terça-feira, 11 de agosto de 2020

Conversando com o Starman #21

Mais um dia, mais um texto e mais uma música particularmente incomum a ser comentada, o que é sempre divertido. A faixa de hoje é "SHE SHOOK ME COLD"


Contexto: Cd já comentado aqui, então, sigam o protocolo e "vão atrás do gnomo que ri"

Sobre a música: Como eu a) me concentro nas letras das composições Bowieanas já que b) não entendo notação musical o suficiente para descrever como a melodia é utilizada para contar essas histórias, geralmente acabo restringindo essa seção a figura de David Bowie em si, parecendo que este foi um gênio absoluto que construiu a mítica ao seu redor de forma solitária e, obviamente, nada poderia estar mais distante disso. Falar do cantor britânico e suas décadas de carreira é também falar de personagens como Kenneth Pitt, Tony DeFries, Tony Visconti, Carlos Alomar, Angela Bowie. 
E claro, Mick Ronson.


Apesar dessa canção ser creditada apenas a Bowie, é um consenso entre todos os textos que li, que esta é uma composição coletiva, sendo concebida à "8 mãos" (Além de Bowie e Mick, Woody Woodmansey nas baterias e Visconti no baixo). Mas vamos ser honestos: essa música é aquele momento do show em que todos os holofotes vão para o guitarrista e seus 50 dedos perdidos num solo maior que a vida. E, de fato, quando "She shook me..." entra em seu segundo minuto, ela se entrega a um solo maravilhoso de quase 120 segundos, onde podemos ver porque Ronson merece todos os créditos pelo seu papel na mítica Bowieana, principalmente neste momento formativo da história dela (Ronnie estava lá quando "Ziggy" e suas aranhas de marte catapultaram Bowie e sua banda para o status de deidades). Altamente influenciada por bandas como o Led Zepellin e Cream, "She shook me cold" foi provavelmente o mais próximo que o Starman chegou de compor uma faixa de metal.  

Como vai ser o seu dia: A canção descreve o encontro romântico entre duas figuras, perdidas no frenesi romantico que, por sua vez, ganha tons ligeiramente sinistros conforme ela avança e....

Okay, honestamente, eu vou fazer o extremo oposto do que normalmente ocorre aqui e vou ignorar a letra. Só ouçam a melodia e se percam naquele solo belíssimo, naquela colaboração que berra anos 70, naquela jam onde, no final, eram 4 pessoas se divertindo num estúdio. 
E se quiserem tirar algo da experiência - e devo presumir que vocês querem, afinal, os senhores estão aqui - pensem o seguinte: se quiser chegar "lá", onde quer que "lá" for, escolha bem seus companions para a jornada. Hey, eu defendo a lógica do lobo solitário tanto quanto qualquer um, mas vamos aos fatos: arte é um processo coletivo. E as vezes, de fato, compor com alguém permite uma visão mais fresca ou a correção de um detalhe que, sozinho, você seria incapaz de notar.  É aquilo de mangás para garotos tipo One Piece: você precisa de um crew, uma tripulação que complete seu time, com qualidades diferentes da sua. 
A soma dos fatores, de fato, pode ser maior que seus elementos isolados.

Frase do dia: "I'll give my love in vain/ to reach that peak again"

Nenhum comentário: