domingo, 21 de novembro de 2021

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

domingo, 7 de novembro de 2021

and now for something completely different...

 



 

 


 


Monster Mash #58 - "Colours and rainfall and stars and weirdness all around"



Monster mash dominical?

Well, regras só existem para serem quebradas, crianças. 

 So....


Afrika Bambaata, Arcade Fire, Deftones, Tears for fears, Darondo e outros nomes bacanas aparecem na nossa mixtape de hoje. 

Muita música esquisita e incrível, como de praxe. Coisas pra dançar, coisas pra relaxar, pra ficar triste, feliz, contemplativo e todas as nuances entre um estado e outro.... 

Essa semana deve ter mais uma edição, lá por quinta ou sexta. 

Bom final de final de semana, people. 

Hasta...

Respect!!!!

 

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

The book is on the table #5 - "Cozinhas do Inferno"

 Yo, dogs.

Hak the bear, seu host semi-preferido  em sua coluna de periodicidade indefinida aqui do Groselha on the rocks. 

Mais uma semana, mais um texto com algumas recomendações de coisas que li, ouvi, assisti, joguei e curti. 


Sério, eu tenho um hd externo de quase 8GB de tamanho, quase cheio só com as paradas maneiras de wrestling e gibis. Então, creiam-me, eu tenho MUITA coisa pra ler. A consequência disso é que algumas coisas tão na frente de outras na lista de prioridades e muitas vezes, certas leituras acabam relegadas, esquecidas, deixas de lado. Tô aproveitando que meu atual trabalho me permite tempo livre pra fazer as coisas que eu gosto e estou aproveitando pra ler alguns dos clássicos que nunca peguei antes. Um destes bastiões que despontavam como falhas na minha carreira de gibizeiro eram exatamente os títulos da Milestone

A Milestone é, paradoxalmente, insanamente conhecida e completamente anônima pro público brasileiro. Anônima pq salvo um crossover que rolou com os personagens da DC e uma ou outra aparição nos títulos da JLA em alguns dos projetos de revival que rolaram na editora, nada nunca fui devidamente publicado aqui. E insanamente conhecida pq quase todo mundo que lia quadrinhos passou por "when worlds collide", o supra-citado crossover/evento nos anos 90. Quem lia comics de heróis da Abril vai lembrar na hora. O choque entre Icon e Superman, o Superboy de jaqueta de couro dando em cima da Rocket, o vilão afundando uma cidade inteira só pra provar um ponto. O negócio merece ser chamado de clássico.

Além disto, tem também o fato de que uma das pedras fundamentais da cultura nerd brasileira é a animação de um das criações da Milestone: Static Shock ou Super choque em pt-br. Quando tu, moleque ou já nos anos teens, no começo dos 2000, tirava uns minutinhos pra ver as aventuras do Virgill em Dakota, tava vendo um dos personagens mais famosos da Milestone.

Considerando tudo isso, além de alguns textos lidos que recomendavam a leitura de coisa da Milestone, achei que era uma boa hora pra me lançar na empreitada. Imaginava que ia gostar. Mas não sabia o quanto. 

A editora, criação de Dwayne McDuffie, Denys Cowan, Michael Davies e Derek T. Dingle, todos homens negros, tinha como proposta lançar uma linha de super-heróis formada majoritariamente por etnias não-brancas, de forma a suprir uma falha de representatividade no mercado de quadrinhos mainstream. Mas não é só a cor da pele dos protagonistas mas o tom das tramas é uma parada muito mais adulta que o das duas majors americanas. Eu li 13 edições da Milestone. Tô seguindo um guia de leitura que encontrei na Internet e tem funcionado muito bem. As revistas lidas: Hardware 1-4, Icon and Rocket 1-3, Blood Syndicate 1-4 e as duas primeiras do Static Shock

O que eu encontrei é uma realidade muito mais familiar pra gente aqui no Brasil do que qualquer história da Marvel ou DC. Racismo, abuso policial, luta de classes, exploração corporativa, estado ausente. 

Em qualquer momento essas histórias soariam especiais, mas no Brasil de 2021? Bateu com a devida força. 

Hardware abre com as duas páginas que são, na moral, uma das melhores introduções de personagem de que eu me lembro nesses quase 40 anos lendo gibi. 




A primeira edição da série, que é a primeira edição da Milestone, a carta de apresentação da editora, traz a história cujo título é "Angry Black man" e nesse momento, eu percebi que a história não iria segurar os socos. E Hardware, assim como Icon, Static e em BEM MAIOR proporção, Blood Syndicate, não tem medo nenhum de falar sobre temas complicadíssimos. Tipo, o evento que confere poderes aos moradores de Dakota é consequência de abuso policial e de uma corporação de má fé. Hardware é a história de um homem negro, trabalhando em uma destas companhias de big tech e que tem seus projetos reapropriados por um tecnocrata branco.

Novamente, isso é 1993, manja? McDuffie e Cowan assinam essa edição e ela é a melhor carta de apresentação possível. De fato, um manifesto de artistas que tinham muito pra falar e o talento necessário pra isso. 

Icon narra as aventuras de Augustus Freeman IV, um milionário recluso de Dakota. Na verdade, ele é um alienígena que, desesperado, em fuga, acabou caindo na Terra e, uma vez aqui, reconstruiu seu corpo tendo como base a primeira pessoa que encontrou que, no caso, foi uma escrava negra chamada Miriam. Um século depois, sua mansão é invadida por Raquel e outros guris, que queriam assaltar o local. Na muvuca, ele usa seus poderes sem muitos pudores, pra dar um susto nos moleques. Raquel, um deles, volta mais tarde e pergunta porque ele não usa suas habilidades para ajudar as pessoas daquela cidade que precisam de toda ajuda possível. 

A premissa é a mais simples possível e funciona maravilhosamente. Sujeito superpoderoso. A guria pergunta "pq a gente não vira super herói" e ele "Já é". 

Blood Syndicate é onde o que já era político e confrontacional sobe de nível e os criadores cravam o dial no 11. O sindicato do sangue não é um GRUPO de super heróis, mas uma GANGUE. Uma milícia. Neste arco inicial, uma repórter recebe carta branca do time pra ir entrevista-los e conhecer um pouco mais sobre o misterioso grupo. 

Dudes.... pouco depois de eu ter começado a leitura, a DC anunciou que vai ter uma animação baseada na Milestone e, mais importante, aproveitando o atual retorno desse universo, uma série do Sindicato. 

Well.... Se não segurarem a mão nos temas e manterem o elemento EXTREMAMENTE punk da série original, esse vai ser um daqueles quadrinhos que vão ser comentados pela grande mídia, que os fanboys chiam por ter "muita política" e que tem grandes probabilidades de ofenderem todo mundo, direita, esquerda e centro. E tomara que seja assim, vejam bem. 

Sério, eu não to exagerando. Tem uma personagem viciada em crack e um dos protagonistas atende pelo nome de HOLOCAUSTO. A razão de ser do grupo é um constante ponto de conflito, com os membros divididos entre serem um grupo de proteção do bairro ou assumirem o papel de gangue, inclusive controlando a criminalidade local. Sério, eu estou MUITO curioso pra saber pra onde o título vai.

No fim do primeiro arco, descobrimos uma gigantesca conspiração pra acobertar os atos de uma policia corrupta e de um governo mais sujo ainda, ambos, por sua vez, subordinados a corporações desumanas, se me perdoarem o pleonasmo. 

Não vou falar sobre a HQ do Static pq ainda to no comecinho, mas os 3 títulos acima me deixaram muito surpreso e igualmente satisfeito. Tramas adultas com uma sensibilidade muito única. Conway (artista de Hardware e Blood Syndicate) e M D. Bright (responsável pelos desenhos de Icon), dividem um estilo de arte muito parecido. Cru, punk, aquela coisa bem fanzineira, com ecos de Frank Miller e David Mazzucchelli. Em uma época em que quase todo mundo emulava Jim Lee e McFarlane, esses gibis tinham uma arte que vazava personalidade. Linda e particularmente marcante na memória. E com relação aos roteiros, o saudoso Dwayne McDuffie, responsável pelos textos das 3 séries acima, faz mágica. Icon, BS e Hardware tem, ao mesmo tempo, elementos narrativos que conectam os 3 "universos' de forma orgânica, ao mesmo tempo que trazem tons distintos. Icon é uma hq mais serena, contrastando com o senso de urgência no talo de Blood Syndicate ou com a frieza melancólica de Hardware. 

Sério, se você gosta de super heróis, procure o material clássico da Milestone. E se você não gosta, tenta dar uma chance. História de origem costuma ser um saco, mas estas mantem o tom alto de forma constante. Eu não sabia o que esperar e saí realmente empolgado em continuar lendo o resto dos lançamentos da editora. É um universo fascinante, familiar mas estranho. Fantasioso mas cruelmente realista. Alçando aos céus mas sem nunca tirar os pés do chão. Alienígena e mágico mas que, ao mesmo tempo, cheira que nem as ruas do lado de fora da nossa porta. 

A gente nunca vai ser Metrópolis ou Gotham. Mas Dakota? Dakota é um canto do multiverso muito semelhante ao nosso quintalzinho verde e amarelo, com tudo de bom e de ruim que isso significa. 




Ainda falando sobre heróis urbanos, eu mergulhei COM FORÇA nos gibis do anjo da guarda de Hells Kitchen, o Demolidor.

Peguei as fases do Waid e a atual, de Chip Zdarsky, pra ler. Da fase do Waid eu falo quando terminar, mas fui até o título mais recente da ainda em desenvolvimento fase de Zdarsky e, rapaz, que HQ legal. 

Mais uma vez, a equipe criativa vai jogar Matt Murdock no coração do inferno pra ver o que levanta de volta. E o primeiro arco da série QUASE me enganou. Digo isso pq a trama começa com MAIS UMA VEZ, Murdock no meio de um crime que ele não cometeu e MAIS UM A VEZ, tendo que limpar seu nome enquanto é caçado por todas as forças da lei locais, além de alguns membros da comunidade super heróica.

Mas aí vem o twist no final do primeiro TPB e te pega de surpresa e tudo que você tinha como certeza cai por terra. A história aproveita o que conhecemos do personagem e usa isso pra nos surpreender e quando você vê suas expectativas vindo abaixo, o efeito é maravilhoso. Murdock já foi quebrado, física e psicologicamente antes, mas desta vez, as convicções mais essenciais do demônio da cozinha do inferno vão ser postas a prova, em uma gigantesca discussão sobre bem, mal e a natureza da sua cruzada contra o mal. Altruísmo, sociopatia ou uma forma de revidar contra um mundo que o submeteu a horrores que quebrariam espíritos menos resilientes? Estes elementos, inclusive, conectam a história, tematicamente, com Immortal Hulk, publicado na mesma época pela Marvel, já que a discussão estrutural aqui é: o que nos faz pessoas boas? E existe alguém de fato bom, em um universo frio e que não se importa com quaisquer abstrações que criemos como sociedade para tentar conferir algum sentido para aquilo que, na verdade, nega qualquer conceitualização do tipo? 

Acho que não é spoiler, visto a cobertura midiática e polêmica resultante, comentar que em dado momento da história, Murdock tem que abrir mão do uniforme vermelho e Elektra acaba assumindo a posição de guardiã daquele bairro de Nova Iorque. E aí, é a vez dela experienciar o quão insuportavelmente difícil é adotar essa persona e tudo que vem com ela. 

Roteiros de Zdarsky e arte ABSOLUTAMENTE MARAVILHOSA de Marco Checchetto. Tal qual rolava na época de Miller, Checchetto faz de Hells Kitchen um lugar vivo, orgânico, o que só torna a experiência ainda mais visceral. 

Trinta e cinco edições até agora. Leitura absolutamente obrigatória para qualquer fã do personagem. Ou simplesmente, pra qualquer fã de uma boa história muitíssimo bem contada.

Por hoje é isso, crianças. 

Fiquem ligados pq ainda hoje tem Monster Mash

Eu acho. Hey, motherfuckers, não me culpem, okay? "A vida é o que acontece enquanto fazemos nossos planos", lembram? Mas eu vou tentar. :-)

Hasta

Respect!!!!!

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Quem é Daniel Johns?


Histórias de sucesso e histórias de fracasso no campo das artes costumam ser igualmente atraentes. Enquanto as primeiras tem aquele elemento motivacional, as segundas funcionam como um conto de cautela, onde aprendemos com os erros e acertos. E eu uso aqui a primeira pessoa do plural pq todo mundo que trampa com arte, em qualquer aspecto, fazendo, comentando, divulgando, etc., acha que pode "chegar lá". O que quer que isso signifique.

No entanto, existe uma área cinzenta nessas trajetórias que é igualmente fascinante: a história de sucesso condicional. O cara que chegou lá e... decidiu largar mão. Não existem muitas narrativas desse tipo pq fama é uma droga altamente aditiva. Ou o sujeito consegue se manter no topo ou quando ele cai, ele cai com força e se enfia naquela trinca de "drogas e/ou igreja evangélica e/ou suicídio". 

Por isto essas tramas de artistas que conseguiram alcançar a grandeza e no topo do monte, decidiram descer dele, soam tão interessantes. Pq, obviamente, fama tem um preço e eles decidiram que era alto demais. Este é o gigantesco atrativo de "who is Daniel Johns?". Neste podcast em 5 partes, os criadores do programa decidem revirar a vida do ex-líder do Silverchair e entender como funciona a cabeça de uma das mentes mais únicas da cultura pop.

No seu auge, como mencionam no primeiro episódio, o Silverchair tava coletando premiação de artista do ano e melhor disco, uma atrás da outra. Em 2001, quando vieram pro Brasil pra se apresentarem no Rock in Rio, tocaram pra mais de 100.000 pessoas. CEM MIL. Uma banda australiana que começou quando a maioria dos seus membros não tinham nem 15 anos de idade. 

Corta pra 2021 e a banda se desfez e Johns passou por altos e baixos que envolveram também mas não apenas: vício em álcool, desenvolvimento de anorexia, crises de ansiedade e problemas psicológicos da mesma natureza, quase total reclusão e, por fim, um aceno de volta para indústria, mas agora, sob seus próprios termos. 

A idéia do programa, que conta com envolvimento do próprio Johns além de ex-membros do Silverchair, produtores, agentes e mais uma galera "das artes" (incluindo a ex do vocalista, Natalie Imbruglia), é entender como chegamos nesse ponto, em que, depois de uma longa e tenebrosa noite, o guitarrista e vocalista parece ter encontrado algo remotamente parecido com "paz de espírito", seja como pessoa ou como artista.

O podcast é uma produção do spotify, tem mais ou menos meia horinha por episódio e sai semanalmente, já com três episódios lançados. Se a língua não for uma barreira, recomendo bastante.  
 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021


 

Quentin was right

 



E se o preço abusivo do dólar não for um problema, tem quase todas essas camisetas pra comprar no site da Red Bubble.

Hammestein Ballroom goes EXTREME!!!!!

 


Não é como a AEW, em que eu LITERALMENTE acompanho o negócio desde o dia 01. Mas, desde que eu descobri que a GCW existia, eu fui de "wow, deathmatch wrestling" para, sinceramente, reconhecer o "love project" de Brett Lauderdale como "minha casa", manja? O lugar onde eu me sinto confortável. Boto um evento da promotion e é diversão garantida. My kind of fight, my kind of people. 
Então, não consigo conter o sorriso ao ver o vídeo acima, com a empreitada mais ambiciosa da Game changer wrestling sendo anunciada para o mundo de uma forma bastante emocional. 
Nesse tempo acompanhando a casa de Nick fucking Gage, não raramente vi ela sendo criticada por "muito sangue", "não ser acessível para o grande público", "não ter storytelling" e bla bla bla. 
Na moral? Whatever. A GCW é punk em sua essência. Paga seu devido tributo a outras empresas parecidas do passado (entre elas, obviamente, a ECW) mas sem pagação de pau excessiva. Uma saudação aos gigantes do passado, mas com olhar pro futuro. 
A terceira maior promotion americana hoje, fácil e uma das mais populares e com fandom mais fiel. 
Orgulhoso por ver esse cantinho do inferno que gosto ganhando o mundo e voando alto. Sem precisar se transformar em uma versão pasteurizada e inofensiva dela mesma. 
Blood and violence. All the way to hell!!!!

terça-feira, 2 de novembro de 2021

and now for something completely different...



 Poster de um show do TV on the Radio em Louisville em 2015. 

Lindo, né?

 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Monster Mash #57 - "Turn off the lights. And turn off the sound"


 Noite de sexta. E vcs sabem o que isso significa...



Monster Mash!!! A mixtape oficial aqui do Groselha on the rocks. Pouco mais de uma hora de música boa pra animar o começo do final de semana (E FERIADO) dos senhores. 

Neste episódio tem LCD Soundsystem, Cigarettes after sex, Gary Numan, Bob Dylan e Sebadoh, entre outros nomes bacanas. 

Muita música estranha, divertida, sublime, perturbadora e tudo isso ao mesmo tempo. 

So, deem o play e já é... 


quarta-feira, 27 de outubro de 2021

The book is on the table #4: "Sobre anjos e demônios".


Yo, dawgs...

Hak in here. Seu adorável host.

Fuck... desculpem se eu soar mais disperso do que de costume aqui na "the book is on the table". Principalmente depois de duas (ou três?) semanas sem texto. Mas entre lá e cá, tivemos um feriadão e certas mudanças no meu status profissional que me forçaram a ir estudar e aprender coisas em uma velocidade insana e num tempo curto, então... Não teve texto nos dias passados.

Mas, para alegria da nação groselhana que vem aqui todo dia atrás de minhas mal traçadas palavras, eis-me aqui. Leituras feitas, discos ouvidos, filmes e séries vistos, games jogados. Bora comentar um pouco sobre as coisas mais legais que passaram pelo meu radar em tempos recentes. 




Primeiramente, acabou The Immortal Hulk. Primeiramente, eu vou já adiantar: não vou adentrar a polêmica envolvendo o desenhista da série, o brasileiro Joe Bennet.

Primeiro, pq sites melhores já fizeram isso. E segundo, pq eu não vou deixar as escolhas ideológicas infelizes do sujeito mancharem a minha percepção de uma série que, não fosse por isso, seria quase perfeita. Ele que vá pro inferno, podemos só coletivamente dizer que Hatsune Miko ou Nick fucking Gage desenharam a hq e já é. Okay? Okay. 

Isso posto. Okay, eu vou tentar conter as emoções aqui, mas vocês sabem que falar de títulos do gigante verde é sempre uma experiência meio visceral pra mim. Três vezes, eu "comecei" com quadrinhos de super heróis. A primeira vez, com 6 anos de idade. A segunda, em 1990, já com 10 anos. E a terceira e definitiva, da qual não teve volta, alguns meses depois desta. Em todas elas, foram gibis do incrível Hulk. 

Em sendo eu um filho dos anos 80 (nasci em dezembro de 79), eu cresci com as séries da Marvel que passavam na tv aberta. O Homem Aranha que só aparecia andando em prédios de longe. O Capitão América que usava um capacete de motociclista com asinhas e tinha escudo transparente. E, claro, o Hulk de Lou Ferrigno. Das anteriores, tenho só algumas lembranças esparsas. Desta, no entanto, lembro claramente, graças a minha relação de amor e pânico com ela (a transformação do Banner para o gigante verde me dava calafrios). Imagino que algo de permanente da série ficou na minha cabeça já que, repetidas vezes, foi minha porta de entrada pras hqs de super heróis. 

Peguei toda a fase do Peter David desde o começo. Hulk cinza, Sr. Tira Teima, Hulk inteligente e verde, Panteão, etc, etc, etc. Dali, pro resto do universo Marvel e pros gibis de super heróis como um todo, foi um pulo. Fui e volto pro título, de tempos em tempos, mas novamente - e principalmente, considerando que eu cresci um homem que tem uma profunda relação de amor com a própria raiva - é onde eu acabo me sentindo mais confortável e provavelmente o personagem que melhor ressoa comigo. 

So... Immortal Hulk de Al Ewing e Joe Bennet

Provavelmente a melhor fase do título desde a era David. Clássica, simples assim. 

Sob a premissa de um Hulk que se descobriu, de fato, incapaz de morrer, Al Ewing muda os rumos do quadrinho. Menos uma fantasia super heróica e mais uma história de horror. Body horror, horror cósmico, horror existencial. Escolha o seu tipo de horror favorito. Ao mesmo tempo, a trama é uma gigantesca discussão sobre a natureza do mal e como você coloca a criatura mais poderosa do panteão de personagens da Marvel contra um desafio que nem mesmo ele pode esmagar. 

Já no seu número de estréia, a série nos pega pela mão e pergunta: "o que é o mal?". E se esta é uma história de bem vs. mal, como você derrota o mal definitivo?

A partir disto, vemos diferentes versões do mal. O mal fruto de ações individuais, o mal institucionalizado, vindo sob a mão do estado e com a pecha de lei e justiça. O mal das elites, fruto de uma mistura perigosa de privilégio e apatia. O mal engenhado, fruto de mentes desprovidas de qualquer ética. 

E um mal indescritível, vindo apenas da inexistência do bem. O vazio infinito, o fim de todas as coisas. Aquela sombra que nos acompanha por toda vida, nos lembrando de que nada permanece e tudo passa. Tudo que é sólido se desmancha no ar. 

A trama escala lindamente e conforme o nível dos perigos vai aumentando, vamos percebendo que apenas socar o adversário não vai funcionar, mesmo para o homem mais forte do universo. E o terror do gibi vem exatamente disso.

 



Na edição final, Hulk e seus aliados estão LITERALMENTE no coração do inferno, tentando conseguir algumas respostas do demônio em pessoa e tudo termina no meio do caminho perfeito entre o épico e o intimista. Talvez, ligeiramente insatisfatório pela ausência de respostas definitivas, mas apenas porque a HQ se permite aprofundar em temas essenciais da existência humana e como tal, estas respostas não existem. Só nos resta nos indagarmos, de novo e de novo, como filósofos fizeram, fazem e continuarão fazendo por toda a existência humana. 

Ewing faz miséria criando novos conceitos emprestados dos clássicos do horror, ao mesmo tempo que mergulha fundo no lore da série. Eu, que estou aqui desde a década de 90, ficava com os olhos brilhando ao rever momentos clássicos e frases emblemáticas dos últimos 30 anos de gibi trazidos de volta. Os criadores não tem nenhum pudor em beber das fontes clássicas do horror: Lovecraft, John Carpenter, Edgar Alan Poe, Robert Louis Stevenson. Tudo em um mix igualmente fascinante e macabro. 

Já escrevi aqui no blog sobre o número 25, até então, minha edição favorita da série. Hoje, esta posição é dividida com outras duas edições: a brilhante edição final e o nº 34, "The apotheosis of Samuel Sterns". 

The Immortal Hulk. Cinquenta edições. Uma lenta descida ao inferno, esta gigantesca sala de espelhos infinita onde tudo que temos é nosso demônio favorito nos olhando de volta. 

Já disse recentemente que Jason Aaron fez recentemente, no título do Thor, uma fase que confere ao autor o direito de sentar na mesma mesa de Walter Simonson como a melhor e definitiva do personagem. Da mesma forma, Ewing e Bennet compõem juntos, uma fase singular e antológica do quadrinho do gigante gama. 

Seguindo adiante, mas me mantendo, mais ou menos, no tema: Strange Adventures.




Da mesma equipe criativa que nos deu o gibi do Sr. Milagre: Tom King e Mitch Gerards

Doze edições redondinhas. Se o gibi do Immortal Hulk nos questiona sobre a natureza do mal, King e Gerards dão um giro de 180 graus e nos questionam sobre o que é um herói. 

Na série, Adam Strange, o campeão de Rann, é investigado por um suposto assassinato cometido na Terra. O foco da série transita entre flashbacks de uma sangrenta guerra ocorrendo em Rann e a investigação do crime acima mencionado, liderada pelo Mr. Terrific. As duas perspectivas vão inevitavelmente colidir e é a partir desse choque que os criadores extraem o coração da narrativa. 

Tal qual em um momento específico na segunda metade de Immortal Hulk, Strange Adventures fala essencialmente sobre a história enquanto narrativa, o que é um tema fundamental em nossos dias de fake news e alt-rights. As duas capas da edição que abre o título já entregam.

Na primeira, que é nosso primeiro contato com a série, Adam Strange, o clássico herói. Loiro, forte, com seu uniforme que remete ao sci-fi dos anos 60 cheios de invasores espaciais e atomic horror. Flash Gordon e Doc. Savage. Já na segunda capa, vemos uma visão mais sombria e distorcida da primeira. Sinistra. Corrompida. 




Estas 12 edições caem como uma luva nestes nossos tempos em que começamos a olhar a História sob um viés crítico e onde iniciamos uma discussão sobre a integridade de ditos "heróis". A figura retratada em estátuas e que era descrito como um explorador mas que na real, nada mais era que um genocida. A corporação que visa nos proteger mas que nada mais é do que a mão armada do estado. E claro, o "mito" que veio como um messias salvar a pátria mas que nada mais é do mais fantasia criada por meia duzia como forma de avançar suas agendas de morte e enriquecimento das elites. 

Narrativas, histórias. Contos que mudam o mundo e alteram a realidade. Não é um acidente a escolha de Michael Holt, o Sr. Incrível, como o real protagonista e motor da trama aqui nesta história.Um homem negro como o real agente motivador da trama, avançando a história e revelando o horror por trás da figura do "salvador do mundo". 

Um gibi ao mesmo tempo importante e excelente. 




Temos recentemente ouvido a exaustão a frase "a história vai julga-los" a respeito dos criminosos que comandam nossa nação atualmente. A tese defendida em Strange Adventures é que a História não julga ninguém. PESSOAS julgam PESSOAS e às vezes, só é preciso UM homem com a devida motivação, para tirar o véu de beleza de uma narrativa e coloca-la nua e crua diante da sociedade. 

Quadrinhos de super heróis sempre giraram em torno da dicotomia entre heróis e vilões. Strange Adventures vem nos lembrar que, às vezes, as linhas separando ambos são mais turvas e difusas do que pensamos. 

Por último, mas não menos importante: joguem Spiritfarer.




Falo mais quando terminar. Mas sério: se vocês querem um jogo lindo visualmente, sem um pingo de violência mas com um peso emocional do tamanho de um planeta, joguem Spiritfarer. Eu sei que é um clichê batido dizer que o jogo tem a sensibilidade das animações do estúdio Ghibli, mas não acho que isso seja demeritório de qualquer forma. Spiritfarer é uma obra profundamente emocional, sem precisar apelar pro melodrama ou pra breguice e que fala sobre morte de uma forma honesta e com uma delicadeza que raras vezes você vai encontrar, mesmo em produções maiores e com maior orçamento.

Já estou com cerca de 35% do jogo completado e amando cada segundo, mesmo aqueles em que o jogo esmigalha meu coração sem dó ou piedade. 

É isso, crianças.

Talvez tenha mais uma coluna essa semana. Talvez não.

Talvez tenha uma edição da Monster Mash. Talvez não. Talvez até duas. 

Aguardem e confiem. 

Hak out.

Respect!!!!

terça-feira, 26 de outubro de 2021

"Free the Narrative" no Youtube.


Eu tava pronto pra fazer um texto sobre o segundo episódio de "Free the Narrative", projeto do coração de EC3, mezzo show de wrestling, mezzo indie movie com uma boa pitada de "manifesto artístico" e referências ao meu filme favorito da vida

Spoiler alert: eu adorei, tanto quanto eu gostei do primeiro. 

Well, vou segurar esse texto um tantinho a mais, mas apenas porque o Essential character postou os dois shows, o Free the Narrative original e sua continuação "the monster in us all" inteirinhos, de graça, no youtube. Então, deem uma olhada e se gostarem, fiquem a vontade pra dar uma conferida no post que eu fiz com minhas impressões sobre a primeira incursão desse projeto

Eu ainda não sei qual é o objetivo final de Ethan Carter, do "narrator" e pra onde essa iniciativa, visivelmente um trampo passional por parte de todos os envolvidos, quer chegar. Principalmente com toda a idéia do #CYN crescendo, com canal no youtube, podcast semanal, loja de merchandising e tals. 

Se a idéia é virar uma promotion, vazar esse storytelling pra outras companhias como a Impact ou ROH, ou simplesmente se manter como algo indie, mais um meio para os criadores despejarem suas energias criativas e mostrar o quanto o formato do pro-wrestling pode ser puxado ao limite pra contar diferentes histórias e de formas distintas entre si. Tudo isso com 100% de controle. 

Não faço idéia pra onde isso vai. 

Mas dizer que eu estou "curioso" é um eufemismo. Eu sou, vocês sabem, uma bitch pra projetos autorais que tentam estender os limites do formato em que se inserem e este é mais um deles. 

Pra onde quer que isso vá, eu pretendo estar acompanhando toda a jornada. 

#Youvebeenwarned #CYN


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Free the narrative II: sobre homens e monstros.




Oh boy... Free the Narrative II: the monster in us all.
Pelo poster, voltam William, Fodder, Skylar e fucking PARROW (IS DEATH!!!). E claro, a mente por trás da idéia, o Psycho boy em pessoa, Ethan Carter the third, que vai se ver frente a frente com Adam Scherr, (a.k.a. the monster among man, Braun Strowman).
O primeiro episódio é uma das coisas mais legais que eu vi esse ano. Evento de pro-wrestling, ao mesmo tempo que algo...mais. Falei dele inclusive aqui, mas reforço: uma idéia absolutamente original, ainda que carregando orgulhosamente sua cota de referências (e a principal delas ser o meu filme favorito da vida só ajuda). Ambientação, narração, as lutas e uma trilha sonora INSANAMENTE boa fizeram do FtN original um dos meus shows de luta livre favoritos de 2021. Então, não tem como não estar ansioso.
Estréia em pouco mais de uma semana. Obviamente, comento aqui assim que tiver visto. 


Monster Mash #56 - "There is no promised land"



Pronto. Seu final de sexta e começo de final de semana está salvo, graças a "yours truly" Hak D. Bear. 

Monster mash, a mixtape oficial do Groselha on the rocks, chega em uma edição mais good vibes do que de costume. 

The Addicts, Arca, Rolling Stones, Tim Maia e mais uma pá de coisa legal. 



Espero que gostem. Semana que vem tem outra.

Hasta.

The book is on the table #3: "Mesmo no espaço, todo mundo vai ouvir você gritar RAINMAKER!!!!!"

Eu gasto caracteres e mais caracteres falando ontem de Daniel Warren Johnson e duas de suas obras, descrevo dois dos seus trabalhos menos conhecidos, falo de UMA de suas hqs publicadas em uma das duas maiores editoras do planeta e completamente desconsidero A OUTRA publicação com roteiro e arte dele, publicada pela OUTRA maior editora do planeta e que, vejam vocês, não só foi a que eu li como foi também a razão de eu ir atrás dos outros gibis assinados pelo sujeito e que, além disso, é o motivo de eu estar falando dele no blog por dois dias seguidos. 


Goddamnit... é por isso que o Brasil não vai pra frente. 

Oh.... oh, yeah, verdade: olá. The book is on the table #3 no ar. Hak the mothafucking bear, o anti-buda suburbano, o fucking Misunderstood Mastermind, mais uma vez pra te trazer gibizinhos, séries, filmes, discos e demais coisinhas bacanas eu eu tenho consumido recentemente. 

Edição dupla essa semana pq não animei de escrever semana passada. Até tem coluna pronta mas não tava feliz com o resultado final. Mas agora vai. Talvez hoje ainda tenha Monster Mash por aqui. Talvez no final do semana. Ou talvez eu publique duas, semana que vem. A coluna, no entanto, volta pra periodicidade semanal pq eu apenas sou velho demais pra produzir texto nestas proporções. 

Bora?

Comecemos com joguinhos. 


Só comentando por cima, peguei Bloodborne novamente. Pq? Pq eu sou teimoso, simples assim. Parece que agora eu engrenei no jogo. O visual dele é lindo, mas a repetição ad-infinitum é um treco que me afasta horrores de qualquer coisa. Guacamelee é um game que eu só terminei pq a) o visual é lindo e b) FUCKING LUCHA, MOTHARFUCKER. Mas essa coisa de passar 5 horas jogando pra avançar quase nada é um treco que me brocha. Celeste, por exemplo.

Todo mundo fala desse jogo de forma positiva então, peguei pra ver qual é. Saí puto achando que era só um Cat Mario com historinha. 

Por sorte, no entanto, acho que o que me fez querer passar mais tempo em Yharnam, o pedacinho do inferno que serve de cenário para as aventuras do caçador sem nome, foi que eu finalmente senti uma evolução. No meu personagem, pq eu upei algumas de suas habilidades, mas também em mim, enquanto jogava. Os golpes saiam com mais precisão, as esquivas saíam de forma mais suave. Creiam-me, ainda fui surrado pelo primeiro boss que encontrei, mas não sem antes lanhar o bicho e tirar uns 3/4 da sua barra de energia. 

Não é o primeiro da série Souls que eu pego, já que cheguei a jogar algumas horas de Demon Souls no ps3 (acho que até comentei aqui) mas é o que mais chamou a atenção, principalmente pela ambientação, que ressoa comigo bem mais do que fantasia medieval. 

Vou ver até onde vou antes de dar rage quit. Talvez não muito mais longe. Talvez, até o final. 

I mean, se eu zerei Guacamelee, incluindo passando pela via crucis que foi pegar todos os fragmentos da máscara pra ver o final verdadeiro, não vai ser uma besta fera parecida com uma abstração senciente que vai me assustar...


...acho. 

Agora sim, gibizinhos. Daniel Warren Johnson. Beta Ray Bill.


Beta Ray Bill é uma minissérie em 5 parte publicada esse ano pela Marvel, com roteiro e arte de Johnson, protagonizada por um dos personagens mais legais do panteão asgardiano da Terra 616. 

Bill foi criado por Walter Simonson em sua clássica passagem pelo título. Após o final da sua fase, ele teve altos e baixos, seja em fases solo, seja como um dos personagens do núcleo cósmico da editora, já inclusive, tendo sido membro dos Guardiões da Galáxia. 

Nessa mini, vemos o personagem perdido, depois de ter seu martelo, Stormbreaker, destruído por Thor em um momento de berserk ocorrido em histórias prévias. Com seu poder reduzido e sem a habilidade de reverter para sua forma humanóide, Bill decide abandonar Asgard atrás de Odin, que deixou a cidade dourada, e de um novo martelo mágico. Ao encontrar o "pai celestial" da Marvel (não sem antes descobrir um clandestino em sua nave, ninguém menos que Skurge, que se apiedou do guerreiro e decidiu ajuda-lo em sua empreitada) e receber o conselho de ir atrás da espada negra de Surtur, os dois partem, junto da nave senciente de Bill e do troll Pip, em missão até Muspelheim, o reino de fogo onde a arma jaz, cravada na terra. 

Você encontra de tudo um pouco nesse gibi. Drama, nos momentos mais introspectivos de Bill, principalmente na relação que surge entre ele e a manifestação da IA da sua nave, Skuttlebutt. Comédia, em quase toda cena envolvendo Skurge. Horror cósmico, já que a missão do grupo se assemelha à jornada de Dante, inferno adentro. E claro, ação. Insana. Belíssima. GRÁFICA!!! GLORIOSA VIOLÊNCIA. 

Um gibi extremamente divertido com a belíssima, sem brincadeira, BELÍSSIMA arte de Johnson. Ele é daqueles artistas tipo John Romita Jr., Gary Frank e Dale Keown que transitam de forma extremamente rápida e competente entre drama e comédia, de forma muito natural. Essa é uma capacidade que muito artista grande e renomado não domina então, é sempre válido mencionar. É nesse ritmo que o gibi vai. Comédia e drama alternando de forma rápida, as vezes na mesma página. Com a tensão aumentando conforme o gibi se aproxima de seu clímax e da inevitável cena de combate contra o demônio Surtur. 

Ah sim, Daniel Warren é um grande fã de pro-wrestling e não esconde isso na arte. Eu contei pelo menos UM german suplex, um (acho que) "made in Japan", signature move do dragão Shingo Takagi e, em um momento que me fez berrar, um ripcord lariat, 




ou, como é mais conhecido por qualquer fã da NJPW e, mais especificamente, de Kazuchika Okada: 


RAINMAKAAAAA!!!

Meu veredicto pra esse gibi? 5 estrelas na escala Meltzer. :-)

Aliás, já que mencionei o homem que faz chover da  NJPW, é válido lembrar que


COMEÇOU O G1 31, CARAIO. 

Não vou mentir pra vcs: tem sido complicado assistir a NJPW recentemente. Você soma decisões de booking confusas com o fato de que o público não pode se manifestar exceto por palmas (por causa da pandemia. A situação de vacinação no Japão está bem complicada) e mais a tal da maldição que caiu sobre a promotion (maluco, uma PÁ de wrestler deles teve que ser encostada por um tempo, desde gente que se machucou em lutas - Will Ospreay, Naito, Hiromu DE NOVO - até gente que teve que ficar de molho por causa da COVID - Okada - ou de outras doenças relacionadas ou não ao vírus - tipo, o que diabos aconteceu com Kota Ibushi?). Claro que existem bons momentos isolados, afinal, estamos falando de um dos rosters mais talentosos do planeta, ainda mais contando com a expansão americana e o pessoal do dojo ianque segurando a bronca no NJPW Strong. Mas ainda assim, estes fatores todos tem me desanimado de correr atrás de coisas da maior promotion japonesa do planeta. 

I mean, AEW dominando o mundo, independentes começando a dar sinal de vida novamente, Stardom entregando uma forte candidata a MOTY. Estímulo não falta. Ainda mais com streaming facilitando horrores a vida do fã de luta-livre (Tipo, se tu assina a IWTV, só lá, já tem mais luta livre do que vc conseguiria ver em uma vida inteira).

MAS...quero acreditar que o g1, provavelmente o maior torneio de pro-wrestling do mundo (pau a pau com o BOLA da PWG) pode ser o momento de virada da companhia do leão. Os sinais de má sorte ainda estão lá - como mencionado, Naito teve que deixar o torneio por causa de uma lesão na perna - mas NO MÍNIMO, vamos ver grandes combates e um roster motivado a deixar os dias ruins pra trás e aproveitar o boost que wrestling tem sofrido. Pro-wrestling is cool again. Vamos ver se a NJPW vai finalmente conseguir surfar essa onda de popularidade da luta livre  e deixar a zica no passado.

É isso, pessoas. 

Segunda coluna entregue, promessa cumprida. Bora voltar pra Yharnan pq o mundo não vai se salvar sozinho. 

Bear's out.

Respect!!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

The book is on the table #2 - "Kaijus, Heavy Metal e consciência de classe"

 Yo dogs...

Eu sou o seu adorável host, Misunderstood Mastermind, de volta. De bom humor. 

Tava de péssimo humor quando comecei a escrever hoje cedo, devido a uma fila pavorosa, excruciante, inumana, INACREDITAVELMENTE lenta que peguei no mercadinho hoje cedo. 

E eu disse que do lado de fora do mercado estavam rolando obras na rua que envolviam, OBVIAMENTE, uma britadeira funcionando em full mode berserk? Pois é. 

Mas agora, depois de algum tempo, já estou em meu mood habitual. 

So, gibizinhos e demais coisinhas legais consumidas essa semana.

E em dose dupla. Eu prometi semana passada, lembram? Amanhã tem outra.

C'mon, eu jamais mentiria pra vocês. Bom... okay, eu totalmente faria isso, mas desta vez eu estou falando sério, okay? Talvez tenha até uma edição outta nowhere da Monster Mash vindo. Vai saber.



Anyways. Comecemos com o principal: ESSA SEMANA VOLTA DOOM PATROL.

Melhor série baseada em hqs já feita. Pau a pau com Legion, da FX. Dois exemplos de que DÁ PRA FAZER. Não precisa ser uma parada medíocre tipo as séries do Arrowverse ou os Defenders da Netflix. 

A temporada passada acabou em um cliffhanger, em consequência do final súbito das gravações em detrimento da pandemia. Dorothy Spinner indo enfrentar o Candlemaker na pocket dimension de onde os monstros que a menina cria se originam. Os trailers recentes já vieram anunciando que vai tudo ser elevado à enésima potência. DIABOS, vai ter Monsieur Mallah. Ansioso? HELL YEAH, eu tô ansioso. 

Que mais...

Ah sim.

Se não teve coluna semana passada, os culpados são Zander Cannon, Tom King e Jorge Fornés, Daniel Warren Johnson e Brandon Graham. Alguns de seus trabalhos (respectivamente Kaijumax, Rorschach, Murder Falcon/Space Mullet e King City) me levaram para um vórtex do qual eu quase não saio mais.



Kaijumax, particularmente, eu reli tudo, as 5 temporadas anteriores (que é como Cannon, autor da série, decidiu dividir os arcos. Cinco seasons de seis edições cada). Começa incrível e segue incrível até a season 4. Aí chega a season 5 e DEUS DO CÉU. Mas vamos por partes.

Kaijumax, série de, até o momento, 30 edições, da Oni Press, narra o cotidiano da ilha prisão de mesmo nome onde kaijus - sim, os monstros gigantes - são enviados para pagar pelos crimes cometidos contra a humanidade.

Ceis viram "Orange is the new black"? Ou "Oz"? Ou qualquer filme que narra o cotidiano dentro de uma prisão? Então vocês sabem o que esperar.

A arte e a premissa prometem um gibi leve, talvez uma comédia. E o humor está lá, não duvidem. mas ele vem de forma episódica e entre um rompante e outro, temos drama, tragédia e muita, MUITA dor.

Acompanhamos a trama pelos olhos de Electrogor, um kaiju que foi preso enquanto tentava sugar energia de uma usina nuclear para gerar os ovos que usa para alimentar seus filhos. Novamente, se vocês viram séries e filmes passados em penitenciárias, vocês PODEM PENSAR que sabem o que esperar. Mas nope, a série sabe te pegar de surpresa. 

Os 3 primeiros arcos mostram as idas e vindas de Electrogor e outros presos, além da dinâmica interna da ilha. Os grupos que se formam (supremacistas kaijus, cyber monstros que rejeitam a vida carnal, além dos perdidos que tentam orbitar - e talvez, faturar algum $$$$ - entre todos os grupos), a perspectiva dos "guardas" (basicamente, uma versão mais corrupta da tropa Ultra) e, em algumas situações, como é o mundo fora daquele pedaço do inferno. 

É uma história PROFUNDAMENTE divertida, não me entendam mal. Mas também é uma sátira política sobre as falhas do sistema prisional e como ele é parte de um sistema maior, feito para manter todo um grupo oprimido. As metáforas não são sutis de maneira nenhuma e, nesse caso, nem precisam ser. 

O quarto ano da série foca na ala feminina da ilha. Começa mais leve, mas, novamente, te surpreende quando tu menos espera.

Aí vem o ano 5. BOY, oh boy. "The orange mile", mostrando a ala da cadeia destinada para os monstros condenados à morte e esperando execução. Acompanhamos o julgamento de Pikadon, um dos maiores chefões do crime kaiju no planeta. Alguém de quem apenas ouvíamos falar nos números anteriores da série, sempre com um ar de horror acompanhando seu nome. E de fato, quando finalmente nos damos conta - e veja bem, era TÃO óbvio que passou batido por todo mundo - ele é, figurativa e literalmente, um monstro. Mas passamos a ver detalhes desse personagem, seu passado e quando essa carga de informação, somada ao backstore dos personagens que já conhecemos anteriormente, nos é revelada com nuances, percebemos que essa é uma história sobre empatia. Sobre como a sociedade crucifica pessoas que, pra começo de conversa, nunca tiveram uma chance pq essa mesma sociedade destinou a elas uma posição de periferia (novamente, literal e figurativamente) na sociedade. O papel deles é ser os monstros. As vítimas que cometeram o crime de tentar fugir do destino que esta mesma sociedade reservou pra eles, da forma que for. Sintomas de um mundo PROFUNDAMENTE doente. Não uma falha do sistema, mas um de seus produtos naturais. Sempre é preciso lembrar: criminalidade, pobreza, classes sociais desfavorecidas. Isto NÃO é um acidente do capitalismo. Isso É o capitalismo. É o capitalismo funcionando EXATAMENTE como deveria. 

Que esse gibi traga essas discussões ENQUANTO nunca deixa de ser um gibi divertido e que entretêm o tempo todo, é algo digno de nota. As referências quase non-stop sem nunca deixarem de soar orgânicas (sério, sem adentrar detalhes em excesso, mas vemos um musical "Hamilton style" dentro da trama só que recontando a história do Godzilla original de 54), tanto no visual dos personagens, quanto nas gírias desse grupo e até nas tatuagens que estes condenados carregam, tudo traz um pedacinho a mais de história e confere tridimensionalidade a aquele universo. A série tem momentos PROFUNDAMENTE perturbadores ao mesmo tempo que tem outros que me fizeram rir alto. 

Já está rolando a season 6 e última da série. Bate aquela sensação agridoce de ver a conclusão da trama como planejada por Cannon, mas ao mesmo tempo, ter que dizer adeus a este mundo riquíssimo, cheio de super ciência, magia negra, aliens e criaturas intra-terrenas. Um mundo de monstros e homens e sobre as linhas que separam estes dois conceitos.  

Espero alguns spin-offs mostrando outros aspectos desse mundo - bom, caso sobre algo dele depois do fim. 

E falando sobre o fim do mundo...



Ainda me mantendo nesse terreno do gibi autoral, li Murder Falcon (roteiro e arte de Daniel Warren Johnson e cores de Mike Spicer) e Space Mullet (Johnson escrevendo e desenhando).

O desenhista e roteirista é um dos "novos nomes" dos quadrinhos americanos e tem tomado a cena de sobressalto, já tendo inclusive um trabalho lançado em uma das duas majors (Wonder Woman: Dead Earth). De fato, seu roteiro e arte são... acho que "refrescantes" é a palavra. De fato, seus gibis tem uma energia punk e ele navega por temas sabendo transitar entre drama e leveza com uma graciosidade que é raro de ver. 

Murder Falcon é uma mini em 8 partes, publicada pela Image Comics, que mostra as aventuras de Jake. Ex-membro e líder de uma banda que se separou depois de uma tragédia pessoal vivida por seu frontman, seu mundo muda depois de, durante um ataque de monstros, ele encontrar Murder Falcon, uma entidade guerreira que utiliza o poder do rock como combustível e precisa não só que o rapaz volte a tocar, mas que reúna sua banda como forma de reviver outras entidades para ajudá-lo em sua missão. 

Falando assim parece uma trama leve e escapista e de fato, o gibi bebe muito de obras como o filme do Tenacious D ou jogos como Brutal Legend. Aquela coisa do PODER DO METAL (imaginem isso dito com um agudo Detonator-style). Mas ao mesmo tempo, existe um segundo nível de trama, BEM menos leve, sobre o poder da música como elemento de superação de traumas e tragédias. O quadrinho tem momentos bastante densos, emocionalmente falando e que podem tirar uma ou duas lágrimas de algum leitor incauto (nope, não falo em primeira pessoa. Nope... de forma alguma......). Exatamente por causa desses momentos, a ação é PROFUNDAMENTE empolgante, pq nos importamos com aqueles personagens. Porque sabemos do peso que Jake carrega consigo, assim como ocorre com os demais membros da sua banda, a Brooticus. Todos os personagens tem seu devido momento de brilhar sob os holofotes, e estamos falando de um grupo não particularmente pequeno. 

Pra qualquer um, esse gibi é certeza de uma boa leitura. Se você for fã de metal então, só pega algum disco clássico do gênero, coloca pra rodar com o volume no talo e apenas VAI ler Murder Falcon.


Já Space Mullet é uma graphic novel publicada pela Dark Horse em 2016 - surgida inicialmente como uma webcomic publicada por Johnson, na íntegra e gratuitamente, em seu site -  que traz temas parecidos com os de Kaijumax. Jonah e seu parceiro, o alien Alphius, são dois pilotos de uma nave de carga que vai aos trancos e barrancos, entre um trampo mal pago e outro, até que são contratados para realizar um trabalho que pode mudar a vida de ambos, ao mesmo tempo que força Jonah a reviver seu sombrio passado. Novamente, uma trama de premissa simples mas que serve de porta de entrada pra um universo muito bem elaborado e cheio de detalhes. A trama também inclui discussões sobre classes sociais, preconceito e xenofobia, abuso de poder militar e espetacularização da miséria. 

Apesar da publicação, a história ainda está disponível no site oficial da série (inclusive, o tpb que eu li contem apenas uma parte da história. Terminando esse texto, vou lá conferir o resto). 

A arte lindíssima, em tons de preto, branco e azul descreve muito bem o mundo dos personagens. Noir e melancólico. Altíssima tecnologia que convive com cantos do universo em estado de miséria. Personagens se colocando em situações que jamais deveriam estar, em primeiro lugar, se não estivessem tolhidos de qualquer outra opção como forma de garantir a própria sobrevivência. Acreditem: o título engana. A trama tem elementos que me lembraram, ao mesmo tempo, o clássico de 1969 "They shoot horses, don't they?", o anime Cowboy Bebop e sua "prima americana", Firefly

Outro daqueles gibis que poderiam durar pra sempre, com mundos ao mesmo tempo estranhos e tristemente familiares que causam na mesma medida, repulsa e fascínio e dos quais nos vemos querendo conhecer mais e mais. 

De Rorschach e das obras do Brandon Graham, eu falo outro dia.

Por hora, vou deixar os gibizinhos e falar das paradas que estou ASSISTINDO.


Larguei quase todas as séries de TV que via - ou melhor, coloquei todas em um hiato indeterminado - e decidi voltar pro universo dos tokusatsus. 

Leitores de longa data do blog devem lembrar que eu tive, por um tempo, uma seção fixa onde eu falava de séries japonesas desse tipo. Acabei não dando continuidade, mas decidi que era uma boa hora pra ficar em dia. Até pq, vejam bem...


Meu problema com séries em geral, é que eu tenho SERÍSSIMOS problemas de atenção. Manter minha concentração é algo complicado. Quando vejo séries com Stella, durante o final de semana, é bem mais simples. Mas sozinho, com toda a constante cacofonia da internet pra me tirar a atenção? Querer que eu me dedique a programas de tv de uma hora com 12 a 24 episódios é esperar um pouco demais de mim.

Existem exceções, mas estas só vem para comprovar a regra. 

Com tokusatsus é bem mais simples. 20 minutinhos por episódio e, em média, 50 episódios por série. 

Se eu quisesse, em uns 3 dias dava pra matar séries inteiras. Dessa forma, eu consigo enganar meu cérebro e mante-lo concentrado por 3, 4, 5 episódios de toku-shows por vez.

Uma vez decidido a ver programas do tipo, a questão era: por onde começar? 

Pensei em ver na ordem cronológica, mas não ia funcionar. Pretendo voltar para os clássicos e primeiras gerações dos Sentai, Ultras e Riders, mas por hora, fiquei com contrapartes mais recentes destas franquias.

A saber: 

Kamen Rider Zi-O

Kamen Rider Gaim

Kamen Rider Ex-Aid

Kamen Rider Wizard

Shinkenger

e Ultraman Orb. 

Vi os primeiros eps. de todas acimas, mais uma que só não curti e vou deixar pro futuro (Goseiger). 

Meio que eu adorei todas. Wizard, Gaim e Ex-Aid tem uma cinematografia linda, em um mundo vivo e cheio de cores e isso me fisgou rápido. A trama, bem legal, só contribuiu.

Zi-O também me encantou, apesar de beber com força do lore dos Riders e como eu só vi o que passou no Brasil e mais Kamen Rider Ryuki, pode ser que eu "perca a piada" aqui e ali. Mas se isso não me impediu de adorar Gokaiger, série cuja trama girava em torno de todas as séries sentai anteriores, acho que não vai ser isso que vai me fazer desgostar do show. 

Shinkenger... confesso que foi escolhida por pura aleatoriedade e, devo dizer, dei sorte. A série é visualmente bonita e a trama... acho que é melhor roteiro de todas dessas que comecei a ver. O episódio 5, por exemplo, usa a história para, através de uma trama de crescimento do líder do grupo, introduzir um dos tropes mais clássicos do gênero mas que, aqui, soa realmente surpreendente. Todo mundo, dos heróis aos vilões, exala carisma, com personalidades muito claras e bem definidas. As cenas de ação são muito legais e nem o CGI meio tosco atrapalha. Se você, como eu, é um toku-fã mancheteiro criado a base de Jaspion e Changeman, sempre quis voltar a ver seriados dessa natureza mas nunca soube por onde começar, vai na fé: Shinkenger é maravilhosa e daquelas pra fazer binge de horas e horas. 

Falo mais - COM CERTEZA - conforme for avançando. 

Por fim, Ultraman Orb. Minha primeira série Ultra da vida adulta (vi episódios da série original mas nunca fui até o fim). Até o momento? Só sei que gostei. Vi só o primeiro episódio e não tem muito nele pra tecer parágrafos e parágrafos, mas ele vem pra estabelecer a premissa e manter o interesse do público e fez as duas coisas comigo de forma muito competente. E ser uma série mais curtinha, com apenas 25 episódios, só contribui. 


É isso, crianças. Promessa paga. Amanhã tem mais. Mais curta, provavelmente, mas tem. 

The Misunderstood Mastermind is out!!!

Respect!!!

*Atualização: eu erroneamente creditei a arte de Murder Falcon a Mike Spicer, quando na real, ele foi o colorista da série que tem roteiros E arte de Daniel Johnson. Já corrigido mas ainda assim, mals aê. 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021