quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Um guia para neófitos #1 - CLASSIC DOCTOR WHO



So, meu querido amigo, minha querida amiga, minha senhora dona de casa, meu amigo motorista e caminhoneiro acompanhando de forma fiel os posts desse blog enquanto aguarda o final do jornal nacional e o começo da novela das 8 (qualquer que seja ela. Parei naquela uma da Nazaré Tedesco) e que, porventura, tenha assistido os episódios mais recentes da excelente sétima temporada, da lendária oitava e da irregular nona de Doctor Who e que chorou vendo "all thirteen" no especial de 50 anos e pensado: "hmmmm....existiam 8 doutores anteriormente.....será que devo resolver minha síndrome de abstinência com os episódios da série clássica?..."

NÃO HESITE MAIS, amigo leitor. Vc está no lugar certo. Como acontece com todo fandom que gira em torno de uma mitologia de décadas de existência, a coisa mais fácil é um fã novo se perder dentro dele.
Eu sei disso. Estou tentando ficar em dia com os tokusatsus mas aí, cai naquilo:
"acompanho os antigos e fico reparando nos efeitos datados e nos tropes de roteiro ultrapassados ou tento os mais recentes mas corro o risco de perder alguma referência voltada pro fã mais fiel?"

Da mesma forma, a coisa mais fácil é se ver soterrado sob os mais de 50 anos de série. Se vc quiser se jogar de cabeça, "all the way in" e simplesmente ir vendo na ordem pra ver no que dá, eu diria que.........tudo bem. Pra uma série com mais de 600 episódios é interessante como, na média, os roteiristas de DW mais acertam do que erram. Quando erram, erram FEIO, de forma lendária (evitem o episódio que abre a era do 7th Doctor, "Time and the Rani", seguramente a pior coisa já feita nessas 5 décadas e o único arco de todos que me fez desistir no meio). Mas quando acertam.....oh boy.... (sim, eu estou pensando em Genesis of the daleks. e vejam bem: nem é meu arco favorito do 4th Doctor). 
SO.....

Pra ajudar meus caros whovians em começo de "carreira" que querem se embrenhar num dos lores mais densos da história do sci fi, decidi escrever esse post, que tem a relativamente humilde intenção de servir como um farol, mostrando alguns pontos de entrada que podem facilitar pra quem quiser conhecer Classic Who.
Antes, alguns avisos

1 - EVITEM BINGE WATCHING: Eu sei, kemosabe, é difícil falar isso pra uma geração criada á base de Netflix e Crunchyroll, mas creiam-me, o seriado não foi pensado pra ser assistido de uma tacada só. Não por coincidência, cada episódio reprisa quase 2 minutos do final do episódio anterior. exatamente pro pessoal que só via semanalmente. O que nos leva ao segundo aviso
2 - O RITMO DA SÉRIE CLÁSSICA É BEM DIFERENTE DA SÉRIE MODERNA: E é aí que muita gente pode ficar pelo caminho. Pra quem está acostumado com a dinâmica da série atual, resolvendo uma trama complicada em pouco mais de 40 minutos, ter que se acostumar com o ritmo mais cadenciado, com tramas que se espalham por, em média, 4-5 episódios (em alguns casos 1, em alguns casos 2 e, no outro extremo, em um único caso, 10) pode ser um tiquinho desafiador. Portanto, não esperem a ação e correria e tudo ao mesmo tempo das aventuras do 9th, 10th, 11th e agora, 12th Doctor. As tramas envolvem sua cota de correrias e até alguma porradaria aqui e ali, mas em proporções mais homeopáticas. 
3 - SE ACOSTUMEM COM AS LIMITAÇÕES: E não digo só de efeitos especiais (resumindo bastante, o futuro de Doctor Who girava, na sua gigantesca maioria, ao redor de papel alumínio e plastico bolha. Incrível como quase toda raça alienígena tinha armaduras e trajes e as vezes partes do seu corpo feitas desse material). Mas os 8 doctors anteriores são bem diferentes dos atuais. Por exemplo: a sonic screwdriver, que o atual Doctor usa à exaustão? Nope. Nem sempre era usada. Isso quando era, na real. O sétimo doctor, por exemplo, sequer possuía uma. E, na boa, nem é isso que mais fazia falta nas tramas. Classic Who é, na GIGANTESCA maioria das situações, o Doctor e seus companions chegando num lugar, se infiltrando num grupo de estranhos e sendo preso, acusado de espionagem ou por algum crime que, inevitavelmente, vamos descobrir ser obra de uma raça alienígena mal intencionada. Chave de fenda sônica? Nope, o recurso de roteiro mais precioso dos inventados pela série moderna é o fucking papel psíquico. A partir da inclusão dele, essa parte que tomava a maior parte do episódio que abria os arcos clássicos, onde o Doutor passava uma quantidade razoável de tempo aprisionado ou tendo que conquistar a confiança do grupo onde tentava se inserir, foi resumida a uma cena onde o Timelord, a grosso modo, dá uma "carteirada" e BANG......direto à ação. 

Ok? Ainda comigo? Ok..... então, já dados alguns avisos, abaixo, uma listinha dos episódios clássicos que nenhum whovian de respeito pode deixar de ver: 


Nem precisava comentar, né? é o começo de tudo, a pedra fundamenal sob a qual a série foi construída. Preciso no entanto dizer: o primeiro ep. deste arco de 4 episódios é BEM bom....mas os demais nem tanto..e o tom é tão distinto que eu quase me sinto impelido a dizer: apenas vejam o primeiro ep. do arco e pulem direto pro seguinte. Tudo que faz Doctor Who funcionar está fundamentalmente na primeira parte: temos a TARDIS, temos os companions, temos um timelord de dois corações de Galiffrey. tá quase tudo ali. Faltam apenas DOIS elementos, que só virão no arco seguinte mas que são as peças que faltavam pra tornar a série mágica: o Doctor (explico a seguir) e, claro..... os monstros. 


....pq, afinal, os primeiros antagonistas do timelord são humanos involuídos. E isso pq a idéia original era que a série fosse algo de tom mais educativo, com os personagens pulando de evento histórico pra evento histórico. Teria funcionado? Talvez, talvez não (eu não tenho muito carinho pelos episódios puramente históricos, então, eu duvido bastante). Mas, pra nossa sorte, a principal produtora e criadora da série, Verity Lambert bateu o pé e insistiu na presença de um grupo de antagonistas de caráter menos humano e mais.....monstruoso?? E o resultado...



...e aí, finalmente, vemos o Doctor surgindo. Não formado, mas em vias de. Aliás, se me permitirem um pequeno desvio: é interessante notar como personagem ainda está surgindo devagar, como se os próprios roteiristas estivessem tateando no escuro, sentindo o terreno. O exemplo mais claro: o nome do personagem. Ele ainda não se referia a ele mesmo como o Doctor. Percebam: Ian e Barbara entram no ferro velho onde a TARDIS está pousada atrás de Susan, dão de frente com o homem que supõem ser o avô dela e se referem a ele como "Doctor Foreman", ao que ele responde com a clássica pergunta "Doctor who?". Em momento algum ele se apresenta como "THE Doctor", pelo menos até esse momento. 
Esse é só um exemplo dentre os vários que eu poderia usar como exemplo do quanto insipiente era a idéia que os próprios realizadores tinham daquelas criações. Apenas seis anos depois da estréia, o termo "Timelord" vai ser usado pela primeira vez para se referir à raça da qual o protagonista faz parte. Gallifrey? Só vai ganhar um nome uma década depois, já na fase do 3rd doctor. E a personalidade do personagem? Aquele elemento afetuoso, extremamente altruísta? PORRA NENHUMA. Num momento do arco seguinte, o Doutor ameaça jogar os companions pra fora da TARDIS em pleno espaço. Ou mesmo aqui: toda a merda ocorre pq o mad man with a box decide caprichosamente se enfiar na cidade dos Daleks, mesmo sem saber com o que vai se defrontar. Mas ao final desse arco, as sementes do timelord que aprendemos a amar começam (ainda que bem lentamente) a surgir. E o doctor deixa de ser APENAS um andarilho espacial pra se tornar o healer com o qual nos acostumamos.


Depois de um episódio tenso, outro......ainda mais tenso pra relaxar. 

Sim, parece paradoxal, mas esse bottle episode (vcs sabem: aqueles episódios que se passam inteiros num mesmo espaço físico fechado, geralmente como forma de economizar grana de produção pra algum mais dispendioso. Exemplos clássicos: o episódio da caneta perdida em Community e, claro, o da mosca em Breaking Bad) meio que, ainda que de forma tensa, permite um respiro entre o arco anterior e os seguintes. Um arco pequeno, todo passado dentro da magic box, girando em torno de paranóia e mostrando o quanto os laços entre os personagens ainda se encontram demasiadamente frágeis.

The Dalek invasion on earth

Considerando o quanto a série é uplifting e divertida e leve, é meio bizarro a quantidade de vezes em que ela joga um momento emocionalmente devastador pra cima do fandom e esse é o primeiro deles. A partida de um companion é sempre complicada, principalmente em se tratando de alguém do nível de Susan. E a cena em si é linda. Claro, anos depois, sabendo o que sabemos do personagem, existe certo elemento de crueldade ali já que é o doctor simplesmente decidindo que é hora de abandona-la a própria sorte e tals, mas.......



The tenth planet

Acho seguro afirmar ser o momento mais chocante da série inteira, ainda que, pra isso, tenhamos que colocar a exibição dele sob a perspectiva da época. Imaginem se, do nada, no final de uma temporada, sem absolutamente AVISO ALGUM, o 12th regenerasse. Chocante? Nem tanto, já que, pelo menos, já sabemos que o processo biológico que os Timelords utilizam pra garantir tempo de vida extra é algo possível, um recurso narrativo a disposição pra ser utilizado a qualquer momento.
Agora, imaginem na época, quando ninguém nunca tinha visto uma regeneração. Vc, uma criança e/ou adolescente está lá, se divertindo (ajuda que the tenth planet é um puta arco legal) e ao final.....
Todo mundo sabe, hoje em dia, que esse foi o jeito que a produção revolveu a questão de Hartnell estar velho e doente demais pra se manter no papel. Mesmo assim, uma das soluções de roteiro mais brilhantes da história (e isso numa série famosa pelas gambiarras de produção que terminam se mostrando idéias bacanas. Vide o fato da TARDIS ser uma cabine telefônica azul).


The tomb of Cybermen

Excelente história, o mais próximo que o Doutor já chegou de uma trama envolvendo zumbis. Mas, claro, não podemos esquecer: o episódio mais racista da história da série (o único personagem negro que aparece é um porradeiro com a eloquência de um neanderthalensis.)

The Ice Warriors

Marte é o lugar mais perigoso do universo. E é de lá que vem os antagonistas deste arco, uma raça perdida, acordada depois de eras enterrada sob o gelo (como o arco anterior dessa lista deixa claro, áreas geladas são extremamente arriscadas para o Doctor)

Enemy of the World

Uma das minhas histórias favoritas da série. Doctor encontra Salamander, um tirano fascista que domina seu planeta com mão de adamantium. E, plus, o vilão é um sósia do Timelord. Não vou entrar em detalhes demais pq não quero spoilar a trama, mas creiam-me: Troughton brilha tendo que interpretar o adorável protagonista e o seu oponente. E percebam as sutilezas nas cenas em que o ator precisa interpretar o 2nd se passando pelo vilão (ou o inverso).

War Games

Estamos tão acostumados com a configuração básica da série, que envolve o protagonista se expondo às mais tensas e intrincadas situações e tirando um ás da cartola (as vezes, literalmente) pra salvar o mundo e aí.....not this time. Dessa vez, cada truque, cada artimanha, cada nova estratégia falha sucessivamente e desta vez, o 2nd Doctor vai se ver diante da única força contra o qual mesmo ele se encontra ocasionalmente impotente: seu próprio povo. Meu arco de regeneração favorito e, sem dúvida alguma, o mais traumático da série. 

Spearhead from space

Eu confesso que fui assistir a fase do 3rd com certa má vontade, da mesma forma que fui ver os arcos do 5th. Mas, se no caso deste ultimo, parte da minha insegurança era injustificada, no primeiro o negócio se mostrou completamente equivocado: a encarnação do personagem vivida por Jon Pertwee é a segunda na minha lista de favoritas, só abaixo da dupla 4th e 7th. The times, they are a-changin': agora colorida, novo Doctor, novos companions, incluindo aquele que é um dos meus favoritos EVER, e provavelmente o mais importante dentre todos que já cruzaram o caminho do herói da história: o Brigadeiro Alastair Gordon Lethbridge-Stewart. Também debutando: um cenário totalmente novo, onde o personagem está preso à Terra (pelo menos por um tempo) e uma dinâmica toda nova entre o Gallifreyan e sua nova companion, Jo Grant: imaginar algo entre o 1st ou o 2nd Doctor e qualquer uma de suas companions era só....you know......errado. Mas, apesar da visível diferença de idade (se é que o termo se aplica aqui), o casalzinho 3rd e Jo era altamente shipavel (e não se enganem, os responsáveis pela série sabiam disso). E o arco já vale pela estréia dos Autons e pela cena do terceiro doutor, ainda sofrendo de trauma pós regenerativo, fugindo de pijama numa cadeira de rodas!!!!



Inferno

Três anos depois de Kirk e Spock irem visitar um universo alternativo onde as coisas deram errado (e isso é um eufemismo), o 3rd vai também atravessar dimensões, na tentativa de botar sua TARDIS pra funcionar, e termina numa dimensão facista com versões sombrias de seus aliados e que se encontra, por ação direta destes, inclusive, á beira da extinção. Creiam-me: vcs só acham o evil Spock de cavanhaque algo sinistro pq nunca viram o evil Brigadier e seu tapa olho.



The Daemons

Em virtude de tudo, o que eu vou dizer vai ser mal visto, mas meu problema com TODAS as versões do Master que surgiram depois é que nenhum deles era tão charmosa quanto a original. Vejam bem, eu gosto da versão classic villain guy de Anthony Ailey, eu gosto ....relativamente....da versão histérica de John Simm e eu tenha relativa simpatia pela versão atual, de Michelle Gomez, dependendo do tom. Quando tentam torna-la parecida com o Coringa do Heath Ledger, eu só acho meh, mas quando deixam a atriz mostrar o potencial da personagem, aí sim, o negócio brilha. Demônios, eu gosto até do Master do filme do 8th, vivido pelo Michael Roberts. Pessoal que diz que ele é "overacting" obviamente não viu a terceira temporada da série atual e a atuação "high on crack" de Simm. Mas isso tudo dito: nenhum deles vai repetir o charme da interpretação de Roger Delgado, classudo até nos momentos mais ridículos. E creiam-me, os responsáveis por sua criação, a clássica dupla Holmes e Dicks, sabiam da preciosidade que tinham em mãos já que ele aparece em quase todos os arcos que seguem sua aparição original. Dentre todas as aparições do personagens, todas resultando em histórias bem boas, devo dizer, escolhi este arco como meu favorito apenas pq gosto dos momentos mais dark fantasy da série. E sejamos honestos: depois de nos convencer que os Daleks, aqueles saleiros ridículos, eram assustadores, o segundo maior feito da série foi fazer ESTA criatura...



....soar perturbadora.

The curse of peladon



Doctor Who goes to politics. Fãs de intrigas palacianas vão curtir esse arco, um dos mais legais dessa época cheios de twists e inversões de expectativas. E tem o 3rd cantando, o que é sempre bom (a sequencia, the Monster of Peladon tb é muito boa).

The Sea Devils

A semente da anti-sociabilidade de alguns Doctors vem daqui. O personagem já tinha sido confrontado com a estupidez humana mas acho que nunca havia visto o personagem título ser tão gráfico a respeito de sua desaprovação por uma ação de um aliado direto como a que ocorre no final deste arco.

The three doctors

Oh, boy....THE THREE FUCKING DOCTORS!!!!! Seguramente, uma das 5 melhores histórias já feitas com o personagem. O arco comemorativo dos 10 anos da série tem tudo que uma trama multi doctor precisa ter: a devida dose de homenagem à tradição mas também aquela coisa de não ficar dependendo demasiadamente da nostalgia. Uma trama redondinha, um monte de elementos legais sendo adicionados à mitologia Whovian, um dos melhores vilões que Doctor Who já teve e claro, uma dinâmica entre seus 3 protagonistas que ressalta as distinções entre cada um. Mesmo com a reduzida participação de Hartnell, já bastante doente, os momentos em que as diferentes versões do timelord dividem a tela só podem ser definidos como mágicos, pura e simplesmente.


Planet of spiders

O fim, inevitável. O padrão vai se repetir em quase todas as situações aqui e nem estou me desculpando: os primeiros e os últimos arcos de cada uma das encarnações do personagem são momentos muito especiais e delicados. Curiosamente, as duas únicas exceções são exatamente com meus Doutores favoritos: o ep. de estréia do 4th é só ok. O que é mais do que posso dizer do arco pós regeneração do 7th. Se a "morte" do 1st foi um choque absurdo e a do 2nd foi devastadora, a do 3rd Doctor nos pega pela serenidade. K'anpo é outro personagem que, tal qual Omega, nunca mais foi utilizado (pelo menos nas séries. Os livros e hqs são inúmeros e terra de ninguém então, se eles já apareceram por lá, sorry, guys) o que é uma pena já que o Timelord fugitivo que veio pra Terra se tornar um monge budista é um puta personagem bacana. E o arco tem outro daqueles momentos mágicos da série onde é citado um "grande evento" que teria levado o monge a fugir de Gallifrey e eu, fã semi apofenico que sou, não consigo não achar que não se trata da Time War, mesmo o arco se passando quase 3 décadas antes do conceito ser desenvolvido. Mas afinal.....viagens no tempo, certo?



Pyramids of mars

O Timelord se defronta com o demônio pela primeira vez. Uma trama bem legal com reverberações ecoando inclusive nos dias atuais. Mais especificamente: nos gibis do 10th Doctor atualmente publicados pela britânica Titan Comics.

Genesis of the daleks

Provavelmente, o arco mais importante da série, e um daqueles momentos antológicos que vão ser perpetuamente citados em listas sobre os melhores arcos de todos os tempos. A pedra fundamental sob a qual TODAS as histórias envolvendo os Daleks vão ser construídas na série clássica. A base sob a qual a série atual foi construída. Adjetivos hiperbólicos o suficiente pros senhores? Então vai mais um: o arco onde o melhor vilão de  DW, Davros, foi introduzido. "Genesis..." não é só excelente. "Genesis" é obrigatório!!!!!

The deadly assassin

Doctor Who goes dark. The Manchurian candidate em Gallifrey. Um arco tão distinto do resto que costumávamos ver na época: o personagem de volta em Gallifrey, sozinho, sem companions, logo depois de ter dado adeus à Sarah Jane. Uma trama sinistra, política e, provavelmente, um dos roteiros mais violentos (pra época) do programa. Qualquer charme a respeito do Master se vai e o que temos aqui é uma das versões mais assustadoras do personagem.

The Invasion of Time

O 4th Doctor é um personagem tão bonachão e simpático que esquecemos o quão maquiavélico ele precisa ser ocasionalmente. E aqui, ele brinca e blefa com o destino de seu planeta natal pra enfrentar uma das raças de alienígenas mais perigosas que já encontrou. E quando chega o alívio de tudo parecer ter sido resolvido, vem um baque como poucos e um dos twists mais espertos da série.

City of Death

O arco mais charmoso de Doctor Who, com meu doutor e minha companion favoritos. Em Paris. Numa história divertida as hell, escrita por Douglas fucking Adams. O que tem pra não gostar aqui? (Tem um livro baseado nesse roteiro, já lançado em português. Vcs acham ele aqui)



State of decay

Eu coloquei este pq eu gosto de como ele agrega elementos legais á mitologia da série, agora desenvolvendo a idéia de que as criaturas que conhecemos como vampiros, na verdade, são uma raça de monstros alienígenas hematófagos que, milênios atrás, entraram em guerra com os Timelords e foram quase totalmente exterminados. Mas a real é que é meio complicado falar dos 5 últimos arcos da 18ª temporada de forma isolada, já que eles tem um certo elemento de unidade conectando-os. Essa conexão não é narrativa, como foi no arco da "key of time", este realmente uma grande história separada em vários diferentes arcos, mas no macro tema que une todas essas tramas: o fim. Entropia.
O final inevitável das coisas. A morte. A decadência rumo ao oblívio. Em maior ou menor proporção, diretamente ou como metáfora, cada uma das histórias dessa fase, lida com civilizações diante da própria extinção, planetas mortos, decadência, apocalipse. Não mais como o inimigo a ser vencido, como acontece em quase todo episódio, mas como algo inevitável. O adeus de Romana, o vilarejo de Aldric subjugado por vampiros, o planeta de Nyssa e claro, todo o ultimo arco, lidam em torno da força inevitável que é o fim de tudo que existe. O que nos leva a.....

Logopolis

A segunda morte mais marcante da série inteira. A primeira, obviamente, é a do 1st doctor. E a segunda, a qual, aliás, levou muita gente a pensar, na época que a série não sobreviveria, foi essa. O adeus de Tom Baker. E que vem num tom melancólico as hell. Como o personagem diz, antes de "morrer", tudo já vinha sendo preparado: desde o adeus de Romana e K-9, o 4th doctor vem, tal qual o Sandman de Neil Gaiman, se preparando pra própria partida. Não é pra menos que Tegan, Nyssa e Adric não soam "naturais" como companions desta encarnação do personagem em momento algum. E isso por um motivo simples: pq não são. Simbólico portanto que o final venha nas mãos do nêmesis do Doctor. E o conceito principal do arco, em si, é algo de explodir cabeças: a trama toda gira em torno de uma raça de alienígenas que mantém a tessitura universal funcionando por meio de equações matemáticas. Lembram de "O imaginário do doutor Parnassus", onde descobrimos que o universo só se sustenta pq existe uma caverna cheia de monges contando histórias de cada ser vivo da nossa dimensão e que são essas histórias que mantem tudo no lugar? Mais ou menos o mesmo, mas ao invés de histórias, computadores realizando equações matemáticas complexas tentando manter a entropia sob relativo controle. E então, vem o Mestre e põe tudo abaixo. Gosto dessa interpretação que a trama dá pra nossa existência: o universo é um sujeito tentando constantemente o suicídio enquanto, ao mesmo tempo, é devorado por um câncer. O doutor, como quase todo super herói, é o conjunto de medidas profiláticas, o medicamento, os anti-corpos, tentando de forma meio complexa manter tudo no lugar, num sistema constantemente tentando se implodir. Cada herói, portanto, é um Sísifo que, 24 horas por dia, 7 dias por semana, tem que carregar aquela pedra pra cima, de novo e de novo......


Castrovalva

E como o já citado Gaiman nos lembra em seu "o que terá acontecido ao cruzado encapotado?", a recompensa de ser um herói é....ser um herói, de novo e de novo. A recompensa do 4th Doctor após salvar a existência do oblívio é isso: uma morte heroica e um renascimento traumático, como todo nascimento, aliás. O arco de origem do 5th doctor é, basicamente, tal qual o especial de natal que serve de estréia pro 10th Doctor, duas horas do personagem sofrendo da síndrome pós renegenativa mais intensa de todas e de seus companions tendo que se desdobrar pra manter a mente do madman no lugar. E tudo isso enquanto o Mestre tenta, novamente, matar seu amigo/inimigo. Numa dimensão que evoca o clássico quadro das escadarias de Escher. Fácil?

Ressurrection of the daleks

Anos 80, era da desconstrução niilista. Tudo era a crítica, da crítica, da crítica.... Não é pra menos que é dessa época que vem Watchmen, uma desconstrução das HQs de super heróis. Ou "Die Hard", desconstrução do conceito do "herói de ação". Da mesma forma, a série decide olhar pra si própria com um olhar um tanto amargo e o resultado? Um Doctor EXTREMAMENTE ineficiente e passivo. Daleks sendo apresentados como uma raça fundamentalmente ridícula e a beira da extinção. E Tegan abandonando o crew de companions mandando da forma mais seca e direta possível "I'm sick of it. It stopped being fun". Companions geralmente abandonam a série de duas formas: morrendo ou tendo que ficar no caminho por alguma razão. E a partida geralmente vai contra a vontade deles, sempre com a promessa de um dia, talvez, voltar. Não com Tegan. Ela parte por decisão própria e de forma deprimente, cansada da sucessão de massacres testemunhada. Lembremos: esse é o Doctor que viu Adric, um companion dos menos carismáticos, sendo morto pelos Cybermen (e pela própria húbris). onde a já citada Tegan se viu caçada, junto com os demais, por uma entidade semi-divina (o Black guardian)  e, cereja no topo do bolo, não havia confiança entre a entourage que cercava o doctor: Jovanka passou boa parte de seu tempo na TARDIS fazendo birra a respeito do quanto queria voltar pra casa, Turlough era um espião infiltrado, Adric era um porre e Nyssa era uma refugiada que viu seu planeta inteiro indo pro cacete.

"It stopped being fun" indeed.

The caves of Androzani

Considerando tudo que eu disse acima, não é nenhuma surpresa que "The caves..." seja, segundo uma boa parte do fandom, o melhor arco do programa de todos os tempos. Se a era de Peter Davison no papel é marcada pela desconstrução e um constante questionamento sob qual o papel do Doctor e como ele funciona no cínico universo dos anos 80, esse arco é a resposta: o 5th doctor "morre" não salvando um universo, o multiverso, incontáveis dimensões. Não num evento cataclísmico onde a continuidade da vida como conhecemos está sob risco: ele "morre" pra salvar UMA pessoa. Uma garota que ele mal conhecia. "...Androzani" é, basicamente, o personagem, contra tudo e contra todos, envenenado, tendo que encontrar um antidoto pra salvar a vida de Peri, que se encontra morrendo vítima da mesma substancia.

The five doctors

Basicamente um fanficão com tudo de bom e de ruim que vem com isso. Fan service atrás de fan service, menos um evento multi-doctor e mais uma aventura do quinto doutor com os outros 4 (well.....3...........bom......TECNICAMENTE, dois e meio) de coadjuvante. O filme é a prova viva de que vc não faz uma história só com fanservice e que, no final, dar tudo que o público quer pode NÃO ser uma boa idéia, mas, enfim, fica a menção pela importância histórica. E se o roteiro do longa não é absurdamente espetacular, pelo menos o negócio é divertido. 

Vengeance on Varos

"He is not hurt, he is only acting"

UM dos dois arcos mais metalinguísticos da história de classic who, e uma das paradinhas mais clever já feitas com a série. A era do desconstrutivismo continua com força e o 6th doctor, não o doctor que o mundo merece, mas aquele que ele precisa (pelo menos na crença dos realizadores) se vê num planeta que não deve soar estranho pros leitores de hqs fãs de X-Men e acostumados com o mundo de Mojo:  em Varos, a violência é televisionada e o destino sobre vida ou morte de indivíduos é decidido via votação popular, tal qual um big brother (décadas antes do conceito de reality show tv se popularizar). Não é sempre que DW acerta quando decide ir de cabeça em tramas mais políticas, mas aqui, a idéia da crítica à espetacularização da violência vai no alvo.

The Two Doctors

De novo, política em essência, agora numa trama sobre vegetarianismo. E um evento multi-doctor bastante subversivo: episódios comemorativos da série costumam surgir feito uma explosão. Esse aqui não, sendo bastante sereno na maior parte do tempo. Fora que, NORMALMENTE, eventos multi doctors envolvem o ator atual e suas encarnações imediatamente anteriores (até por uma questão de idade das pessoas envolvidas). Então, qual não foi minha surpresa que o encontro aqui é entre o 6th e o 2nd? Numa época em que tudo e todos pareciam colaborar contra a longevidade da série (publico minando, executivos apáticos, roteiristas ruins - e estou pensando especificamente no casal Pip e Jane Baker), a série ainda contava com sua cota de acertos. Um clássico pequenininho, mas ainda assim, um clássico.

Revelation of the daleks

Eu entendo quando as pessoas afirmar que o 6th doctor não é muito gostável, mas respeitosamente discordo por duas razões; primeiramente, pq gosto quando o personagem é mais desafiador pra gente, como público, como ocasionalmente ocorre com o 2nd, 4th e, em maiores proporções, com o 6th, 7th e 12th versões do personagem (não é pra menos que gosto mais do 12th da season 8 do que do da season 9). E segundo, pq a série mergulha com força na metalinguagem e, convenhamos, o personagem que dá titulo ao show sempre foi um reflexo da época em que a série se passa. Grant Morrison justifica as diferentes fases pelas quais o Coringa passou com a idéia de que o vilão não tem uma personalidade fixa, mas uma meta-persona mercurial, que se metamorfoseia de acordo com o contexto. Num mundo em constante mutação, a verdadeira loucura, pelo menos na visão do arqui-inimigo do Batman, é ter apenas UMA personalidade fixa e perene. De certa forma, o mesmo ocorre com o Doutor, e, let's face it, estamos falando da época da Guerra Fria, não exatamente marcada por uma visão de futuro esperançosa. Reagan, Thatcher, surgimento da Aids, tensões sociais de toda sorte...... Otimismo era um artigo de luxo. Paralelo a isso, a série enfrentava dificuldades internas, onde os executivos da BBC não escondiam de forma nenhuma o desejo de simplesmente cancelar o programa. O contexto, interna e externamente era o mais desfavorável possível e de vez em sempre isso vazava pros roteiros. "Revelation of the daleks" não é uma exceção a esse cenário, pelo contrário. Os daleks nunca pareceram tão decadentes, Davros nunca pareceu tão insignificante e, por contraste, o mesmo pode se dizer do Doutor. E os companions e demais personagens são ....oh, boy...
E tudo fica ainda mais pequeno quando lembramos que tudo gira em torno de.....dinheiro. Davros está quebrado e sem recursos pra manter sua guerra pessoal contra a facção rebelde de Daleks e tem que se virar pra conseguir se manter uma força a ser temida e respeitada. Uma história em que o 6th é quase um coadjuvante e que, ainda assim, funciona como um fascinante exercício narrativo. 

7th DOCTOR



Oh, boy....MEU DOUTOR FAVORITO. Antes de começarmos, um detalhe fundamental: aqui vemos a introdução de outro dos personagens fundamentais da história do show de tv. Me refiro não a um companion ou vilão, mas ao "showrunner" (as aspas se dão pelo fato de que o cargo não tinha esse nome na época, mas a função era, em resumo a mesma, de redator chefe e principal co-produtor) Andrew Cartmel (meu favorito, somente atrás de Steven Moffat).



Num contexto em que, de novo, a BBC queria acabar com o seriado (que mesmo possuindo um orçamento bem mais humilde do que a maioria das séries de sci-fi da época, ainda era vista como cara), Cartmel meio que tocou o foda-se e decidiu: se era pra cair, que DW caia em pé e deu um twist nos rumos da série, tornando-a um produto o mais autoral possível. Não que o show não tenha momentos narrativos que não possam ser atribuídos à um nome marcante (Holmes, Dicks, Nation) mas a idéia de uma temporada inteira podendo ser, a grosso modo, creditada como obra e visão de um individuo DESSA FORMA era um conceito novo. E, segundo Cartmel, o problema era: o publico estava confortável demais com o Timelord. Era hora de torna-lo uma força misteriosa e interessante novamente. Chega do tiozinho bonachão, o que veríamos a seguir é a figura do "time meddler", do manipulador extremo, brincando com vidas e planetas inteiros em nome do bem comum. A favor disto tb havia o detalhe de que a série contava com um dos melhores e mais carismáticos atores no papel. Sylvester McCoy é alguém com uma facilidade absurda pra transitar entre personalidades, indo do papel de "tiozinho simpático" para o de "chessmaster que é uma força a ser temida" com absoluto conforto.
A figura do Doctor como "the oncoming storm" vai surgir aqui, pra desgraça de uma PÁ de aliens que vão cruzar seu caminho. E aliás: se hoje temos a figura de companions fodonas e independentes como Amy Pond, Martha Jones, Donna Noble, Rose Tyler (pelo menos a Rose da season 01) e Clara Oswald: AGRADEÇAM Á CARTMEL e, claro, a uma das minhas companions favoritas, Ace.
Enfim, sabendo que provavelmente a guilhotina ia inevitavelmente descer e, paradoxalmente, contando com a liberdade que tinha, exatamente por causa disso (afinal, a audiência era pequena então, acabou a necessidade de ter que agradar todo mundo), todos os arcos aqui (tirando, talvez, os dois primeiros, que vão se preocupar mais em eliminar a gordura e excessos da era do 6th doctor) poderiam facilmente estar nessa listinha.

Battlefield

Raras vezes conseguiram juntar fantasia e sci-fi de forma tão harmoniosa quando nesse arco. Temos magia, um elemento geralmente delicado de ser sequer mencionado durante a série, que vem através do uso da mitologia Arturiana e sua fusão com uma trama bastante sofisticada que usa o conceito de viagem no tempo de forma bastante eficiente (resumindo, o Doctor descobre que os eventos desse arco são todos realizações de Merlin. E como ser já não fosse o bastante: Merlin não é ninguém mais do que o próprio 7th Doctor, alguns séculos mais velho, garantindo que os eventos ocorrendo ali corram da forma que tem que correr). E aliado a isso temos o retorno do Brigadier, um ultimo aceno pro passado antes do fim. Fim esse que, aliás e ironicamente, vai definir os rumos da série pelas décadas vindouras.

The happiness patrol

Meu problema com a idéia de "desconstrutivismo" é essa coisa meio niilista e "pseudo adulta" que, se vc botar uma lente gigantesca sobre o universo ficcional, tudo vai resultar em algo gritty, edgy e sinistrão e mimimi, visionário zack snyder, mimimi "obras adultas" e....ugh....  "The happiness patrol" é desconstrutivista sim, mas apenas de forma a mostrar como mesmo nos momentos mais tensos, a ficção, as narrativas vão estar lá pra nos ajudar. E também, pra fazer uma crítica feroz a essa aversão estúpida que as pessoas tem de ficar tristes, procurando pela alegria full time, sem pensar que a melancolia e a tristeza tem o mesmo valor e que não, ao contrário do que aquela música imbecil afirma, NÃO "é melhor ser alegre que ser triste". Pelo contrário, se tristeza constante é depressão, alegria constante me parece menos um sinal de felicidade e mais um sinal claro de desespero e certa estupidez. Daí do meu ódio por gente efusiva. Mas divago.
Enfim, com uma vilã controladora e tentando instituir um estado de felicidade constante e obrigatória, socialmente falando (e que é visivelmente inspirada naquela monstruosidade que ocupava a vaga de primeira ministra britânica nessa época), esse arco é a série indo, novamente, all the way in em direção à política, mas dessa vez com um final triste que, paradoxalmente, é reconfortantemente feliz. E com um dos melhores monstros da história whoviana

"...a sweet talking sugar coated Candyman..."

Enfim,  FIGHT THE POWER!!!!!!! Now, let's enjoy the blues......

The greatest show in the galaxy

Doctor who goes full meta!!!!! "The greatest show" é sobre ....Doctor Who. A série.  É a trama mais metalinguística do show até então e uma das mais focadas nele próprio de toda a existencia do programa, pelo menos até o retorno em 2005 quando tanto Russel T como Moffat vão, aqui e ali, brincar com esse tema. Em maior escala, é sobre fazer TV. Ampliando o escopo mais ainda: é sobre arte. Sobre fazer arte. Sobre ter que manter as pessoas, deuses imóveis fruindo passivamente, constantemente entretidas e felizes, tendo que equilibrar perfeitamente referencia ao passado (pq o completamente novo incomoda e demanda um tempo de fruição e maturação posterior que o publico médio geralmente não está disposto a gastar em algo do tipo) e ao mesmo tempo, um olhar pro futuro. É sobre o risco de viver a vida de acordo com a vontade dos executivos que pagam seu salário e, além disso, do fandom, que ao primeiro sinal de algo remotamente desafiador, vai virar as costas e selar o destino da obra em questão, provavelmente fadada ao cemitério de boas idéias que vieram ao mundo cedo demais ou fazendo concessões de menos. É sobre Segonax, planeta onde existe o circo psíquico, um espetáculo "colaborativo" (só pra utilizar um desses termos da moda) onde o publico é convidado a participar do show e entreter uma família tradicional branca cristã (papai, mamãe e filhinha). e aí obviamente vem o twist de que a família em questão é bem mais do que aparenta ser. Bom arco pra assistir junto com o acima citado "Vengeance on Varos"

"I've never done good things... I've never done bad things.. I've never done anything out of the blue...."


Rememberance of the daleks

"The five doctors" é um filme simpático. Mas é ASSIM que se faz uma história homenageando o passado de Doctor Who sem precisar transformar tudo num fanfic masturbatório (eu já deixei claro o quão pouco eu gosto de fanfics, certo?). Temos todos os elementos clássicos da série, do ferro velho à Coal Hill, da data emblemática em que se passa a trama aos vilões, ninguém menos que os Daleks. Mas no meio disso tudo, tem o roteiro esperto que também celebra o que a série é, naquele momento, com o Doctor indo por um caminho mega sinistro pra salvar o dia. E, claro, numa celebração ao quanto o papel das companions evoluiu em todos esses anos, a cena mais clássica desse arco, Ace botando pra foder!!!!!!



Fight like a girl!!!!!!!!!



The curse of Fenric/Ghost light

"Fenric" tem uma trama bem legal. "Ghost light" é meu arco favorito dos 50 anos da série. Incluindo a série moderna (disputando o topo com "Turn Left", "The Doctor's wife", "Heaven Sent" e "Listen"). E ambos tem uma coisa em comum e que fazem deles algo tão especial: são bem menos sobre o Doctor e mais sobre um conceito que vem, devagarzinho desde "an uneartly child", sendo lapidado e que só vai ser plenamente desenvolvido no final da season 09, no ano passado: a idéia do companion finalmente superando o protagonista. O aluno superando o mestre. Ambos os arcos são BEM menos sobre o 7th e bem mais a respeito dos planos que este tem pro futuro de Ace. Fenric é sobre crescer. Ghost Light sobre evolução, progresso e os elementos sombrios de ambos os conceitos. Fenric é sobre sexualidade. Ghost Light, sobre enfrentar seus piores medos e, através da catarse resultante desse choque, se tornar maior que eles.
Fenric é sobre fé, falta e excesso. Sobre os riscos da falta da fé em algo (e, ateu que sou, obviamente não uso fé como sinônimo de religião aqui, só deixando claro) e sobre os perigos dela em excesso, a ponto do nosso herói ter que forçar uma situação onde o único modo de Ace desenvolver todo o potencial que ele enxerga nela é perdendo a fé cega que ela possui no Timelord. Ghost Light sobre a auto indulgencia dos "evoluídos" olhando metaforicamente de cima para os que considera abaixo deles. Fenric é sobre o passado de Dorothy, o trauma dela com o oceano e a relação complicada com a mãe. Ghost Light, sobre o futuro de Ace. Fenric, sobre os dois voltando pra lidar com um inimigo antigo do Doutor, um exército de vampiros e uma questão a respeito do passado da garota.
"Ghost Light"....cara, eu entendo quando dizem que esse arco é hermético. Discordo com força, mas entendo. É, no entanto, esse elemento fractal (aliado ao fato inquestionável de que eu sou um porra de um hipster tênis verde do caralho que adora ir contra a maré) que me soa tão fascinante a respeito da trama. Ainda assim, resumir Ghost Light é um trabalho complicado, mas, let's try it: Ace e o sétimo doutor vão pra 1883 e, mais precisamente, pra Gabriel Chase, uma mansão que vai ter, 100 anos depois, uma importância sinistra na vida da moça. Lá, eles vão ter que lidar com um conspirador armando um plano pra derrubar a rainha Vitória, um neanderthal, uma forma de inteligencia artificial e, cereja no topo do bolo, aquilo que pode ser um anjo com intenções nada gentis para com o resto da humanidade.
Ambos os arcos são sobre a quebra de ciclos como forma de evolução, sob os risco de seguir em frente e os iguais riscos em ser a pessoa arrastando os pés, tentando se prender ao passado e evitar mudanças, E como eu já disse lá em cima, é sobre os primeiros passos de Ace se tornando uma Timelady.

