sexta-feira, 22 de março de 2019

Doom Patrol s01e04 - Cult Patrol: "There is no reality"



E o grande intensivão de "como se tornar um super time" continua pros nossos bizarros heróis. Depois de um rápido confronto contra Mr. Nobody e de destruir um grupo de remanescentes nazistas, é a vez da família postiça do chief Niles enfrentar sua primeira ameaça mundial, seu primeiro inimigo nível Ômega. Tudo começa com uma cadeia de eventos relativamente pequena. Sinais, como diria Willoughby Kippling. Criaturas extra dimensionais bizarras surgindo. Um padre espanhol apresentando stigmatas.  "Relativamente pequena", eu disse. Ênfase no "relativamente". 
O episódio abre em Salt Lake City, com uma família aparentemente normal comemorando o aniversário de seu único filho. 

"and the shadow was good"

Sabe, eu tenho um medo crônico de mórmons, então, surpresa nenhuma de que o fim do mundo iria começar em Salt Lake City. Seria um dos meus dois chutes. Ou o apocalipse virá de lá, ou do óbvio, óbvio, ÓBVIO portal pro inferno que OBVIAMENTE existe no subsolo do Templo de Salomão, aquele tumor exposto em forma de templo religioso que a Universal tem aqui em SP. Vcs já passaram na frente daquela abominação? Aquilo BERRA "portal pro ultimo dos círculos do inferno mantido aberto à base do sangue de virgens e das lágrimas dos desesperados". 

Mas enfim, teorias conspiratórias à parte: depois de sermos apresentados à Eliott e sua cultista - e progressivamente menor - família, voltamos pra Cloverton, onde Vic tenta motivar geral na busca pelo mentor desaparecido do grupo. Atentemos pra menção à 37 dimensões conhecidas. Vou deduzir que o número oficial é o cabalístico 52 dos quadrinhos e que ainda haja coisa e esquinas multiversais a serem descobertas. Enfim, a menção é interessante, já que indica que é possível que a série cruze por alguns desses outros universos em suas aventuras.



Após uma tensa discussão, somos introduzidos à Crowley John Constantine Willoughby Kipling, bruxo caoísta inglês e um antigo associado de Niles, que surge para preparar os super humanos residentes ali para o risco de potencial extinção universal, na forma do cult of the unwritten book. Pra leitores de longa data de hqs, já acostumados com grupos como o culto ao irmão sangue, o kobra kult ou a brujeria (os bruxos mega ultra evil da DC, não a excelente banda mexicana), nada demais. Página 2 do "Super heroism for dummies": Death cults. 
Aliás, leitores veteranos já sabem: quando um bruxo inglês surge do nada pra dizer que o mundo tá perto do Game Over por causa de um monte de adoradores do demônio, o lance é tu parar e prestar atenção. Foi assim que a saga do Monstro do Pantano mais legal já feita, concebida por Alan Moore, começou. Alan Moore, um bruxo britânico. Tal qual Grant Morrison. Olha só o ciclo fechando.

Enfim.... corta pra..... não, sério, eu preciso falar disso: eu achava que nada ia ser mais awesome que Ezekiel, a barata. Eu estava errado. Senhores.... Baphomet



VAI TOMAR NO ** AGAIN!!!!! OLHA ESSA PORRA!!!! É um cavalo demônio azul em neon que canta. Olha a sincronia labial, os movimentos ritmados da cabeça e como a animação dela até acompanha os momentos de vibratto na voz. Vi essa cena ontem cedo e tô até agora com "Horse with no name" na cabeça.

Bom, após a conversa com Baphomet, e um mais rápido do que esperava resgate, o grupo tem o livro em mãos.... que por acaso, é um garoto. O do começo do episódio. Eliott. So...... Kipling cogita simplesmente incinerar o guri e impedir que os cultistas o leiam mas o resto do grupo prefere abordagens não homicidas. O time se divide: Cliff e Hammerhead vão para a Espanha atrás do padre que é, ele próprio, um portal para o reino de Nurnheim. O resto, fica na mansão, garantindo a segurança de Eliott.



O episódio, apesar de sofrer dos problemas de todo episódio que é o primeiro de duas partes, ou seja, ele só levanta as bolas para serem cortadas na segunda parte, faz a história andar de um jeito bem legal, com tribulações surgindo pra cada um dos membros daquele time: Jane e Cliff estão com um clima tenso entre os dois, depois da guria ter testemunhando o robot man em berserk contra os nazistas no ep. anterior. Larry continua em guerra com seu "passageiro interior". Rita doesn't give a flying fuck. E Vic precisa manter Kip na coleira, caso ele decida encerrar o problema da forma mais fácil, mandando o menino-livro pra vala. Após Hammerhead perder a cabeça e quase matar o padre espanhol - a história da menina vai, aparentemente, seguir a do gibi e creiam-me, o negócio é tenso - ela e o homem de metal com ela são sugados pra Nurnheim, onde são capturados pelos Hoodmen, a tropa armada do culto do livro não-escrito.



