sexta-feira, 19 de abril de 2019

Highway to hell - Parte IV: The Troll Witch, The Crooked Man e BPRD: Hollow Earth

Back to the sulfured deeps of hell, I s'pose.
Mais 3 TPBs devorados, com um deles começando a expansão do Mignolaverse, enquanto um dos outros dois traz minha história favorita do Hellboy. De todos os tempos. Simples assim. 
Promissor? Pois é. 
So..... Go.

The Witch Troll




Mano....os fas do Mignola vão querer minha cabeça por isso, mas..... cheguei até metade desse gibi achando ele apenas okay, manja? Esquecível e tals. 
Okay, longe de ser ruim. Um quadrinho com aventuras como The Troll Witch, The Vampire of Prague e The Penanggalan não pode ser descrito de maneira nenhuma como ruim. Mas é isso, né? Até aqui, apenas okay, uma nota 7 gloriosa, mas ainda assim, longe de um 10. 
No entanto, o gibi dá um giro de 180 graus logo quando as histórias curtas cedem espaço para o conto mais longo dessa edição: The Makoma.




Uma longa trama contada em forma de flashback, mostrando a anteriormente mencionada primeira incursão do detetive infernal na Africa. Com roteiro de Mignola e arte de Richard Corben, a história adapta o conto mitológico africano do guerreiro e seu martelo, enfrentando gigantes e um dragão. Mignola, no texto que introduz o gibi, diz que o interesse em contar essa história veio depois de ler uma adaptação dela que ficou em sua memória por semanas e semanas e, além disso, da vontade de trabalhar com Corben. De fato, Makoma é, DE LONGE, a melhor história desse álbum. A arte de Corben confere a devida gravitas ao protagonista, ao mesmo tempo que confere à jornada certo elemento onírico.



O ponto alto desse tpb e a primeira parceria entre os dois artistas. E não a ultima. 
Ainda bem. 

The Crooked Man.




The Crooked Man
Roteiro de Mike Mignola
Arte de Richard Corben

Se o encadernado anterior passa longe de ser meus favoritos, esse aqui é meu predileto. Simples assim. Até esse ponto, "The Crooked Man" é minha história favorita do Hellboy. O conto é outro daqueles momentos "de respiro" do personagem, em que vemos aventuras passadas suas, enquanto esperamos a trama principal andar. Bom.... JESUS DO CÉU, se isso é uma aventura 'low profile" do diabão. Serião, minha primeira recomendação aqui é: não leia essa porra à noite. Eu li de manhã e confesso que tive certos arrepios desagradáveis entre uma página e outra.



A história veio da vontade de Mignola de homenagear outro de seus heróis pessoais: Manly Wade Wellman. E se vc chegou até aqui sem saber quem é esse sujeito, como eu, aliás, fique tranquilo: tem um ensaio grandinho ao final do encadernado fazendo um perfil de sua carreira como escritor e de seu papel para a literatura pulp e de terror norte-americana. Basicamente, o autor foi um dos responsáveis por essa figura do "wanderer", do aventureiro desbravando os Estados Unidos atrás de aventuras com um tom meio "southern gothic", manjam? Meio True Detective, season 1? Contos de terror passados no meio do nada norte-americano. Meio que criando, no processo, uma "mitologia das trevas" do país do Tio Sam. E "Southern Gothic" descreveria com perfeição essa jornada ao inferno feita pelo ex-agente do BPRD: caímos no meio da trama onde HB tá investigando um caso no interiorzão do país, onde uma guria aparece paralisada sem motivo aparente, até que alguém crava: bruxas. Um morador local, Tom Ferrell, parece ter informações pertinentes sobre a atividade sobrenatural naquela área. A partir daí, vemos o agente e o rapaz se enfiando floresta adentro atrás dos responsáveis, não só pela paralisia da jovem mas tb, provavelmente, pelo desaparecimento do pai de Ferrell.


Daí pra diante é Unleash Hell, incluindo a presença de uma das encarnações do demônio mais perturbadoras de que consigo me lembrar. Bruxas sedutoras, pactos faustianos, demônios na garrafa, tudo levando a uma situação onde os heróis e mais um padre local, se vêem sitiados numa igreja caindo aos pedaços, cercados por toda sorte de cria do capiroto que os senhores puderem imaginar. E o Crooked Man, atrás de uma dívida antiga.



Sério, pensem em coisa tipo "The VVitch" e seu Black Philip. Não vou falar demais pra não estragar a história pros senhores mas faz tempo que eu não sentia medo lendo gibi. E a arte de Richard Corben, repetindo a parceria iniciada no TPB anterior, cai dos céus - ou das profundezas do Seol - pra acrescentar o devido tipo de clima expressionista que uma história desse tipo pede. "The Crooked Men" é do alto de sua posição de "história do monstro da semana", um dos pontos altos de toda a existência do personagem e da série em geral. Uma trama sobre pecados passados, arrependimento, e a necessidade de saber em que momentos aplicar o perdão, quer seja pra si mesmo, quer seja pra terceiros, e os momentos de nega-lo. Putz, enfim... que gibi legal.
O resto do encadernado traz aventuras mais "leves", se é que dá pra chamar assim tramas envolvendo possessão demoníaca e almas voltando do além em busca de vingança. Boas histórias, mas mais tranquilas, reduzindo o ritmo um tiquinho pra leitura fluir macia até a última página. 



They that go down to the sea in ships
Roteiro de Mike Mignola
Arte de John Dysart

O Big Red e Abe, investigando um assassinato relacionado à localização da cabeça perdida do pirata Barba Negra. É o que vcs esperariam de uma história dessas: homens imbecis tentando negociar com o sobrenatural e muita porradaria massavéio entre o nosso herói vermelho e um pirata desmorto.

In the chapel of Moloch.
Roteiro e arte de Mike Mignola

Numa vilazinha privada de Portugal, um pintor se tranca num dos prédios, em busca de inspiração. E ela vem, obviamente. Não do jeito que ele quer, infelizmente. 
Eu sou ateu desde os 16 anos, como já deixei claro aqui, mas vou dizer: prédios antigos me dão calafrios. 

The mole
Roteiro de Mike Mignola
Arte de Duncan Fegredo

Uma historiazinha curta, feita como um fill in (pra encher espaço sobrando em outras publicações) narrando um sonho (ou delírio, ou alucinação) do Hellboy. Destaque aqui é mesmo a arte de Fegredo

BPRD - Hollow Earth





Hollow Earth
Roteiro de Mike Mignola, Christopher Golden e Tom Sniegoski
Arte de Ryan Sook

Okay, o passado é passado, Hellboy deu rage quit no Bureau e é hora de fazer a contenção de danos. 
A partida do principal operativo da agência deixou não apenas um vácuo difícil de ser preenchido, mas na verdade, este se encontra em processo de expansão: Abe também cogita partir em busca de detalhes sobre seu passado. Liz, dois anos antes, foi procurar treinamento no uso de seus poderes num mosteiro tibetano. Só restaram Roger, o Homúnculo e a mais nova aquisição às fileiras do grupo: Johann Kraus, um espírito desencarnado mantido "vivo" dentro de uma roupa especial. Kraus, em sua vida prévia, foi um médium particularmente talentoso que, no meio de uma sessão em que praticava projeção astral, viu seu corpo ser destruído (fallout de uma outra treta relacionada ao Hellboy). Mais do que se comunicar com espíritos, ele agora pode tocá-los, "lê-los como a um livro" como ele próprio diz, e projetá-los de forma a que humanos normais possam se comunicar com eles. O dia a dia desses personagens segue, profissional e pessoalmente, indo aos trancos e barrancos quando o homem-peixe é surpreendido por uma projeção de Liz pedindo ajuda.



Ao chegar no mosteiro, ele encontra um punhado de cadáveres e destruição generalizada. Entre os corpos deixados no local, está o de criaturas humanoides. Próximo a estas, um buracão particularmente profundo. Não precisa de muito pra juntar os pontos e down we go. Uma boa história pra reintroduzir estes personagens e promovê-los, de coadjuvantes de luxo para protagonistas de fato.



Drums of the dead
Roteiro de Brian McDonald
Arte de Derek Thompson

A primeira história foi divertida. Essa no entanto é aquela que vem pro main event, a banda fodona que fecha o show de forma catártica, sabem? Vai deixar o leitor com um gosto ruim na boca e, pra quem acredita no conceito, na alma. O ponto alto do gibi, obviamente.


Depois de um assassinato ocorrido no navio Polaris, Abe e um outro operativo com habilidades mediúnicas vão investigar o que parece ser um caso clássico de "navio assombrado", mas, no decorrer da trama, ganha tons muito mais sinistros e realistas. 
A gente tá tão acostumado com toda a sorte de bestas, demônios e criaturas sobrenaturais aparecendo pra tocar o terror no Mignolaverse, que quando vem uma história em que o principal vilão tá tão mais próximo da nossa realidade do que gostaríamos, ela te pega de guarda baixa. Uma história sensível sobre um dos momentos mais baixos da história humana. E relevante como nunca, principalmente nesses dias atuais de revisionismo histórico estúpido e baseado puramente em achismos e opiniões de falsos intelectuais. 
Certos erros monstruosos do nosso passado não podem ser esquecidos, mesmo quando jogados sob o tapete ou enterrados embaixo de toneladas cúbicas de água.



Um começo promissor. Vamos ver como vai ser quando essa série começar a ter seu próprio lore. 

A seguir: Mais BPRD solo!!!!
  

Nenhum comentário: