quinta-feira, 4 de maio de 2023

Navegando pelo multiverso: "Earth X" - parte 01


 
Yo, dogs. wazzup, wazzup, wazzup, wazzup, wazzup. 

Finalmente começando uma seção nova aqui no blog que eu já tinha rascunhada na cabeça já faz um bom tempo (acho que até cheguei a comentar sobre ela aqui, uns anos atrás...).
Bem vindos ao primeiro episódio da "Navegando pelo Multiverso", onde eu, seu host, vou, a cada duas semanas, pular de cabeça em algum grande arco ou título fechado, pra devorá-lo de uma vez e regurgitar minhas opiniões aqui (essa frase não soava tão asquerosa até eu vê-la escrita). 

Em uma semana, podemos falar sobre o universo 2099. Na seguinte, vamos discutir sobre a natureza da existência com a StrikeForce Murituri. Na seguinte? Só os grandes anciões galácticos sabem. 
Para tal empreitada, usaremos minha recém construída, totalmente original e em absolutamente nenhum aspecto semelhante à TARDIS do Doctor.

Ultranave Randômica Senciente Omniversal



Mais pura força de vontade e gambiarragem. Eu a chamo de Ultranave Randômica Senciente Omniversal. Porque é um trenzão, que vai pra onde quer, pensa por si só e não se limita a um ou dois multiversos distintos. Tenho certeza de que existe um acrônimo em algum lugar do nome dela, mas me falta imaginação pra tal. E vocês sabem, as únicas coisas que um nerd ama mais que funko pop são máquinas e organizações sinistras cujo nome é um acrônimo. Mas enfim...

No episódio de estréia, vamos nos debruçar sobre TERRA-X. A idéia é em um textão, falar das séries inteiras que eu vier a ler. Mas, no momento da confecção destes posts, eu estava particularmente inspirado e acabei fazendo um textinho relativamente curto para cada uma das 13 (as 12 e mais a edição zero) edições desta série. Ou seja, 13 textos garantidos e mais dois cobrindo as sequências, Universo X e Paraíso X. Talvez, BEM TALVEZ, um final, com comentários sobre a saga por completo.

Bora?

So... tudo começa em 97 quando a finada revista Wizard faz uma matéria com Alex Ross, pedindo pra ele imaginar como vai ser o futuro do universo Marvel. Como resultado, artes mostrando versões bem próximas das que terminaram nas páginas de Earth X de alguns dos personagens mais famosos da editora. O negócio foi bem sucedido em um nível tal que a edição da Wizard que trazia estas artes acabou esgotando rapidamente.

A editoria da Marvel, vendo o rebuliço, decidiu que dava pra milkar essa vaca. Conversas rolaram com Ross que se interessou pela idéia de se aprofundar nesse mundo, contanto que ele não precisasse fazer o roteiro ou as artes. De fato, o artista terminou fazendo apenas as artes de capa da série e de suas sequências. Na parte mais laboral do trampo, ficaram Jim Krueger nos argumentos e John Paul Leon na arte. 

E o resto é história, publicada entre Março de 99 e Junho de 2000. Com o sucesso, Universo X foi publicada no ano seguinte, com a parte final da série, Paraíso X, saindo em 2003. 

A idéia, sejamos honestos aqui, era imaginar como seria o Kingdom Come da Marvel. "E a história é tão boa quanto Reino do Amanhã?", você me pergunta, kemosabe.

Não. E sim. Mas não. Mas em alguns momentos, sim. No final, é algo MUITO diferente, apesar de partir da mesma premissa. Muito distinto em tom e na estrutura do storytelling, em como quer contar essa história.

Earth X tem idéias bem interessantes, com uma boa execução, mas o ritmo pode ser meio cansativo. Apesar de vermos os eventos diretamente, eu diria que na maior parte do tempo, testemunhamos a guerra entre Steve Rogers e o novo Caveira Vermelha, as ações de Reed Richards e a chegada de uma ameaça espacial como jamais vista, através de diálogos entre Uatu, o Vigia, e Aaron Stack, o X-51. Eu entendo que isso, esse volume de exposição, pode ser meio over the top, mas eu gosto de imaginar que o ritmo e o estilo de narrativa são pra acentuar o aspecto ao mesmo tempo documental e teatral dos eventos que estamos assistindo. De fato, Aaron e o Vigia estão assistindo ao "documentário em tempo real" narrando o fim da Terra 616. O que vai diretamente em direção ao tema principal da série: ação vs passividade. Registrar histórias como um observador imparcial ou se tornar um agente da História, essa com H maiúsculo, ao invés de simplesmente reagir a ela? É aquela metáfora do documentarista na selva, vendo um predador espreitando sua presa. Fazer algo pra salvar o bichinho, acabando com qualquer perspectiva de isenção enquanto observador daquele espaço ou só deixar a natureza seguir seu curso, se abstendo de qualquer tipo de julgamento moral a respeito dos eventos documentados?

Recentemente, a Marvel lançou um prequel para a série, Marvels X, que mostra como aquela versão do universo 616 chegou no estado distópico que chegou. 

Ainda não li Marvels X, mas pretendo pegar um dia. Se prestar, eu comento aqui. 

Por hora, no entanto, vamos falar de Terra X. This is how the world ends


EARTH X Nº0

Certo dia, Aaron Stack acordou de sonhos intranquilos. Mas, ao contrário de Gregor Samsa, o rapaz não haveria por que temer perder a própria humanidade ou que seu corpo adotasse formas inumanas. 




A metamorfose ocorrendo neste momento, seria conceitual e, de certa forma, coletiva, compartilhada com a raça com a qual tenta conviver em paz. 

Uma porta que vai leva-lo para o infinito. Despido de sua aparente humanidade, mas escolhido exatamente pelo aspecto real que ele carrega consigo.



"I don't have the eyes of my father"

Depois do mergulho nas trevas, Aaron se vê diante de uma "deidade" cega, um vigia incapaz de enxergar e precisa tomar seu lugar como o par de olhos que registra os eventos diante dele. 

Vigia "morto", vigia posto. 

"I got eyes but I'm not a watcher"

A partir daí, o time criativo nos leva pela mão para assistirmos algumas centenas de milhões de anos da Terra 616. Quando Deuses criaram a humanidade. Quando anos depois, a julgaram indigna.

Quando retornaram pela terceira vez e encontraram guerra e, finalmente paz. O resultado de seu trabalho, no entanto, já apresentava sinais de vida. A semente Celestial, parte estrutural das espécies que caminham pelo terceiro planeta do sistema solar. 

"why do you show me this?"

"the celestials are evil".



A retórica de Uatu parece excessivamente fria ao descrever a natureza meramente conceitual de conceitos como bem e mal, mas é preciso lembrar que à História, com H maiúsculo, é reservado o papel de julgar eventos ocorridos em um determinado período. É o distanciamento histórico que vai permitir a clareza de julgar o que é, de fato, bom ou mau. O que é bem e mal aos olhos de um Deus?

Quando a faísca potencial que os celestiais implantaram na humanidade começaram a finalmente queimar, a humanidade se viu invejosa. "prego que se destaca leva martelada". 

Algo sobre a grama do vizinho ser mais verde...



Se uma árvore cai na floresta enquanto ninguém está perto pra ouvir, ela faz som?

O gato da caixa de Schroedinger está vivo ou morto?

Uma história ocorre de fato se não houver pelo menos um par de olhos para testemunhá-la e passar tais eventos adiante para que possam correr mundo afora?

Enquanto houverem eventos extraordinários acontecendo naquela Terra, é preciso que haja uma testemunha para se emocionar com as aventuras de tais maravilhosos gigantes.

É preciso público, é preciso um leitor, é preciso um observador.





É preciso um Vigia

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