sábado, 27 de junho de 2009

"Apenas o fim"




Então.... ouvi falar mó bem desse filme "Apenas o fim", mó citado em quase todos os sites de cultura pop que eu costumo ler, então, pensei, pq não?
Fui hoje à tarde (e os Deuses são testemunhas do quanto eu precisava desanuviar a cabeça depois de uma sexta feira dos infernos) lá no HSBC ver do que se tratava, mas com um certo pé atrás.
Vejam bem, eu sei que isso de citações nerds deveria atrair como mosca no mel e tals, o problema é que eu sempre fico me pergntando se a obra se sustentaria sem isso.
Anos atrás, comprei um livro chamado "Cabeça Tubarão", todo hypado e tals, um livro de ficção cientifica que dialogava diretamente com o publico alvo dele e tals, tinha ARG, citações pop e......
.....bem.... e o livro não era lá grande coisa. Tinha conceitos interessantíssimos, mas morria aí. Desde entã, eu fico com um certo pé atrás com obras que prometem ser um retrato pop da geração atual e bla bla bla.
Dito isto, e com um certo pé atrás, fui ver o filme e..... adorei.

O filme não cita apenas clássicos da cultura pop como Transformers, Pokemons, as Tartarugas Ninjas, Nintendo X Sony e os cavaleiros do zodíaco, mas também tem umas sacadas que falam direto ao publico nerd/indie, como o vislumbre rapidão da capa de "alta fidelidade" ou do "cuca fundida" (de Woody Allen) no criado mudo do casal numa cena em que conversam no quarto...
E além disso tudo, e respondendo a questão acima, SIM, o filme se sustenta se desconsiderar tudo isso, pq ele fala do final de um relacionamento, atingindo em cheio qualquer um com (preparem-se pro clichê) um coração batendo dentro do peito.
E em termos cinematográficos, o filme lembra somente obras clássicas. Se ao se concentrar nos dialogos ele lembra Godard, e o estilão de um casal passando o dia conversando remete direto aos filmes "Antes do Por do Sol" e "Antes do amanhecer" de Richard Linklater, o filme também remete em pequenos detalhes a outros clássicos.
Por exemplo, a cena em que ele (vou me refeir a eles como "ele" e "ela" pq eles nao tem o nome mencionado no filme, o que aliás, aumenta a proximidade com o casal, já que eles podem ser qualquer um, amigos, irmãos, eu e vc...) ganha dela uma caixinha com algo dentro, que não é mostrado em momento nenhum, lembra aquele momento de intimidade em "Encontros e Desencontros", em que Bob Harris sussurra algo no ouvido de Charlotte, e igualmente ficamos sem saber do que se trata. Nada mais natural que, em ambos os casos, o casal tenha seu momento de intimidade só deles, nos restringindo inclusive de partilha-lo pq...bem, não é da nossa conta, oras...
E claro, a ceninha que rola depois dos créditos (se vc foi ver o filme e saiu antes, HAH, trouxa, se ferrou!!!!). Nela, os atores de um filme rolando dentro do filme (o casal passa por meio das filmagens rolando na PUC, cenário de todo o filme) recriam a cena da separação definitiva do casal, mas agora com final feliz. Impossível não lembrar de uma cena identica em "Annie Hall", em que o personagem de Woody Allen recria, numa peça de teatro de sua autoria, cenas de sua vida com Annie, sua ex-mulher, mas também reconta a história com um final diferente do que teve na vida "real", agora com ambos ficando juntos. A explicação dada pelo personagem eu cito aqui
"É como quando vc tenta fazer tudo sair perfeito na arte pq na vida é real é dificil"
Na arte, tanto no filme de Woody Allen quanto no de Matheus Souza (que além de dirigir, cuidou do roteiro) a arte acaba redimindo os personagens da vida real, ainda que seja só um pouquinho (nem que seja só pra jogar as migalhas de um potencial final feliz para o público que, sejamos honestos, sempre acaba torcendo pro casal terminar junto). E essas menções, intencionais ou não, não são demérito nenhum pro filme, apenas mostram o leque riquíssimo de influências que o direto de "Apenas o fim" possui.
Qualquer que seja o próximo filme dele, com ou sem citações nerds, gente com all star no pé e Los Hermanos na trilha sonora, contará com a minha presença na primeira fila, com certeza.

Nenhum comentário: