sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Free the narrative II: sobre homens e monstros.




Oh boy... Free the Narrative II: the monster in us all.
Pelo poster, voltam William, Fodder, Skylar e fucking PARROW (IS DEATH!!!). E claro, a mente por trás da idéia, o Psycho boy em pessoa, Ethan Carter the third, que vai se ver frente a frente com Adam Scherr, (a.k.a. the monster among man, Braun Strowman).
O primeiro episódio é uma das coisas mais legais que eu vi esse ano. Evento de pro-wrestling, ao mesmo tempo que algo...mais. Falei dele inclusive aqui, mas reforço: uma idéia absolutamente original, ainda que carregando orgulhosamente sua cota de referências (e a principal delas ser o meu filme favorito da vida só ajuda). Ambientação, narração, as lutas e uma trilha sonora INSANAMENTE boa fizeram do FtN original um dos meus shows de luta livre favoritos de 2021. Então, não tem como não estar ansioso.
Estréia em pouco mais de uma semana. Obviamente, comento aqui assim que tiver visto. 


Monster Mash #56 - "There is no promised land"



Pronto. Seu final de sexta e começo de final de semana está salvo, graças a "yours truly" Hak D. Bear. 

Monster mash, a mixtape oficial do Groselha on the rocks, chega em uma edição mais good vibes do que de costume. 

The Addicts, Arca, Rolling Stones, Tim Maia e mais uma pá de coisa legal. 



Espero que gostem. Semana que vem tem outra.

Hasta.

The book is on the table #3: "Mesmo no espaço, todo mundo vai ouvir você gritar RAINMAKER!!!!!"

Eu gasto caracteres e mais caracteres falando ontem de Daniel Warren Johnson e duas de suas obras, descrevo dois dos seus trabalhos menos conhecidos, falo de UMA de suas hqs publicadas em uma das duas maiores editoras do planeta e completamente desconsidero A OUTRA publicação com roteiro e arte dele, publicada pela OUTRA maior editora do planeta e que, vejam vocês, não só foi a que eu li como foi também a razão de eu ir atrás dos outros gibis assinados pelo sujeito e que, além disso, é o motivo de eu estar falando dele no blog por dois dias seguidos. 


Goddamnit... é por isso que o Brasil não vai pra frente. 

Oh.... oh, yeah, verdade: olá. The book is on the table #3 no ar. Hak the mothafucking bear, o anti-buda suburbano, o fucking Misunderstood Mastermind, mais uma vez pra te trazer gibizinhos, séries, filmes, discos e demais coisinhas bacanas eu eu tenho consumido recentemente. 

Edição dupla essa semana pq não animei de escrever semana passada. Até tem coluna pronta mas não tava feliz com o resultado final. Mas agora vai. Talvez hoje ainda tenha Monster Mash por aqui. Talvez no final do semana. Ou talvez eu publique duas, semana que vem. A coluna, no entanto, volta pra periodicidade semanal pq eu apenas sou velho demais pra produzir texto nestas proporções. 

Bora?

Comecemos com joguinhos. 


Só comentando por cima, peguei Bloodborne novamente. Pq? Pq eu sou teimoso, simples assim. Parece que agora eu engrenei no jogo. O visual dele é lindo, mas a repetição ad-infinitum é um treco que me afasta horrores de qualquer coisa. Guacamelee é um game que eu só terminei pq a) o visual é lindo e b) FUCKING LUCHA, MOTHARFUCKER. Mas essa coisa de passar 5 horas jogando pra avançar quase nada é um treco que me brocha. Celeste, por exemplo.

Todo mundo fala desse jogo de forma positiva então, peguei pra ver qual é. Saí puto achando que era só um Cat Mario com historinha. 

Por sorte, no entanto, acho que o que me fez querer passar mais tempo em Yharnam, o pedacinho do inferno que serve de cenário para as aventuras do caçador sem nome, foi que eu finalmente senti uma evolução. No meu personagem, pq eu upei algumas de suas habilidades, mas também em mim, enquanto jogava. Os golpes saiam com mais precisão, as esquivas saíam de forma mais suave. Creiam-me, ainda fui surrado pelo primeiro boss que encontrei, mas não sem antes lanhar o bicho e tirar uns 3/4 da sua barra de energia. 

Não é o primeiro da série Souls que eu pego, já que cheguei a jogar algumas horas de Demon Souls no ps3 (acho que até comentei aqui) mas é o que mais chamou a atenção, principalmente pela ambientação, que ressoa comigo bem mais do que fantasia medieval. 

Vou ver até onde vou antes de dar rage quit. Talvez não muito mais longe. Talvez, até o final. 

I mean, se eu zerei Guacamelee, incluindo passando pela via crucis que foi pegar todos os fragmentos da máscara pra ver o final verdadeiro, não vai ser uma besta fera parecida com uma abstração senciente que vai me assustar...


...acho. 

Agora sim, gibizinhos. Daniel Warren Johnson. Beta Ray Bill.


Beta Ray Bill é uma minissérie em 5 parte publicada esse ano pela Marvel, com roteiro e arte de Johnson, protagonizada por um dos personagens mais legais do panteão asgardiano da Terra 616. 

Bill foi criado por Walter Simonson em sua clássica passagem pelo título. Após o final da sua fase, ele teve altos e baixos, seja em fases solo, seja como um dos personagens do núcleo cósmico da editora, já inclusive, tendo sido membro dos Guardiões da Galáxia. 

Nessa mini, vemos o personagem perdido, depois de ter seu martelo, Stormbreaker, destruído por Thor em um momento de berserk ocorrido em histórias prévias. Com seu poder reduzido e sem a habilidade de reverter para sua forma humanóide, Bill decide abandonar Asgard atrás de Odin, que deixou a cidade dourada, e de um novo martelo mágico. Ao encontrar o "pai celestial" da Marvel (não sem antes descobrir um clandestino em sua nave, ninguém menos que Skurge, que se apiedou do guerreiro e decidiu ajuda-lo em sua empreitada) e receber o conselho de ir atrás da espada negra de Surtur, os dois partem, junto da nave senciente de Bill e do troll Pip, em missão até Muspelheim, o reino de fogo onde a arma jaz, cravada na terra. 

Você encontra de tudo um pouco nesse gibi. Drama, nos momentos mais introspectivos de Bill, principalmente na relação que surge entre ele e a manifestação da IA da sua nave, Skuttlebutt. Comédia, em quase toda cena envolvendo Skurge. Horror cósmico, já que a missão do grupo se assemelha à jornada de Dante, inferno adentro. E claro, ação. Insana. Belíssima. GRÁFICA!!! GLORIOSA VIOLÊNCIA. 

Um gibi extremamente divertido com a belíssima, sem brincadeira, BELÍSSIMA arte de Johnson. Ele é daqueles artistas tipo John Romita Jr., Gary Frank e Dale Keown que transitam de forma extremamente rápida e competente entre drama e comédia, de forma muito natural. Essa é uma capacidade que muito artista grande e renomado não domina então, é sempre válido mencionar. É nesse ritmo que o gibi vai. Comédia e drama alternando de forma rápida, as vezes na mesma página. Com a tensão aumentando conforme o gibi se aproxima de seu clímax e da inevitável cena de combate contra o demônio Surtur. 

Ah sim, Daniel Warren é um grande fã de pro-wrestling e não esconde isso na arte. Eu contei pelo menos UM german suplex, um (acho que) "made in Japan", signature move do dragão Shingo Takagi e, em um momento que me fez berrar, um ripcord lariat, 




ou, como é mais conhecido por qualquer fã da NJPW e, mais especificamente, de Kazuchika Okada: 


RAINMAKAAAAA!!!

Meu veredicto pra esse gibi? 5 estrelas na escala Meltzer. :-)

Aliás, já que mencionei o homem que faz chover da  NJPW, é válido lembrar que


COMEÇOU O G1 31, CARAIO. 

Não vou mentir pra vcs: tem sido complicado assistir a NJPW recentemente. Você soma decisões de booking confusas com o fato de que o público não pode se manifestar exceto por palmas (por causa da pandemia. A situação de vacinação no Japão está bem complicada) e mais a tal da maldição que caiu sobre a promotion (maluco, uma PÁ de wrestler deles teve que ser encostada por um tempo, desde gente que se machucou em lutas - Will Ospreay, Naito, Hiromu DE NOVO - até gente que teve que ficar de molho por causa da COVID - Okada - ou de outras doenças relacionadas ou não ao vírus - tipo, o que diabos aconteceu com Kota Ibushi?). Claro que existem bons momentos isolados, afinal, estamos falando de um dos rosters mais talentosos do planeta, ainda mais contando com a expansão americana e o pessoal do dojo ianque segurando a bronca no NJPW Strong. Mas ainda assim, estes fatores todos tem me desanimado de correr atrás de coisas da maior promotion japonesa do planeta. 

I mean, AEW dominando o mundo, independentes começando a dar sinal de vida novamente, Stardom entregando uma forte candidata a MOTY. Estímulo não falta. Ainda mais com streaming facilitando horrores a vida do fã de luta-livre (Tipo, se tu assina a IWTV, só lá, já tem mais luta livre do que vc conseguiria ver em uma vida inteira).

MAS...quero acreditar que o g1, provavelmente o maior torneio de pro-wrestling do mundo (pau a pau com o BOLA da PWG) pode ser o momento de virada da companhia do leão. Os sinais de má sorte ainda estão lá - como mencionado, Naito teve que deixar o torneio por causa de uma lesão na perna - mas NO MÍNIMO, vamos ver grandes combates e um roster motivado a deixar os dias ruins pra trás e aproveitar o boost que wrestling tem sofrido. Pro-wrestling is cool again. Vamos ver se a NJPW vai finalmente conseguir surfar essa onda de popularidade da luta livre  e deixar a zica no passado.

É isso, pessoas. 

Segunda coluna entregue, promessa cumprida. Bora voltar pra Yharnan pq o mundo não vai se salvar sozinho. 

Bear's out.

Respect!!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

The book is on the table #2 - "Kaijus, Heavy Metal e consciência de classe"

 Yo dogs...

Eu sou o seu adorável host, Misunderstood Mastermind, de volta. De bom humor. 

Tava de péssimo humor quando comecei a escrever hoje cedo, devido a uma fila pavorosa, excruciante, inumana, INACREDITAVELMENTE lenta que peguei no mercadinho hoje cedo. 

E eu disse que do lado de fora do mercado estavam rolando obras na rua que envolviam, OBVIAMENTE, uma britadeira funcionando em full mode berserk? Pois é. 

Mas agora, depois de algum tempo, já estou em meu mood habitual. 

So, gibizinhos e demais coisinhas legais consumidas essa semana.

E em dose dupla. Eu prometi semana passada, lembram? Amanhã tem outra.

C'mon, eu jamais mentiria pra vocês. Bom... okay, eu totalmente faria isso, mas desta vez eu estou falando sério, okay? Talvez tenha até uma edição outta nowhere da Monster Mash vindo. Vai saber.



Anyways. Comecemos com o principal: ESSA SEMANA VOLTA DOOM PATROL.

Melhor série baseada em hqs já feita. Pau a pau com Legion, da FX. Dois exemplos de que DÁ PRA FAZER. Não precisa ser uma parada medíocre tipo as séries do Arrowverse ou os Defenders da Netflix. 

A temporada passada acabou em um cliffhanger, em consequência do final súbito das gravações em detrimento da pandemia. Dorothy Spinner indo enfrentar o Candlemaker na pocket dimension de onde os monstros que a menina cria se originam. Os trailers recentes já vieram anunciando que vai tudo ser elevado à enésima potência. DIABOS, vai ter Monsieur Mallah. Ansioso? HELL YEAH, eu tô ansioso. 

Que mais...

Ah sim.

Se não teve coluna semana passada, os culpados são Zander Cannon, Tom King e Jorge Fornés, Daniel Warren Johnson e Brandon Graham. Alguns de seus trabalhos (respectivamente Kaijumax, Rorschach, Murder Falcon/Space Mullet e King City) me levaram para um vórtex do qual eu quase não saio mais.



Kaijumax, particularmente, eu reli tudo, as 5 temporadas anteriores (que é como Cannon, autor da série, decidiu dividir os arcos. Cinco seasons de seis edições cada). Começa incrível e segue incrível até a season 4. Aí chega a season 5 e DEUS DO CÉU. Mas vamos por partes.

Kaijumax, série de, até o momento, 30 edições, da Oni Press, narra o cotidiano da ilha prisão de mesmo nome onde kaijus - sim, os monstros gigantes - são enviados para pagar pelos crimes cometidos contra a humanidade.

Ceis viram "Orange is the new black"? Ou "Oz"? Ou qualquer filme que narra o cotidiano dentro de uma prisão? Então vocês sabem o que esperar.

A arte e a premissa prometem um gibi leve, talvez uma comédia. E o humor está lá, não duvidem. mas ele vem de forma episódica e entre um rompante e outro, temos drama, tragédia e muita, MUITA dor.

Acompanhamos a trama pelos olhos de Electrogor, um kaiju que foi preso enquanto tentava sugar energia de uma usina nuclear para gerar os ovos que usa para alimentar seus filhos. Novamente, se vocês viram séries e filmes passados em penitenciárias, vocês PODEM PENSAR que sabem o que esperar. Mas nope, a série sabe te pegar de surpresa. 

Os 3 primeiros arcos mostram as idas e vindas de Electrogor e outros presos, além da dinâmica interna da ilha. Os grupos que se formam (supremacistas kaijus, cyber monstros que rejeitam a vida carnal, além dos perdidos que tentam orbitar - e talvez, faturar algum $$$$ - entre todos os grupos), a perspectiva dos "guardas" (basicamente, uma versão mais corrupta da tropa Ultra) e, em algumas situações, como é o mundo fora daquele pedaço do inferno. 

É uma história PROFUNDAMENTE divertida, não me entendam mal. Mas também é uma sátira política sobre as falhas do sistema prisional e como ele é parte de um sistema maior, feito para manter todo um grupo oprimido. As metáforas não são sutis de maneira nenhuma e, nesse caso, nem precisam ser. 

O quarto ano da série foca na ala feminina da ilha. Começa mais leve, mas, novamente, te surpreende quando tu menos espera.

Aí vem o ano 5. BOY, oh boy. "The orange mile", mostrando a ala da cadeia destinada para os monstros condenados à morte e esperando execução. Acompanhamos o julgamento de Pikadon, um dos maiores chefões do crime kaiju no planeta. Alguém de quem apenas ouvíamos falar nos números anteriores da série, sempre com um ar de horror acompanhando seu nome. E de fato, quando finalmente nos damos conta - e veja bem, era TÃO óbvio que passou batido por todo mundo - ele é, figurativa e literalmente, um monstro. Mas passamos a ver detalhes desse personagem, seu passado e quando essa carga de informação, somada ao backstore dos personagens que já conhecemos anteriormente, nos é revelada com nuances, percebemos que essa é uma história sobre empatia. Sobre como a sociedade crucifica pessoas que, pra começo de conversa, nunca tiveram uma chance pq essa mesma sociedade destinou a elas uma posição de periferia (novamente, literal e figurativamente) na sociedade. O papel deles é ser os monstros. As vítimas que cometeram o crime de tentar fugir do destino que esta mesma sociedade reservou pra eles, da forma que for. Sintomas de um mundo PROFUNDAMENTE doente. Não uma falha do sistema, mas um de seus produtos naturais. Sempre é preciso lembrar: criminalidade, pobreza, classes sociais desfavorecidas. Isto NÃO é um acidente do capitalismo. Isso É o capitalismo. É o capitalismo funcionando EXATAMENTE como deveria. 

Que esse gibi traga essas discussões ENQUANTO nunca deixa de ser um gibi divertido e que entretêm o tempo todo, é algo digno de nota. As referências quase non-stop sem nunca deixarem de soar orgânicas (sério, sem adentrar detalhes em excesso, mas vemos um musical "Hamilton style" dentro da trama só que recontando a história do Godzilla original de 54), tanto no visual dos personagens, quanto nas gírias desse grupo e até nas tatuagens que estes condenados carregam, tudo traz um pedacinho a mais de história e confere tridimensionalidade a aquele universo. A série tem momentos PROFUNDAMENTE perturbadores ao mesmo tempo que tem outros que me fizeram rir alto. 

Já está rolando a season 6 e última da série. Bate aquela sensação agridoce de ver a conclusão da trama como planejada por Cannon, mas ao mesmo tempo, ter que dizer adeus a este mundo riquíssimo, cheio de super ciência, magia negra, aliens e criaturas intra-terrenas. Um mundo de monstros e homens e sobre as linhas que separam estes dois conceitos.  

Espero alguns spin-offs mostrando outros aspectos desse mundo - bom, caso sobre algo dele depois do fim. 

E falando sobre o fim do mundo...



Ainda me mantendo nesse terreno do gibi autoral, li Murder Falcon (roteiro e arte de Daniel Warren Johnson e cores de Mike Spicer) e Space Mullet (Johnson escrevendo e desenhando).

O desenhista e roteirista é um dos "novos nomes" dos quadrinhos americanos e tem tomado a cena de sobressalto, já tendo inclusive um trabalho lançado em uma das duas majors (Wonder Woman: Dead Earth). De fato, seu roteiro e arte são... acho que "refrescantes" é a palavra. De fato, seus gibis tem uma energia punk e ele navega por temas sabendo transitar entre drama e leveza com uma graciosidade que é raro de ver. 

Murder Falcon é uma mini em 8 partes, publicada pela Image Comics, que mostra as aventuras de Jake. Ex-membro e líder de uma banda que se separou depois de uma tragédia pessoal vivida por seu frontman, seu mundo muda depois de, durante um ataque de monstros, ele encontrar Murder Falcon, uma entidade guerreira que utiliza o poder do rock como combustível e precisa não só que o rapaz volte a tocar, mas que reúna sua banda como forma de reviver outras entidades para ajudá-lo em sua missão. 

Falando assim parece uma trama leve e escapista e de fato, o gibi bebe muito de obras como o filme do Tenacious D ou jogos como Brutal Legend. Aquela coisa do PODER DO METAL (imaginem isso dito com um agudo Detonator-style). Mas ao mesmo tempo, existe um segundo nível de trama, BEM menos leve, sobre o poder da música como elemento de superação de traumas e tragédias. O quadrinho tem momentos bastante densos, emocionalmente falando e que podem tirar uma ou duas lágrimas de algum leitor incauto (nope, não falo em primeira pessoa. Nope... de forma alguma......). Exatamente por causa desses momentos, a ação é PROFUNDAMENTE empolgante, pq nos importamos com aqueles personagens. Porque sabemos do peso que Jake carrega consigo, assim como ocorre com os demais membros da sua banda, a Brooticus. Todos os personagens tem seu devido momento de brilhar sob os holofotes, e estamos falando de um grupo não particularmente pequeno. 

Pra qualquer um, esse gibi é certeza de uma boa leitura. Se você for fã de metal então, só pega algum disco clássico do gênero, coloca pra rodar com o volume no talo e apenas VAI ler Murder Falcon.


Já Space Mullet é uma graphic novel publicada pela Dark Horse em 2016 - surgida inicialmente como uma webcomic publicada por Johnson, na íntegra e gratuitamente, em seu site -  que traz temas parecidos com os de Kaijumax. Jonah e seu parceiro, o alien Alphius, são dois pilotos de uma nave de carga que vai aos trancos e barrancos, entre um trampo mal pago e outro, até que são contratados para realizar um trabalho que pode mudar a vida de ambos, ao mesmo tempo que força Jonah a reviver seu sombrio passado. Novamente, uma trama de premissa simples mas que serve de porta de entrada pra um universo muito bem elaborado e cheio de detalhes. A trama também inclui discussões sobre classes sociais, preconceito e xenofobia, abuso de poder militar e espetacularização da miséria. 

Apesar da publicação, a história ainda está disponível no site oficial da série (inclusive, o tpb que eu li contem apenas uma parte da história. Terminando esse texto, vou lá conferir o resto). 

A arte lindíssima, em tons de preto, branco e azul descreve muito bem o mundo dos personagens. Noir e melancólico. Altíssima tecnologia que convive com cantos do universo em estado de miséria. Personagens se colocando em situações que jamais deveriam estar, em primeiro lugar, se não estivessem tolhidos de qualquer outra opção como forma de garantir a própria sobrevivência. Acreditem: o título engana. A trama tem elementos que me lembraram, ao mesmo tempo, o clássico de 1969 "They shoot horses, don't they?", o anime Cowboy Bebop e sua "prima americana", Firefly

Outro daqueles gibis que poderiam durar pra sempre, com mundos ao mesmo tempo estranhos e tristemente familiares que causam na mesma medida, repulsa e fascínio e dos quais nos vemos querendo conhecer mais e mais. 

De Rorschach e das obras do Brandon Graham, eu falo outro dia.

Por hora, vou deixar os gibizinhos e falar das paradas que estou ASSISTINDO.


Larguei quase todas as séries de TV que via - ou melhor, coloquei todas em um hiato indeterminado - e decidi voltar pro universo dos tokusatsus. 

Leitores de longa data do blog devem lembrar que eu tive, por um tempo, uma seção fixa onde eu falava de séries japonesas desse tipo. Acabei não dando continuidade, mas decidi que era uma boa hora pra ficar em dia. Até pq, vejam bem...


Meu problema com séries em geral, é que eu tenho SERÍSSIMOS problemas de atenção. Manter minha concentração é algo complicado. Quando vejo séries com Stella, durante o final de semana, é bem mais simples. Mas sozinho, com toda a constante cacofonia da internet pra me tirar a atenção? Querer que eu me dedique a programas de tv de uma hora com 12 a 24 episódios é esperar um pouco demais de mim.

Existem exceções, mas estas só vem para comprovar a regra. 

Com tokusatsus é bem mais simples. 20 minutinhos por episódio e, em média, 50 episódios por série. 

Se eu quisesse, em uns 3 dias dava pra matar séries inteiras. Dessa forma, eu consigo enganar meu cérebro e mante-lo concentrado por 3, 4, 5 episódios de toku-shows por vez.

Uma vez decidido a ver programas do tipo, a questão era: por onde começar? 

Pensei em ver na ordem cronológica, mas não ia funcionar. Pretendo voltar para os clássicos e primeiras gerações dos Sentai, Ultras e Riders, mas por hora, fiquei com contrapartes mais recentes destas franquias.

A saber: 

Kamen Rider Zi-O

Kamen Rider Gaim

Kamen Rider Ex-Aid

Kamen Rider Wizard

Shinkenger

e Ultraman Orb. 

Vi os primeiros eps. de todas acimas, mais uma que só não curti e vou deixar pro futuro (Goseiger). 

Meio que eu adorei todas. Wizard, Gaim e Ex-Aid tem uma cinematografia linda, em um mundo vivo e cheio de cores e isso me fisgou rápido. A trama, bem legal, só contribuiu.

Zi-O também me encantou, apesar de beber com força do lore dos Riders e como eu só vi o que passou no Brasil e mais Kamen Rider Ryuki, pode ser que eu "perca a piada" aqui e ali. Mas se isso não me impediu de adorar Gokaiger, série cuja trama girava em torno de todas as séries sentai anteriores, acho que não vai ser isso que vai me fazer desgostar do show. 

Shinkenger... confesso que foi escolhida por pura aleatoriedade e, devo dizer, dei sorte. A série é visualmente bonita e a trama... acho que é melhor roteiro de todas dessas que comecei a ver. O episódio 5, por exemplo, usa a história para, através de uma trama de crescimento do líder do grupo, introduzir um dos tropes mais clássicos do gênero mas que, aqui, soa realmente surpreendente. Todo mundo, dos heróis aos vilões, exala carisma, com personalidades muito claras e bem definidas. As cenas de ação são muito legais e nem o CGI meio tosco atrapalha. Se você, como eu, é um toku-fã mancheteiro criado a base de Jaspion e Changeman, sempre quis voltar a ver seriados dessa natureza mas nunca soube por onde começar, vai na fé: Shinkenger é maravilhosa e daquelas pra fazer binge de horas e horas. 

Falo mais - COM CERTEZA - conforme for avançando. 

Por fim, Ultraman Orb. Minha primeira série Ultra da vida adulta (vi episódios da série original mas nunca fui até o fim). Até o momento? Só sei que gostei. Vi só o primeiro episódio e não tem muito nele pra tecer parágrafos e parágrafos, mas ele vem pra estabelecer a premissa e manter o interesse do público e fez as duas coisas comigo de forma muito competente. E ser uma série mais curtinha, com apenas 25 episódios, só contribui. 


É isso, crianças. Promessa paga. Amanhã tem mais. Mais curta, provavelmente, mas tem. 

The Misunderstood Mastermind is out!!!

Respect!!!

*Atualização: eu erroneamente creditei a arte de Murder Falcon a Mike Spicer, quando na real, ele foi o colorista da série que tem roteiros E arte de Daniel Johnson. Já corrigido mas ainda assim, mals aê. 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021


 


 


 


 


 

Monster Mash #55 - The one that ALMOST got lost



As I said, motherfuckers.... Tio Hak, the Bear, o Urso, o modafucking anti-buda suburbano, The Misunderstood Mastermind, não faz promessas vazias.... (pelo menos, não com frequência).

Monster Mash novinha pra vcs.




Tem um monte de coisa legal nela como.... hã...

okay, eu vou confessar que eu não lembro o que eu coloquei nessa lista, já que eu tô com ela pronta há milênios. Senão vejamos...

Oh, wow!!! Dinossaur Jr., Einsturzende Neubaten, X, New Order, The Streets.... eu tava inspirado nesse dia, não? 

Anyway, tem outra dessas já pronta e guardadinha, separada, pra postar aqui. Mas fica pra semana que vem.

Divirtam-se crianças. Hasta!!!


The book is on the table #01 - "É a esperança que mata".

 Yo, dogs....

"The book is on the table #01". Esse é o nome da nova "coluna" aqui no blog, da qual eu falei semana passada. Batizada, obviamente, pela minha talentosíssima esposa, a mesma mente que deu o nome para a "Monster Mash", a mixtapezinha oficial daqui do Groselha. 

Como já dito, a idéia é adotar um formato meio "newsletter" e falar de forma meio descompromissada - mas nunca superficial - sobre as recentes leituras, filmes vistos, discos ouvidos e o que quer que eu ache interessante de compartilhar com os senhores. 

Comecemos com quadrinhos, pq, afinal, é nossa mídia favorita.


Retomei a leitura de "Gideon Falls". Tinha lido os primeiros, 4, 5 números acho, uns tempos atrás. Até cheguei a comentar sobre em uma das edições do "Sobre homens que podem voar", o podcast que fiz uns tempos atrás e que os senhores podem encontrar lá no youtube (e antes que perguntem, não penso em continuar com ele. Meio desanimado de qualquer projeto que dependa de subir em uma plataforma que se apossa daquilo que eu criei e que cria todo um conjunto de regras imbecis pra definir se eu posso ou não divulgar o que eu fiz para o máximo de pessoas possível. Não quero me preocupar com o algoritmo do youtube, ou do spotify ou qualquer coisa do tipo #Blogging4ever ). Decidi pegar o gibi de volta e.... rapaz.

Digamos que eu tenha parado a leitura anterior antes de uma edição pivotal, daquelas que mudam sua percepção da trama como um todo. Desta vez, fui até a edição 10 e .... novamente... rapaz!!!!

Normalmente, falando de gibi, é fácil vc se concentrar na trama e render todos os loas possíveis para o roteirista, negligenciando o artista que desenhou o negócio. Sei lá, deve ser coisa vinda da nossa relação com o cinema, onde creditamos o filme a uma, duas pessoas no máximo (diretor e roteirista) e esquecemos de toda a horda de pessoas, literalmente DEZENAS, que precisaram botar esforço ali para aquele projeto sair do jeito que saiu. Anyway... todos os méritos ao roteiro de Jeff Lemire mas o que torna esse gibi algo único é a arte.

Sem entrar demais no mérito da coisa pra não spoilar: o padre Willfred chega á cidadezinha de Gideon Falls, uma dessas comunidadezinhas rurais no interiorzão dos EUA. Lá, logo na primeira noite, ele tem seu primeiro contato com o black barn, um barracão negro sinistro, material de lendas - e pesadelos - locais. Ao mesmo tempo, em outro canto da cidade, vemos Norton, um rapaz recentemente liberado por um hospital local depois de um período lá em virtude de suas patologias mentais,e que possui um passado que o conecta ao macabro barracão. Novamente, sem adentrar demais, chega um ponto em que os protagonistas finalmente conseguem acesso ao black barn. Neste momento, para mostrar que eles tem acesso a níveis dimensionais diferentes do 3D, o desenhista, Andrea Sorrentino aproveita para fugir do convencional. Pensem em Promethea e seus momentos mais lisérgicos.

Algo nesse nível. Sério, é impressionante como ele adapta a própria arte para diferenciar os momentos dentro e fora do barracão negro. Eu não consigo descrever o quanto são legais essas páginas e como ele é bastante eficiente em demonstrar que aquilo que os protagonistas estão experienciando é completamente desconectado de qualquer noção de tempo e espaço que nos sejam familiares. Brilhante, absolutamente brilhante. E novamente, o roteiro de Jeff Lemire, um dos grandes nomes dos quadrinhos atuais, só ajuda. É uma trama que bebe do souther gothic, mistura com Twin Peaks, sci fi e..

Sério, só peguem pra ler. Aproveitem que a série é curta. Seis encadernados. Vinte e sete edições. Em uma tarde, vocês matam a série inteira. 

Mudando de mídia, agora falando de cinema.


So. Green Knight. Filme novo da A24. Todo mundo tava no hype depois dos trailers e posteres mostrando um filme particularmente com cinematografia de encher os olhos. Restava saber se a história iria pelo mesmo caminho. 

Na história, acompanhamos o que pode ser a "história de origem" de Sir Gawain, um aspirante a cavaleiro do Rei Arthur, e seu fatídico encontro com o Cavaleiro Verde. O gigantesco homem, meio humano meio árvore, se aproxima da corte Arthuriana nas comemorações de final de ano e propõe um jogo. Um dos cavaleiros irá atacá-lo com sua espada. Um ano depois, este cavaleiro irá até os domínios da criatura, onde receberá dela um ataque nas mesmas proporções que o que desferiu no primeiro encontro de ambos. Depois disso, cada um segue sua vida.

Gawain, tentando mostrar força, decapita o Cavaleiro Verde sem hesitar. Surpreendentemente, o gigante se levanta, pega a própria cabeça e parte, não sem antes lembrar que ele e o jovem tem um encontro, dali a 365 dias. O filme é, basicamente, Gawain indo até o castelo do Cavaleiro Verde para cumprir com sua promessa. 

Se você também se perguntou "pq demônios ele decapitou o bicho, ao invés de só encostar com a espada no rosto do monstro ou algo do tipo?", creia-me, você está no caminho de entender a mensagem do filme. 

Pensem em Amadeus, clássico longa de Milos Forman. Da mesma maneira, Green Knight TAMBÉM é uma história sobre medíocres, sobre pessoas aspirando a grandeza mas em dado momento, sendo confrontadas com a possibilidade de que elas não tenham o que é necessário para atingir tal estado. 

Todo mundo se acha o protagonista do filme, o cara que vai sobreviver ao massacre de zumbis, à invasão alienígena. Ás vezes, no entanto, a vida te lembra que, na tal invasão dos mortos vivos, você não seria o zombie-hunter über cool, matando desmorto com uma serra elétrica, mas sim, um dos mortos-vivos, rastejando sem rumo atrás da próxima dose de massa cinzenta para devorar. 

Você não seria o Negan ou o Rick. Vc seria apenas o Zumbi nº 36 que apareceu por 15 segundos durante um episódio filler e que foi morto com um headshot. 

E dói ser lembrado da própria insignificância, não? É sobre esse desespero, essa busca pela grandeza, esse tatear no escuro, sem a menor certeza de que você pode bancar tal jornada, de que talvez, apenas talvez, você não seja "tão bom assim", que o filme fala. Atmosfera belíssima, um elenco, encabeçado por Dev Patel no papel de Sir Gawain, muito bom e um roteiro eficiente, que passa o que quer passar sem ser didático demais, sem muita exposição e sabendo deixar detalhes nas entrelinhas. 

Eu li sobre o filme ser uma anti-jornada do herói alguns dias depois de vê-lo. Antes disso, no entanto, Stella comentou comigo sobre achar que o filme tinha uma mensagem ambientalista, sobre como tomamos da natureza mais do que precisamos, como pensamos que certas coisas são uma certeza quando - como as mudanças climáticas recentes nos lembram - isso não poderia estar mais distante da verdade. 

E de fato, acho que as duas leituras estão corretas e se complementam. Afinal, não existe nada mais eficiente para lembrar a humanidade da própria insignificância do que a natureza. Tipo, estamos trancados há mais de ano em casa por causa de um vírus, sabe? Um corpúsculo microscópico. Nem uma porra de um ser vivo, de fato. Ínfimo, mas gigantesco o suficiente para botar o arrogante ser humano, com seu hipotálamo altamente desenvolvido e seu par de polegares opositores, de joelhos. Ou deitado eternamente. 

A humanidade se enxerga como eterna e inevitável, até um terremoto, tsunami, uma crise viral ou uma mudança mais radical na temperatura terrestre nos botar em nosso devido lugar. 

Enfim, pra mim, é um dos melhores filmes do ano, fácil no meu top 10. Talvez, no meu top 5. E olha que o ano está bem fornido de filme. 

Estréia sabe lá deus quando, mas vocês já encontram por "meios alternativos". E de qualquer maneira, não vão ao cinema, kemosabe. Covid 19, ya know? Okay, okay, já tem gente com suas devidas DUAS doses tomadas (eu, só no fim do mês), mas mesmo assim, aproveitem que quase todo lançamento grande tá saindo também em alguma plataforma de streaming. O ponto é: vejam da forma que for. 

Um longa sobre aprender a ser herói. Ou morrer tentando.

Por fim, ainda me mantendo no audio-visual, mas agora falando de um tema do qual eu discorro bem pouco aqui no blog: animes.


Eu confesso que nem sequer sabia que Megalobox tinha uma segunda temporada.

Vi, acho que mês passado, a primeira série. Adorei, um dos meus animes favoritos da vida. 

Aí, vi alguém comentando sobre a segunda série no twitter e fui atrás. 

Tem a série inteira no Funimation

Pois bem: estou no episódio 4 de "Megalobox 2: Nomad" e, boy, oh boy. Já gosto mais do que da série original. 

A primeira temporada mostra a história de Joe em um mundo num futuro indeterminado. Próximo o suficiente para tudo ser reconhecível, mas distante o suficiente para mesmo o familiar soar estranho. 

Nesse mundo, as diferenças de classe social parecem ainda mais distintas. Os ricos são MUITO ricos e os pobres.... bom, vocês podem imaginar. Neste mundo, um dos esportes mais populares é o Megalobox, onde boxeadores lutam usando exo-esqueletos tecnológicos que aumentam sua força e velocidade. Prestes a acontecer o principal torneio do ano, Joe e Nambu, seu treinador, decidem adotar uma abordagem peculiar para tentar se destacar e subir no ranking de competidores: lutar sem a tal armadura. Por isso, ele fica conhecido entre os fãs como "Gearless Joe". 

O primeiro ano da série já é particularmente eficiente em estabelecer o mundo no qual ela se passa e em enfatizar a questão da guerra de classes. Não por coincidência: Megalobox é de 2018, ano em que se comemorou o 50º aniversário do clássico mangá Ashita no Joe (de Asao Takamori e Tetsuya Chiba). pra quem nunca leu, Ashita no Joe foi um mangá de boxe publicado em 68. Em seus 20 volumes, a série falava também de pobreza, de classes sociais e do esporte como meio de ascensão social.

Dizer que Ashita no Joe foi importante é eufemismo: a série teve tal impacto na faixa mais jovem da sociedade japonesa da época que suas mensagens e a imagem de seu protagonista, foram adotadas por vários grupos de esquerda em manifestações que pediam por mudanças sociais no país. 

Até hoje um mangá celebrado por sua importância, pelos temas que tratava e, não nos esqueçamos, por ser um excelente gibi de ação. Megalobox surge também como uma celebração de Ashita no Joe e de seus temas.

"então, megalobox é uma versão cyberpunk de Ashita no Joe?"

Não. E sim. E não. Ele usa temas semelhantes mas apenas como base, para falar do mundo de hoje, do mundo de AGORA.

Pode parecer estranho falar de pobreza e Japão, mas lembremos que no ano que "Ashita.." surgiu, o país ainda estava se recuperando do baque da segunda guerra. O suporte financeiro dos americanos já era uma das fontes de recuperação da nação asiática, mas o país ainda sangrava. Foi, pra mim, um choque, ao ler Ashita no Joe pela primeira vez, ver uma favela em pleno solo japonês. 

Então, Megalobox pega esses elementos e os usa para falar do mundo de hoje e a segunda temporada pisa ainda mais fundo nessas questões. A season 2 começa com um salto de 5 anos desde o ultimo episódio da temporada anterior. Neste tempo, algo profundamente traumático aconteceu e causou o afastamento de Joe das lutas de boxe. Encontramos o protagonista perdido, cruzando o país de moto, profundamente quebrado, viciado em analgésicos e distante de todos os demais personagens com os quais estávamos familiarizados. O protagonista acaba, depois de ter sua moto roubada, em um assentamento "ilegal" de uma comunidade de imigrantes.

E pelo simples fato de estarmos em 2021, vocês provavelmente já podem imaginar pra onde essa história vai. 

A série não segura as porradas. Xenofobia, preconceito de classe E contra imigrantes, são discutidos de forma clara. A fantasia de ir para um país que parece acolhedor, em busca de um futuro melhor, em contraste com a realidade de um povo que escolhe imigrantes como bodes expiatórios de toda e qualquer crise social. 

Esta comunidade não é descrita como de nenhum lugar em especial, mas o fato do tom da pele deles ser mais escuro, além da língua latina e dos costumes que remetem ao México, tornam tudo ainda mais familiar para qualquer um vivendo os tensos dias atuais. 

Esse é um ponto em que eu bato sempre: fazer arte política SEM soar proselitista é algo MUITO difícil. Um pouco de sutileza de MENOS e você termina com algo parecido com aqueles conselhos que rolavam no final dos episódios do He-Man. 

Megalobox no entanto, sabe tratar desses temas com equilíbrio. Ainda é uma história de ação, mas uma que discute um estado de direita alimentado por interesses burgueses e que escolhe imigrantes como alvos. Sem excesso de didatismo e sem deixar de ser um anime de esportes. 

Não é um reboot de Ashita no Joe. Está mais para uma reencarnação. Algo que pega as bases do original e atualiza para os problemas do planeta Terra do século XXI. O primeiro arco parece se encerrar no episódio 4. No ponto em que estou, Joe, já em processo de recuperação, decide voltar para confrontar o passado traumático do qual tentou fugir. 

Preciso dizer: em alguns momentos da série, lembrei de "Ted Lasso", série que começamos, Stella e eu, recentemente e que me peguei surpreendentemente adorando. Em um determinado momento, Ted comenta sobre como a idéia difundida na comunidade local onde ele acabou de chegar de que "é a esperança que mata" pode ser uma falácia. Segundo os locais, fã de um time de futebol da cidade que está em vias do rebaixamento na divisão que disputa, é melhor abraçar o niilismo pq, afinal, pelo menos você não se pega decepcionado quando as coisas não saírem como o planejado. 

Ted no entanto, defende que é a FALTA de esperança que mata. De fato, niilismo tem um elemento confortável. "Se nada pode ser mudado, para que tentar?". Ted defende a esperança, em um universo frio e que não dá a mínima para nenhum de nós, como um ato de rebeldia. E essa é uma crença que, confesso, eu sempre carreguei comigo. 

Se deus é um master of puppets sádico se divertindo com meu sofrimento, o mínimo que eu posso fazer é tentar achar alguma felicidade APESAR dele. 

Escapar do niilismo e do desespero é um processo, não um evento. No ponto em que estou de "Megalobox 2: Nomad", Joe começou a longa jornada de volta em direção a...algo. Disposto a resgatar a vitória - ALGUMA vitória - das soberanas e incessantes garras da derrota. 

Não sei ainda COMO ele vai fazê-lo, mas acho que vai ser fascinante estar ao lado dele durante sua odisséia. 


É isso crianças. Longa coluna essa semana. Vou tentar fazer algo mais curto semana que vem. Ou não.

Falo mais de Megalobox quando terminar o anime. E prometo posts também sobre Ashita no Joe e Ted Lasso. QUANDO, eu ainda não sei, mas eles virão. 

Ah, e fiquem espertos aqui no blog que logo, logo, devo subir Monster Mash nova. Musiquinha legal com a SEMPRE EXCELENTE curadoria do tio Hak, pra vocês. 

Respect!!!!

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Devaneios sobre o trailer de The Matrix: Ressurrections

 

Maluco.... MALUCO...


                      

Ceis viram o trailer de The Matrix Ressurrections? (plural, é importante. As Wachowski são sempre muito cuidadosa com detalhes).

Eu confesso que sempre tive uma idéia de como poderia ser o futuro da franquia caso as autoras resolvessem retornar para esse universo. Ao mesmo tempo, claro, sempre tive certeza de que isso não iria acontecer, simplesmente pq não precisa.

Tudo que precisamos saber sobre o universo de Neo, Trinity, Morpheus e demais está lá nos filmes e no material do universo expandido que importa.

"Que importa" pq, afinal, existe o MMORPG "Matrix Online", mas não falamos sobre jogos online nesse blog. Enfim...

...Vocês assistiram o penúltimo especial de Adventure Time? "Together Again"?

Não, não divago. Ainda estou no tema, confiem no tio urso.


...Se a resposta for sim, vocês sabem o que acho que pode ser o próximo filme da série. Não, não a respeito de uma vida pós-morte, apesar de que...

Eu juro, eu estou ME FORÇANDO a não fazer um "destrinchando o trailer" aqui, apenas pq eu sempre falo tão mal desse tipo de vídeo. Mas a fangirl em mim tá que tá.

Voltando: a guerra acabou no final de Matrix Revolutions e de acordo com o lore da série, não há pq esperar que as maquinas tenham voltado atrás em sua promessa de libertar os humanos que quiserem liberdade. Lembremos sempre: os dois últimos filmes e o animatrix, principalmente vem para desfazer qualquer percepção de que os humanos são os heróis da história. A trilogia em si não é sobre heróis vs vilões ou em quem vence a guerra, mas é, sim, sobre "não-lutar". Sobre a ilusão de "nós vs eles". É aí que acho que mora o roteiro do quarto filme.

Considerando o conteúdo do trailer, onde vemos um Neo (nunca um Thomas Anderson) confuso, vivendo a base de pilulas azuis, sendo recrutado por uma nova célula de red pills e sendo brutalmente caçado enquanto tenta fugir com Trinity, eu desconfio que vamos por uma abordagem mais...."serena".

Menos espetáculo e mais intimismo. Neo procurando por um propósito, Neo revivendo seus "greatest hits" na cena da recepção do prédio, do helicóptero e no metrô. 

O ciclo do protagonista é bem simples: ele surge no primeiro filme e é quebrado no segundo para se redescobrir no terceiro. E se este for o passo final, com ele agora como antagonista? Não mais como o salvador da humanidade, mas seu algoz? Não como vilão, mas como, ele próprio um deus, criador de uma nova realidade onde ele pode viver com a mulher que ama?

Yep. Como diria o Architect no Matrix Reloaded: "vis a vis, love". Considerando o approach mais humano dos projetos recentes das Wachowski, desconfio que toda a violência e cacofonia é uma tática de despiste. O trailer entrega o que geral ESPERA do filme. Mas talvez, não o que realmente importa. 

Desconfio que vai ser como Matrix Revolutions. A maioria das pessoas vai odiar o filme. 

Eu? Vou amar no nível de decorar diálogos. Sai dia 22 nos EUA.

Um mês depois, chega no HBO MAX aqui no Brasil.

Ou dia 23, no serviço de torrent da sua preferência. Fight the system, motherfuckers. :-)

Piadas à parte, sigo curiosíssimo. E ansioso.  

sexta-feira, 3 de setembro de 2021


 

Heels: sobre heróis e vilões.

 Não, sério, vcs tão vendo Heels?


Pq - e PRINCIPALMENTE se vocês forem fãs de pro-wrestling - vcs deveriam.

Heels é o novo show do canal Starz, criado por Michael Waldron (que já passou por Rick and Morty, Loki e é um dos co-roteiristas do próximo filme do Dr. Estranho) e que estreou há algumas semanas. 

Comecemos pelo começo: eu não tenho como enfatizar o quão complicado é fazer uma história sobre luta livre. Parece simples, não? Mas pensem comigo: qual a abordagem a ser adotada? Kayfabe full ou free? Vc vai tratar as lutas como algo real, e daí vai vir o drama da história, tal como ocorre em mangás ou histórias sobre esportes? Onde, no caso, o conflito vem de se o esportista ou time vão ou não ganhar a partida ou se destacar no esporte que pratica?

Ou não, vai tratar o wrestling de uma perspectiva mais realista, onde as lutas são o que são - scriptadas? sim. Com final pré-determinado? Sim. Fakes? VAI PRA CASA DO CA***** - e o drama vai vir de outros tipos de conflitos?

Essa segunda abordagem, obviamente, perde em ação mas ganha em drama. E foi essa a escolha que Heels fez. E que bom, veja bem. 

A primeira abordagem tem seus méritos. Tipo, o anime do Tiger Mask W, por exemplo. Ou os filmes do Santo. 

Mas o show protagonizado por Stephen Amell e Alexander Ludwig prefere adotar um olhar mais sério para esta forma de arte tão subestimada que é o wrestling profissional. 

Na trama, passada em uma cidadezinha minúscula no interiorzão americano, Jack e Ace Spade tentam manter viva a promotion de luta livre local, a Duffy Wrestling League ou DWL, uma herança do falecido pai dos dois. Apesar da companhia ser um dos orgulhos locais da pequena comunidade que ali reside, ela tenta sobreviver aos trancos e barrancos, tendo que concorrer tanto com outras pequenas promotions regionais quanto com os peixes grandes (a principal delas sendo a FWD - Florida Wrestling Dystopia - uma promotion de deathmatches em ascensão). 

É obviamente uma série sobre luta livre mas também é uma série sobre como é ser um artista relativamente pequeno tendo que disputar atenção com outros, incluindo aqueles que tem todo um aparato de uma grande companhia por trás deles. A série não segura os socos: vemos a situação de Jack e Ace tendo que dividir esforços nos ringues e em trabalhos menos glamourosos durante o dia, como, aliás, ocorre com quase todo mundo no vestiário da DWL. Ao mesmo tempo, vemos os conflitos da vida "civil", em choque com a persona maior que a vida destes performers. 

E além disto, cereja no topo do bolo, a série não hesita em abordar tópicos sobre raça e gênero que são complicados mesmo nas maiores promotions no mercado atualmente, incluindo obviamente a maior delas, a WWE. Crystal (Kelli Berglund), o par "romântico" de Ace e valet (aquela moça que acompanha o lutador pro ringue que era tão comum nos anos 80 e 90) demonstra desde o ep. de estréia interesse e talento em talvez, conseguir uma carreira no ringue. Enquanto isso, Rooster Robbins (Allen Maldonado), tem talento, carisma e é um grande lutador, mas nunca teve a posição de campeão de uma promotion por ser um homem negro.


A série é OBRIGATÓRIA pra qualquer fã dessa forma de arte. Mas se vc não curte pro-wrestling, recomendo da mesma forma. Ela é bem introdutória, usando personagens que não conhecem as "regras" desse universo em conversa com outros já "iniciados" para expor seus conceitos pro público em geral. Então, além de um excelente drama, ela também é uma ótima porta de entrada para quem já teve interesse em ver algo relacionado mas nunca soube como começar (inclusive, espertamente, todos os episódios tem como títulos conceitos dessa arte: kayfabe, swerve, cheap heat, cutting promos, etc.)


A atmosfera da série é excelente. A fotografia é maravilhosa, transmitindo a aridez daquela região, em contraste com as cores quentes e a energia do local onde rolam as lutas. O elenco me surpreendeu, admito. Confesso já ter tido certa má vontade com Stephen Amell. Má vontade esta originada do meu ódio por qualquer coisa relacionada ao Arrowverse. No entanto, admito que a aparição do ator no evento de estréia da All Elite Wrestling e sua excelente luta contra Christopher Daniels no pré show do evento começou a me fazer repensar esse preconceito. Corta pra 2021 e eis me aqui, obrigado a admitir: Amell é um excelente protagonista e aqui, ele está cercado de atores igualmente competentes. Destaque para as participações especiais: até aqui, já tivemos CM Punk atuando como um wrestler de deathmatches, na linha de Cactus Jack e do roster da GCW. 

O roteiro, que é onde mora a mágica desse show, lida com os temas já mencionados além de outros como depressão, a idéia de masculinidade no mundo atual, principalmente em um esporte como a luta livre. E claro, a dinâmica de heróis e vilões. Ou, como esses termos são usados no wrestling, Faces e Heels.

E também é sobre arte. Sobre peixes pequenos em lagos enormes com predadores rondando, o tempo todo. Sobre viver de arte e as durezas envolvidas para quem lida com isso. 

Aproveitem pra fazer binge agora, já que a série ainda está no começo (essa semana foi exibido o episódio 3). 

Eu tenho um profundo amor por essas promotions pequenas, "de quintal" como os americanos chamam, e ver uma delas representada com o devido carinho e respeito tem sido uma experiência bem interessante. Pra quem já curte o esporte ou quer passar a curtir e quer ver "como as salsichas são feitas", fica a recomendação. 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Leituras recentes...

 Yo...

Li umas paradas e queria comentar aqui. Nada com a profundidade costumeira, já que agora eu..


aham..


ESCREVO PROFISSIONALMENTE, CARAIOOOOO


...maluco, eu nunca vou me cansar de mencionar isso em cada maldita oportunidade que eu tiver...

...

então, escrever no meu tempo livre acaba soando menos atraente do que costumava. Mas os impulsos ainda estão aqui. Normalmente eu ventilo sobre coisas vistas lá no twitter, mas confesso que eu tenho cada vez menos carinho pela rede social do passarinho azul. Não pelos motivos de sempre. Acho que é apenas cansaço e a sensação de que nada perdura por lá. 

Pessoas pararam de postar textos mais longos depois que o twitter permitiu um número maior de caracteres e a possibilidade de threads, mas boa sorte pra quem quiser uma destas discussões mais aprofundadas depois de um tempo. Cadeias de raciocínio inteiras perdidas, tal qual lágrimas na chuva. 

Nah. E afinal, as tretas envolvendo pagamentos no twitter e youtube, além das mudanças nas regras do Instagram só me fazem ter ainda mais carinho pelo formato de blog. Já tive minhas tretas e perdi conteúdo algumas vezes (a época sombria do blogger.com.br) mas ainda é meu meio favorito de consumir informação virtualmente. Plataformas vem e vão, mas tem pouca coisa que eu valorizo mais do que liberdade e poder fazer um conteúdo sem (muitas) restrições. 

Anyway...


Terminei agora há pouco, o terceiro e ultimo volume de Fante Bukowski. Acho que já falei da hq aqui mas, anyway: O título - com roteiro e arte de Noah Van Sciver e publicado pela Fantagraphics - conta a história do protagonista de mesmo nome, um escritor wannabe com mais "pose" de artista do que talento genuíno (I mean, uma olhada pro nome artístico que o sujeito adotou já deve dar indícios de que criatividade não é dos seus fortes). 

Ler esse gibi, mesmo não sendo um escritor de ficção, é uma experiência meio dolorosa. Creiam-me: NINGUÉM quer se identificar com a figura. Imaginem todos os estereótipos do artista em começo de carreira que muda pra cidade grande procurando pela chance de virar "the next big thing"...

..Exatamente. 

Diabos, talvez vocês tenham em seu círculo de amigos uns 2 ou 3 iguais a ele. Por sorte, meu círculo de amigos artistas sempre foi majoritariamente de pessoas insanamente talentosas (não por coincidência, a mais talentosa dentre eles foi a que veio a se tornar minha "esposa". Eu sempre tive uma queda por artistas) mas mesmo assim, já tive minha cota de encontros com Fante Bukowskis nesses anos de vida. 

Depois do sereno final do volume 01 e do twist inesperado no 02, eu confesso que não sabia o que esperar. As perspectivas não eram otimistas. Ou o protagonista terminaria impossivelmente reconhecido e na posição que tanto almejava, apesar de lhe faltar o talento de fato para conferir alguma substância a essa fama ou.... bom, ou morto. Provavelmente suicídio. I mean, os sinais estavam lá. 

Foi com certa surpresa que - spoiler alert - o terceiro volume fecha em um tom positivo. Não exatamente otimista, mas esperançoso. Aquilo de "terminar vivo para continuar lutando, de novo e de novo". The struggle is never over. 

Fante... bom.. Kelly... parece ter começado um processo de repensar as próprias prioridades. O sonho permanece o mesmo, mas a jornada não precisa ser solitária. Estamos todos sós, mas tentamos pelo menos achar alguém com quem valha a pena "ficar sozinho junto". Nem me falo de uma forma romântica, obrigatoriamente. É como Misty Day, personagem de American Horror Story: the Coven (não me julguem) dizia. "Todo mundo precisa achar sua gangue" ou algo assim. 

Enfim, excelente leitura. E educacional. Duvido que qualquer aspirante a escritor vá cair em algum dos clichês clássicos associados à profissão (existe uma primeira versão do meu post sobre Evangelion e Flex Mentallo que foi concebida à base de doses e doses de álcool e que jamais viu a luz do dia pq foi brutalmente deletada depois, quando reli a bagaça já devidamente sóbrio. Benzadeus. O mundo agradece) depois de ver Fante chafurdando neles.

Ainda sobre leituras..



Retomei, depois de longo e nem tão tenebroso inverno, a leitura de One Piece. E cheguei na tão comentada fase em Dressrosa. 

Maluco..


MALUCO... Esse gibi é um MILAGRE. Desculpem a hipérbole, mas é uma daquelas situações em que este tipo de arroubo passional cabe confortavelmente. MILAGRE.

Um gibi autoral com tons políticos inacreditáveis que também é um dos, senão O mangá mais famoso do planeta e que se mantem em um nível de qualidade que perdura por, LITERALMENTE, décadas?

Isso não deveria existir. E no entanto, One Piece é indiscutivelmente mainstream. E eu quero dizer REALMENTE mainstream. Da, provavelmente, banda mais famosa do mundo atualmente, o coreano BTS, passando por rappers como Travis Scott, Lil Uzi Vert, wrestlers como ACH e Minoru Suzuki.

Diabos, a unica coisa que eu sei da encarnação mais recente das olímpiadas é que um dos atletas fez uma das poses do Luffy antes ir jogar. One Piece é, tipo, famoso nível Marvel. Não é mais coisa de nerd, mas de qualquer um. O nerdão de comic shop lê, assim como o menino cool que vai pra baladinha todo final de semana e frequenta lugares onde tocam artistas underground. 

Eiichiro Oda PODERIA ter abraçado o puro escapismo. Nada de errado nisso. Mas não. 

Eu estou atualmente no volume 75 do mangá e até aqui, já tivemos discussões sobre colonialismo, luta de classes, fascismo, preconceito e uma INSANA mensagem anarquista. Exércitos foram combatidos. Bandeiras queimaram. Revoluções começaram. E no meio disso tudo, Luffy e seu bando de fora-da-lei, procurando pelo trono de Rei dos Piratas. Ao mesmo tempo, uma quantidade insana de lore e um world building de proporções Tolkenianas. Onde dar o soco mais forte ou descobrir o mais novo nível de poder não é o suficiente, quando você está soterrado sobre um sistema de proporções planetárias. E, JAMAIS nos esqueçamos das palavras do Capitão Nascimento..


"O mundo só faz sentido quando você o obriga a fazê-lo" já dizia Schopenhauer Batman. A gangue do chapéu de palha segue mostrando que o contrato social é mais frágil do que a elite que vive parasitando dele pensa. E a melhor parte é que o protagonista é muito isso de "gente como a gente". Ele vê erros e não os mascara, nem finge que eles são algo além de aberrações. 

Ler OP tem sido uma jornada surpreendente. É SIM uma obra-prima, digna de ser colocada na mesma mesa que os grandes clássicos que os quadrinhos mundiais já nos deram. É política as hell. É mais profunda do que muito gibi "sério" e "adulto" tenta ser. E ao mesmo tempo, é extremamente divertida. 

Com sua cota gigante de mensagem, mas sem perder o elemento de entretenimento. 

É um milagre que algo assim exista. E algo extremamente, EXTREMAMENTE raro. Sorte nossa. 


Vou deixar um vídeo aqui - cheio de spoilers, então vão com cuidado - que provavelmente eu até já postei aqui no blog mas tiraram do ar e depois uparam de volta, então, cabe a menção. 

É um longo vídeo ensaio discutindo sobre os elementos anarquistas no roteiro de One Piece. 

Quem se interessar pelo tema - e se a barreira da língua não for um problema - procurem um spin-of do One Piece podcast chamado "Fight Together" onde eles levantam e discutem os grandes temas abordados na série. Raça, questões de gênero, paternidade, Fascismo e política. 

Tem lá no spotify

Espero que gostem destes posts mais "newsletter" aqui no blog, até porque acho que eles vão virar uma tendência neste espaço. Vou tentar não demorar pra postar um desses aqui. Não vou fazer promessas de periodicidade pq vcs já devem saber como o Groselha funciona, mas vou TENTAR que eles sejam, PELO MENOS, semanais. 

É isso, guris. 

Respect!!!