

Wolverine só vai voltar para a história já no final, mas também vai ter suas crenças fundamentais no seu papel enquanto super herói estremecidas. 




Claremont não é discreto nos temas dessas duas edições. As noções de super-heroismo precisam ser estudadas e revistas, principalmente considerando a forma como a percepção pública enxerga os X-Men. O discurso dos 3 justiceiros parece extremo, mas essa noção de proteger um passado glorioso, próximo da fantasia que os americanos tem do "american dream" e da família americana formada por papai e mamãe (brancos), pais de uma família com casa com cercado e tals, ainda tem seus defensores mesmo hoje em dia, quase 30 anos depois da data de publicação das histórias aqui comentadas. 

Lembremos que foram décadas e décadas do Superman defendendo a "verdade, justiça e o sonho americano" e que heróis defendendo causas sociais ainda é algo novo a ponto de gerar celeuma entre o fandom de hqs, toda vez que algo ligeiramente progressista é tentado. Novamente eu me valho daquela frase: o que os 3 velhos personagens dessa história defendem é algo que eu vejo como algo próximo do inferno, mas que uma parcela gigantesca dos leitores chamaria de "paraíso". Vide toda a choradeira dos fanboys a cada mudança nas hqs, a cada personagem de grupo minoritário colocado como protagonista, a cada vez que o capitalismo, e não um batedor de carteiras tentando sobreviver como pode, é retratado como o real vilão. 

Uma tendência recente no x-fandom, é apontar as falhas do sonho original de Charles Xavier. 

A idéia da "convivência pacífica entre humanos e mutantes" parece algo utópico em um primeiro momento, até notarmos que, aos moldes originais e considerando o papel dos X-Men na Terra da Marvel, isso implica manter o status quo reinante. Ou seja: manter mutantes e seus anseios, enquanto minoria perseguida, em silêncio para não ferir os delicados ouvidos humanos.

O sonho de Xavier - até Krakoa, pelo menos - era algo assimilacionista, que implicava calar quaisquer necessidades do grupo perseguido de forma que possam permanecer invisíveis e serem vistos como inofensivos pelos seus opressores. Basicamente, a idéia do professor X chegava perigosamente perto do sonho do "superior de alma sapiens", adaptando o "preto de alma branca" que você ouve como algo supostamente elogioso vindo das pessoas (e que eu já ouvi sendo proferido da boca de parentes MUITAS vezes, naquelas  reuniões familiares que, graças aos céus, foram diminuindo com o tempo). 

Existir, apenas, não é uma opção e essa é uma percepção que os X-Men foram, a duras pedras, aprendendo, não apenas durante a era Claremont, mas durante todos os anos posteriores e que vai resultar catarticamente na atual fase pós Jonathan Hickman e pós House of X/Powers of X.  

Mas me adianto: toda quebra de paradigmas é dolorosa pq pressupõe a destruição de crenças tidas como verdades até então. É nessa transição de crenças que Ororo e Logan se encontram durante o decorrer das duas partes dessa história. 





A humanidade de Ororo para com Priscilla é uma qualidade ou um defeito? Proveniente de um conjunto de valores éticos dignos de serem defendidos ou frutos de ego e ingenuidade que podem, a longo prazo, comprometer não apenas sua competência como líder mas também a própria causa que ela defende?

Ao final, a inação de Storm e Logan custam vidas, tiradas não pelos 3 velhos soldados, mas por Priscilla, enquanto ela tentava garantir a própria sobrevivência. O que, de fato, foi aprendido e conquistado ao final da aventura? Mais pessoas morreram, ainda que os culpados pelo menos tenham sido punidos (ou não?)*. 

Os personagens não terminam com nenhuma resposta, apenas com mais perguntas inconvenientes, que botam em questão inclusive qualquer sensação de conclusão ou catarse obtida com a captura dos seus 3 adversários e o fato de terem sobrevivido ao julgamento deles. 




Novamente: os X-Men não são heróis. Mas líderes. E como tais, eles devem funcionar como linha de frente para todo um grupo de seus iguais. A consagração com a origem da nação de Krakoa ainda está distante, e a caminhada não vai ser fácil. Pelo contrário, uma quantidade insana de sangue, lágrimas, tragédias e traumas os esperam. Este, no entanto, foi mais um passo, se distanciando do papel confortável de "super heróis" e indo em direção a algo maior, mais adequado e, definitivamente, superior. 

Mais alguns centavos de opinião: 

- Não me passou despercebido que Ororo, uma mulher negra e bissexual, esteve em combate com um inimigo chamado Stonewall. 

- O que me passou despercebido por todos esse anos, admito, e que eu só fui aprender enquanto pesquisava pra esse post, é que uma das protagonistas da revolta de Stormwall, ocorrida 53 anos atrás, e que foi um marco das lutas pelos direitos LGBTQ+ foi uma outra mulher, também líder entre seus iguais, também negra, lésbica, chamada Stormé Delarverie.

* Qualquer sensação de catarse se perde quando você lembra que Commando e Stonewall "caem para cima" e são recompensados por suas ações com um convite para se juntarem à Força Federal, grupo de mutantes liderados pela Mystique e que operam com autorização e a serviço do governo americano, como "braço coercitivo super-humano". Too real?

- Toda mudança geralmente traz sofrimento e o tom de desespero das tramas nesse período é quase palpável. E para vocês que estão comigo nessa jornada, fica aviso: daqui pra frente, só piora. 

A seguir: A queda dos mutantes. 

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Monster Mash #60: "No gods. Just us"



Monster mash novinha pra vocês, fiotes. Essa foi uma semana cheia de música boa (adoro ouvir alguns discos e playlists enquanto trampo) e óbvio que isso iria render edição nova da playlist oficial do blog. 

Tem novidade e velharia. Gorillaz, Nação Zumbi, Chumbawamba, e L7, só pra citar alguns. Música de festa, música de protesto, música triste. Como de praxe.

Espero que gostem.  

segunda-feira, 6 de junho de 2022

quinta-feira, 2 de junho de 2022

domingo, 29 de maio de 2022

sexta-feira, 27 de maio de 2022


 

"You're no good for me

 I don't need nobody...."


Achei aqui

 


Monster Mash #59: "Oh, It's such fun!"




Hoje é aniversário de uma das minhas musas de adolescência e artistas favoritas da vida: Siouxsie Sioux.. 
Então, aproveitei o ensejo para improvisar uma Monster Mash com minhas favoritas dos Banshees, daquelas que eu ouvia até dizer chega no alto dos meus 19, 20 aninhos, duas eras geológicas atrás. 
Eu sei que eu sou chato, mas dessa vez não fugi dos clássicos pq, afinal, eram eles que faziam minha vida, na época, minimamente suportável. 
Então, peguem o vinho, dirijam-se para a parede mais próxima, diminuam as luzes da sala o máximo que puderem (se tiverem velas, considerem acender uma ou duas para melhor efeito dramático) e... bom... carpe noctem


Poc Con 2022

 


Pra saber mais, vão lá no perfil oficial do evento no twitter

quinta-feira, 26 de maio de 2022

quarta-feira, 25 de maio de 2022


 


 

The king in white


 

Wow!!!


 

Ontem eu tive minha segunda reunião formal no trampo. O que significa, neste caso, "ir na maior estica". 

Eu até tenho roupa pra isso. Casaco bonitinho, camisa e calça social. Sapato e tudo. Diabos, eu sou um senhor de 42 anos, isso nem deveria vir como uma surpresa.

Mas isso posto, eu ainda me sinto como uma criança usando o casaco do pai escondido. Não literalmente, vejam bem. O negócio cai perfeitamente em mim. O que minha mãe não me deu de bom berço, me deu de bom gosto. Mas embora eu fique alinhadinho e tals, eu sempre acabo me sentindo assim: 



O lance é que eu não sou o tipo de pessoa que se sente confortável usando roupas desse tipo. Nunca fui. I'm a mothafucking gangsta*, ya know?

Mas aí, eu lembro de meu pai, que tem uma frase sobre "esperteza é saber quando tu pode parecer fuleiro e quanto tu tem que parecer dinheiro". Bom, ninguém vai dizer que minha mãe botou um filho otário no mundo. 

*No, I'm not. Eu sou a coisa menos gangsta do universo. Eu sou uma porra de um leite com pêra criado a base de bolacha tostines, gibi da marvel e toddy forte. 

terça-feira, 24 de maio de 2022


Da última vez em que comentei sobre One Piece aqui, eu afirmei que tava muito próximo de virar meu mangá favorito da vida.

Eu diria que esse porto já ficou pra trás faz tempo. O lance agora é que a obra de Eichiro Oda tá BEM perto de virar meu gibi favorito da vida. Não o mangá favorito apenas, mas a HQ, ocidental ou oriental. 

Um mundo rico, orgânico, que vive e reage às ações do grupo de protagonistas. Sério, o worldbuilding de OP tem proporções Tolkenianas e, na moral? Isso pode ser uma afirmação reducionista. 

É nesse nível. 

Vcs deveriam dar uma chance pro mangá. Agora prestem atenção no tio Hak: NO MANGÁ. O Anime é uma besta distinta e da qual, na moral, eu não gosto muito. O mangá é onde rola a mágica da parada. O que é lento e esticado no anime, é um flash, um revoar de páginas, no mangá. O ritmo, o senso de urgência, é algo que se perde totalmente na transposição e pode afetar como vcs vão reagir à OP. Se gostarem do mangá e quiserem dar uma chance pro anime, vão na fé. Diabos, eu mesmo estou curioso em ver os filmes da série. 

E já que falei de worldbuilding, deixo aqui um vídeo incrível que eu vi agora há pouco, que vende maravilhosamente bem o quanto cada cenário de One Piece se destaca dos demais não apenas em termos da cultura dos personagens que formam a "fauna" local, mas como mesmo visualmente, cada um deles é absolutamente particular. 


Não se assustem com o volume de edições e episódios. Uma vez devidamente fisgados, o lance vai ser ter que segurar a onda pra não ler os mais de 100 números rápido demais. Pq creiam-me: esse é um mundo que, mais de 1000 capítulos depois, ainda é fascinante o suficiente pra eu querer passar mais tempo explorando cada canto dele. 


 

 Vendo videos no youtube enquanto trabalho pq eu adoro o ruído branco que rola. Acabou de passar aquela propaganda da CCXP 22 do sujeito sentado na sala dele, de pijama, em posição fetal, esperando os ingressos do evento chegar e....


dude, que parada creepy. 

Eu confesso que eu sempre tive certa antipatia pela CCXP. Pra mim, a idéia de pagar uma fortuna pra entrar num evento onde eu vou, majoritariamente, gastar dinheiro, é meio incompreensível. I mean, ninguém exige que eu pague um rim pra entrar no shopping tatuapé, sabe? Mesmo motivo pelo qual eu peguei certa antipatia parecida pela Fest Comix. 

Eu sempre fui meio que um lobo urso solitário então, já podemos tirar o aspecto "social" do evento como um atrativo pra mim. E eu não pagaria pra ficar o dia todo em uma sala, sentado, pela perspectiva de em algum momento ver um painel com um determinado artista que eu gosto nem sob a mira de uma arma. 

Restam os tais descontos do evento, das paradinhas que vc pretende comprar lá dentro. Mas, lembremos, vc PAGOU pra entrar lá. A menos que os descontos sejam INSANOS, não compensa o valor da entrada. 

So..... Prefiro esperar a muvuca e só....ya know... ir nas lojas normais e pegar o que eu quiser. I mean, eu posso entrar e sair da Ugra Press ou da Limited Edition, ou de qualquer comic shop aqui em SP sem pagar um valor insano. Olha só que mágico, posso até entrar e sair de lá várias vezes sem ter que pagar de novo ou ter que mostrar um bracelete ridículo para tal. Só vi vantagem aqui. 

Não criticando a existência do evento em si ou quem goste dele. Mesmo quem esteja esperando pelo negócio com um nível saudável de ansiedade. Principalmente depois da pandemia e tals.

Mas aquele comercial que foi o gatilho desencadeador desse texto? 

So. Fucking. Creepy!!!!

 Eu realmente não gosto do twitter. O que pode ser surpreendente pra qualquer pessoa que veja meu perfil na página, já que parece que eu passo 90% do meu tempo consciente por lá. Mas, de fato, eu realmente não gosto do twitter.

Eu não gosto do Instagram. Ou do Youtube. Mas aqui é mais como "produtor de conteúdo". Aspas pq, afinal, auto-consciência é um conceito com o qual trabalhamos aqui neste blog. Eu não gosto de produzir conteúdo que, afinal, não é meu e alguém pode tomar de mim assim que achar conveniente para ele. 

Pode parecer que eu estou soando como o, mais grossas aspas ainda, "artista" que não quer se adaptar aos novos tempos e novas tecnologias. Mas isso aqui? Essas letrinhas dispostas em uma sequência engenhada por mim? Isto é 100% meu. Talvez um dia o blogspot.com mude suas regras do que é aceitável ou não postar aqui. Aconteceu uma vez, na época do blogspot.com.br. Mas aqui AINDA é um terreno mais seguro do que o que me é oferecido em qualquer outra grande plataforma de geração de conteúdo. 

O surgimento do substack é meio que um sinal de que este velho urso não está tão errado nas suas impressões sobre todo esse "jogo" do qual fazemos parte aqui. Teu conteúdo é teu. E se eu gosto dele, eu te pago diretamente. Simples assim. Praticamente um retorno aos tempos do artista passando o chapéu ao final de uma apresentação. 

De certa forma, eu já ganho dinheiro com meus textos, ainda que não da forma que eu gostaria (mas, enfim, concessões). 

Talvez eu esteja romantizando o substack um tiquinho. Deus do céu, espero não estar soando como os cripto dudes tentando evangelizar pessoas sobre como NFTs são o futuro e tals. 

Enfim, não sei se eu tenho um ponto. Mas o fato de que, depois de meses e meses, eu esteja escrevendo aqui e começando esse texto sobre como eu estou meio exausto de jogar conteúdo no facebook e instagram quando eu poderia estar fazendo isso aqui, talvez esse seja meu ponto em si. Ou não. 

Bom, algum comprometimento vai ser necessário. A quantidade de views em meus textos é, tipo, 5 vezes maior quando eu anuncio postagem em alguma das demais redes sociais acima mencionadas. Então, não vai rolar o rage quit que eu adoraria fazer e talvez, anunciar ao final dessa postagem.  Mas sei lá... tudo isso começou comigo meio que falando quase sozinho, berrando em cima de uma caixa virtual que eu decidi pegar pra mim, uma década e meia atrás. 

Back to basics, maybe?? Keep it real, como diria Paper Boi. 

Ninguém vai me dizer que eu não estou tentando, dudes. 


 

Choose your demons...


 


 

segunda-feira, 23 de maio de 2022