quinta-feira, 28 de julho de 2016

Rankeando Secret Wars



Comecemos com um "bang", ok? 
"Secret Wars" é a melhor megassaga que a Marvel já fez, ok? Simples assim.  (com Civil War e Dark Reign num confortável segundo lugar).

Ainda estão aqui comigo? Good.

Pq é tão bom, vcs me perguntam? Pq foi um terremoto nas bases do que faz a editora ser o que é. Foi ao mesmo tempo uma aventura extremamente fora da caixa e uma celebração de tudo que torna a casa das idéias especial. Lembro dos primeiros promos da mini-série surgindo e pegando todo mundo de surpresa. E a reação geral foi....well... certa preguiça...
"mas a editora vai revisitar seus arcos clássicos de novo? afff, nada de novo se cria"..

Claro que todo mundo esqueceu que no comando desse arco estava Jonathan Hickman, provavelmente meu escritor favorito de hqs, atualmente.

Jonathan Hickman

Esad Ribic


Mais do que um mega arco, Secret Wars vinha promover uma espécie de "reboot light" na editora, ao mesmo tempo em que concluía o mega arco começado por Hickman em sua passagem por Vingadores....

ooops, digo, pelo Quarteto Fantastico...

nope, again, em Secret Warriors...

na verdade.........em "SHIELD"

E se por um lado essa coesão de idéias meio a la Grant Morrison é um dos elementos que torna SW tão única, também é o que pode tornar a história um tanto assustadora. Mas calma lá, que pra isso titio Urso está aqui. Ia escrever esse texto ainda no final do ano passado, quando rankeei meus gibis favoritos pro blog, mas acabei esquecendo e empurrando com a barriga. Como hoje cedo vi uma materia no Terra Zero sobre a chegada desse material ao Brasil, pensei "oras, pq não?". Senão vejamos: 

THEN: 

Como eu disse, tudo começa em "The Shield", com Hickman criando as primeiras peças do mosaico que só viríamos a ver em todo seu esplendor ao final da mini-série principal que redefiniu o universo Marvel 616 no ano passado. Nessa história (ainda esperando por sua conclusão), descobrimos as bases da S.H.I.E.L.D., não apenas uma organização militar mas quase uma ordem religiosa. Ao contrário do que sabíamos, a corporação não surgiu após a segunda guerra, mas ela vem de milhares de anos atrás, e já contou com figuras célebres da história humana em suas fileiras, incluindo Da Vinci, Michelangelo, Benjamin Franklin e Nikola Tesla. 



No seu título seguinte, "Secret Warriors", Hickman questiona o papel da organização ao sugerir que ela pode estar interna e irremediavelmente corrompida. Pulamos para a passagem de Hickman nos roteiros da "First family" da Marvel, provavelmente o ponto mais importante pré Avengers e New Avengers" e de onde a megassaga vai beber com mais força, em que Hickman reintroduz um conceito que Alan Moore havia criado previamente em sua passagem no título do Capitão Britânia: o multiverso Marvel.
Num dos momentos mais legais nos roteiros de seu run no quarteto, o autor apresenta o conceito do conselho dos Reeds, um grupo formado por Reed Richards de várias dimensões que, todos cientistas notáveis, decidiram se reunir e formar uma espécie de conclave que deveria guiar os rumos do Multiverso. Depois de uma série de eventos, vemos os Reeds sendo exterminados por um exército de Celestiais (imaginem Deus como uma forma de energia conceitual, contida dentro de uma armadura gigantesca. Agora, imagem um panteão de deuses neste mesmo shape). Importante também ressaltar que também é cimentado nesse período que não existem mais versões do Dr. Destino pelo multiverso (todas lobotomizadas e aprisionadas pelo conselho dos Reeds) além do fato de que Valéria Richards é elevada a categoria de uma das mentes mais brilhantes do universo 616, cujo papel vai reverberar por toda a minissérie das Guerras Secretas. E aqui também somos apresentados ao conceito de que uma ameaça iminente, como nenhuma outra antes, está vindo em direção à Terra e que o futuro do multiverso e de toda teia existencial repousa nas mãos de Victor von Doom. 
All hope lies in Doom!!!



COMEÇAM AS INCURSÕES.



Chegamos ao começo de Avengers/New Avengers, ambos títulos escritos por Hickman. Já na edição de estréia do gibi que é o carro chefe do atual Universo Marvel, vem a notícia: o universo está caminhando para a inevitável extinção. Versões alternativas da Terra estão se chocando e à ambas é oferecida uma única opção: ou exterminam completamente a Terra oposta, ou ambas vão ser destruídas. A principio, nem nós nem os personagens estão cientes se isso é algum plano engenhado ou se é alguma aberração das leis naturais que regem a teia multiversal. Tudo que sabem é: é matar ou morrer.  Dois grupos surgem, dentre as fileiras dos defensores super humanos: os liderados pelo Homem de Ferro, dispostos a qualquer coisa pela sobrevivência e os arregimentados em torno do Capitão América, dispostos a achar, da forma que for, uma saída que permita a continuidade do nosso mundo sem que seja necessário o extermínio de um planeta rival inteiro.  Não vou entrar em mais detalhes a respeito da trama principal dos dois arcos, mas creiam que o negócio vai muito rapidamente pro inferno e as coisas escalam num ponto em que as convicções de todos os personagens vão ser postas à prova. Ao final do arco, duas Terras sobram.



A "nossa", do universo 616 e a Ultimate. E ambas vão rumo ao oblívio até o momento em que são salvas por....well....... Destino. 

E enfim, depois de mais de 70 edições, somando Avengers e New Avengers, e mais todas as edições de Fantastic Four, Secret Warriors e The S.H.I.E.L.D., chegamos ao início das guerras secretas,

ALL HAIL DOOM!!!!!

Creiam-me, crianças: o negócio vai pra direção da ficção científica hard e fantasia de forma hard em dado momento. Cada ponta solta tem seu payoff satisfatório. Novamente: as escalas vão todas pra casa do caralho e terminamos com uma colcha de retalhos feita de forma desesperada por Von Doom tentando salvar o que dava do multiverso. 

O CENÁRIO DE SECRET WARS.



Pensem nos 7 reinos de Game of Thrones. Aliás, continuem pensando na série de livros engenhada por George Martin, pq Hickman bebe com força daquele mundo. A Terra, se é que pode se chamar o que sobrou do multiverso de "Terra", é um fractal meio esquizofrênico, em que reinos recortados de dimensões distintas convivem, permitindo inclusive a existência de contrapartes dos heróis de realidades diferentes. Wolverine, por exemplo: Existe o mutante canadense oriundo da minissérie "Old Man Logan", ao mesmo tempo que existe uma versão do herói da Terra da dimensão do desenho dos X-Men da década de 90. E tudo isso enquanto existe uma outra versão do personagem no reino extraído do universo de "Era de Apocalipse".

"todos convivendo juntos?"

nope. Cada reino tem uma barreira separando-o dos outros e apenas os barões, líderes estabelecidos por Von Doom pra cada reino, podem cruza-las sem sofrer consequencias. Os demais que tentarem? Well......a morte. Ou algo pior.

O BATTLEWORLD


Então......as 9 edições da minissérie principal de Secret Wars mostram os eventos que ameaçam a existência deste mundo onde Von Doom é Deus e soberano absoluto, conhecido como o Battleworld
Enquanto isso, os tie-ins (minisséries paralelas á principal) vão retratar como os eventos na série principal afetam os baronatos e seus respectivos mundos, além de vermos as raízes de uma insurreição surgindo, visando desafiar a tirania de Destino. Essas séries paralelas vão se dividir em 3 categorias distintas: 



LAST DAYS: que vão retratar o final do universo 616 sob a perspectiva de alguns personagens em particular. Magneto, Viúva Negra, Ms. Marvel, Loki, Surfista Prateado e Justiceiro protagonizam essas edições. De bom mesmo, prefiram os protagonizados pelo irmão maligno de Thor, pelo ex arauto de Galactus e pela sempre awesome Kamala Khan. Aliás, é na série protagonizada pela Ms. marvel que veremos o primeiro encontro da jovem com sua ídola maior, Carol Danvers, a Capitã Marvel. Um dos melhores gibis do ano passado.



BATTLEWORLD: Essas vão se focar em tramas que vão desembocar na mini principal e que afetam a existência do mundo de guerra como um todo. Algumas das edições terminam com um cliffhanger que só vai ser resolvido na minissérie carro-chefe. 



WARZONES: Focadas nos baronatos, geralmente mostram eventos que afetam apenas aquele reino e que começam e terminam na própria minissérie.

Okay? Okay. Chegamos aonde eu queria chegar. Okay, coisa pra caralho não dá pra colecionar tudo, crise financeira e tals. O que é bom? O que é ruim? O que merece atenção e o que não serve nem pra forro de gaiola ou pra embrulhar peixe? 

Pra eliminar tal dúvida, decidi fazer um top 15 das melhores tie-ins relacionadas à épica aventura que redefiniu a editora de Stan Lee em 2015.



"Planet Hulk #1 a #5", de Sam Humphries e Marc Laming

Essa é uma história que bebe de um tom pulp, meio Conan, tanto no roteiro quanto na arte. Uma versão de Steve Rogers que é quase um bárbaro medieval que sobrevive nas arenas com seu parceiro/mascote, o Devil Dinosaur, recebe a missão de se embrenhar no meio da terra de ninguém que é a região dominada por Hulks na esperança de achar Bucky, desaparecido depois de uma misteriosa missão leva-lo para o território. E quando eu digo "região dominada por Hulks", tipo, pensem numa área com centenas, milhares de gigantes superfortes. Verdes, Cinza, Vermelhos. Cada um deles com a força de um Hulk. E onde até os animais foram transformados em bestas gama, depois de um misterioso evento envolvendo a radiação verde.



"Red Skull #1 a #3" de Joshua Williamson e Luca Pizzari

É bem aquilo que a promo da hq anuncia: "Apocalypse Now" com super poderes. Não adentrei muito a questão da geografia do Battleworld, mas de novo, vou invocar a imagem de Game of Thrones na cabeça dos senhores: Existem os reinos, no caso os baronatos. Existe o reino central, onde Von Doom se senta num trono feito em cima de Ygdrasil, a árvore do mundo. e existe uma muralha que, absolutamente, JAMAIS deve ser cruzada. A proteção dessa muralha é feita pela SHIELD (pegaram?) e pelos Thors, um grupo de deuses do trovão de várias dimensões. Além da muralha, existe morte, personificada em 3 grupos: um exército de Ultrons, todos sencientes e auto replicantes, os Marvel Zombies, literalmente um grupo de super humanos, heróis e vilões, do universo 616 transformado em undeads e a Onda, exército de alienígenas insetóides liderados pelo Aniquilador. 
explicado isso, acho que vcs pegaram: NÃO SE ULTRAPASSA A MURALHA. Exceto, claro, se vc não tiver muito apego por sua integridade física. E aí, um Magneto enfraquecido recebe a missão de cruzar o gigantesco colosso de pedra e ir, junto com um grupo de proscritos, atrás de um insurgente conhecido como o "Caveira Vermelha". E quando encontra-lo, obviamente o lance vai ser passar o sujeito. O gibi mais bad vibe de Secret Wars, fácil. E isso é um elogio.



"A-Force #1 a #5" de G. Willow Wilson, Marguerite Bennett e Jorge Molina

Uma dimensão em que o principal grupo de heróis do planeta é formado em 100% pelas super mulheres do universo Marvel. Nessa Terra, um misterioso portal aparece, ao mesmo tempo em que uma guriazinha que pode ser a personificação do universo marvel surge. O desenvolvimento dos eventos é meio caótico mas muito legal como tudo se amarra bonitinho no final da série. 



"Civil War #1 a #5" de Charles Soule e Leinil Yu

Nesse baronato, a Guerra Civil entre os heróis, ocasionada depois dos eventos em Stanford, nunca terminou, quebrando não só a comunidade super heróica mas o país inteiro ao meio, com ambas as metades sob comando dos principais articuladores do conflito: Capitão América e Homem de Ferro
E quando conversações sobre um cessar fogo depois de décadas começam, um atentado pode botar tudo por água abaixo. Sério, que gibi legal. Lindo ver o peso que o conflito, além da posição de liderança politica forçada, causa em ambos os protagonistas, além de, através dos olhos de Peter Parker, enxergarmos as consequências dos eventos nos olhos dos demais habitantes dessa dimensão. 
A minissérie em 4 edições tinha o peso do título que a inspirou pra carregar mas, além disso, o fato de ser uma das histórias mais importantes da série inteira, por se centrar em cima dos dois personagens cuja dicotomia é o eixo que sustenta o universo Marvel.



"E is for Extinction #1 a #4" de Chris Burnham e Ramon Villalobos

Como eu disse, essa megassaga é, antes de tudo, uma celebração do passado da editora. E pra tal, é preciso entender tudo que funciona nela. E também o que não. Pegando as idéias desenvolvidas originalmente por Grant Morrison em New X-Men, "E de extinção" nos entrega um mundo em que o prof. X está morto, Jean Grey em coma e os mutantes finalmente herdaram a Terra. Muito legal a desconstrução feita em cima do sonho dos X-Men, mostrando o grupo liderado por Ciclope e Emma Frost como aquilo que realmente são: um bando de velhos esperançosos mas absurdamente ineficientes. O traço de Chris Burhnam tem aquele elemento pop que o de Quitely possui, emulando perfeitamente o clima de gibi indie que o título original trazia. No final, e tal qual a mini de Civil War, ao invés de uma cópia ou homenagem, Ramon Villalobos prefere captar o espírito do título do começo dos 2000 e seu conflito base: o novo vs o velho. In vs out. Velhas idéias vs Novas idéias. 
It's evolution, baby.



"Giant-Size Little Marvel: AvX #1 a #4" de Skottie Young

Skottie Young, só isso. Heróis fofinhos em SD enfiando a porrada uns nos outros. A escolha mais fácil dessa lista.



"Amazing Spider-Man: Renew Your Vows #1 a #5" de Dan Slott e Adam Kubert

Eu gostei para caralho desse gibi. Então, pq ele não está mais alto na lista?
Pq toda idéia dele parte de um princípio que, pelo menos PRA MIM, soa falacioso. O desenvolvimento de eventos parte de uma decisão extrema que Parker teve que tomar em uma situação extrema e eu adoro tudo que acontece a partir disso, mas ainda assim, o gatilho desencadeador não me convence então, a história perde parte da força. "Não dá pra ser pai e super herói ao mesmo tempo" é uma idéia imbecil nível "heróis não podem se casar e serem felizes".
Esse tipo de conceito cretino mais naturalmente típico vindo de um Dan Didio da vida do que de um escritor bem bom como Dan Slott. Enfim, gibi legal, com uma puta arte de Adam Kubert e que já me fez chorar na primeira página. Peter e MJ 4ever!!!!!



"MODOK Assassin #1 a #5" de Chris Yost e Amilcar Pinna

Segunda escolha mais fácil da lista. Numa região localizada entre as demais dimensões do Battleword, existe o reino dos assassinos, um local formado pela pior escória de todo o multiverso e onde vc encontra gente disposta a matar gente por qualquer trocado. E num mundo de monstros, o pior deles é MODOK. E nesse inferno na Terra, o humanóide, a maquina de matar perfeita, se vê completamente desnorteado quando dá de topa com....uma anja. :-) O segundo gibi mais divertido de todos os tie-ins de SW.



"Spider-Verse #1 a #5"de Mike Costa e Andre Aruajo

Mano, Spider Verse foi uma das sagas mais legais publicadas entre 2014/15 e essa mini só continua as idéias de lá. Qualquer gibi reunindo Spider Gwen e Spider Ham já merece estar num top qualquer coisa.




E caralho, como eu ri com essa merda. Spider Ham e o Homem Aranha indiano são os melhores....



"Marvel Zombies #1 a #4"de Si Spurrier e Kev Walker

Só reforçando: NÃO SE ULTRAPASSA A MURALHA. Pois esse tie in traz Elsa Bloodstone, sozinha (a princípio) do lado errado da fronteira. E com apenas uma arma e alguns superpoderes. Secret Wars tem um defeito monstruoso: foi legal demais. O universo marvel após SW ficou bem bacana e tals.......mas não é melhor que o que foi durante o evento. E uma das principais falhas do universo marvel pós-SW foi NÃO TEREM DADO UM FUCKING TÍTULO pra ELSA FUCKING BLOODSTONE. Ela é uma inglesa super poderosa que chuta traseiros e fala palavrão pra cacete. O que há pra não gostar aqui? Ela tem "Eisner winner" tatuado na testa, pelo amor de Deus!!!!



"Captain Marvel and the Carol Corps #1 a #4"de Kelly Sue DeConnick, Kelly Thompson e David Lopez

Uma celebração de tudo que faz a Captain Marvel awesome. O espírito rebelde, sempre desafiando limites, seja os dos homens, os da natureza e mesmo os de Deus Doom. E o fandom da heroína, personificada na tropa de pilotos feminina que a acompanha, sempre lá pra apoiarem a personagem. Nenhuma pergunta deve ficar sem resposta, nenhum limite deve ser seguido cegamente. O último trabalho de Kelly Sue DeConnick na personagem que resgatou do limbo e que transformou num dos pilares da editora mostra pq ela, e a galera que ajudou a transforma-la no ícone que se tornou, são tão legais.



"Siege #1 a #5"de Kieron Gillen e Filipe Andrade

Outra escolha fácil aqui. Eu absolutamente adoro Abigail Brand. Eu fui uma das pessoas que vibrou quando anunciaram que ela e seu namorado, Hank McCoy, o Fera (meu X-Men/Vingador favorito) iriam protagonizar um gibi. E eu fui uma das pessoas que ficou puta quando mataram o título antes de completar 10 edições. E, cereja no topo do bolo, essa trama tem roteiros de Kieron Gillen. Escolha fácil aqui. Essa série e a seguinte na lista, Thors, se completam de forma bem legal, já que ambas mostram que o Battleworld é um mundo constantemente sob risco de desabar e que essas poucas figuras trágicas são tudo entre o planeta e o abismo. O tom é trágico e, não coincidentemente, de fim iminente. Tb compartilha com "Thors" o fato de ser o tie in mais importante de todos, com eventos que vão ter desdobramentos fundamentais na edição nº09, que fecha a saga. Mas independente de sua importância pro quadro geral, o fato é: uma puta história. Eu nunca tinha visto nada desenhado por Filipe Andrade mas, que arte linda.



Principalmente nos painéis de página dupla mostrando os horrores que Abigail e sua tropa já enfrentaram anteriormente.



"Thors #1 a #4" de Jason Aaron e Chris Sprouse

"You know nothing, Ultimate Thor." 
Fãs de Jon Snow Targaryen vão adorar essa aventura em 4 edições. O foco aqui é na força policial que garante que as leis de Doom sejam seguidas, palavra por palavra, a ferro, fogo e marteladas. O Jon Snow da história é encarnado na figura do Thor do universo Ultimate, um dos mais jovens a integrar a corporação divina. E tudo começa a dar errado quando seu parceiro, Beta Ray Bill aparece morto. O gibi é uma história do tipo "whodunnit" muito bem feita, onde vemos que tudo girava em torno de uma maioria tentando manter as coisas como estão e seu perpétuo medo de vozes destoantes. Mudança é inevitável. Mesmo se vc for um deus do trovão.



"Ghost Racers #1 a #5" de Felipe Smith e Juan Gedeon

Eu preciso desgraçadamente de um jogo baseado nesse gibi. "O" título mais divertido das Guerras Secretas. Simples assim. Tentando manter a politica do pão e circo para manter seus súditos entretidos, o Battleworld conta com diversos tipos de arenas e formas de entretenimento, nenhuma mais famosa que as Ghost Racers, onde avatares do espírito da vingança disputam uma corrida onde tudo, e eu digo TUDO, toda forma de violência é não só permitida mas incentivada. Nesse cenário, vemos a ascensão gloriosa de Roberto "Robbie" Reyes como o principal nome da competição. E junto dele, descobrimos os tons sinistros dos bastidores da disputa. A maioria das séries ligadas a Secret Wars giram em torno de rebeldia, de uma sementinha de insatisfação, de uma fagulha dando origem a um incêndio de proporções apocalípticas, e Ghost Racers não foge disso.



É pra ler ao som da OST de "Fast and Furious; Tokyo Drift", manja? Eu sempre achei complicadíssimo retratar corridas e, em maior escala, velocidade, em quadrinhos. A maioria das tentativas de que me lembro soavam meio patéticas. Não aqui, nope. Juan Gedeon cria painéis que transbordam energia cinética, velocidade, senso de urgência. Não estranhem se lerem essa mini num folego só, devido exatamente a essa velocidade transmitida via arte.



E a menção à "Velozes e Furiosos" não foi gratuita, já que, além da ação insana, temos também o elemento humano que faz da franquia cinematográfica protagonizada por Dominic Toretto uma das minhas favoritas. A relação entre Robbie e seu irmão já era um dos pontos forte do título protagonizado pelo mais recente avatar do Motoqueiro Fantasma, "Ghost Racer" e esse fator é resgatado aqui e de forma ainda mais intensa. Começamos torcendo por aquelas figuras trágicas mas o gibi avança e somos lembrados que são homens e mulheres e...... primatas e......aliens........e..... dinossauros...... ali. Enfim, que são seres vivos e vamos nos importando cada vez mais com eles. 
E já que mencionei a fauna do gibi, permitam-me mencionar o visual dos Racers pq, pqp..... então, espíritos da vingança motorizados são pouco proceis?



Que tal um fucking undead centauro com duas gatling guns acopladas?
Fucking awesome?? Que tal um MALDITO GORILA MONTADO NUM TREM FANTASMA?



OH, AINDA TÁ POUCO? QUE TAL UM FUCKING T-REX CIBORGUE NUM FUCKING F-14?



Sério, pq não tem jogos, uma série de hqs com cada um desses racers e toda uma linha de figures inspiradas neles, permanece um mistério pra mim. Eu aceitaria até uma figure dessa.....desse......bicho....do lado do T-Rex ciborgue (jesus amado, que frase incrível) na imagem acima.
Pra quem quiser ler uma entrevista com Gedeon sobre a criação da trama e suas escolhas com relação ao design dos personagens, é só clicar aqui.

O que nos traz ao título nº01 da minha relativamente humilde listinha. O gibi mais legal de todos os tie-ins de Secret Wars. E obviamente, não poderia ser outro senão:



"Infinity Gauntlet #1 a #5" de Gerry Duggan e  Dustin Weaver

"Beasts of the Southern Wild" com super poderes. Simples assim.
Alguem viu aquele filme e pensou.... "hmmmmm...que filme awesome. Como eu posso torna-lo ainda melhor?.....hey....e se eu enfiasse gente com super poderes nele?"

Bem isso. Imaginem se além de todos os problemas enfrentados no filme, Hushpuppy e seu pai ainda tivessem que enfrentar ondas de alienígenas gigantes homicidas, dia após dia. Mas hey, imaginem que, numa manifestação máxima da lei da compensação, o equivalente do universo Marvel da tropa dos Lanternas Verdes distribuísse anéis de poder pra guria, seu pai e seus demais amigos, pra poderem, pelo menos, ter direito a uma luta justa?



E se no meio desse cenário infernal, ainda surgissem Adam Warlock, Os Guardiões da Galaxia e fucking Thanos, atrás da manopla do Infinito

Falei acima de elemento humano? Esse gibi transborda humanidade. O gibi mostra a família Bakian (Anwen, nossa protagonista, sua irmã Fayne, seu pai Menzin e seu avô, referido na história apenas como Vovô Bakian, além do cão de estimação do grupo, uma simpática pastor alemão fêmea chamada Zig Zag), habitantes de Nova Xandar, planeta completamente reduzido a escombros depois de uma invasão alienígena de insetóides gigantes carnívoros. O grupo tenta manter as fagulhas de esperança enquanto tem que sobreviver, diariamente, a ataques das bestas invasoras. E quando tudo parece perdido, Eve, a mãe das meninas e esposa de Menzin, surge dos céus, pronta pra conferir a jóia de poder da Tropa Nova para cada um dos membros de sua família. Incluindo Zig Zag.

Falei anteriormente da pura awesomeness e sense of wonder? Dêem uma boa olhada em Zig Zag, o cão nova.



A arte do gibi é incrível. Palmas tb para o colorista do negócio. Seria muito fácil querer deixar a história Snyderiana e dar tons sinistros ou melancólicos pra HQ, mas os artistas preferem carregar nas cores, acentuando o constraste entre o mundo em que viviam e a nova gama de possibilidades após serem iniciados na Tropa Nova.



O roteiro alterna entre o sense of wonder dos novos poderes e o completo horror das ameaças presentes (e esse tom é acentuado quando lembramos que os protagonistas não sabem da ameaça representada por Thanos), alternando sempre entre esperança e desespero.

E se vcs acham que tudo que descrevi é awesome, esperem até a página em que Anwen vai pra cima de Thanos num giant mecha!!!!!!! Melhor tie in de Secret Wars, melhor história fechada da Marvel e um dos melhores gibis publicados ano passado.


e é isso, crianças.
E isso que nem falei das demais histórias, várias delas com pelo menos UM grande momento daqueles de explodir o cérebro (procurem a hilária história envolvendo Deadpool nas Secret Wars originais). E claro, os 9 números da mini série principal de Secret Wars, onde Hickman e Esad Ribic fizeram algo que só pode ser descrito como mágicka.
Secret Wars foi a melhor mega aventura já criada pela editora em todas as suas décadas de existência, ao mesmo tempo uma celebração de tudo que já fez e uma elegia por um mundo morrendo. Uma ultima pá de cal no passado antes de ir inexoravelmente em direção ao futuro.
E claro, um mega problemão. Pq tipo, não importa o quanto as coisas estejam excitantes no atual universo da editora, nada vai ser mais awesome que a familia Nova, que os Ghost Racers, que Elsa Bloodstone, que Modok tocando o terror. Eu ainda sigo esperando que elementos ali criados sejam resgatados, e a demora nisso é o principal causador do cansaço que tenho sentido com relação à Marvel atual, principalmente num universo pós Rebirth, em que a DC se cansou de fazer birra e admitiu que fez merda e que tava na hora de botar a coisa de volta nos eixos.
Mas como Anwen nos ensinou, enquanto houver vida (e arte), há esperança. E eu sigo aguardando pelo dia em que voltarei a ver Zig Zag cruzando os céus de Nova York, :-)

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