sexta-feira, 10 de julho de 2020

Conversando com o Starman #2



Bom dia, senhores.
Episódio novo do seu fake oráculo mais realista e preciso da interwebz. 
Dia novo, música nova, mensagem nova (um pouco mais curta porque tenho alguns corres para fazer aqui de compras da semana). 

Música do dia: "The pretty things are going to hell"


Contexto: Faixa 7 do álbum "Hours", de 1999. "Hours" surgiu, inicialmente, como trilha sonora para o jogo "Omikron: the nomad soul" (que conta com a participação de Bowie e Iman em cutscenes) e que, se minha memória não me falha, foi disponibilizado gratuitamente pela produtora depois da morte do cantor. 


Sobre a música: Industrial salvou carreiras nos anos 90, não? O estilo com suas guitarras rasgantes, batidas pesadas que lembram as máquinas de uma indústria (daí o nome do estilo) e elementos eletrônicos foi o gênero de escolha de vários artistas que saíram dos anos 80 já com certa curiosidade pela música gerada por máquinas, caso do artista foco deste texto e de outros favoritos aqui do blog como o sempre excelente Gary Numan. De fato, a aproximação com a música eletrônica fez muito bem para David, que vinha de discos, como lembramos ontem, não particularmente inspirados. Além disso, havia também a frustração vinda do fracasso do projeto paralelo dele, o Tin Machine. Por sorte, no começo da década de 90, alguns eventos vieram para mudar os rumos da carreira de Bowie. Além da já citado caso de amor com a música eletrônica (ou melhor, da REaproximação, já que, sejamos justos, o interesse do cantor pelo gênero vem desde a parceria com Brian Eno que resultou na confecção da trilogia de Berlim - Low, Heroes e Lodger -, no final da década de 1970), veio também o matrimônio com Iman Abdulmajid em 92.

Como vai ser o seu dia: Oh boy....  Okay. É uma canção sobre sobre finais, não? Um olhar para o passado (o título retoma músicas como "oh you pretty thing" e "you're pretty face is going to hell" dos Stooges) antes de seguir adiante. 
Em entrevistas, Bowie afirmou ter Evelyn Waugh como referência para o título (tirado do livro "Vile Bodies", originalmente intitulado "Bright young things"), sobre a música ser sobre o nosso mundo e como "as coisas bonitas ficaram para trás". Elas existiram tiveram seu tempo, mas se desmancharam no ar. Então, vamos na direção oposta à mensagem de ontem: se joga. 
Não importa a grandiosidade ou insignificância aparente de seu objetivo, vai de cabeça.
As tais "pretty things" tem esse caráter de não-perenidade, mas lembremos: são elas que nos mantém vivos e sãos. 
Em 100 anos (ou menos) eu e você vamos estar mortos. Em 5 bilhões de ano, o sol vai virar uma supernova e a Terra vai ser obliterada. "Lágrimas na chuva", como diria Roy Batty.
Então, aproveita o seu tempo. Porque como todo ciclo, este também vai acabar e virar uma "coisa bonita" na sua memória. E no final, é só isso que sobra, não? 

Frase do dia: "Life's a bit and sometimes you die" 

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