8th DOCTOR




Tricky question, kemosabe. Tecnicamente falando, só existem dois registros audiovisuais envolvendo o 8th. Um sendo o filme de 96 e o outro sendo o curta "the night of the doctor". Mas eu bem disse, "TECNICAMENTE'. Pq, é provável que o oitavo seja o que mais tem material apócrifo focado em suas viagens pelo tempo e espaço. E aí a gente cai no território do universo expandido de Doctor Who, um dos mais férteis e densos dentre os fandons que conheço. Por exemplo: só das novels publicadas pela BBC books protagonizadas por esta encarnação do personagem, temos SETENTA E TRES edições. Audiodramas da Big finish?? Já em torno dos 50 episódios.
HQs? Pelo menos 4 volumes encadernados reunindo as histórias publicadas na Doctor Who Magazine. Aliás, se formos adentrar essa seara, preciso dizer: recomendo pra caralho não só o material estrelado pelo doctor interpretado por Paul McGann mas também o dos demais timelords. Não tudo pq, como sempre ocorre, nem tudo presta, principalmente considerando que tem MUITO livro e audiobook e quadrinhos do personagem. Podem ir com calma, sentindo o terreno com cuidado pra descobrirem quais histórias funcionam e quais não. Um bom ponto de entrada e já publicado em português é o "12 tales for 12 doctors", com 12 continhos curtos, cada um protagonizado por uma das 12 versões do Gallifreyan. Se a barreira da língua não for um problema, pra quem consegue ler bem em inglês tem também uma série de 12 livros comemorando os 50 anos de série que pega um titulo de cada doctor publicado pela BBC Books e junta os 11 (na época) numa mesma box (o livro estrelado pelo 4th doctor, "Festival of death" é muito, MUITO bom). Com relação aos audiobooks, vcs acham um monte no spotify e, se procurarem no tumblr, por exemplo, devem encontrar algumas transcrições do texto que vão facilitar muito na hora de escutar.



Mas pra não dizerem que fui demasiadamente evasivo: eu recomendaria que vcs fossem atrás daquele material que, por estar na mídia em que está, pode brincar com idéias que a série de TV, mais quadradona e com limitações orçamentarias, não utiliza. Por exemplo: "Situation Vacant", audiodrama onde o Doctor inicia uma competição pela vaga de companion. "Relative dimensions", onde vemos um dos reencontros mais aguardados da série. "Lucie Miller/To the death", um divisor de águas dessa fase do personagem e uma das tramas mais sombrias já vividas pelo Timelord. E tudo que veio depois, as quatro séries intituladas "Dark Eyes" e a atual "Doom Coalition" (duas já lançadas, a terceira sai esse mês e já tem a quarta anunciada). Ainda não estou em dia com essa ultima mas gostei do (pouco) que já ouvi. A Big Finish tem lançado muita coisa de explodir os cérebros whovians, incluindo uma série de audios com os doctors clássicos encontrando monstros criados na série atual (ainda não ouvi, mas aguardo ansioso pelo episódio mostrando o 5th enfrentando os weeping angels) além de outra protagonizada pelo 8th e mostrando o timelord se vendo face a face com River Song.




Com relação aos quadrinhos do personagem: corram atrás que vcs acham tanto o material anteriormente lançado pela IDW quanto a atual fase da Titan. com séries mensais do 9th, 10th, 11th e 12th doctors, além de minisséries do 9th, 8th, 4th e, sendo atualmente lançada, 3rd doctor. Tem gente muito legal envolvida nesses gibis (incluindo dois dos melhores roteiristas de hq em atividade atualmente, Rob Williams e Al Ewing).



Acho que é isso. Coloquei links de alguns dos episódios (já legendados em português) pra vcs baixarem. Vou colocando dos demais arcos citados, conforme for encontrando. Com um pouco de paciência vcs acham, via torrent ou algo assim, os downloads da maioria dos arcos além de fansites com legendas da série.

No mais, sejam bem vindos, crianças. Esse fandom tem sempre espaço pra mais gente (it's bigger on the inside, got it?). Se pans, a gente se tromba numa convenção whovian (ainda existe a gallifreycon aqui em SP?) ou algo do mesmo gênero que role por aí (ou, mais provável, na sessão reservada para DW lá na geek.etc do conjunto nacional).

7th doctor. Usando um fez!!!!

Gerônimo!!!!!!!



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