sábado, 30 de março de 2019

and now for something completely different




Too Sweet #10: So.....who the fuck is PCO?


Este é PCO...



Introduções feitas, vcs já conhecem WALTER, por sua passagem recente na NXT e por combates como aquele clássico contra Iljia Dragunov q eu já postei aqui na Too Sweet. Ou, talvez, pelo mega foda combate contra PAC que rolou nesse ano, parte da jornada berserk do ex-Neville, lavando a alma e indo lutar em tudo que é canto do mundo depois de se libertar da WWE.  

ENTÃO....... no Joey Janela's Spring Break, provavelmente o evento de pro-wrestling mais divertido que já vi na vida, decidiram jogar PCO contra WALTER e ver no que dá. E o que dá é..... bom... o mais puro regaço, escrotidão e aquela gostosa violência que faz o dia da família brasileira. 
Sério, vejam como ficou o peito de Pierre Carl ao final do combate: 


So.... a qualidade do vídeo não tá lá essas coisas, mas foi o que eu achei e tá de graça, então...... bora?

Too Sweet #9: Joey Janela vs John FUCKING Zandig




O que aconteceria se John fucking Zandig, criador e dono da CZW, a promotion mais violenta, brutal, gore e bagaceira do planeta, voltasse da aposentadoria pra mais uma luta, desta vez com a força da natureza conhecida como Joey Janela? O resultado é essa luta, ocorrida em 2016, na edição daquele ano de Tournament of Survival e que resultou em um dos momentos mais brutais da história do pro-wrestling. Sério, se o final dessa match não te causar arrepios, cheque seu pulso. A mais perfeita definição de "WTF?" e um dos motivos pelos quais eu me apaixonei pela GCW, promotion responsável por esses quase 20 minutos de pura violência e estrupiação humana. 

Radiohead e The Cure no Rock n' roll Hall of Fame



Ontem á noite, rolou o evento de indicação do Rock'n roll Hall of Fame, organização registrada a reconhecer e premiar os artistas e bandas considerados mais importantes pra história da música (e cito "música" e não "rock" pq diversos artistas de outros gêneros já foram merecidamente premiados). No evento de 2019, entre os vários nomes indicados (Janet Jackson, Def Leppard, Stevie Nicks, e mais alguns) tinham duas pelas quais eu tenho particular carinho: entre os inductees desse ano estavam Radiohead e The Cure. Ao contrário da maioria dos prêmios desse tipo, os discursos feitos pelas pessoas apresentando os artistas são realmente interessantes, até pq o pessoal fazendo essa introdução tb são artistas fodões, alguns deles já parte ou futuros membros do RRHoF. 
A banda de Thom Yorke e Jonny Grenwood foi introduzida pelo genial David Byrne, enquanto o The Cure teve apresentação feita por Trent Reznor, alma, coração e braço operacional do NIN.
Pra quem quiser ler os discursos feitos no evento, tem os dois na íntegra aqui e aqui
E claro, como estamos falando de um evento musical, teve apresentação de ambos os grupos: o Cure tocou  'Lovesong" e "Just like heaven". O Radiohead não se apresentou pq Tom Yorke não foi ao evento, o que tb é legal pra cacete, se quiserem minha apresentação pq fuck the system. :-)
Na moral, postando isso nem tanto pelos discursos da banda ou mesmo pelas apresentações. Muito menos pela pompa do evento pq que se fodam premiações. Mas eu gosto muito de ouvir artistas que eu gosto falando de outros artistas que eu gosto e como a música deles os afeta de formas muito parecidas com a qual tais canções me afetam, me confortam e as vezes, são tudo que eu preciso pra tirar alguma vitória das garras da derrota num dia particularmente difícil.


wow......things got personal and darker, right??

Pra terminar num tom mais positivo, vou deixar aqui duas das minhas músicas favoritas de cada uma das bandas indicadas.
Do The Cure, deixo a catártica apresentação de "The Kiss", do dvd registrando a sequencia de shows em que o grupo tocou na íntegra as músicas de 3 de seus melhores discos: "Pornography", "Desintegration" e o "Bloodflowers (meu favorito)"
Do Radiohead, deixo "Idioteque", música saída do meu disco predileto da banda, o obrigatório "Kid A".






Tá tendo live bloging do funeral do Keith Flint em Essex lá no site da MixMag. Eu hesitei em postar isso aqui pq vc sempre fica com pé atrás com espetacularização da morte alheia, mas achei a homenagem bonita, com os fãs transformando a procissão em uma rave diurna. 
"Continuem dançando", como diria Haruki Murakami. 

Oitenta e nove anos de Maravilhas


Wow!!!!! Alex Ross sendo foda e homenageando todos os Capitães Marvel (e suas inspirações, como Ultraman, Spectreman, Ben 10, o gênio Sha-Zam e até He-man e Thor) da história.

sexta-feira, 29 de março de 2019



Digam o que quiserem do Limp Bizkit, mas o som deles funciona muito bem no contexto - e unicamente no contexto - do pro wrestling. Undertaker que o diga.

ah, eu vi essa luta. Pra quem quiser, tá no Joey Janela's Spring Break 2 e é absurda de tão foda.

Eu tô rindo dessa merda faz 5 minutos.
Nick fucking Gage, ladies and gentlemen.....

Too Sweet #8: NICK. FUCKING. GAGE.



Só um conselho antes de darem o play no vídeo abaixo: tirem as crianças da sala.
Sério.
Não, mas tipo assim.... SÉRIO.
MDK, mothafuckers. Murder, Death, Kill.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Too Sweet #7: Asuka vs. Meiko Satomura

A "Too Sweet" é a seção fixa do blog com lutinhas clássicas dentro dessa gigantesca soap opera da mais pura escrotidão e violência que é o pro wrestling. O lance é revisitar o passado e ir atrás de grandes combates, independente da era, local ou promotion envolvida.


So..... as redes sociais (bom, a parcela delas fã de pro-wrestling) estão em polvorosa pq a WWE tirou o cinturão de campeã da divisão feminina do SDL da Asuka e a japonesa NÃO vai pro Wrestlemania. O que, em retrospecto, pode não ser tão ruim, já que o plano original era ela perder o belt pra Mandy Rose no PPV.

Mandy...fucking... Rose. 

Ano passado foi meio que uma sucessão de erros do booking da companhia pra com ela, não? Aquele feud doloroso, DOLOROSO, com a Carmella, a tag team com a Naomi, o campeonato que veio com a intervenção da Rousey e um reinado inexpressivo.

*suspiros*

mano, pro inferno com a WWE. Asuka merece mais que isso. Ela deveria estar liderando a divisão feminina e não está pq....bom, pq Vince McMahon não gosta que suas campeãs não sejam mulheres brancas e preferencialmente louras. 
Enfim, ele e a divisão feminina da companhia que perdem. Quem acompanhou a impecável jornada da lutadora pela NXT, sabe disso. Se ainda assim, resta alguma dúvida sobre o quão awesome ela é, vejam a luta abaixo envolvendo duas das melhores pro-wrestlers do planeta. Talvez, AS duas melhores. De um lado, Asuka, ou Kana, sua alcunha prévia. A imperatriz do amanhã. Do outro, the final boss: Meiko fucking Satomura. Dizer que o combate entre elas é 5 estrelas, seria reducionista, na boa. Com direito à trilha sonora live, o negócio é simplesmente hipnótico. 






Provavelmente eu já postei isso aqui antes, mas foda-se, esse blog tem 10 anos, e quase 3000 posts, então posso me dar ao luxo de respostar algo aqui e ali.  Até pq sempre vai ter gente que não viu e tals.
So....


A PROGRESS tem a network dela que dá pra assinar por uns 30 reais por mês. OU, tem uns ppvs e especiais sortidos lá no highspots network (tb 30 conto mas dá acesso à biblioteca de uma PÁ de promotions , incluindo quase tudo da CZW, WXW e fucking PWG). 
Ou, ainda, dá pra achar ppvs inteiros de graça nos youtubes e dailymotions da vida. 
Vão atrás!!!!

Inclusive, dá pra fazer os dois ao mesmo tempo. Já tentei e recomendo!!!!!

Um recado da diretoria...ou IT'S WRESTLEMANIA WEEKEND, BITCHEEEEEESSSSS!!!!!


Senhores, informo-lhes que os posts sobre cinema, quadrinhos e música continuam, no resto desta e por toda a próxima semana, mas em quantidade reduzidas. E isso pq o Groselha on the rocks está oficialmente entrando no WRESTLEMANIA WEEKEND mode (o evento em si é dia 7 de Abril, daqui há 10 dias) e, daqui até boa parte do mês que vem, o foco vai ser nos posts de wrestling. Esperem resenhas da New Japan Cup, mais alguns episódios do "Too Sweet" e uma pá de outros eventos maneiros. Só pra fins de registro: No momento em que vcs tiverem lendo isto, vou estar fazendo binge dos eventos da GCW em ordem cronológica. Do pouco que já vi, posso dizer: se a WWE é um show de rock clássico no Credicard Hall, a GCW é um show bem regaço de punk num daqueles botecos imundos do baixo augusta. Hell the mothafucking yeah, mothafuckers. 
de novo: pode pipocar aqui e ali uma resenha de Doom patrol, textinho sobre algum gibi. Talvez até mais um capítulo do "Highway to hell". Mas até o espírito do Wrestlemania weekend passar, recomendo não entrarem aqui sem proteção nos dentes, joelheira, cotoveleira e muita disposição. 
Recomendo também colocarem paninhos, absorventes, esponjas ou um balde embaixo do note dos senhores quando vierem pra cá, pq o sangue vai correr solto, mesas de madeira e escadas de metal serão usadas como armas e as cadeiras vão voar, ímpios. Believe that!!

Oh, and by the way: "mas Hak, vc não odeia a WWE?"

Resposta: "Não. Mas mesmo que odiasse, eu ainda adoro o Wrestlemania e o Wrestlemania weekend". 
É tipo Natal pra quem curte pro-wrestling, manja? Do mesmo jeito que copa do mundo é natal pros fás de futebol, o Lollapalooza é natal pros fãs de música relativamente alternativa. Minha época favorita do ano junto com os dois meses do G1 Climax e aquele período de escalação de banda pro Lolla Brasil (em que eu basicamente fico roendo as unhas pensando se esse é finalmente o ano em que o RTJ vem pra cá).

A única merda é que não vou poder fazer aquele nada saudável "regaço" de junkie food que eu faço todo ano quando chega essa época, em virtude de minha atual situação de desemprego. Vou só pegar uma pipoca yoki de microondas, talvez um doritos e, se não rolar Coca, tá valendo uma Dolly cola. Mano, vale até Convenção sabor abacaxi, entende? Pq a vida é isso aí. Se ela me dá limões, eu espremo nos olhos da escrota, sento-lhe um stunner no queixo e cubro pro pin. 1, 2, 3. and it's over.

Atenciosamente
Hak, the bear, a.k.a. King Hak, a.k.a. Dannihak, a.k.a. NOTORIOUS H.A.K. 
Editor chefe, escritor, produtor, designer e tiazinha do café das organizações Groselha on The Rocks.

quarta-feira, 27 de março de 2019

CaptainS Marvel



Achei simpático. :-)

Doom Patrol s01e06 - Doom patrol patrol: "You're gonna reap just what you sow"

Que episódio tenso, não? Não tenso "oh meu Deus, o mundo está acabando" como foram os dois imediatamente anteriores, mas tenso num nível intimista, pessoal. Aquela tensão que vem quando vemos potencial sendo desperdiçado, grandeza podada, trazida para seu nível mais insignificante. E também quando vemos a marcha inexorável do tempo agindo e nos lembramos que aquele tb é - ou pode ser, dependendo da sorte e da jornada individual de cada um de nós - o nosso futuro. 
Mais um episódio que pega o que era subtexto, esse lance da percepção, o grande tema da série até agora, e traz isso pro primeiro plano. Além disso, uma crítica feroz à nostalgia. E vc começa a ver uma colcha se formando, mais complexa do que se espera de um "seriadinho de super heróis". 
Começamos com Rita, destroçada emocionalmente depois da morte de Eliott, trocando uma idéia com Larry. Corta pra um flashback sinistro dela indo conversar com Sidney Bloom, produtor de cinema dos anos 50, em busca de um trabalho. Depois de algum papo, o velho vai com a mão pra coxa da atriz e, bom, vcs podem imaginar. He goes full Harvey Weinstein over her. 



Enojada, a moça perde o controle de seus poderes e se transforma num blob orgânico gigante em cima do abusador, que morre asfixiado. Corta pra algumas interações entre os demais moradores daquela mansão: Jane continua puta com Cliff e Vic agora se junta ao time, depois do homem robô ter apertado o botão de reboot em seu pescoço, o que imediatamente mandou um SOS pro pai do Ciborgue. Nisso, Jane reúne os colegas e expõe a eles que Mr. Nobody plantou uma ordem na cabeça dela depois de todo o rolo envolvendo o Decreator, uma ordem que vai assombrar o time num futuro próximo e que vai ter consequências duradouras pra relação destes com o Chief: "Encontrem a Patrulha do Destino". 
Pesquisando nos jornais locais, encontram um timeco de super heróis dos anos 50 que tiveram algum destaque mas tão subitamente quanto surgiram, desapareceram. Rita comenta que já ouviu falar do grupo, inclusive tendo conhecido - em sentido bíblico - o líder do time: Steve Dayton, o Mento. 
Impaciente, Jane pega Larry e mrs. Farr, pede pela intervenção de Flint, sua personalidade com poderes de teleporte e



Ao chegar no local, e após certo conflito inicial, o grupo descobre que o local funciona como uma espécie de "Escola Xavier para jovens superdotados", liderada pelo trio de super heróis, Steve, Rhea e Arani e administrada por Josh Clay. Okay, fim do resuminho. Down we go:



Acho interessante primeiramente notar que dá pra encontrar um elemento comum, além do lance da percepção (mas diretamente se conectando narrativamente a esse) permeando toda a série. Vamos excluir os dois primeiros episódios pq eles tão lá pra estabelecer premissa: o grupo enfrentou neo nazis, um grupo de cultistas da morte e agora, heróis traumatizados, perdidos numa fantasia de passado constante. 
Nostalgia, crianças, como eu falei lá em cima. Em todo post em que critico nostalgia, eu faço questão de citar aquele livro do Stuart Hall, o "Identidade cultural na pós modernidade" pq lá, ele estabelece criticamente o papel desse elogio a um passado que nunca existiu como uma das formas de manter o sistema de coisas como ele existe hoje em dia e perpetuar uma cadeia simplesmente obscena de poder e privilégios. É preciso que se acredite que o passado foi melhor, pq os principais beneficiados pela sua continuidade são os mesmos indivíduos que se beneficiaram naquela época e que querem manter seus privilégios pra sempre. Isso coletivamente, enquanto grupo. Individualmente é mais simples: o passado era um período sempre com menos preocupações, com problemas mais simples. Onde certas escolhas não haviam sido feitas. Onde o manancial de possibilidades parecia não ter fim, onde vc poderia cometer e erros e recomeçar de novo e de novo pq "eu tenho todo o tempo do mundo". 
E no fim, o passado é um período onde, pelo menos, a distância entre a gente e a morte era maior, pq éramos mais jovens. Simples assim.



Num primeiro momento, aquele flashback da rita pode parecer ligeiramente deslocado tipo, "pq mostraram isso?". Poderia ser pra tridimensionalizar a personagem e já estaria tudo bem. Mas num contexto geral, é perfeitamente compreensível. Todo mundo ali lamenta por decisões tomadas, por oportunidades perdidas e chances desperdiçadas. Cliff, Larry e Rita são quebrados emocionalmente em parte pela incapacidade de abandonar os traumas passados, como se antes de seus acidentes que os tornaram meta humanos, fosse tudo perfeito. E mais e mais, a série mostra que não, que eles já eram quebrados antes disso. Cliff com a vida de excessos, Larry com sua vida dupla e Rita com sua legítima cota de traumas. Vic tb se junta ao grupo nesse aspecto. O único elemento disruptivo ali é a Jane, já que seu trauma veio numa idade tão jovem que ela não possui esse apego ao "passado glorioso" considerando que, se ele existiu, foi num período pré-trauma, portanto, ela era jovem demais pra usufruir desse passado. Por isso ela se destaca tanto em meio ao resto dos misfits reunidos por Caulder.



Nesse aspecto, os vilões enfrentados funcionam como um espelho para os seus oponentes: nazistas, religiosos e agora, velhos perdidos numa fantasia de passado e disposto a matar por ela. Na verdade, essa ultima frase poderia ser usada para descrever os nazis e os religiosos com perfeição pq é disso que estamos falando: os vilões são grupos de pessoas, unidos por uma crença ou ideologia e supervalorização do passado e que acreditam piamente que a Terra seria um lugar melhor se trouxéssemos esse passado de volta. Nazistas são conservadores por essência. Não é pra menos que Hitler valorizava tanto a arte dos gregos. Os cultistas do livro não escrito nada mais são que uma metáfora pras ordens religiosas atuais, todos também desesperados em negar as mudanças sociais mais progressistas e resgatar os valores de antigamente. É o T em FTP, né? Família, TRADIÇÃO E Prosperidade. O que são tradições se não apenas construtos culturais que herdamos de gerações anteriores e que mantemos vivos pq....??? Pq eles sempre existiram, pq é assim que é e é assim que vai ser pra sempre. Religiosos, por sua vez, nada mais são do que os filhos traumatizados do pós modernismo, procurando respostas metafísicas para lidarem com a modernidade liquida, novamente citando Bauman, e sua rapidez e senso de impermanência, do jeito que der
 E Isso, como eu disse deixa de ser SUBtexto e vira SOBREtexto nesse episódio, quando Jane, Larry e Rita descobrem que o colégio é apenas uma projeção mental de Mento. Ele e as duas colegas, na verdade, tiveram um mega traumático encontro com o Mr. Nobody, onde foram derrotados e, mais triste, tiveram suas mentes destroçadas pelo mercurial adversário. E pior: a Doom Patrol original ainda tem acesso a seus poderes e vão defender a fantasia em que estão nem que precisem matar os 3 "invasores". Mento usa seus poderes mentais pra projetar os piores traumas experienciados por eles: Larry vê militares sinistros tentando arregimenta-lo de volta para as forças armadas. Jane.... mano, nem sei por onde começar a descrever o pesadelo visto pela Jane. Aquilo é só horrível. E Rita revê o suicídio de Marybeth. Não temos mais detalhes sobre o evento mas é seguro afirmar que ela tem alguma responsabilidade pela morte da moça e que o evento foi tão traumático que a ciência dele causou o fim da relação entre a shapeshifter e Dayton. É Larry, aliás, seu visitante interior, que salva o dia, removendo o capacete mental do líder da Patrulha original, encerrando sua ameaça.




Ao final, Rita tem uma conversa tocante com Dayton (ou um monólogo, se preferirem), onde ela percebe que o encontro com "os filhos originais" de Niles foi um cautionary tale do que ela e sua nova família pode se tornar se não conseguirem superar seus traumas. Virar o rosto e se negar a enxergá-los não lhes trouxe paz. Só resta encará-los, aprender a conviver com eles, e seguir adiante. 
Não que isso seja fácil. 
Vale mencionar também que o episódio aprofunda a série um pouco mais naquilo que Kip levanta nos episódios anteriores sobre "o lado negro de Niles Caulder". Quem lê o gibi sabe que, sem spoilar demais, o Chief não presta. Só posso dizer isso. E a série começa a mostrar que ele não é o senhorzinho bonachão que vimos na maioria do tempo de tela que ele teve. Caulder usou as habilidades da Doom Patrol dos anos 50 e, quando as consequências foram graves demais, ele os abandonou como fazemos com um aparelho eletrônico quebrado. Suas ações começam a gerar consequências no time: Vic, o bastião moral do grupo, rouba um pen drive do pai e reprograma seu mecha cérebro, removendo as barreiras programadas por seu pai. Jane se pergunta se mr. Nobody os enviou nessa busca sombria pra tentar mostrar a eles o que acontece com quem se interpõe em seu caminho, mas fiquei com a impressão de que o trickster tinha outra intenção: mostrar à Jane, Cliff, Rita, Larry e Vic que eles são apenas o mais novo experimento do Chief, que por sua vez será abandonado por outro e outro e outro caso não apresentem os resultados necessários. Que talvez, Niles não seja o herói da história. E que, talvez, ele não mereça ser resgatado. Jane começa a apresentar dúvidas em sua fé no cientista ao ver os cadeados em sua porta (detalhe: do lado de fora da porta, não para impedir alguém de entrar, mas para impedi-la de sair).



Mais cedo, o dr. Stone diz para seu filho que andar com aquelas pessoas "teria suas consequências". E ao final do ep., todos ali, a Patrulha original e "a atual", lidam o fato de que as palavras do pai do Ciborgue foram proféticas e isso ao mesmo tempo em que ouvimos Lou Reed em seu clássico "Perfect Day", sentenciar aqueles indivíduos, quase como uma maldição: "You're gonna reap just what you sow". Ou em bom português, "Vcs vão colher o que plantaram". O pior ainda está por vir.


Outras paradas maneiras:
- Eu não canso de tecer loas à produção desse show. Depois de décadas de seriados porcos e produzidos com um orçamento total de, tipo, dois pacotes de miojo e um guaravita, acho que podemos dizer que finalmente chegamos no princípio de uma golden age das séries de hq. Os cenários, belíssimos, o cuidado com a fotografia (notem como as cenas escola tem um tom caloroso amarelo, substituído por um melancólico azul quando a ilusão de Mento desaba ou pelo marrom, igualmente soturno, na casa de Caulder ao final), a música (não só as canções utilizadas, mas a trilha instrumental original, que nesse ep., orbitou em sua melancolia o tempo todo, quase como um fantasma "dos natais passados" por aqueles sujeitos quebrados) as atuações (caralho, o ator que interpretou a versão idosa do Dayton me fez chorar atuando apenas - E APENAS - com o olhar). 
- "We just happen to be in the shinning". Preciso dizer qual a referência?



- "What is this shit? A fucked up Rushmore?". Essa é um tiquinho mais obscura que a anterior: Rushmore é o segundo filme de Wes Anderson. O diretor americano já tinha um trabalho anterior em seu currículo, o Bottle Rocket de 1996, mas Rushmore foi o que o projetou pro mundo, além de também lançar a carreira de Jason Schwartzman e ser o marco zero da retomada do Bill Murray. 



- Eu nem comentei em Puppet patrol, sobre a aparição de Steve Larson. Um dos experimentos "bem sucedidos" de Fuchtopia, aparentemente a carreira meta humana do....meu bom jesus... "Homem Animal-Vegetal-Mineral" não está sendo tão gloriosa quanto o sujeito esperava. 





mano...vai se foder.... a meia calça na cabeça do velociraptor.... I can't, I just can't........ 
- wait, wait, wait.....Rita mencionou....a "MUSCLE BEACH"??
I mean..... that means....




OOOOOOOOOOOOOOOOh, boy!!!!!!!
- wait, wait, wait again.......aquela era a armadura do Cérebro? Não o rato amigo do Pinky, mas o vilão da Doom patrol?? Isso significa que....



OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOH, BOY!!!! A unica coisa que falta pra essa série é um cérebro desencarnado senciente que se encontra num relacionamento gay com um gorila guerrilheiro falante de boina e sotaque francês. HELL THE FUCK YEAH pra gorilas falantes!!!!!!!
- Flex is coming. Danny, the street is coming. Brain and Mallah are coming.... jesus mothafucking christ..... 

A seguir: Everything is just fine.  



Adorei a premissa dessas ilustrações: Classe média ilustrada vs Classe média fudida. Vão lá ver.
Achei isso via recomendação lá nos stories do Ronald Rios

and now for something completely different....



terça-feira, 26 de março de 2019

Doom Patrol s01e05 - Paw Patrol: "Viva La Re-Creator"



Recentemente eu estive almoçando com minha irmã Grace e o noivo dela, lá no Outback do Shopping Santa cruz. Longe de ser um momento de ostentação, eu tenho um ponto aqui, kemosabe, so, se aquieta na cadeira e confia no tio urso: já tínhamos passado pelas refeições salgadas e estávamos já na sobremesa. Por certa insistência de um dos garçons, pegamos uma sobremesa nova de manga e uma de chocolate. Dividimos o negócio em 3 e tals, até aí de boas, quando minha irmã pergunta "será que se misturar as duas sobremesas, fica bom?" Fizemos e, movidos pelo mais puro espírito de curiosidade científica, provamos. Nada asqueroso mas nada que renderia recomendações de nossa parte se fosse um prato oficial. O noivo da Grace decidiu escalonar os riscos e jogou um tiquinho de coca dentro do copo e nos desafiou a provar. Olhamos um pro outro e mandamos ver. Ainda ruim, mas com leve toque que, pelo menos, não tornava a experiencia algo impraticável. Comentando sobre o ocorrido, Grace conclui que nosso pequeno experimento "foi um fracasso pq somos 3 pessoas fazendo isso aqui na mesa de forma jocosa. Se fosse um chef de cuisine famosaço fazendo, botava isso no menu e vendia como uma 'experiência gastronômica'"
Lembrei dessa pequena história completamente desinteressante e desse ultimo comentário, em específico, conforme via "Paw Patrol". O ep., e o arco em que este se insere e, mais além, a série como um todo, giram muito em torno daquela palavrinha com "p" saída da boca da rainha Archon e que vai ser, ironicamente, a chave para sua derrota e de seu anti-deus renascido: percepção. Talvez tivessem, na virada cultural de 2012, outras barracas oferecendo galinhada a um preço decente e acessível, mas centenas de pessoas decidiram ficar numa fila por horas pq Alex Atala estava servindo a galinhada que ele faz em seu  restaurante. Pq? Percepção. 
Se eu rasgar um pedaço de papel na frente de estranhos, não obterei nenhuma reação em resposta. No entanto, se eu rasgar uma nota de 100 reais, provavelmente receberei algo, variando entre um olhar de desaprovação até agressão física. pq? Acho que vcs já pegaram a idéia.



O ep. já começa do jeito certo, com Crazy Jane derramando sangue de neo nazi. O peculiar é a ambientação, com isso ocorrendo numa boate punk em 1977, ano em que o movimento nasceu. 
SO, back to the apocalipse: o Decreator está nos céus, apagando tudo que existe. Cliff e Jane continuam presos em Nurnheim. E ao resgate vem.....Mr. Nobody? E o Chief.  Como é aquela frase de que "a guerra gera estranhas alianças?".
Como já dito acima, mais do que apenas definir a tônica dessa primeira leva de episódios, a percepção que temos de nós mesmos e dos nossos próximos é a chave para a derrota da deidade niilista trazida à vida pelo culto do livro não escrito: o que é uma religião?
Um grupo de pessoas que adoram, coletivamente, ao mesmo deus e vivem sob os mesmos dogmas definidos por pessoas a partir das crenças e ensinamentos desse supra citado deus, correto?
Essa é uma forma bem satisfatória de descrevê-los. Outra? Um bando de maluco que decide que o amigo imaginário de um deles é de verdade e decidem criar um império ao redor dele. Tb funciona, correto?
A diferença entre um conceito e outro? Percepção. 
E aqui vou ter que falar de um conceito metafísico vindo do budismo: as tulpas.
Tulpas são, resumindo grosseiramente, idéias que ganham vida a partir da força em que se acreditam nelas. Não tô falando da porra do "sonho que se sonha junto"....bom, não totalmente. O lance é: criaturas que ganham vida pq alguém (ou um grupo de alguéns) acreditou nelas com a devida intensidade. Pra exemplificar, vou puxar da minha memória dois dos meus usos favoritos desse conceito na cultura pop: no OBRIGATÓRIO animê do finado Satoshi Kon, "Paranoia Agent". Sem adentrar demais em detalhes pq "spoilers", mas um dos principais personagens do desenho ganha vida pq um grupo de pessoas suficientemente grande acreditou nele.



Mas meu uso favorito do conceito vem do ep. da season 1 de Supernatural, "Hellhouse". Nele, os irmãos Winchester tem que lidar com um espírito assassino residindo numa casa abandonada. Até aí, uma segunda feira normal na vida dos caçadores. O lance vem ao investigar o local e não encontrar nenhuma origem pro espírito. Ninguém foi assassinado ali, nenhum demônio invocado no local ou cemitério indígena embaixo da residência. Depois de explorarem todas as possibilidades, sem sucesso, só resta aos irmãos cogitarem a possibilidade de que o fantasma só exista ali por causa das lendas que existem sobre ele. Ou seja, criaram uma lenda sobre um espírito assassino naquela casa e tantas pessoas acreditam nisso que espontaneamente, esse inconsciente coletivo criou tal entidade. Como acabar com ela? Bom, o plano dos dois demon hunters é bem parecido com o que o chief e seu nêmesis desenvolvem nesse episódio: criar uma "contra-lenda", um ponto fraco nessa entidade, espalhar entre as pessoas e dar tempo ao tempo, até que um número tão grande de gente acredite nessa idéia a ponto dela afetar a tulpa, a ponto de ser criado um ponto fraco nela simplesmente pq se acredita coletivamente que exista um.



E de fato, é isso que rola aqui: Se existe uma religião dizendo que um menino livro vai trazer o Decreator ao nosso mundo para extinguí-lo, pq não criar outra que negue esta primeira? Assim surge a religião do RE-creator. Uma tulpa anti-tulpa. Metafísica dialética. Ou como eu digo desde a época das resenhas da season 9 de Doctor Who: "Como se combate uma idéia? Com outra idéia melhor". 
Usando as habilidades de Jane, chief manda a guria pro passado pra criar uma religião baseada nessa idéia, a do anti-decreator, o Re-Creator.



Paralelamente, os membros do time de Caulder enfrentam, um a um, questões diretamente ligadas à forma como vêem ou são vistos pelos demais. Cliff continua tratando as personalidades alternativas de Jane como se fossem isso, apenas formas paralelas, parasitas ou satélites orbitando o ente principal, a Jane Prime. Quando Penny Farthing lhe diz que apesar de não ser a "Jane prime", ela tem sonhos e sentimentos, é um choque de realidade, tal qual é quando Cliff se percebe sendo visto pela colega de equipe como um monstro homicida, após os eventos em Fuchtopia.



Rita se vê sendo capaz de mudar a percepção que tem sobre si mesma a partir do carinho e empatia com o garoto Eliott, apenas pra ter essa recém construída e ainda frágil auto-imagem tirada de debaixo dos seus pés pelo impessoal não-deus que espreita a todos, nos céus de Cloverton. Diante do fim, Larry se vê sendo capaz de repensar como enxerga e, como consequência, como convive com o espírito elétrico que vive dentro dele, alcançando certo lampejo de harmonia entre ambos. Os choques entre Kip e Victor continuam, mas são eclipsados agora pelos choques entre Vic e o Chief e, mais precisamente, a visão que o Ciborgue tem deste.
Da mesma forma, o plano só dá certo pq Jane, aliás, Dr. Harrison, sabe manipular pessoas o suficiente e alterar as percepções destas  a seu bel prazer. Pq certo magnetismo pessoal é fundamental. É isso separando um Malafaia da vida de um daqueles pastores pregando pra ninguém no meio da praça da Sé, aqui em SP. E ter super poderes de persuasão tb ajuda. 
Vale mencionar também que a escala do risco enfrentado por Cliff, Jane, Rita, Larry, Victor, Kip e Chief pode ser maior, mas a natureza dela é a mesma do arco anterior. Ideologias e religiões são bestas bastante parecidas. A diferença fundamental é que ideologias são mais práticas e fundamentadas de forma melhor a ponto de não desmoronarem diante de meia duzia de perguntas feitas, dependendo de toda uma fundamentação teórica e não apenas de dogmas. Mas no fim, ainda é um grupo de pessoas utilizando crenças de terceiros como norte pessoal e, em casos mais extremos, dispostas a matar ou morrer por elas.



Ao final, o Re-Creator é invocado (aquele pug fofinho era cego ou ele só tinha a cara gorda a ponto de cobrir um dos olhinhos dele?) e as duas entidades se enfiam no "staring contest" mais importante da história do nosso plano de realidade. Ao final, ambas somem, os descriados são recriados e nossa dimensão vive pra lutar mais um dia. 
Um episódio riquíssimo em simbolismos e significados, que mostra, também, mais uma vez, como a série sabe oscilar entre humor e drama de forma extremamente eficiente. 

Outras paradas maneiras



- PUGS!!!!!! HELL THE FUCK YEAH!!! Uma religião que envolve pugs e dança!!!! Depois de décadas do mais puro ateísmo e lampejos do meu satanismo capirótico mefistofélico pazuzuístico baphomético, além de algumas pitadas de niilismo, Bowieísmo e pinceladas de groucho-marxismo, posso ter encontrado minha religião ideal!!!!
- Antevejo que a decisão de Cliff em apertar o botão na nuca de Victor não vá tornar a relação deste com o ciborgue ou mesmo com Jane, mais fácil.



- Do fundo do coração, espero que Marilyn tenha sobrevivido á explosão em Nurnheim. 
- As camisetas do Cliff continuam awesome. Dead Kennedys, Black Flag e agora, The Clash. E não me escapou a da Jane no começo do episódio tb, "Time travel fuck missile"
- Quando eu imaginava que nada podia ser mais foda que espisódios com Ezekiel, a barata ou um com Baphomet, fizeram um que tinha os dois. Por mim, aliás, espero que a season 2 tenha promos não com imagens dos próximos eps., mas com canções interpretadas pela demônio cavalo de neon favorita dos fãs da série.
- Sério, eles vão full "quadrinhos" com a origem da Jane. Como vcs podem prever, a história é tensa.
- "Your mother sucks cocks in hell" é outra referência tirada de um filme de terror clássico, como já  rolou nos episódios anteriores. No caso, é uma das frases que Pazuzu, no corpo da jovem Reagan, manda pro Padre Merrin no clássico "O Exorcista".



- "I'm not L. Ron Hubbard". A referência aqui é ao criador da cientologia e, na moral, sou muito mais a religião dos pugs e da dança coletiva. Até pq, quando tudo está dito e feito, toda a história do Hubbard envolvendo Xenon e os Thetans e os cacetes é só muito, MUITO ruim.
- Sobre Tulpas, caso vcs estejam interessados e não tenham nenhum medo de lidar com o sobrenatural, tem um guia ilustrado e bem didático de como criar sua própria tulpa lá no wiki how, que encontrei enquanto estava pesquisando sobre o tema. É só seguirem os 14 passos descritos no site para, segundo eles, criarem um amigo imaginário do nada....



...... Because this is the kind of world we live in now..... Fucking hell....

- "Dance like there is a giant eye in the sky watching you"


A seguir: