quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Leituras recentes...

 Yo...

Li umas paradas e queria comentar aqui. Nada com a profundidade costumeira, já que agora eu..


aham..


ESCREVO PROFISSIONALMENTE, CARAIOOOOO


...maluco, eu nunca vou me cansar de mencionar isso em cada maldita oportunidade que eu tiver...

...

então, escrever no meu tempo livre acaba soando menos atraente do que costumava. Mas os impulsos ainda estão aqui. Normalmente eu ventilo sobre coisas vistas lá no twitter, mas confesso que eu tenho cada vez menos carinho pela rede social do passarinho azul. Não pelos motivos de sempre. Acho que é apenas cansaço e a sensação de que nada perdura por lá. 

Pessoas pararam de postar textos mais longos depois que o twitter permitiu um número maior de caracteres e a possibilidade de threads, mas boa sorte pra quem quiser uma destas discussões mais aprofundadas depois de um tempo. Cadeias de raciocínio inteiras perdidas, tal qual lágrimas na chuva. 

Nah. E afinal, as tretas envolvendo pagamentos no twitter e youtube, além das mudanças nas regras do Instagram só me fazem ter ainda mais carinho pelo formato de blog. Já tive minhas tretas e perdi conteúdo algumas vezes (a época sombria do blogger.com.br) mas ainda é meu meio favorito de consumir informação virtualmente. Plataformas vem e vão, mas tem pouca coisa que eu valorizo mais do que liberdade e poder fazer um conteúdo sem (muitas) restrições. 

Anyway...


Terminei agora há pouco, o terceiro e ultimo volume de Fante Bukowski. Acho que já falei da hq aqui mas, anyway: O título - com roteiro e arte de Noah Van Sciver e publicado pela Fantagraphics - conta a história do protagonista de mesmo nome, um escritor wannabe com mais "pose" de artista do que talento genuíno (I mean, uma olhada pro nome artístico que o sujeito adotou já deve dar indícios de que criatividade não é dos seus fortes). 

Ler esse gibi, mesmo não sendo um escritor de ficção, é uma experiência meio dolorosa. Creiam-me: NINGUÉM quer se identificar com a figura. Imaginem todos os estereótipos do artista em começo de carreira que muda pra cidade grande procurando pela chance de virar "the next big thing"...

..Exatamente. 

Diabos, talvez vocês tenham em seu círculo de amigos uns 2 ou 3 iguais a ele. Por sorte, meu círculo de amigos artistas sempre foi majoritariamente de pessoas insanamente talentosas (não por coincidência, a mais talentosa dentre eles foi a que veio a se tornar minha "esposa". Eu sempre tive uma queda por artistas) mas mesmo assim, já tive minha cota de encontros com Fante Bukowskis nesses anos de vida. 

Depois do sereno final do volume 01 e do twist inesperado no 02, eu confesso que não sabia o que esperar. As perspectivas não eram otimistas. Ou o protagonista terminaria impossivelmente reconhecido e na posição que tanto almejava, apesar de lhe faltar o talento de fato para conferir alguma substância a essa fama ou.... bom, ou morto. Provavelmente suicídio. I mean, os sinais estavam lá. 

Foi com certa surpresa que - spoiler alert - o terceiro volume fecha em um tom positivo. Não exatamente otimista, mas esperançoso. Aquilo de "terminar vivo para continuar lutando, de novo e de novo". The struggle is never over. 

Fante... bom.. Kelly... parece ter começado um processo de repensar as próprias prioridades. O sonho permanece o mesmo, mas a jornada não precisa ser solitária. Estamos todos sós, mas tentamos pelo menos achar alguém com quem valha a pena "ficar sozinho junto". Nem me falo de uma forma romântica, obrigatoriamente. É como Misty Day, personagem de American Horror Story: the Coven (não me julguem) dizia. "Todo mundo precisa achar sua gangue" ou algo assim. 

Enfim, excelente leitura. E educacional. Duvido que qualquer aspirante a escritor vá cair em algum dos clichês clássicos associados à profissão (existe uma primeira versão do meu post sobre Evangelion e Flex Mentallo que foi concebida à base de doses e doses de álcool e que jamais viu a luz do dia pq foi brutalmente deletada depois, quando reli a bagaça já devidamente sóbrio. Benzadeus. O mundo agradece) depois de ver Fante chafurdando neles.

Ainda sobre leituras..



Retomei, depois de longo e nem tão tenebroso inverno, a leitura de One Piece. E cheguei na tão comentada fase em Dressrosa. 

Maluco..


MALUCO... Esse gibi é um MILAGRE. Desculpem a hipérbole, mas é uma daquelas situações em que este tipo de arroubo passional cabe confortavelmente. MILAGRE.

Um gibi autoral com tons políticos inacreditáveis que também é um dos, senão O mangá mais famoso do planeta e que se mantem em um nível de qualidade que perdura por, LITERALMENTE, décadas?

Isso não deveria existir. E no entanto, One Piece é indiscutivelmente mainstream. E eu quero dizer REALMENTE mainstream. Da, provavelmente, banda mais famosa do mundo atualmente, o coreano BTS, passando por rappers como Travis Scott, Lil Uzi Vert, wrestlers como ACH e Minoru Suzuki.

Diabos, a unica coisa que eu sei da encarnação mais recente das olímpiadas é que um dos atletas fez uma das poses do Luffy antes ir jogar. One Piece é, tipo, famoso nível Marvel. Não é mais coisa de nerd, mas de qualquer um. O nerdão de comic shop lê, assim como o menino cool que vai pra baladinha todo final de semana e frequenta lugares onde tocam artistas underground. 

Eiichiro Oda PODERIA ter abraçado o puro escapismo. Nada de errado nisso. Mas não. 

Eu estou atualmente no volume 75 do mangá e até aqui, já tivemos discussões sobre colonialismo, luta de classes, fascismo, preconceito e uma INSANA mensagem anarquista. Exércitos foram combatidos. Bandeiras queimaram. Revoluções começaram. E no meio disso tudo, Luffy e seu bando de fora-da-lei, procurando pelo trono de Rei dos Piratas. Ao mesmo tempo, uma quantidade insana de lore e um world building de proporções Tolkenianas. Onde dar o soco mais forte ou descobrir o mais novo nível de poder não é o suficiente, quando você está soterrado sobre um sistema de proporções planetárias. E, JAMAIS nos esqueçamos das palavras do Capitão Nascimento..


"O mundo só faz sentido quando você o obriga a fazê-lo" já dizia Schopenhauer Batman. A gangue do chapéu de palha segue mostrando que o contrato social é mais frágil do que a elite que vive parasitando dele pensa. E a melhor parte é que o protagonista é muito isso de "gente como a gente". Ele vê erros e não os mascara, nem finge que eles são algo além de aberrações. 

Ler OP tem sido uma jornada surpreendente. É SIM uma obra-prima, digna de ser colocada na mesma mesa que os grandes clássicos que os quadrinhos mundiais já nos deram. É política as hell. É mais profunda do que muito gibi "sério" e "adulto" tenta ser. E ao mesmo tempo, é extremamente divertida. 

Com sua cota gigante de mensagem, mas sem perder o elemento de entretenimento. 

É um milagre que algo assim exista. E algo extremamente, EXTREMAMENTE raro. Sorte nossa. 


Vou deixar um vídeo aqui - cheio de spoilers, então vão com cuidado - que provavelmente eu até já postei aqui no blog mas tiraram do ar e depois uparam de volta, então, cabe a menção. 

É um longo vídeo ensaio discutindo sobre os elementos anarquistas no roteiro de One Piece. 

Quem se interessar pelo tema - e se a barreira da língua não for um problema - procurem um spin-of do One Piece podcast chamado "Fight Together" onde eles levantam e discutem os grandes temas abordados na série. Raça, questões de gênero, paternidade, Fascismo e política. 

Tem lá no spotify

Espero que gostem destes posts mais "newsletter" aqui no blog, até porque acho que eles vão virar uma tendência neste espaço. Vou tentar não demorar pra postar um desses aqui. Não vou fazer promessas de periodicidade pq vcs já devem saber como o Groselha funciona, mas vou TENTAR que eles sejam, PELO MENOS, semanais. 

É isso, guris. 

Respect!!!

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