The Freshly squeezed vs the perfect TEN!!!!!

yeah, vai rolar. E semana que vem, vejam bem. 

O quanto eu tô ansioso pra ver isso? Vejamos, numa escala de 0 a....... bom, vcs entenderam... 

Sério: melhor época em anos pra se ser fã de pro-wrestling. 

E isso que ainda tem o G1 Climax desse ano que, algo me diz aqui in my guts, vai ser o melhor ever. 

Moxley unleashed

Eu estou honestamente preocupado com a integridade física desses dois. Quem viu Moxley na CZW  e Janela em.....bom, em qualquer promotion em que ele já tenha aparecido, sabe que os dois não tem muito pudor em colocarem os próprios corpos em risco pra garantir a diversão dos fãs. Isso é uma dream match, pura e simplesmente. Moxley livre, Janela naquela que é, provavelmente, a luta mais importante de sua carreira. Sério, esperem sangue, esperem spots de travar os dentes, esperem uma deathmatch digna do nome. 

Also, ainda sobre o homem anteriormente conhecido como Dean Ambrose, hoje cedo saiu o mais recente episódio de Talk is Jericho, podcast apresentado por Chris Jericho em pessoa, onde ele entrevista o ex-Lunatic Fringe ...boy oh boy..... O homem lava a alma. Se a barreira da língua não for um problema, serião: obrigatório pra qualquer fã de pro-wrestling que queira entender como a gigantesca maquina que é a WWE funciona, da perspectiva de um de seus personagens principais. 

Que época pra ser fã de pro-wrestling, ímpios.

Also: quanto tempo até Moxley vs PAC?

"This is a paradigm shift"

All Elite Wrestling, consagração e expansão da NJPW, explosão de promotions em quase tudo que é canto do mundo e com os mais variados temas, de comedy wrestling até deathmatches. Wrestlers, antes restritos à uma única companhia, agora a plenos pulmões registrando descontentamento e até pedindo pelo release. Uma pá de networks de todos os tamanhos possíveis tornando seu acervo acessível há apenas alguns cliques de distância. 

Como chegamos até aqui?

De acordo com o canal Rassslin' Rantin', tudo começa em uma segunda feira, alguns anos atrás, com um straight edge punk descontente, dotado de um microfone nas mãos e de um público  ao redor, disposto a ouvi-lo: 

Too Sweet #16: ...... eu.... nem sei por onde começar...

Onde, basicamente, vários referees e um monstro do pântano são vítimas de abuso de violência policial por um agente ultra nacionalista americano até a intervenção de...... bom, vcs vão ver.  

Also: PQP, eu amo pro wrestling. 

....but.... who the fuck is Orange Cassidy?

and now for something completely different....

....o primeiro filme erótico da história: Le coucher de la mariée. Antes que os senhores achem que o conceito de "erotismo" e "putanheragem" era recatado até pros padrões da época (1896), esses 2 minutos são tudo que conseguiram resgatar do curta. O resto - que os mais escrotos entre nós, poderiam chamar de "a parte boa" - se perderam em virtude da degradação do material, visto que ele tava perdido nos acervos do French Film Archives até ser encontrado em 60. Restaram os dois primeiros minutos, em que a moça mal chega às "roupas de baixo" diante do aparentemente desinteressado amante. Mas fica o registro aqui como curiosidade. 

Too Sweet #15: Orange Cassidy vs Gentleman Jarvis

Pqp, eu amo pro-wrestling!!!!

This is AEW: Double or Nothing (2019)

So, finalmente está entre nós, irmãos. . Double or Mothafucking Nothing foi ao ar nesse sábado em varias plataformas (Fite TV, ITV). Todo mundo que curte pro wrestling e não é uma vadiazinha da WWE estava ansioso pelo que poderia acontecer no show, sobre a qualidade das lutas e as surpresas a respeito de possíveis novas contratações. Bom, todas as duvidas foram sanadas (não, isso não é foreshadow. O cold skull da LIJ não apareceu no programa ^^). E o que vimos foi, agora sim, um trocadilho intencional, a fucking big show!!!! (weeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeellllll, it's a BIG SHOW....). Público empolgado (nas primeiras lutas, que envolviam nomes menos conhecidos do grande público e de quem não acompanha indie wrestling, eles começavam meio calados, mas na média, antes do segundo minuto de combate, eles já tavam all in), lutas fodaças, valorizando todo o roster, incluindo obviamente o de tag teams e o feminino.

So, vamos comentar uma por uma, ímpios? Who's with me??

The CASSINO BATTLE ROYALE: Okay, eu não sei se eu entendi exatamente as regras, mas cada cidadão ali tirou uma carta anteriormente e dependendo do naipe, eles entravam (em grupo). A exceção era o lutador que tirou a carta coringa, que entraria ao final. Vou dizer que começou meio lento, mas só pq isso da entrada em grupo matava um pouco da graça do battle royale, já que o lance é esperar ansioso por quem vai ser o próximo a adentrar o ringue. Isso posto, acho que o comentário acima é tudo que eu tenho pra criticar da luta. Ah, a equipe de câmera as vezes parecia focar no lugar errado e perder uns spots legais (tipo o do cigarro na cabeça de Joey Janela). Agora sim. De resto, divertido pra porra. Destaque pra Shawn Spears (TEN!!!), Janela, Jimmy Havoc, Tommy Dreamer, Michael NAKA...NAKA... NAKAZAWAAAAA, Orange Cassidy, Marko Stunt e Brandon Cutler (sério, se vcs não viram o ep. em que os Bucks anunciam pra ele que ele agora é AEW, parem de ler isso e vão atrás. Aliás, nem vão: só cliquem no vídeo abaixo. E separem os lenços pq se vcs forem que nem eu, vão chorar com certeza). Ao final, o Coringa, Hangman Page, vem e vence o battle royale ao eliminar MJF.

....Fuck MJF.....


Com isso, temos 50% do card do main event a ocorrer pelo título principal da promotion definido. Os 50% restantes, só saberemos depois do resultado da luta principal do DoN entre Kenny Omega e Chris Jericho.

Kip Sabian vs Sammy Guevara: Uma boa luta, que marcou o tom pros combates do começo do card do evento. Público morno. Menos de 2 minutos, todo mundo se esgoelando pelos wrestlers, berrando "AEW" ou "THIS IS AWESOME". Dos spots da luta, o que me deu calafrios foi o shooting star press na porra da bancada, onde Sabian quase aleijou Guevara. Como não foi bem sucedido em paralisar o oponente em definitivo com esse move, ele tenta de novo no final, ao receber Sammy, num 360, com os joelhos levantados. Vitória de Sabian.

Essas foram as matches do pré show. Ou seja: a entradinha.

Agora vem o prato principal

SCU vs Strong Hearts: Luta divertida da porra. Sério, é assim que tá no meu bloco de notas onde escrevi comentários sobre os combates, com algumas variações disso, aqui e ali. Mas a grosso modo, é isso. Os 3 lutadores chineses são estrelas em processo de formação. Lindaman, inclusive, me pareceu muito uma versão um tiquinho menor do Kitamura, não só em termos de força física mas também em energia, o que sempre conta pontos comigo. Cima vai ser main event já no próximo ppv da All Elite, o que, pra quem viu essa luta, não vai soar surpreendente de maneira nenhuma. O dropkick que ele mandou no queixo de Kazarian, em determinado momento, foi uma daquelas obras de arte dignas de arrancar um sorriso até do carrancudo Minoru Suzuki. No final, SCU consegue a vitória, ao usar seu finisher, Best Meltzer Ever.

Dr. Britt Baker vs Nyla Rose vs Kylie Rae vs Awesome Kong

BOY, oh boy. Primeira surpresa da noite, quando Brandi entra. Parece que ela vai se anunciar como a quarta participante quando sobe a música e Awesome Kong (ou Karma, pros veteranos da WWE) entra. Calafrios everywhere. Primeira constatação: Nyla Rose é gigante. Segunda constatação: Jesus do céu, Kong é maior que ela. Espertamente, a veterana é mantida fora do ringue pela maioria da luta, o que permite que as outras 3 competidoras possam brilhar sozinhas. Nyla é a power house, Kylie é o foco de carisma e Baker é a heel. Mesmo esquema da luta do Guevara e Sabian no pré show. Público começa meio quieto, bate aquele medo de que eles não estejam curtindo. Até o primeiro spot maneiro. Aí, flui smooth. Baker crava a vitória, o que me surpreendeu, já que achei que Kong levava. Não sei ainda se ela vem pra ficar de vez no roster ou se foi só uma participação especial, mas se for, as coisas na women's division da promotion ficaram ainda mais interessantes.

Best Friends (Trent Barreta e Chuck T) vs Angelico e Jack Evans: Segunda tag match da noite. Jesus do céu, eu sou veterano do Lucha Underground então não estou surpreso com isso, mas vale a afirmação: Como Angélico é incrível. Jack Evans não fica atrás, sendo tão rápido e atlético quanto o parceiro (como qualquer um pôde perceber naquele spot do salto com auxílio das cordas pra FORA do ringue). Os Best Friends vencem depois de acertar seu tag finisher em Evans, mas a comemoração é curta, já que eles são atacados por uma outra tag. The plot thickens....
Ah, by the way: pra quem - como eu - ficou na dúvida quem são aqueles dois que entraram ao final do combate:

Riho and Ryo Mizunami and Hikaru Shida vs Yuka Sakazaki and Emi Sakura and AJA KONG. 

JOSHI FIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIGHT!!!!!!! Aja fucking Kong. AJA FUCKING KONG. 

Eu adoro o efeito que Joshi matches tem na parcela do público que nunca viu o negócio. Sobem músicas fofinhas e/ou dançantes e entram meninas que parecem saídas de uma banda de pop idols, todas fofinhas e lindinhas e vestindo geralmente rosa ou cores berrantes. Sorrisos, fofura. Aí toca o sino.......E É UNLEASH HELL!!! Sério, essas meninas enfiam a porrada com gosto, mas de um jeito e com intensidade digna de travar os dentes de quem tá assistindo. São uns porradões, chutes e dives impressionantes. Kong em determinado momento senta uma bicuda em uma das oponentes que tipo, foi o chute mais alto que já ouvi na vida. Fora um backbreaker em certa hora, com tal força e velocidade que eu achei que a coluna da menina no lado errado desse move tinha se partido em uns 3 lugares. O negócio foi sinistro. Só não foi melhor por um errinho no fim, em que terminaram a luta e subiram a música antes do final de fato, numa falha de comunicação entre quem quer que estivesse cuidando do gongo e a referee. Mas uma falha menor, que não manchou em nada o decorrer da luta.

E yo, me deixou ainda mais puto com a forma que a WWE trata a Asuka. Pq é desse nível de wrestler que tamos falando, uma lenda tal qual Aja e outras do puroresu. Enfim, uma puta luta, o "no-finisher" poderia ter zoado o rolê, mas melhor luta da noite até aqui.

CODY RHODES vs DUSTIN RHODES: Minhas anotações deveriam servir pra me ajudar a escrever depois, comentando pontos chave e detalhes das lutas, enquanto vejo, pra não ter apenas que confiar em minha extrema e cada vez mais progressivamente falha memória. Aí eu vou ver o que eu escrevi sobre essa match e...

........... holy cow...... shakespeare não faria melhor, né?

fucking hell.

Anyway, a gente vinha daquela promo linda do Cody proclamando que esta luta não girava em torno de "brother vs brother" mas de enterrar uma era. A Attitude era, referência de 10 entre 10 fãs de wrestler nascidos lá do começo pro meio da década de 80.  Sangue, eat the rich, pimpin ain't easy, edgy, limp bizkit e se vc não gostou?

SUCK IT.

O ponto obviamente é aquilo: arte - e pro-wrestling É arte, gostem os senhores ou não - não pode se debruçar demais sobre o passado. Se o fizer, corre o risco de perder o contato com o hoje, com o mundo atual. Vcs sabem, de vez em sempre eu falo mal de nostalgia aqui no blog e isso pq eu acho sinceramente que nostalgia é a morte da criatividade. Vc pode usar o passado pra reconstruir, resignificar o presente, mas não como unica fonte de referência. Até pq, os artistas do "passado" pelos quais vc tem tanto carinho, eles tinham essa preocupação. Bowie, Zeppellin, Zappa, Pink Floyd, Chic, James Brown, todos esses eram groundbreaking exatamente pq usavam do que já tinha sido feito pra falar sobre o presente e redefinir o futuro.
Hey, eu adoro Goldust. Mas quando eu penso nele, a primeira coisa que me vem à cabeça é a luta dele contra Roddy Piper no Wrestlemania 12, um clássico do "caralho, isso envelheceu mal, né?". Quando eu penso em Goldust, eu lembro daquele discursinho fajuto que a WWE sempre usa quando indagada do pq gigantes como Dustin ou Cesaro nunca ganham o foco dos holofotes dentro da companhia: "alguns wrestlers são e serão grandes mesmo sem ter um cinturão ou título associado a eles".

BULLLLLLLLSHIT...... A questão é só que eles não são brancos ou americanos ou bonitos ou fortes o suficiente pra atender o "alto padrão" de qualidade que Vince McMahon espera de seus "superstars". De certa forma, Goldust - o personagem, não o wrestler - representa muito disso do que a gente vê, hoje, como o que NÃO funciona na World Wrestling Entertainment.
So... Cody tencionava mandar abaixo, através da luta, uma msg contra "o establishment". Já do lado do irmão mais velho do American Nightmare, a coisa era mais simples: Décadas depois de entrar nessa industria, sem jamais ter o reconhecimento devido, apesar do talento absurdo que tem, ele tinha que se provar. Um adversário digno, um potencial main eventer. One last match.
Rocky Balboa, o filme (o sexto da franquia) in a nutshell. A luta com mais carga em termos de storytelling. Tinha a obrigação de ser a melhor da noite.
E foi.
JESUS FUCKING CHRIST, se essa luta não estiver na lista de qualquer jornalista e/ou fã de wrestling de respeito como, PELO MENOS, uma das 5 melhores desse ano, eu vou queimar pneu na rua.  

Sério, eu tive certeza absoluta que essa match ia ser a show steeler já na entrada. Cody mandando um "salve" pro Hunter. E Dustin, com aqueles olhos grandes, bonitos e tristes. Vai se fod** mano. Todas as demais promotions do mundo, incluindo aí a própria AEW, vão ter que fazer a lição de casa pra superar isso. Quanto à qualidade da ação in ring, a parada foi selvagem. O negócio foi, pq afinal, tinha que ser, um greatest hits de alguns dos moves e finishers dos dois que os fizeram famosos. O ritmo do combate, com finishers roubados um do outro, tb não deixa de ser uma referência à, provavelmente, a luta quintessencial da attitude era: The Rock vs Austin. Teve dive, teve curbstomp, teve cintada no traseiro, teve aquele spear lindo da Brandi.Teve um canandian destroyer e pqp, como eu amo esse move. E claro, teve aquele blade job hit no apron que abriu um rombo na cabeça de Dustin. Sério, foi "Eddie Guerrero vs JBL" nível. Foi grotesco notar o ringue banhado de sangue, o wrestler coberto de sangue, seu irmão e oponente, vermelho, e pensar que tudo isso veio da mesma pessoa.

Pois é, tenso nesse nível. No final, depois de um piledriver e seu crossroads, Cody, o attitude killer, o throne breaker, crava a vitória. E aí vem o ponto final da luta, o último momento de catarse, quando o conflito vira harmonia e temos o abraço entre os dois herdeiros do legado do American Dream.

Jesus do céu....tô quase lacrimejando escrevendo isso. Dusty em seu quote mais famoso, ao falar da própria jornada, dizia que não imaginava o quão longe o filho de um encanador podia chegar. Bom, ele ficaria orgulhoso de ver o quão longe os dois netos desse mesmo trabalhador braçal chegaram.

AEW'S WORLD CHAMPIONSHIP BELT REVEAL: E das mãos de Bret Hart himself, o homem que personifica esse mesmo espírito de "fuck wwe", que pediu demissão em rede nacional (okay, depois de ser devidamente screwed pelos powers that be). E o cinturão é lindo. Alguém poderia dizer que lembra demais o IWGP Heavyweight championship, mas como aquele é o championship belt mais bonito que já vi, tô bem de boas com isso.

YOUNG BUCKS VS LUCHA BROTHERS:
Seria a melhor luta da noite, não fosse a pedrada right in the feels que foi a match imediatamente anterior. Mas chegou perto. Young Bucks, minha tag team favorita. Pentagon, provavelmente um dos meus 3 wrestlers favoritos da vida. E Fenix, discutivelmente o melhor performer high flyer do mundo. Sério, sempre que eu falo dos Lucha Brothers, eu rendo todos os loas do universo para o avatar do cero miedo. Entendam: uma das minhas portas de reentrada pro pro-wrestling, uns anos atrás, foi Lucha Underground. Eu tinha a impressão de que pro-wrestling era só aquilo da WWE, do Raw e SDL. Aí eu vi Nakamura vs Zayn,e minha curiosidade virou atenção. Luchadores mascarados sempre tiveram um efeito absurdo em mim, então, quando soube da existência do programa da El Rey network, eu fui de cabeça. O resto é história. Mas é preciso sempre lembrar do atentado contra as leis da física que é Rey Fenix. E estamos falando de uma indústria que tem gente como Rey Mysterio, Will Ospreay, Angelico, Pac, Jushin Thunder Liger, Hiromu Takahashi, Taiji Ishimori, Cedric Alexander, Dragon Lee, Bandido, etc, etc, etc......
Bom, de volta à luta, o negócio foi o spot fest que eu imaginei que seria, e digo isso como um elogio e com um sorriso no rosto, okay? Teve Fear Factor na beira do ringue, algo que sempre manda um calafrio na minha espinha toda vez que vejo. Teve um 360 dos Bucks na espinha do Fenix, suspenso na segunda corda que pqp. Brainbuster no topo do turnbuckle. Superkick pra caralho. Um dive insanamente alto dos brothers pra cima dos Bucks. E, óbvio, meu momento favorito da luta, aquele Hurricarana LINDO do Fenix, do topo da terceira corda.
Confesso que fiquei ligeiramente incomodado com os irmãos Jackson ganhando, já que achei que esse seria o momento de consagração máxima dos hermanos luchadores. Porra, eles mencionaram várias vezes como os Bucks tavam sem lutar há um tempo enquanto os mexicanos tavam com quase 50 lutas na conta, só esse ano. A história tava escrita. Os LB poderiam ganhar aqui, e os Bucks levavam quando fosse pelo cinturão de tag teams da AEW de fato. Mas foi uma puta luta incrível, de novo, a melhor da noite, minha segunda favorita de todo o card, e falamos de um PPV que me deixou feliz o tempo todo.

CHRIS JERICHO VS KENNY OMEGA: Okay... o main event. A luta pra fechar o show. Foi a melhor luta da noite? Nope.
Foi a melhor luta entre os dois? Não, a no Tokyo Dome foi melhor. Mas só um tiquinho melhor.
Foi uma boa luta? Sim, com certeza.
Adoro a persona Alpha de Jericho, mega heel, mega douchebag, mega violenta. E Kenny é o wrestler mais carismático do planeta.
Tava com um certo medo de como ia ser o booking. Jericho precisava pra caralho da vitória aqui, sob o risco de virar um Bray Wyatt da AEW: o personagem que é muito legal, corta promos incríveis, é mega talentoso mas, no final das contas, termina sempre com as costas no ringue sendo pinado. Se vc quer criar um vilão impressionante, ele precisava oferecer algum risco, ALGUM risco pro herói.
Relaxei, no entanto, depois da luta anterior. Cody levou a match contra Dustin e os YB venceram a tag team em que estiveram. Ia pegar mal se todos os membros do being the elite se sagrassem vitoriosos no evento, então, desencanei, imaginando que o resultado seria o que foi. Um bom combate que, no geral, não sei se funcionaria melhor como semi-main event da noite, com a tag entre os Jacksons e os Lucha Brothers fechando. Mas uma boa luta.
Falemos do finisher novo de Jericho: gostei, mas precisa de mais mise-en-scene. Os finishers de Big Show e Juice Robinson são, basicamente, um porradão. Mas funcionam pq tem elementos de mise-en-scene neles. Visualmente, o Judas Effect é impressionante. Mas é só uma cotovelada. Tomara que entre essa match e sua próxima luta, seja a do All Out, seja a contra o Rainmaker no Dominion, ele incorpore esse elemento teatral que eu sinto que falta, no movimento.
No final, pela luta em si, eu não a colocaria como o main event...... mas ela em se revela completa, de fato, após seu término. Jericho, vitorioso, imerso num oceano de bragadoccio quando, outta of nowhere...

DEAN AMBROSE JON MOXLEY. Here comes a new challenger. Dirty Deeds pra Jericho, Dirty Deeds pro referee, Dirty Deeds pro Kenny, Dirty Deeds pra toda a tua família, Dirty deeds pra tu, Dirty deeds pra tua vaca. Everybody got a Dirty Deeds.
and the crowd goes wild!!!!

Com essa entrada, temos o momento catártico do evento e um bom "to be continued" pra nos deixar ansiosos pelos próximos episódios.

SALDO FINAL: Um excelente evento. Não sem sua cota de problemas: a falha técnica na joshi match poderia ter arruinado o negócio. Teve alguns vícios de pro-wrestling como o final do Battle Royale (e a própria forma como foi desenvolvido) que me parecem ainda heranças do jeitão WWE de fazer luta livre, o que, espero, eles abandonem ou, pelo menos, usem de forma mais esparsa nos eventos vindouros, já que a proposta é não repetir o estilo da companhia dos McMahons aqui. Há de se melhorar também o trabalho de câmera (competente na maioria das lutas, só com alguns errinhos aqui e ali) e as músicas de entrada dos wrestlers (vou dizer que quase nenhuma ficou na memória). E há de se ajustar a sintonia entre a equipe de narração. Dá pra dizer que Excalibur foi o MVP da noite, com os melhores comentários, mas, tipo, DE LONGE. E eu fico curioso em imaginar como vai ser pra apresentar as storylines futuras pro grande público que NÃO acompanha o BTE (bom, isso só vai ser um problema até Novembro, quando o programa semanal da AEW estrear na TNT. E de qualquer maneira, os video packages exibidos antes de cada luta foram bem bons). Mas, novamente, nada que estrague o rolê. E é o primeiro evento da promotion, então dá pra dar um desconto.  Não sou de dar notas aqui no blog, mas pra quem curte, o PPV ficaria com um 8,5 glorioso pra mim. Melhor que quase tudo que a WWE fez esse ano, incluindo o Wrestlemania. E, em termos de qualidade de lutas, pau a pau com tudo que minhas promotions favoritas tem feito. De novo, pro evento de estréia da All Elite Wrestling, isso não é pouco.

Meu ranking:
Cody vs Dustin
Young Bucks vs Lucha Brothers
JOSHI MAAAAATCH
Kenny Omega vs Chris Jericho
SCU vs Strong Hearts
Britt Baker vs Nyla Rose vs Kylie Rae vs Awesome Kong
Best Friends vs Angelico e Jack Evans.
Sammy Guevara vs Kip Sabian
Cassino Battle Royale.

EPILOGOS:
Tony Khan sobre o evento




Epilogo II: what happened after..



Epilogo III: the elite, the the elite. The elite. the the elite.




Epilogo IV: "This is what people call 'A paradigm shift'"



Epilogo V: Moxley unleashed

Epilogo VI: Freedom is Too Sweet, baby...

Too Sweet #14: Hangman Page vs PAC

Óbvio, né?

Animados pro Double or Nothing amanhã?

Não gosto de fazer promessas de post pq eu sempre acabo esquecendo ou mudando de idéia...mas podem cobrar depois... Comento sobre o evento, match por match, semana que vem em edição especial da Too Sweet, okay?

John from Cincinnati: Segue a onda....

Como já estabelecido previamente e com mais ênfase ontem, no post sobre Brockmire, eu não sou uma pessoa espiritualizada. Mas, eis-me aqui, novamente, usando termos como "sublime" e "experiência religiosa" pra descrever uma obra de arte.

Okay, David Milch, uma das mentes brilhantes que geraram a era de ouro da TV, junto com Alan Ball, David Chase, David Simon, Matt Weiner, dentre outros. Um dos pais de NYPD Blue (a lendária "Nova Iorque contra o crime"). Ele vinha de uma série foda, FODA, mas de moderado sucesso (a igualmente lendária Deadwood). Qual o próximo passo lógico?

Um novo drama de época? Outro procedural policial?

Hã...... nope.... Que tal um slice of life com toques de realismo fantástico sobre Deus vindo ao mundo como um surfista austista?

......

Pois é.

"E sobre o que é John from Cincinnati, tio Urso?"

Oh boy.... hã...... vejam o vídeo abaixo até os 2min34

Pois é. Traduzindo pra geral: Em uma entrevista com Craig Ferguson na época do lançamento, indagado sobre qual o tema, sobre o que é a sua nova série, Milch manda.

Milch: "Então.....se Deus quisesse falar conosco....e ele tivesse certa urgência...."

....."..... a série é sobre isso"

Ferguson: "E surf"

Milch: "Vem de bônus"

So..... nem o criador da bagaça consegue explicar sobre o que é o show. Ou pelo menos, não de uma forma direta, reproduzível em um tuíte.

E se ele não consegue, que chance tenho eu? Bom, isso não vai me impedir de tentar, kemosabe.

A série, uma produção de 2007 da HBO, teve apenas uma temporada de 10 episódios.

"Uau, deve ter sido muito ruim, né?"

Então......hã..... não.

Não, não foi. Não era simples de entender, na real, e isso a matou.

Não, vou mais além. Não era "difícil" de entender. Era impossível. Beirava o hermético, aqui e ali.

O pouco que dá pra pegar da trama: numa cidadezinha litorânea da Califórnia, a vida da família Yost segue aos trancos e barrancos. O patriarca, Mitch, uma lenda do surf esportivo, saudoso dos dias de glória. E ocasionalmente, flutuando de forma espontânea. Literalmente. Ele flutua. 

Seu filho, Butchie, tinha todo o talento pra ser seu sucessor. Aí as drogas vieram e zoaram o rolê.

No final da linhagem, o jovem Shaun, descobrindo que também leva jeito com a prancha e com as ondas. Toda a série gira em torno da família Yost e todas as relações entre os demais personagens naquele contexto são, em maior ou menor grau, afetadas pelo cisma entre as 3 gerações de atletas. Tudo segue em seu caótico ritmo....até a chegada de John Monad, um rapaz sem memória e com visíveis sinais de deficiência cognitiva. Que pode ou não ser Deus em pessoa, Jesus reencarnado, ou, pelo menos, alguém com habilidades super humanas. A série é sobre isso, sobre as interações entre aquelas pessoas, seu dia a dia comum e como esse elemento fantástico vai alterar a dinâmica entre eles.

Okay, daqui pra diante, deixamos o território do fácil, do descritível, e adentramos o sensorial. 

O que diabos faz essa série tão..... peculiar? Bom, quem acompanhou Deadwood até o final, sabe que Milch tem um talento pra criar diálogos .....como eu vou dizer....... "não ortodoxos"? Polissílabos, metáforas, analogias, eufemismos. Tudo, menos uma resposta direta, a+b=c. Poético, se vcs me perguntarem. Mas não exatamente acessível, num primeiro momento. Weiner tb faz isso, num nível mais controlado, em Mad Men. Mas Milch? Aqui ele trava o dial no 11. E o ritmo da série tb é todo entrecortado, com eventos se desenrolando sem que consigamos necessariamente entender o fio condutor conectando todos eles. E claro, tem o desenvolvimento de roteiro, em que pessoas planam, se recuperam de ferimentos gravíssimos sem nem cicatrizes e, em mais de um momento, voltam da morte. E em momento nenhum a série vende tais ocorrências como o foco do show. Não é, tipo, Lost em que o negócio é um puzzle e a gente tenta encontrar as respostas. Eles não levantaram perguntas que foram abandonadas posteriormente pq eles não souberam responder. A proposta nunca foi essa. Tá mais pra um slice of life onde pessoas quebram as regras da física e do que temos como tradicional pq...... pq.........pq sim. 

Eu sei que eu não estou fazendo um bom trabalho em vender a série pros senhores, mas creiam-me, tem algo muito mágico nela. Sim, os episódios vão avançando, personagens novos não param de chegar, desde os dois gangsters residentes no hotel da cidade até a mãe de Shaun, uma atriz pornô de sucesso, passando pelo dono da principal loja de produtos de surf local que vê no mais jovem dos Yost, a oportunidade de uma vida. Eventos estranhos ocorrem (já falei que gente ressuscita nessa porra?).

Mas.....o tempo todo, diálogos estranhos à parte, eventos fantásticos à parte, tem o lance do....eu vou chamar de "retrogosto emocional" que a série te provoca, durante e após vc assisti-la. E de novo... o lance é meio metafísico, manja? Deem uma olhada na abertura dessa bagaça.

Como vcs se sentiram vendo isso? Bom, é isso, é como cada um dos 10 episódios vai te deixar sentindo. Não é a toa: Milch teve como parceiro na criação do show Ken Nunn, escritor conhecido por ter meio que criado o gênero no qual, ainda que de leve, a série se encaixa: surf noir.
O gênero, cunhado por Nunn em seu "Tapping the source" é o que o nome indica: histórias de crime em que a ambientação abandona as noites urbanas dos anos 30, 40 e 50 e se volta pros dias e tardes quentes da costa litorânea dos EUA. E ao invés de cigarros e sobretudos, surf.

Agora vcs tão imaginando Casablanca e o Falcão Maltês nesse gênero, certo? Tudo bem, eu fiz o mesmo.

Shaun, Butchie e John

Mencionei isso não pq a série tem alguma ambientação noir, não, longe disso. Tem alguns crimes acontecendo aqui e ali, mas novamente, nem de longe são o foco da história. Falei do envolvimento de Nunn aqui mais pra ressaltar que tem a mão de alguém que realmente manja de surf nos roteiros, conferindo legitimidade pra coisa. E isso é importante aqui pq, PQP, é muito mágico como cada episódio me deixou como eu me senti da ultima vez que me vi sentado numa cadeira na praia, contemplando a infinitude do oceano ao por do sol, sabe? O sonho final de todo escritor é, através das palavras, provocar no leitor a sensação do contato com a experiência real, de fato, sabe? E é bem isso. Fechado no meu quarto, no meio de SP e sua natureza pétrea, eu conseguia me sentir à beira da praia, com a brisa nos meus (escassos) cabelos e com areia no pé.
Minha mensagem final pra quem for se aventurar pelo show: não tenta racionalizar, okay? Isso que eu quis dizer lá em cima quando falei que íamos nos encaminhar pra um lado sensorial.
Coisas acontecem, eventos se desenrolam, mas é isso, é o que os Coen falavam em seu "Um homem sério", é o que vc sente quando tenta absorver racionalmente a grandeza da praia e do oceano na sua mente humana: abraça a porra do mistério. Ride the wave. Vai na onda, manja? Aprecia a viagem, as boas atuações, os twists de roteiro, a trilha sonora maravilhosa (Tv on the Radio, Joe Strummer and the Mescaleros, Yardbirds, Kasabian), a cinematografia, sempre deixando as cenas com aquele clima gostoso de sol numa temperatura agradável, tipo como direto ocorre em clipes do Belle and Sebastian ou dos Smiths. Entender a real natureza de John é tão impossível quanto entender a existência humana. E tudo bem, pq em ambos os casos, isso não nos impede de aproveitar a viagem, nesse curtíssimo período em que passamos por essa vida. Então, não desliga o cérebro, mas deixa o lado emocional dos seus 1 quilo e pouco de massa cerebral, a metade esquerda, assumir o volante, okay?
Não se preocupa em tentar entender todos os processos físicos, químicos e climáticos que geraram aquela onda de água vindo na tua direção. Só abraça o mistério, relaxa e deixa ela te acertar.

Ah, pra quem curtir, dois textinhos legais relacionados à série: um revisitando o show e falando sobre tudo que faz dele algo único e outro, um guia de obras essenciais do surf noir. 

and now for something completely different......

Nada a ver com nada mas.. ou Como um episódio de seriado me ensinou a parar de me preocupar e aceitar (algum) Deus.

Eu tenho quase 40 anos de idade e acho que me sinto confortável em afirmar com certeza absoluta que nestes quase 14600 dias de vida, eu nunca passei por aquilo que as pessoas se referem como "experiência religiosa" em um templo, igreja, ou algo do tipo. Okay, eu já fui evangélico por um rápido período entre os 10 e os 12 anos mas o percurso que me levou a isso foi menos uma busca por alguma forma de deidade e mais a combinação do puro medo da morte, somado a um pesadelo particularmente sinistro envolvendo o demônio. Aos 12 anos, escolhi o agnosticismo, até pq ateísmo era um termo proibido na casa dos Oliveira Costa. Os motivos que me afastaram do Deus cristão? Bom, digamos que eu cheguei naquela idade em que vc começa a se fazer as perguntas inconvenientes e hey, pra alguns, respostas vagas são suficientemente convincentes. Infelizmente, não eu não estava disposto a acreditar que os dinossauros nunca existiram, com seus ossos sendo um plano bizarro de Satanás para descreditar o criacionismo. Não, eu não estava disposto a acreditar que todas as demais religiões do planeta fazem parte de uma conspiração demoníaca para dominação mundial. E não, eu não estava, nem mesmo aos meus 10 anos de idade, disposto a acreditar que toda a história do planeta girava em torno dos dramas interpessoais envolvendo um cara, uma mina, uma maçã e uma cobra falante. 

De lá pra cá não houve nem o mais remoto interesse em abraçar alguma forma de espiritualidade. Okay, admito que provavelmente, num avião caindo ou com um parente às portas da morte, provavelmente eu vou rezar pra algo. Mas essa relação de conveniência se daria da forma mais prática possível e pra uma entidade sem rosto. A primeira que responder, fecha o negócio. 

Por motivos que são só meus - e continuarão sendo - não nutro particular carinho por nenhuma religião em específico. Antipatia total, só por aquelas que tentam enfiar algum academicismo no meio, como uma forma de querer comprovar cientificamente que seu amigo imaginário de preferência é algo real. Mesmo que tal comprovação seja a negação da fé em sua essência já que fé gira em torno da dúvida, não de certezas empíricas, mas hey, o que diabos sei eu?

Satanismo é legal, mas o lance é mais pra ofender a crentaiada do que uma crença genuína. Recentemente, me vi simpatizando com La Flaquita, La nina de blanco, La mas formosa. Ou, pros íntimos, Santa Muerte. 

Eu gosto dela por dois motivos simples: primeiro, uma santa que é adorada por todo o tipo de gente, dos matadores do narcotráfico mexicano até a tiazinha do taco, é alguém que merece meu respeito. 

Segundo, pq do governo mexicano até o vaticano, ninguém "oficial" vai muito com a cara da Santa. E qualquer entidade que seja mal vista pelas forças "oficiais", me parece digna de atenção, considerando o quanto eu sei como é ser visto como um pária a partir da perspectiva das pessoas "normais". E afinal, quanto tudo é dito e feito, eu nunca senti Deus perto de mim, nunca vi um anjo ou um demônio, nunca testemunhei nada que não pudesse ser explicado como fruto de muita auto-indulgência e certa sugestão exterior. Mas eu já perdi entes queridos. Pra mim, Deus não existe. Mas a morte sim. Então, adoremos aquele ser que já mostrou seu rosto e seu trabalho, por a+b, diante dos meus olhos. 

Enfim.... meu ponto aqui: Não gosto de dogmas, de subserviência, acho que escola dominical é um conceito que só se justifica em termos religiosos por ser uma idéia tão imbecil que deve ser obra do tinhoso em pessoa. Okay?

Okay.

Mas, como o titulo desse texto indica, recentemente me vi repensando a respeito de minha postura a esse respeito. Spoiler alert: não, cristãos, não tô indo pra Bola de neve ou qualquer atrocidade do tipo. Entre os vários e vários e god almighty, VÁRIOS programas de tv que assisto atualmente, um deles, um dos meus preferidos, aliás, é Brockmire, seriado de Joel Church-Cooper e Hank Azaria (tb no papel do protagonista), exibido pela IFC, atualmente em sua terceira temporada. A série, pros neófitos lendo isso, conta o dia a dia de Jim Brockmire, um dos maiores locutores esportivos dos EUA, lenda do baseball, herói nacional........até o dia em que cai em desgraça publicamente, depois de um breakdown em virtude de ter pego sua esposa no flagra com outroS homenS. Ao mesmo tempo. 

Alguns anos mais tarde, depois de um período de volta ao anonimato (onde, inclusive, ganhou a vida fazendo narração de rinhas de galo clandestinas na Tailândia), o locutor tem a chance de voltar à cabine e aos jogos de baseball ao receber uma oferta da dona de um timezinho minúsculo numa cidade no interiorzão dos Estados Unidos. A partir daí, a série é uma lenta retomada de Brockmire à fama e a tudo de bom e ruim que vem com ela. A série é mais uma naquela tendencia de "comédias bad vibe", tipo Bojack Horseman, mas um tiquinho mais light. Daqui pra diante, spoilers pesados..

...

Ainda aqui? Bom, tão avisados.

Depois de duas temporadas onde Jim tentou aliar a retomada de carreira com a retomada de outros tipos de carreiras, só pra nos mantermos em UM dos vários e vários e benzadeus, VÁRIOS entorpecentes apreciados pelo jornalista, ele atingiu aquele ponto do fundo do poço em que enough is enough e foi hora de pedir ajuda. Chegamos à terceira temporada e o sujeito tem conseguido passar pelos steps do programa de reabilitação com certa graciosidade, até atingir aquele que lhe obriga a colocar sua fé em uma força "maior". E o problema é que Jim é tão ateu quanto este que vos tecla.

O que nos traz ao maravilhoso episódio mais recente da série, Disabled List. Matt Hardesty, outrora desafeto do protagonista, agora tem nele seu único amigo, depois de uma vida de excessos e escolhas que o isolaram de todos os demais. O que é bastante inconveniente, considerando que o homem tem um câncer terminal. No leito de morte, ciente da própria finitude, o personagem - vivido brilhantemente por J.K. Simmons, numa atuação que, se há de fato alguma justiça no universo, não passará despercebida pelas premiações anuais - pergunta ao amigo se ele crê na vida após a morte.

Agora, vejam bem: eu sou ateu? Com orgulho. Eu sou ateu ao estilo Rick Gervais? Não apenas a resposta aqui é "Não", como acho esse tipo de ativismo meio babaca, uma versão inversa do realizado pelos evangélicos. Mas mesmo eu teria problemas em admitir isso pra uma pessoa assustada, face a face com o oblívio e usando tal crença como silver linning. Brockmire, no entanto, e incentivado pelo amigo, manda a real. Vamos morrer, não há nada a seguir, e o que resta são apenas nossas memórias naqueles que encontramos pelo caminho. MAS, no entanto, isso não quer dizer que a vida de Matt não tenha valido a pena e, mais ainda, não tenha sido ela, a seu modo, uma celebração religiosa.

Ela foi e o deus deles...foi o baseball. O estádio foi seu templo, a cabine de narração, seu púlpito. A vida dos dois, uma intensa celebração da experiência mística que é a transmissão de um esporte coletivo de massa (e se vcs já viram uma final de campeonato brasileiro, vcs sabem tanto quanto eu que nenhuma igreja nessa vida chega perto daquele nível de catarse e comunhão). 

Matt tem seu conforto antes do descanso final. Jim, sua força maior na qual depositar sua fé e sua vida. 

E eu, por outro lado, também saio com minha cota de transubstanciação dessa experiência. 

Eu não gosto de baseball, apesar de minha camiseta dos new york yankees poder indicar o contrário.

Na real, eu não gosto de esporte nenhum. Até tentei, sem sucesso, gostar de futebol em uma época.

Aliás, curiosamente, pela mesma razão que, durante um período curtíssimo de tempo, ensaiei voltar à ir á igreja, lá pelos 20 e poucos anos, já morando aqui em SP: a vontade de pertencer à um grupo, de fazer parte de um coletivo de pessoas. Aquilo de querer achar o teu crew no mundo, tua família, manja?

Obviamente, ambas as experiencias foram um fracasso. MAS...... isso não quer dizer que minha vida tb não seja uma celebração à uma forma de força maior. Obviamente, eu me refiro à cultura pop e, mais especificamente, ao cinema, aos quadrinhos, a música, os games e ao pro wrestling.

Eu tenho meus templos sagrados

Meus livros sagrados

Meus santos, maiores que a vida...

Via redes sociais, eu tenho, se e quando eu quiser, o lance da experiência coletiva, da comunhão com meus iguais em tais crenças. 

Minhas canções de fé....

No caso dos games, tem até o lance da experiência compartilhada, já que eu conto com Stella ao meu lado pra alguns deles (ontem mesmo, terminamos Gorogoa, e foi de fato, algo mágico, quase espiritual. Da mesma forma quando terminamos os Personas 3, 4 e 5 e quando zeramos Okami). 

Todos os lugares, pessoas, obras e experiências retratados nas imagens acima foram, entre outras, momentos em que eu deixei de apenas ser "eu" e consegui tocar com a ponta dos dedos, aquela coisa sublime e transcendental que alguns entre nós chamam de Deus. 

Killer Mike em seu "R.A.P. music" disse que o hip hop era sua experiencia religiosa. Essas são as minhas. Tinta, imagens, vídeo, som e sangue, tudo isso virando storytelling e convergindo pra magicamente, mudar o mundo. 

Alberto Caeiro dizia que se Deus quisesse que o adorássemos como Deus, ele se mostraria pra gente como Deus. Como ele se mostrava a ele como montanha, floresta e rios, como sol e luar, ele o adoraria dessa forma. Da mesma forma, eu nunca senti a presença de nada dentro das várias igrejas em que entrei. Mas momentos como os proporcionados por um episódio de Brockmire me fizeram conectar com algo muito maior que minha insignificante pessoa. Uma página de gibi. Um filme. Um jogo. Uma música. Um episódio de seriado. Olhei nos olhos de um wrestler prestes a dar seu finisher, de um super herói prestes a se enfiar numa luta pelo destino do universo, de um timelord prestes a desafiar o espaço e o tempo, de um cantor abrindo seu coração e sua alma em forma de palavras e sons. E, apropriadamente aqui, de um narrador de baseball em recuperação. E o que vi me olhando de volta, foram os olhos do Altíssimo. 

"E faça-se a luz".