segunda-feira, 22 de maio de 2017

Twin Peaks S01e03 - Rest in pain: "Something very, very strange in these old woods...."




BOBBY

What's the good of putting someone in the ground.

MAJOR BRIGGS

Its man's way of achieving closure. The ceremony begins understanding and the will to carry on without those we must leave behind. Robert, in your life you must learn, you will learn, to carry on without them.


Inevitavelmente, a vida precisa seguir seu rumo. You know, a natureza odeia vácuo e é hora daquela comunidade seguir em frente, mas não sem antes enterrar o cadáver de Laura.
Como seria de se esperar, o enterro da moça tem sua cota de traumas e momentos inconvenientes, de Leland se jogando em cima do caixão da filha até o discurso catártico de Bobby, um puta momento humanizador pro personagem (e isso que, momentos antes, ele já tinha tido um diálogo notável com seu pai, o Major Briggs). Já tinha mencionado anteriormente a dicotomia entre o núcleo mais jovem da série, marcado por uma percepção de mundo não corrompida mas com sua cota de rachaduras (a impulsividade e seu papel dentro de uma engrenagem de poder que pede por renovação) e o núcleo adulto, já corrompido e com sua cota de cicatrizes e pecados acumulados e é fascinante que esse momento de sinceridade visceral tenha sido protagonizado exatamente pelo rapaz que oscila, mais do que ninguém, entre a luz e as trevas dali (Bobby é jovem e sempre parece, apesar dos pesares, ter o coração no lugar certo. No entanto, ele ainda é parte do tráfico de drogas dali e, indiretamente, um dos responsáveis pela ruína de Laura). Pela sua posição, transitando entre o ambiente da escola e o circulo criminoso local, o capitão do time de futebol da escola parece ter uma clareza que lhe permite notar aquilo que todos vamos lentamente notando conforme os episódios avançam: sim, todos ali, em maior ou menor proporção, de forma ativa ou  pela apatia, tiveram sua cota de responsabilidade na morte da filha de Leland e Sarah. Percebam que logo depois de uma cena emotiva as hell como  a de Leland no cemitério, temos Shelly ridicularizando o ocorrido no Double R. Não só Laura morreu pq, fundamentalmente, ninguém se importa, mas pq salvo os mais próximos, mesmo um assassinato traumático não despertou aquela comunidade de sua letargia e felicidade de fachada....

COOPER
Do you know where dreams come from?

SHERIFF TRUMAN
Not specifically.
(he and LUCY nod no)
COOPER
Acetylcholine Neurons fire high voltage impulses into the forebrain. These impulses become pictures, the pictures become dreams but ... no one knows why we choose these particular pictures

Mas posso estar sendo injusto: o tema desse episódio é a eterna guerra entre bem e mal, personificados em ação vs. apatia. Se, como o xerife Truman nos lembra, existe um preço a ser pago pela serenidade e por todas as coisas boas que aquela cidadezinha possui, também existem aqueles dispostos a se levantarem e realizarem sua cota de sacrifícios. Se existe "uma presença maligna floresta adentro", também existem pessoas dispostas a lutar contra ela, como os membros do "The Bookhouse Boys"

SHERIFF TRUMAN
Cooper, your gonna have to go along with me on this. Even if it sounds a little weird.

COOPER
I'm with you.
SHERIFF TRUMAN
Twin Peaks is different, a long way from the world. You've noticed that.
COOPER
Yes I have.
SHERIFF TRUMAN
That's exactly the way we like it but there's a ... back end to that that's kind of different too. Maybe that's the price we pay for all the good things.
COOPER
What would that be?
SHERIFF TRUMAN
There's a sort of evil out there. Something very, very strange in these old woods. Call it what you want. A darkness, a presence. It takes many forms but ... its been out there for as long as anyone can remember and we've always been here to fight it. 

O grupo, formado por Truman, Big Ed, Hawk, James e Joey Paulson funciona como uma sociedade secreta, tentando, nas sombras, conter quaisquer forças que possam ameaçar a vida dos habitantes locais (e, como o dialogo do xerife Truman acima transcrito indica, isso inclui ameaças do espectro sobrenatural, ou o que quer que esteja espreitando sinistramente dentro daquela floresta). 



Eu tenho ignorado quase que inteiramente todos os eventos relacionados a treta entre Catherine e Josie e sua disputa pela serralheria dos Packard apenas pq...bom, isso é chato pra caralho, é aquele elemento mais "novelão tradicional" de Twin peaks que eu não gosto, apesar de entender pq está lá e reconhecer sua importância dentro da trama e pq elementos desse arco vão refletir lá na frente da pior forma possível. Sério, cada vez que eu vejo certos elementos que vão ser retomados na season 2 da série e lembro de COMO eles vão ser desenvolvidos na metade da série SEM David Lynch......... serião, crianças, eu vou precisar de muito apoio de vcs quando chegar nessa fase da série. 75% dela são incríveis, mas os 25% restantes....well.... 



Mas força, crianças. Se existe uma msg que perpassa toda a série, é que não existe luz sem sombras e vice versa. O seriado tem uns momentos DESASTROSAMENTE ruins, mas estes são compensados por outros momentos redentores. Como a vida em geral, inclusive. :-)

Devaneios existencialistas a parte: um episódio pequenininho mas com sua cota de novos elementos que vão enriquecer a trama como um todo. 

- Vale a menção: duas primeira aparições importantíssimas: Jaques Renault, um dos cabeças do esquema de distribuição e venda de drogas local e Madeleine Ferguson, prima de Laura estranhamente idêntica a filha assassinada dos Palmer. 


....e Leland continua dançando..... 

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