Lá, eles conhecem os Archons, os altos sacerdotes do grupo, versões from hell dos pais de Eliott (bom, da mãe, já que o pai do guri ta com a garganta aberta, morto). A conversa entre os dois membros do bando de Caulder e os archons é riquíssima em significados, não só pertinentes à crise na qual o grupo está enfiada, mas como parte dos temas principais da série em si. A sacerdotisa fala que isso de "heróis e vilões" é meramente uma questão de percepção. Okay, estamos falando de entidades suicídas líderes de um death cult e cujo plano envolve sacrificar um guri inocente - e toda a existência nesse plano dimensional - no processo. Mas isso não quer dizer que ela não tenha razão sobre a realidade ser extremamente dependente da perspectiva em que ela é interpretada, de como vemos o mundo. De fato, Cliff e Jane são pessoas comuns. Mas também são as versões que um tem do outro e, por sua vez, há a essência real, aquilo que somos quando reduzidos a nosso mínimo denominador comum enquanto indivíduos. Isso linka com os conflitos que o resto do grupo está enfrentando: Larry quer ser percebido como um homem "normal" aos olhos da sociedade e que sua persona super humana interna seja vista como um invasor, um monstro.



Vic e Kip são os opostos extremos um do outro. Vic é aquilo de "meu corpo é um templo", desesperadamente tentando se ver e, no processo, ser visto pelos demais como um super herói. Já o mago inglês é um desastre de trem em forma de gente, alguém disposto a tomar decisões eticamente questionáveis pelo bem maior. O fim justifica os meios. O conflito entre os dois vem de que ambos enxergam o Chief sob a própria perspectiva e as duas são auto excludentes. Daí, surge a tensão. Além disso, óbvio, há também a dialética de "ciência" vs "magia".



Rita, talvez mais até do que Jane, vê aquele coletivo de indivíduos como tudo, um bando de desajustados, uma aglomeração de gente quebrada que provavelmente estariam mortos ou sendo analisados cientificamente por médicos ligados a organizações secretas do governo, não fosse Caulder "adotá-los". Tudo. Menos "um time de super heróis". E, em termos pessoais, ela não se vê como uma guardiã, uma protetora. Por isso é tão adorável quando ela, contrariando a própria natureza, tenta convencer Eliott de que aquelas pessoas podem protegê-lo: ao dizer isso de forma convincente, decidida e em alto e bom som ela desafia a própria percepção e, talvez, esteja próxima de transformá-la. Eu disse mais de uma vez que a season 1 da série tá sendo um imenso cursinho intensivo de como se tornar um super herói e parte disso também vem da forma como aqueles sujeitos enxergam a eles mesmos, individualmente e em grupo. Enquanto não houver harmonia nesse aspecto, eles não irão funcionar. E de fato, é o que ocorre: o "eu interno" de Larry age contra a vontade de seu hospedeiro, o que coloca Eliott em risco. Apesar de inicialmente atuarem em conjunto, Kip acaba traindo Vic quando achou que a situação estava fora de controle. E Rita hesita em agir e usar seus poderes contra os scissor-men.
Como consequência dessa desarmonia, o centro desmorona e tudo está perdido: Bill Cipher O De-Creator abre seu olho da providência sobre o mundo. This is how the world ends.....



Outros pontos maneiros
- Mano, as camisetas dos personagens, de Black Flag, passando por The Clash, entre outras.... fucking hell, eu amo esse show.
- Uma coisa que sempre me incomoda em filmes de super heróis, jogos e tals, é que parece que só existe o protagonista naquele universo. Tipo o jogo do Homem Aranha. Aquilo é maravilhoso, merece todos os elogios e tals, mas quando o bicho tá pegando e NY tá inteira sitiada por tudo que é marginal do universo 616, sério que não tem um, mas nem UM puto de um herói pra aparecer e dar uma força? Pq? Pq estamos vendo um universo em seu nascimento. Por isso achei legal, como em Legion, quando os personagens falam de multiversos e outros grupos: aquilo já é um universo estabelecido. Estamos vendo só um fragmento dele.
- Adoro Mark Sheppard e quero que ele continue com seu projeto de aparecer em cada seriado bacana já feito, de Supernatural até Doctor Who. Mas fiquei me perguntando, já que o universo live action da DC já conta com um John Constantine - o excelente Matt Ryan - , pq não usa-lo? Mas, como diria o mestre Chorão, "cada escolha é uma renúncia". Ia ser legal ver o mago de Liverpool na história, mas aí não teríamos Kipling lá.
- Do pouco que eu estudei de magia do caos, é bem aquilo mesmo. Não importam muito os métodos, contanto que façam sentido pro mago em questão. Novamente, percepção.
- Amei os vilões. Dos Scissor-men, passando pelos Hoodmen e pelos Dry Bachelors. Jamais imaginei que fosse ver conceitos como esses adaptados dessa forma no audiovisual. Mas rolou e rolou bem feito.
- "Back me up here, tiny tim". Pra quem não pegou a referência, Cliff tava se referindo ao cantor de mesmo nome, famoso por cantar em falsete e pela música "tippy toes through the tulips", canção favorita do demônio de Insidious. 



A seguir: Kipling puto, mais Nurnheim, mais fim do mundo, mais Baphomet, mais Niles Caulder. E pugs......who.... has.....been through the desert on a horse with no name. 
It felt good to be out of the rain. 
TODO MUNDO!!!
In the desert, you can't remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain
Na naaaa na na na na na na, na na na, na na. 




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