quarta-feira, 18 de maio de 2016

Magic is alive


Eu não quero bancar o nerdão clichê e tals, até pq nunca fui um grande fã de rpg de mesa, mas, isso posto: fãs de D&D e coisas do tipo devem sacar do que estou falando.
Aliás, fãs de anime e que, como eu, passavam as manhãs vendo Yu-Gi-oh tb vão pegar o conceito de forma até mais clara: idade é um elemento de poder pra um mago. Quando mais velho, mais sábio. E quanto mais sábio, mais poderoso. Nesse caso, conhecimento é LITERALMENTE poder. Lembram como, num dos eps. de Yu-gi-oh, um dos inimigos do protagonista usa uma carta de tempo pra envelhecer o mago negro e tudo que consegue é despertar uma versão mega overpower do personagem, o ancião negro?
Algo assim.




Pois então: ok, então alguma potência da voz de Leonard Cohen se perdeu com a idade (e isso que o cantor sempre foi bastante contido, não dado a firulas vocais). Mas.......caralho, em troca veio certo elemento de....magia? Yep, magia. Não que essa aura mágica nunca tenha estado lá, pelo contrário. Aliás, eu sempre defendo que boa arte é mágica. Sempre. Mas o que eu vejo nas composições mais recentes de Cohen é uma magia diferente. Me mantendo na metáfora mística: o que antes exigia rituais antigos, sacrifícios e círculos de poder, agora é conseguido com um olhar, um pensamento, um sussurro e um aceno de mão. "Nada nesta manga. Nada nesta outra."
Eu nunca simpatizei muito com "intérpretes musicais", coisa que sempre achei cafona, mas aqui é quase uma subversão disso, né? Sem precisar se rasgar em interpretações e coisas do gênero, apenas com sutilezas no timbre, dá pra perceber certo poder, certa presença e uma energia intensa em sua voz. Citando Deus, é como em Blackstar, álbum desse ano de vcs sabem quem. O que se perdeu em termos de força vocal foi compensado por uma presença absurda e a capacidade de permitir que quem está ouvindo possa imergir nas nuances e mundos e camadas e dimensões que os autores sangraram em forma de poesia e melodia de forma muito mais clara e pura e até mesmo primal do que os mesmos conseguiam na juventude. Não mais Gandalf, o cinzento, mas Gandalf, o branco. Não mais exigindo intermediários divinos em sua jornada rumo à Fonte, mas eles mesmos se tornando a própria.
Eu chamo isso de mágica. E vcs? 

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