sexta-feira, 18 de novembro de 2016

O homem que queria ser deus.....


"Kanye West Tells a San Jose Concert Crowd He Would Have Voted for Donald Trump, if He Had Voted"

Sempre que eu vejo Kanye West falando ou fazendo merda, eu tenho que me obrigar a lembrar da obra artística dele e do quanto o homem é uma das figuras mais instigantes artisticamente falando, dos dias atuais. Ok, existe certo contexto na frase acima (pelo que eu vi no texto de onde essa manchete saiu, a idéia é que West vê a ascensão do candidato Republicano como um meio de trazer à lupa a questão do racismo internalizado - well....mais ou menos - norte americano. Afirmação parecida com a usada pra descrever a política brasileira, vejam só, onde o ganho de força da neo-direita, pelo menos, serviu pra tirar os reaças Bolsominion das tocas, permitindo, pelo menos, certo nível de confronto) mas ainda assim, eu sei, é fácil perder o foco em meio às suas famosas egotrips (estamos falando de alguém que publicamente defendeu a inocência de Bill Cosby, imediatamente após a famosa matéria reunindo quase 4 dezenas de mulheres que afirmaram ter sido abusadas pelo comediante). Mas, sendo esse caso, convido os senhores a lerem esse texto do The Quietus que disseca a vida e obra do rapper (pq, de sua produção musical à suas declarações públicas, de sua linha de roupas à seu casamento com Kim Kardashian, tudo na vida de Kanye é uma pecinha desse quebra cabeças bizarro, ora fascinante, ora grotesco, que é o projeto artístico no qual ele transformou a própria existência). 
E eu admito que é algo de fascinante, ao mesmo tempo mórbido ve-lo em ação: um projeto de deus pop, ao mesmo tempo o pináculo máximo de arrogância e uma insegurança que beira o infantil (lembram do - e grossas aspas aqui - "escândalo" envolvendo ele e a ex, Amber Rose, no twitter, uns tempos atrás?). Pretensão (e quem lê esse blog faz tempo já sabe que pretensão NÃO é um defeito segundo este humilde urso, pelo contrário. Pretensão é o material do qual a Arte é feita) e trevas. Uma quantidade de energia criativa quase suicida aliada à uma mais que saudável dose de auto-consciência e capacidade de rir de si mesmo (afinal, lembremos, ele compôs "I am a god" e "I love Kanye").



Supondo que ele sobreviva à tendencia auto-destrutiva quase "ourobourica" que, citando a matéria do the Quietus, está fazendo-o oscilar, de um "Dorian Grey" pra um "Macbeth", vai ser fascinante ver pra onde sua obra vai. Pq, não tenham dúvida: apesar dos desvios no caminho, Kanye West sabe exatamente aonde quer chegar.  Só resta saber se ele vai conseguir se tornar o Deus que ele piamente acredita que está destinado a ser ou se vai acabar se transformando em apenas mais um Ícaro que não sobreviveu à própria húbris e terminou voando perto demais do sol. 

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