terça-feira, 30 de abril de 2019


eu e minha maldita boca grande.....

eu tinha, não tinha?
Tinha que ter dito isso no twitter.
Por causa de um bando de putos talentosíssimos e que começaram a render loas e loas à Endgame....
e o Pablo Villaça, meu crítico brasileiro de cinema favorito, que adorou o filme. 
E um maldito spoiler que escapou e, ao invés de me deixar puto, me deixou animadaço.
Soma-se tudo isso e eu solto lá na rede social dos 200 caracteres: "Se o spoiler que eu vi se confirmar, eu vejo todos os filmes do MCU e comento no blog".

oh boy.
Era verdade. 
So.... esperem crianças, e pra logo, pra não dizer que eu tô enrolando. 
De Homem de Ferro até Avengers: Endgame. 22 filmes. 
Pq um Lannister sempre paga suas dívidas. 
Desculpem pela ausência ontem, crianças. 
Blog ficou com sérias limitações de tempo devido à: 


e


com ocasionais intervalos para almoçar, idas ao banheiro, ir pra academia e assistir Masterchef. 
Hoje voltamos ao ritmo normal, okay???
Ah, OBVIAMENTE, comento sobre Vingadores, assim que der. 
mas yo, um conselho de amigo: 3 horas de filme, amiguinhos. Almocem antes e NÃO bebam refri  ou quaisquer líquidos antes da metade do longa. De resto, vão na fé que o negócio me passou "Sr. dos Anéis" feelings em termos de epicidade. 

foda-se, eu ri.

domingo, 28 de abril de 2019

sábado, 27 de abril de 2019

sexta-feira, 26 de abril de 2019



Pôster animal do único Dead Kennedy legit, by Loud

A coisa do pântano....



Erraram a mão com Titans.
Acertaram lindamente com Doom Patrol.
Em qual ponto do espectro será que Swamp Thing vai ficar? Tem o James Wan de Aquaman, as franquias Insidious e Saw e, mais importante, de Furious 7 na produção. Os showrunners serão Mark Verheiden e Gary Dauberman. Dei uma checada no wikipedia: Verheiden escreveu quadrinhos e alguns roteiros de séries como a do Constantine (que foi bem legal, apesar de durar só uma temporada) e a Daredevil da Netflix (que era uma porcaria). Dauberman, por sua vez, é colaborador frequente de Wan, tendo trabalhado com ele nos roteiros de Annabelle e The Nun (oh, boy...), além de ser um dos co-roteiristas da versão mais recente de It (com Cary Fukunaga e Chase Palmer).

...Okay, o currículo dos dois não é exatamente impressionante, mas vamos torcer pra soma dos fatores resultar em algo mais que seus talentos individuais e que os demais roteiristas dêem seus dois centavos pra compor uma trama legal. Só temos, até aqui alguns posteres e esse trailer abaixo como referência e, voi dizer, parecem seguir pelo caminho certo. Vamos ver no que dá...

Um recado da diretoria.

Guyyyyysss...

Hi... Hak in here...
só passando pra dar o seguinte toque: vou diminuir a frequencia da série "a duração de um minuto" de 5 pra 4 posts semanais. Motivo: preciso de um dia pra fazer binge de seriados ou de leitura de gibis e os cacetes e mesmo os textinhos free flow que eu faço pra essa seção do blog me tomam um tempo razoável.
Okay, na real, comecei a season 2 de Baskets e tô devorando aquilo e não quero parar, mesmo pra ver um filme do Bergman (que eu tenho percebido que gosto, mas tipo assim, MUITO). 
Então, fica assim. 4 posts semanais. Não vou dizer que vai ser "de segunda a quinta" pq eu posso acordar de pá virada, mau humor, indisposto ou o que seja e só decidir não fazer no dia, então, fica assim, okay?
Segunda feira a seção volta normal com "Morangos Silvestres"
Also: sério, vejam Baskets. Que seriado incrível. 

quinta-feira, 25 de abril de 2019

"A duração de um minuto": The Seventh Seal (1957)

"A duração de um minuto" é a nova série do blog, focada na filmografia de um dos maiores nomes da sétima arte: Ingmar Bergman. Resumindo? Um filme do diretor por dia, de segunda a quinta, com textinho sobre aqui. Sem leituras posteriores, sem uma extensa pesquisa de contexto nem nada. Apenas minhas impressões imediatamente após o término do longa - a imensa maioria, sendo vistos pela primeira vez por mim - da forma mais crua e direta possível


Primeiramente, preciso dizer que falar desse filme vai ser complicado pra mim. Não pq toda sorte de crítico fodão já falou dele de formas mais absurdamente intrincadas do que eu pretendo aqui.
Não pq eu nem crítico sou, meramente um apreciador com ego grande o suficiente pra achar que gente gosta de ler sobre minhas impressões a respeito da vida, do universo e tudo mais.
Nope.
Mas pq, no distante ano de 2009, precisavam de alguém pra uma participação num dos programas de lá da TV USP (o Walk Talk show, programas de entrevistas com o pessoal que compunha a fauna uspiana, de vendedores de sorvete, passando por gente que trabalhava lá e, obviamente, os alunos) para interpretar o foiceiro, o enxadrista sinistro, o grim reaper e.... bem.....


Em retrospecto, eu deveria ter raspado o cabelo no dia anterior.
Enfim, postei isso só pra deixar claro que eu sou mega suspeito pra falar do sétimo selo. Mas vou faze-lo, anyways....
So.... o que eu posso dizer sobre um dos maiores clássicos da sétima arte que ninguém tenha dito?
Provavelmente nada. Mas posso salientar um ponto que eu raramente vejo comentado: a primeira impressão que esse filme me passou foi tão macabra que, vendo agora, anos depois, eu tinha esquecido do quanto ele é engraçado. Na maioria das vezes é aquela risada vinda do mais puro desespero, mas ainda assim. E a cena da morte do ator na árvore continua a minha favorita do filme, só por ser incrivelmente bizarra. Morte trolladora e os cacetes. 
Mas a real é que é um filme sinistraço, né?
Pro improvável caso de alguns dos senhores não terem visto: Depois de 10 anos, enfiado até o pescoço nas Cruzadas, Antonius Block e seu escudeiro voltam para a Europa apenas para encontrar o local devastado pela peste negra. Mal botou os pés em solo europeu de novo, o cavaleiro é recebido por ninguém menos que a Morte em pessoa e, diante dela, ele faz o que qualquer pessoa normal faria: relaxa e chama o shinigami pra uma amigável partidinha de xadrez.
O filme tem uma série de temas complexos percorrendo seus pouco mais de 90 minutos de duração. Diante do fim, Block se pega questionando sobre a condição humana e sua finitude, sobre o conflito entre a crença num pós vida e o medo do vazio e os caminhos que temos pra conseguir continuar vivendo apesar dessa massacrante pergunta pairando sobre nós em cada momento consciente. O filme apresenta algumas possibilidades de escape, a maioria terrível: a religião, nesse contexto, de maneira nenhuma é acolhedora, funcionando a partir do medo e da opressão. Sério, a cena da procissão é uma coisa saída dos pesadelos de Clive Barker, sem brincadeira. Puro horror. E aliás, a crença no sobrenatural não oferece nenhum confronto aos personagens. O apocalipse, é descrito como uma cena dantesca na bíblia. Quando aqueles indivíduos discutem sobre o fim, não vem o alívio do fim do sofrimento carnal ou o regozijo de se reencontrar com Deus, mas o horror de testemunhar o fim. O Deus daqueles indivíduos é uma criatura digna de medo, não uma fonte de amor e conforto. 
Diante dele, Antonius parece optar pela crença no não-vida, na não existência pós morte, mesmo que essa idéia seja perturbadora e não pela sua natureza em si, mas por negar à nossa condição qualquer propósito. Vejam bem: Block viu os horrores da guerra por uma década. A existência de uma deidade, de uma força maior sobre nós é a única coisa que pode conferir algum sentido diante de toda a morte e sofrimento que ele testemunhou enquanto, aliás, valido lembrar, lutava e matava em nome da Igreja. O protagonista chega a interpelar uma mulher acusada de bruxaria, tentando interrogar o diabo. Pq afinal, se o diabo existir, Deus tb é real, correto? Well..... não exatamente. No começo do longa, Jons, o escudeiro, canta sobre como parece que o Diabo caminha entre nós enquanto Deus vira sua face. Não lembro onde ouvi essa frase pela primeira vez, mas "mesmo quando vc não crê mais em Deus, vc nunca deixa de temer o demônio". 
So, Deus é um pai ausente, a Igreja é uma aberração obtendo poder através do medo (certas coisas nunca mudam, não? O que era aquele frade opressor, apavorando as pessoas na cena da procissão senão um Malafaia da sua época?). O que nos sobra?
Bom, o filme apresenta duas formas de superarmos o primordial medo de nossa própria inexistência.
Uma delas é a imortalidade através da arte e sobre isso, preciso dizer: Bergman não tinha muito amor pelo público, né? Esse é o segundo filme, dos 4 que vi até agora pra essa série de textos, em que ele mostra uma trupe de artistas tentando performar e algum pau no c* na platéia atrapalhando o espetáculo, com geral rindo dos performers sendo humilhados. No universo do diretor sueco, o espectador padrão é meio que um imbecil né? Não que eu discorde, vejam bem. Vale mencionar também a discussão, no começo do filme, sobre o papel da arte, através do diálogo sobre o quadro da "Dança da morte". Mais do que foreshadowing pra cena que encerra "O sétimo selo", é uma conversa sobre como a arte não precisa - e aliás, não tem obrigação alguma - de te deixar feliz e, mesmo assim, as pessoas vão prestar atenção nela. Pq "a imagem de uma caveira chama mais a atenção do que a de uma mulher nua". 
Anyway, os atores sobrevivem ao final. Não todos, vide o infeliz que morreu no topo da árvore, assassinado pela impiedosa força da gravidade. Mas pelo menos o casal de atores e seu bebê terminaram "bem", graças aos esforços de Block em distrair seu nêmesis. Os contadores de histórias sobreviveram mais um dia para tirar arte daquele contexto de mer** e oferecer algum conforto - ou pelo menos escapismo -  a quem tanto precisa. 
A segunda forma de superar o horror existencial, segundo o filme, aliás, a principal delas, é através do contato humano, das relações que estabelecemos no decorrer da vida (in a personal note: oh, fuck!!!).
Não que isto também não tenha seus custos, vejam bem. Pessoas confortam, mas pessoas humilham.
Pessoas amam, mas pessoas odeiam. Pessoas te abraçam, mas pessoas te condenam. 
No contexto niilista e pré-apocalíptico daqueles personagens, o céu E o inferno são os outros, com Deus e o diabo estando há uma pessoa de distância de cada um de nós. 
Filme belíssimo, diálogos antológicos ("Fé é como amar alguém que está no escuro, onde vc a chama mas a pessoa não responde") e claro, direção primorosa. O mundo de Block não deve nada, absolutamente nada aos universos sem vida de Walking Dead ou de Mad Max: Fury Road. De fato, o mais próximo que a humanidade chegou do pré-apocalipse e do vislumbre da completa extinção. Mas  em termos de sentir a ação do diretor influenciando diretamente a fruição do longa, uma cena ficou na minha cabeça o filme inteiro. Me refiro, obviamente, a um dos raros momentos de respiro e conforto do longa, quando Block, Jons, Jof, Mia, Karin e o pequeno Mikael estão comendo e cantando juntos na cena dos morangos silvestres, um momento de real conexão e rara felicidade por parte daquele grupo de trágicas figuras...... mas nem tudo são flores. Sorrisos, música, pessoas relaxadas, mas em todo momento, absolutamente durante TODA essa cena, até o corte final no rosto do cavaleiro, quando ele segura a panela cheia de frutas, podemos ver ao fundo a máscara da caveira que Skat apareceu usando no começo do filme.


Um lembrete constante de que a foice paira erguida sob os pescoços deles - e dos nossos - e que na alegria ou na tristeza, na riqueza ou na pobreza, na guerra ou na paz, a morte espera vigilante, prestes a derrubar a ultima peça do oponente do tabuleiro e executar o xeque-mate final. 

A seguir: MAIS morangos silvestres. :-)

and now for something completely different....


Ft. Santo, el enmascarado de plata e Blue Demon.

Interrompemos nossa programação para a mais pura pistolagem...


É isso. Pau no c* dessa banda cover de luxo de merda. Desculpem, eu sei que não faz diferença nenhuma comentar isso, mas o DK é uma das minhas bandas de coração e eu preciso tirar isso do peito, okay? O Dead Kennedys que vem aqui - sem o líder e alma realmente ativista e politizada do grupo, o imortal Jello Biafra - é tipo aquele "the Doors" que veio pra cá no começo dos 2000, tipo o "Pink Floyd Experience" tocando em casa de show grande aqui de SP por uma fortuna. Cover de luxo. E cover por cover, sou bem mais qualquer DK cover tocando lá na Fofinho. No mais, Jello tem razão. Foda-se esses comédias. E banda punk que não se posiciona e "não quer ofender ninguém"? Pra não perder os mais de 100 reais (preço do ingresso mais barato) do facistinha que vai ver o poster e ficar mordido? Que foda-se, mano.
Vai lotar de um bando de minion apoiando fascista e reacionário e enchendo o peito pra cantar "Nazi punks fuck off". Tomara, só pela ironia.

A imagem acima é de lá do perfil do Danilo Beyruth

Ah sim: Pro caralho com esses parasitas, punk MESMO são as minas do Pussy Riot. 

Keeping it real

E aí, ímpios do meu endurecido e seco coração.
Só compartilhando com vcs um lance legal: oficialmente, março de 2019 virou o mês em que o blog teve mais visualizações em toda a sua década de existência. O record anterior, era de Agosto de 2017.
Well, de lá pra cá os números tem sido satisfatórios pra mim, mas sempre ficava a curiosidade se eu conseguiria puxar esse limite pra cima. Mês passado chegamos perto, mas agora...BINGO.
Não menciono os números em si pq eu ainda tenho certo constrangimento desse tipo de coisa, sabendo que o recorde de visitas aqui não deve ser nada comparado a qualquer notícia de site grande tipo o Omelete e tals. O que eles devem conseguir em um dia é o que eu tenho que brigar pra conseguir num mês. Mas sorry, desculpem se isso soou demeritório. You know I'm game, I'm real e mais importante, eu tô conseguindo puxar os limites desse bloguinho adiante de forma totalmente de guerrilha. Da auto-comiseração pro braggadocio? C'mon guys, keeping it real in here. O blog tá crescendo SEM página no facebook (até tinha mas eu abandonei aquilo desde cedo), SEM página no Instagram ou Youtube (quanto a esse ultimo, não é nem pirraça, é só que eu tenho vergonha de mostrar o rosto), SEM metade das vantagens que eu poderia ter se eu fosse menos preguiçoso e exportasse ele pro wordpress, SEM pedir ajuda de quem manja do negócio (mais pela minha timidez e teimosia do que por postura pessoal), SEM perseguir trendings, exceto quando eles me afetam de forma orgânica. Só eu, vcs e, quando muito, os posts e reposts que eu deixo no twitter, o máximo de "divulgação" que meus humildes textinhos ganham. O resto vem dos senhores, espalhando a palavra. 
And thanks for that, ímpios. Aliás, outro marco pessoal aqui. 3000 posts. 3k, mothafuckers. 10 anos. Quase 11. 3k. E recorde de visitas.
Merecia textinho especial comentando, so, here it is. 
Thanks again.... "If you build it they'll come" they say.
Continuem vindo e dando um oi que eu continuo escrevendo e a gente segue junto.

Recognize!!!

Doom Patrol s01e08: "Danny Patrol" - "We're all misfits living in a world on fire"

wow...



I mean...WOW..... 

Se tinha um conceito do run do Morrison no gibi da Doom Patrol que eu tinha absoluta certeza de que era inadaptável, era Danny, the Street.
Well..... fuck myself. Fizeram e fizeram bem pra caralho. 
Isso não é um episódio, essa porra é um MANIFESTO. Sério, se não tiverem contingentes de excluídos, punks, rejeitados sociais, drag queens e os cacetes, nesse momento, agitando pra realizarem festas e mais festas com o tema "Danny, the Street", eu vou ficar ainda mais decepcionado com a humanidade do que eu já estou. E vejam bem, meu parâmetro aqui é o mais baixo possível.

Anyways, melhor episódio até agora, simples assim. 
Bom... depois dos eventos desencadeados por Admiral Whiskers Cliff semana passada, lidamos com o fallout do negócio: o homem robótico recebe uma ligação de Jane dizendo que tá tudo bem e dando um endereço a ser passado para Rita, que nos informa que estamos lidando com uma nova persona da meta-humana: Karen, aparentemente uma doida cuja visão de mundo é cunhada a base de muito filme da Julia Roberts e Meg Ryan dos anos 90. Ela seria a personalidade que emerge quando Jane tá completamente quebrada emocionalmente. So, os dois vão ao resgate da colega.
Paralelo a isso, Vic e Larry recebem um pedido de ajuda particularmente peculiar, na forma de um bilhete com a msg "Niles, socorro" e um bolo com um mapa desenhado acima, com um endereço em Danny Street.




So here we go. 
Danny e o Bureau são dois conceitos 100% Morrisonianos até a medula. O primeiro, uma rua senciente de gênero fluido (e aqui uma ressalva: vou tentar tomar cuidado com os artigos de gênero quando for falar del@. Como os senhores puderam notar, optei pelo uso da @ pra me referir a Danny. Entre as opções - omitier o "e" ou "a" ao final, chamando el@ de "el" ou usar o x, essa foi a opção que mais agradou. Enfim, vou tentar não dar mancada ao me referir a el@, mas se escapar um ele ou ela alguma vez, já peço desculpas por antecipação). 
O segundo, uma organização militar de contenção do que eles chamam de "anormalidades". 
Manjam Planetary? A série do Ellis com o Cassaday? Então, é isso, mas o oposto. Se a missão do Planetary é manter o mundo "weird", a do Bureau é manter o mundo "normal", podar qualquer foco de "estranheza" encontrado. Obviamente, Danny e a organização estão em rota de colisão e cabe à dupla de discípulos do Chief, protege-l@. 
Chegando lá, eles são recebidos por Maura Lee Karupt, uma drag queen que explica aos nossos heróis a natureza..... peculiar?.... daquela outrora adorável ruazinha.



Danny é uma rua senciente. E não-binári@. Onde existe um barzinho, o Perpetual Cabaret, onde rolam apresentações todas as noites. Pq do contrário, sem alegria jorrando daquele lugar... Danny morre. Simples assim. El@ pode se teleportar pra qualquer canto do planeta a qualquer momento e tem como natureza o hábito de receber em si os rejeitados sociais, os parias, proscritos e qualquer pessoa vista pela família tradicional brasileira americana com desdem. Os filhos rejeitados do american dream. 
Por mais que todos os demais membros do clã de Caulder brilhem, esse episódio É do Larry. O seu arco chega perto de uma conclusão nesse episódio, todo sobre aceitação. Melhor: AUTO-aceitação, vc aprender a se amar, mesmo num mundo que te odeia e tenta apontar vc como uma aberração apenas pelo simples ato de existir. Obviamente tem o fato de Larry ser gay e as drags, mas Danny abraça geral: no começo do ep., vemos góticos, gays, uma menina muçulmana, deficientes físicos e toda sorte de pessoa com alguma característica única ou estilo de vida que fuja do dito "normal", singrando por suas ruas, feliz, o que vai contrastar monstruosamente com a versão da rua que vemos quando Ciborgue e o Homem-Negativo chegam lá. E todo o conflito do Larry gira em torno do embate entre suas identidades, seja metaforicamente, antes do acidente ou de forma literal no período de sua vida posterior ao encontro com a entidade negativa. Não é pra menos que ele seja tão resistente a, nas palavras de Vic, "seguir a onda". A cena no bar apresenta como poucas vezes na série, esse conflito a respeito de quem o ex-militar é e de quem ele gostaria de ser, se não fosse a visão do "outro". Dessa forma, curioso que a razão que ele dê pra não querer se envolver na luta contra o grupo de vilões seja "estar cansado de gente dizendo quem ele realmente é". Pq alguém com o conflito que ele tem nada mais é do que uma pessoa tendo que negar a própria natureza em prol da visão da família tradicional e do que esse bando de....... esse grupo de indivíduos toma e prega como o "natural". Bom, graças aos céus, os tempos mudam e em um determinado momento, todos os excluídos por não serem brancos o bastante ou héteros o bastante ou cristãos o bastante, decidiram que havia outra escolha e tomaram como lei:







Eu sei que é doloroso falar da evolução da percepção social e da mentalidade de geral num mundo onde Donald Trump é o presidente dos Estados Unidos, onde o Bozo é o presidente do Brasil e num momento em que vemos regimes reacionários e obscurantistas ganhando força em todo o planeta. Mas fato é, isso é reação, backlash a um movimento do pêndulo da história onde todas as minorias ganharam poder. Ainda menos do que gostaríamos, mas mais do que eles querem que estes grupos tenham. O rabino Henry Sobel tem uma frase que de vez em sempre eu cito quando em discussões sobre temas como o abordado pelo ep. em que ele diz "Durante milhares de anos os judeus tentaram ser o mais parecidos com as pessoas "normais" o possível. E o que conseguimos? 6 milhões dos nossos exterminados em Auschiwitz, Daschau, Baden Baden, etc. Agora é diferente. Nossa mensagem é: nós somos diferentes e vcs VÃO nos aceitar como somos".



É isso, né? "We're not running anymore", motherfuckers. 
Ao final, não é o agente Morris Wilson, mas Maura Lee Karupt, do alto de seus saltos agulha e de vestido, que enfia a porrada em Darren, operativo do Bureau obcecado em eliminar Danny. 
Pq afinal, isso ainda é Doom Patrol e enfiar a porrada em fascistas é lei aqui, ímpios. Como deveria ser, aliás. Ao final, Darren termina como todo reaça deveria: de costas pro chão, engolindo os dentes e aos pés de uma rainha que é pure awesomeness.



Os Dannyzens terminam livres pra festejar e cantar a plenos pulmões. 

Mas claro, como nem tudo é festa, corta pra Karen, Rita e Cliff. Após usar seus poderes de persuasão pra convencer Doug, a família dele e Rita a apoiarem seu projeto de casar-se com o pobre rapaz, resta a Cliff quebrar o "charming spell" da garota, para imensa alegria de Hammerhead, que mais que prontamente se prepara para dar cabo daquele relacionamento da forma mais gore e definitiva possível.



Obviamente, isso não termina bem, e o conflito entre as diferentes personalidades de Jane resulta no cérebro da guria dando "tela azul" e um shutting down.





Aparentemente, o próximo episódio vai resultar no grupo indo ao resgate da guria. E no processo, descobrindo o quão sinistros são os segredos que a moça esconde dentro da sua fragmentada mente. 

- "Oh, look at these two serving us Terminator and King Tut realness, honey".



- Episódio com uma pá de referência, né? Vamos lá.
Quando Rita diz a Karen pra parar com essa bullshit de sonho tipo Nora Ephron, ela tá se referindo a escritora e roteirista americana, autora de, entre outros, "Harry e Sally" e "Mensagem pra vc", duas comédias românticas famosas dos anos 90.
Dermot Mulroney, por sua vez, teve em rom coms dos 90s e começo dos 2000 como "O casamento do meu melhor amigo" e "Procura-se um amor que goste de cachorros". 
Por fim, quando Jane diz que a vida da Rita é uma piada "Grey Gardens' style", ela tá citando o documentário Grey Gardens, de 1975, que narra a vida de duas parentes de Jackie Kennedy "Big Edie" e "Little Edie".



Outrora ricas, agora vivendo em condições de miséria na mansão da família. Ainda não assisti - tô com o filme no hd externo - mas Stella viu e disse que o bagulho é sinistro. Quem assiste RuPaul, deve lembrar da vez que Sharon Needles interpretou a Little Edie no ep. da temporada em que rolou o Snatch Game. 
- Gostei do aceno na edição no começo do episódio: Vcs notaram que logo após o beijo entre Karen e Doug, corta pra cena do Vic vendo o profético quadro desenhado por uma das personalidades da Jane? Tragédia a caminho. 
- Foda-se, eu chorei horrores assistindo isso. 
- Admito que na cena do bar, eu pausei caçando alguma drag famosa fazendo figuração. Eu tinha certeza de que iria achar a Shangela por lá, já que ela bate cartão direto em séries de tv, de Broad City e Community até a saudosa Terriers. Halleloo, mothafuckers. :-)
- A última ajuda que Danny presta aos heróis.... 




Maus auspícios, imagino. 
- Okay, texto pronto, é isso, talvez amanhã tenha mais, já que eu tô dois, quase 3 episódios atrasado. Agora, se me derem licença, vou soltar a voz ao som de "People like us" de novo (a versão da série. Desculpem-me os fãs, mas poucas coisas me soam mais estranhas que Kelly Clarkson, uma mina loura e branca, criada por Simon Cowell e seu American Idol - o equivalente da música pop do bureau of normalcy  - cantando sobre ser socialmente malquista. Fora que Larry e Maura mandam benzaço, né?)



so.... Let's turn the party, gurrrrlllls!!!!!



A seguir: silêncio. Resgate psquíco em execução.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

and now for something completely different....



I ride
You ride
bang...

with my mind on my money and my money on my mind.....


Doom Patrol s01e07: "Therapy Patrol" - "Talking! That's what we need!!!"



Jesus amado, esse texto vai ser difícil.
A gente vai full emotional aqui, crianças. 

SO.... O grupo, ainda se recuperando do impacto emocional após o encontro com a Doom Patrol, segue na busca pelo Chief. Cliff tem uma crise psicótica.
Terapia.
Also, Admiral Whiskers. 
Boy, oh boy. Jane Hammerhead, do alto de seu trono de cinismo e ironia, estava certa. Aquelas pessoas são insanas e isso vindo do indivíduo que literalmente ouve vozes na cabeça. A partir de uma sugestão do Admiral Whiskers Cliff, o grupo decide sentar e conversar, expor as feridas internas de forma que a mer** vá de uma vez pro ventilador e não possa ser usada como arma, contra eles, pelo Mr. Nobody. 
Well.... that backfired. Badly. 
O episódio segue de forma não linear, onde vemos o dia de todos aqueles indivíduos até o momento em que decidem conversar, onde podemos ver que...well... ninguém ali está tendo o melhor dia de suas vidas. Rita continua perdendo o controle sobre seus poderes, Vic ainda treta com o pai, além de perceber como é difícil ter uma vida social quando vc é a) um membro da liga da justiça com identidade civil pública b) um ciborgue. Larry tenta chegar a algum consenso entre seus "eus". Cliff tem que lidar com o choque de perceber que a vida seguiu pra própria filha além do fato de ter uma porra de um rato andando por seu cérebro. E Jane tem sua mente em desarmonia. Mais sério do que de costume.



A roda de conversa começa bem. Rita admite que o descontrole sobre sua forma vem do fato de que a identidade a qual ela usa como norte para manter sua forma corpórea é uma ilusão. Cliff confessa que estava se tornando mais parecido com seu pai do que gostaria. Larry, por falta de uma expressão melhor, sai do armário. Vic, admite a culpa na morte da mãe, mas deixa claro que pode ter algo ainda pior escondido no HD que ele chama de cérebro. Jane, no entanto, foge do seu momento de revelação, quando revela ao grupo o quadro que sua versão com poderes premonitórios pintou, onde Vic destrói todos os demais membros do "time". Daí pra diante, ladeira abaixo, onde Admiral Whiskers Cliff lembra todo mundo que a colega de equipe não é a unica que pode lançar ao vento palavras que cortam feito navalhas.



O que deveria ser uma seção curativa acaba fragmentando ainda mais aquele coletivo de indivíduos quebrados: Jane foge e Cliff tem um segundo breakdown, onde descobrimos que ele estava com um passageiro indesejando singrando pelo seu corpo robótico. Ninguém menos que Admiral Whiskers, um rato com uma missão de vingança. 
Rita, nesse ponto, afirma que "There's nowhere to go from here but up"



Well.. boa sorte com isso. 
Não tenho muito o que falar sobre esse ep., e não pq ele não tenha provocado reações emocionais em mim. Pelo contrário. O lance é que ele foi, you know....too real. Aquelas pessoas em busca de aceitação, de AUTO-aceitação, de perdão e redenção, de usarem o passado de merda como meio de evolução, de se tornarem "a melhor forma de bolha nojenta que puderem ser", ressoou fundo em mim.
Nunca fiz terapia, não gosto da idéia de me expor pra estranhos, mas isso posto, se eu reconheço em alguém a necessidade de baixar a guarda eventualmente, é neste velho e calejado urso que tecla essas palavras agora. Eu sei, eu vejo todo dia as feridas emocionais que a vida deixou em mim, e confesso que foi perturbador me ver refletido naquelas trágicas figuras. 
Bom.... once again... "there's nowhere to go from here but up". 

- Claro que, depois do baque da descoberta dos segredos de Niles, seus filhos traídos iriam precisar parar e redefinir o plano antes de seguir adiante. Papai é falho, Deus está morto, estamos sós. O que resta senão parar e respirar?
- Esse foi um episódio com pouca ação de fato. Teve porradaria e tals, mas as pancadas de fato foram emocionais. NO ENTANTO, vale mencionar que este capítulo da vida dos discípulos de Niles Caulder foi exibido na sexta que antecedeu o Wrestlemania week e vale notar que nas rapidas cenas de violencia exibidas aqui, apareceram não um mas DOIS movimentos famosos de luta livre.
Primeiro, Vic senta um Angle Slam, signature move de Kurt Angle, belíssimo em Cliff.
Depois, Ciborgue ainda manda o Robot-man em uma viagem só de ida pra SUPLEX CITY, Bitch!!.





- Um episódio econômico nas referências, mas que teve seu momento onde Admiral Whiskers invoca o espírito de Inigo Montoya antes de consumar sua vingança contra Cliff - e o resto do grupo, no processo - e, nas palavras do principal vilão da série, "fuck his mind, fuck his heart and fuck his soul"
- Eu direto falo isso, mas, só pra fins de registro, que série bonita, vai se ferrar....

A seguir: We'll go up!!!

"A duração de um minuto": Smiles of a summer night (1955)

"A duração de um minuto" é a nova série do blog, focada na filmografia de um dos maiores nomes da sétima arte: Ingmar Bergman. Resumindo? Um filme do diretor por dia, de segunda a quinta, com textinho sobre aqui. Sem leituras posteriores, sem uma extensa pesquisa de contexto nem nada. Apenas minhas impressões imediatamente após o término do longa - a imensa maioria, sendo vistos pela primeira vez por mim - da forma mais crua e direta possível



Okay que essa série ainda está em seu terceiro capítulo, mas preciso dizer, esse foi o filme mais difícil de ver até agora. Difícil nível "fiquei irriquieto durante boa parte dele".
Motivos: ele é sobre gente rica entediada, tentando achar diversão da forma que dá, com seus joguinhos e intriguinhas e ...e...e... sedução...e...... UUUUUUUUUUUUUUUHHHH que coisa BOOOOOOOOORING...

Sério, pega meio quilo de vidro moído, bota duas bolas de sorvete em cima e me dá pra comer antes de me chamar pra algo remotamente parecido com Dowton Abbey, manja? APESAR DISSO, no entanto, o filme vai tipo montanha russa, me ganhando e me perdendo aqui e ali. O final é bem legal, preciso dizer. 
A historia começa acompanhando um dia normal na vida de Fredrik Egerman e sua jovem - sério, MEGA jovem -  esposa Anne. Tudo muito bom, tudo muito bem, até que ele recebe a notícia do retorno à cidade de um amor antigo, Desiree Armfeldt, atriz de sucesso. Esse retorno e o rebuliço que a volta de Desiree vai causar na alta sociedade local vai desencadear uma série de eventos mudando a vida daquelas pessoas e....se vc está entediado lendo isso, creiam-me, é 1/10 do que eu senti em determinados momentos do longa.
De novo, ele tem altos e baixos: a interação entre Fredrik e Desiree é bem divertida, com diálogos rápidos e tiradas engraçadas entre eles, típico de velhos amigos que se reencontram. O problema é que a partir de um certo ponto, parece que o filme vai encaminhar pra um slice of life sobre a vida de gente rica - envolvendo um plano de Desiree pra separar alguns casais, juntar pessoas que ela quer juntas e conseguir terminar com Egerman. E aí, como eu disse, o filme me perdeu um pouco. 
Segue uma cena de jantar entre a elite local e começam os comentáriozinhos dissimulados, toda aquela pomposidade de gente rica, banquetes, vinho mágico com porra de bicho dentro (literalmente porra de bicho.... Mano, qual é que é de gente rica que entra nessas de comer umas paradas sinistras? Esse é o tipo de gente que eu detesto, que bebe vinho com porra de bicho, que toma café cujas sementes foram tiradas de cocô de gato, que come cérebro de bicho, que acha que foie gras é uma parada maneira, saca? Gente assim que termina entediado até o ponto em que caçadas humanas passam a ser uma idéia interessante, manja? enfim...). 
O filme me ganha de volta quando o jovem Henrik, filho de Fredrik, tem um surto. O guri, dividido entre a vida monástica, estudando pra ser padre, e os prazeres da carne, vendo aquela putaria de verdades desagradáveis e mentiras dissimuladas toca o foda-se e confronta aqueles indivíduos, jogando na cara deles a própria insignificância e futilidade, num momento de auto consciência do longa em que critica o vazio existencial daquelas criaturas, rendendo minhas duas frases favoritas de toda essa obra:



OUCH.... É bem isso. 
E hey, antes que me lembrem do meu teto de vidro: SIM, eu vi cada maldito episódio de cada maldita temporada de "Mulheres ricas". Mas a perspectiva ali é outra: O lance não é a gente invejar aquelas vidas, mas meio que rir daquele show de horrores. Ninguém, NINGUÉM em sã consciência deveria querer ser a mina do frango ou aquela velha com síndrome de Peter Pan que queria ser a Barbie, manja?
Da mesma forma, não é pra menos que Henrik, ultimo bastião moral, ali é o nosso ponto de identificação nessa história. Ainda jovem, capaz de ter certo distanciamento a ponto de poder ver as falhas no estilo de vida da alta sociedade, o jovem decide jogar tudo pro alto, pegar o objeto de sua paixão e partir em direção ao por do sol. HELL THE FUCK YEAH (e não é como se a providência não tivesse sua participação na decisão do guri, vide a cena de seu fracassado suicídio culminando no alvo de suas sentimentalidades aparecendo-lhe quase como num passe de mágica, com uma fuga daquele mundo sendo lhe dada quase numa bandeja). Me lembrou um pouco aquilo daquele poema do.... Fernando Pessoa..... ou um de seus heterônimos? Damn it.... deveria ter prestado mais atenção à essa aula de literatura..... Enfim, quando numa de suas obras ele afirma que se Deus quisesse ser adorado como Deus, ele se apresentaria diante de nós como Deus. Como, no entanto, Deus se apresenta pra gente como Doritos Natchos, gibis do Hickman, dias de menos de 25 graus e jogos de rpg japoneses, ele quer ser adorado como Doritos Natchos, gibis do Hickman, dias de menos de 25 graus e jogos de rpg japoneses e é dessa forma que nós, humildes mortais, deveríamos fruí-Lo.

..... eu tenho quase certeza de que ele coloca isso no poema exatamente com essas palavras..... Tão a frente de seu tempo, não?
.....

... enfim....
O final do filme oferece um arremedo de final feliz praquelas pessoas. Terminamos vendo Petra (a musa de Bergman, Harriet Andersson), empregada de Ergman, e seu "noivo" rolando no feno, carpe diem em seu nível máximo, felizes em achar a felicidade em uma vida simples, sem os luxos de quem tem o $$$ mas distante da fleuma e hipocrisia da elite local. 
Um filme interessante. Perdeu minha atenção aqui e ali mas o problema está em mim, não na trama. Até pq, apesar de certo carinho por aqueles personagens, é óbvio, pelo rumo da história, que Bergman divide comigo o asco por aquele estilo de vida e sua superficialidade.
O olhar é sempre crítico, mesmo quando deposita alguma compaixão por aquela "pobre" gente rica.

A seguir: oooooooh boy.......... bora jogar xadrez com a morte!!!!! \o/

terça-feira, 23 de abril de 2019

"A duração de um minuto": Sommaren med Monika (1953)

"A duração de um minuto" é a nova série do blog, focada na filmografia de um dos maiores nomes da sétima arte: Ingmar Bergman. Resumindo? Um filme do diretor por dia, de segunda a quinta, com textinho sobre aqui. Sem leituras posteriores, sem uma extensa pesquisa de contexto nem nada. Apenas minhas impressões imediatamente após o término do longa - a imensa maioria, sendo vistos pela primeira vez por mim - da forma mais crua e direta possível


Só pra efeitos de contexto, escrevo este texto imediatamente antes de ir fazer as resenhas de "therapy patrol", sétimo ep. de Doom Patrol e um dos episódios mais difíceis, em termos de desenvolvimento de personagem, da série. Meu ponto: I'm in a glass full of emotions aqui. 
Plus: hoje mais cedo fui cortar o cabelo e, entre uma história e outra dos barbeiros tendo uma folga pra ir pra praia, um deles disse algo que ressoou fundo em mim e que lembrei no decorrer de "Sommaren med Monika": "Não dá só pra trabalhar, não. A vida tem que ser mais que isso". 
O tema do filme de ontem, "Sawdust and tinsel", continua: gente quebrada e na base da pirâmide econômica, tentando, do jeito que der, fugir do seu papel pré-determinado pela posição que ocupam e, no processo, conseguir uma vida digna de ser vivida. 
Nesse longa, Monika e Harry são dois jovens chegando na vida adulta, ainda com menos de 20 anos de idade. Já naquilo que chamamos de "trabalho das 9 as 5", os dois decidem jogar tudo pro alto e vão morar no barco do tio de um deles. Aí o que acontece é....bom, o que acontece é a vida, né? A incapacidade humana de estar satisfeito. Uma cisão começa a se formar dentre o casal, e os dois tem respostas diferentes para resolver o problema. Harry quer dar a Monika uma família tradicional, papai, mamãe, casa com cercado branco, vida estável e os cacetes. Já a guria quer... algo mais. E obviamente, essa cisão, somada às duas toneladas de expectativas que um deposita no outro, além claro de uma cota razoável de decisões infelizes tomadas de ambos os lados, leva o casal ao ponto de se tornarem iguais a tudo aquilo de que pretendiam fugir no começo do filme.  A partir desse ponto, o final é inevitável. 
Destaque, obviamente, para Harriet Andersson e Lars Ekborg, que, como o casal protagonista, tem que carregar o filme nas costas. Andersson, tb presente no filme anterior como a Anna, outra personagem forte e que domina a história, tá incrível no papel título: a insatisfação dela é muito parecida com a da personagem do filme que eu resenhei ontem, aqui. Mas se a Anna terminava um personagem irritante, ainda que digno de compaixão, Monika acaba digna de mais simpatia, sendo alguém muto jovem, levada pelas circunstâncias até o ponto em que precisa quebrar toda a estrutura em que se enfiou para tentar se reinventar de novo. Harry, tb muito jovem, tb digno de simpatia por tentar adotar o papel de "homem respeitável", ainda que o resultado disso seja se tornar indistinguível do tipo de pessoa que olhava com desdem no começo da história e ter que pagar o preço por tal decisão. 
A direção aqui é algo de extraordinário. Destaque, obviamente, pros dois momentos distintos em que o casal, em seu ponto mais baixo, olha direto pra câmera, resultando em emoções distintas. O olhar de Monika implica certa culpa e uma busca por cumplicidade. O de Harry, a fuga para o passado, procurando pelo momento em que tudo deu errado. Além disso, claro, as cenas de paisagem, contemplativas, abertas, mostrando o mundo como uma caixa de bombons em que tudo é possibilidade e potencial, contrastando com o cenário da casa dos dois, ao final, claustrofóbica. 
Um filme devastador, mas obrigatório. 
"A vida tem que ser mais que isso". Monika concordaria. 

A seguir: Smiles of a summer night