sexta-feira, 15 de julho de 2016

Lucha Underground: Season 01


Me digam se essa situação soar familiar pra vcs: então, um dia, quando mais novos, vcs estavam diante da tv e viram um desenho, um episódio de anime, algo assim. Talvez um ep. da série da JLA, talvez Dragon Ball Z, algo assim. E vcs curtiram pra caralho.
E pensaram: "hmmmmmm....quero continuar essa experiencia. O que de parecido eu encontro?"
Então, vcs descobrem que aquilo se insere como parte de uma industria... Aquele desenho? Só um anime entre milhares. O cartoon ou seriado de super heróis? Só mais um sub produto de uma industria de mais de um século de existência. Aí vc vai pra uma loja especializada, se tiver a sorte de morar num grande centro urbano. Em caso contrário.....well...... torrent tá aí pra isso. Mas divago: nessa loja, vc compra uma batelada de dvds de animes e mangás e quadrinhos. Aí, começa a fase de dúvidas

"mas....é invertido?"
"pq os personagens tem gotas na beça e sangram pelo nariz?"
"Pq demonios o Batman não aparece nas histórias dos Vingadores?"



A partir daí é tempo e imersão dentro desses universos. Tomando como exemplo minha própria formação de leitor de hqs norte-americanas: comecei por causa da série do Hulk. Daí, caí no começo da clássica fase do personagem com o Peter David nos argumentos. Em algumas histórias, apareciam os X-men e o Homem Aranha, então, vamos atrás de gibis de ambos..... e daí...bom, o inferno é o limite.... :-)

Foi mais ou menos assim com meu retorno à luta livre. Assisti um tiquinho na adolescência, como já descrevi em outro post e, alguns meses atrás, depois de assistir o combate de estréia de Shinsuke Nakamura na NXT, voltei de vez a acompanhar. E aí, como já me é característico, eu fiquei obcecado.



Tem uma pasta com centenas de GB de tamanho no meu hd externo designado pra isso, apenas com documentários e lutas clássicas da WWE. E, justificando o preambulo acima,  tb com coisas de outras companhias. 
Todo mundo começa, por causa do tamanho dessa besta, com a network regida por Vincent Kennedy MacMahon. Do mesmo jeito que todo mundo começa, nas hqs, com Monica e Disney e Marvel e Dc. Pelo tamanho gargantuesco dessas industrias, é o que vc acha com mais facilidade.
Passado algum tempo, me peguei pensando....."e as opções? Existem?" Aí foi achar a tonelada de siglas.
ROH (Ring of Honor), TNA Impact, NJPW (New Japan Pro-Wrestling), PWG (Pro wrestling guerrilla). ..... e daí pro Lucha Underground, foi um pulo.... 



Tô querendo fazer uma sessão fixa aqui no blog com textos pra introduzir o pessoal que não conhece a certos produtos de cultura pop que tem uma mitologia grande o suficiente pra assustar e o universo do pro-wrestling é um dos candidatos a primeiro tema. Por hora, no entanto, vamos nos limitar a: exibido na EL REY Network, o mítico canal megalovax foda de Robert Rodriguez, o programa é tipo um seriado fantástico sobre luta livre.
Sim, eu sei, vcs poderiam dizer o mesmo da WWE (porra, tem um feiticeiro zumbi como um dos principais nomes entre os lutadores de lá) mas aqui o lado dramático da coisa é acentuado. Ao invés de feuds construídas com ceninhas de bastidores como ocorre de vez em quando em algumas das companhias americanas de wrestling, aqui, temos um lore mais denso, com cenas de bastidores e tramas gravadas externamente. A mitologia aqui é bem quadrinhesca, cheia de heróis, vilões e personagens que oscilam entre um e outro. Existem alguns plots principais e outros subplots, alguns ja pensados desde o começo e outros improvisados no caminho. 
E claro, nada disso seria viável sem bons personagens. Vejam bem: não apenas bons lutadores, mas personagens carismáticos, capazes de vender as lutas de forma convincente e de manter o publico interessado em suas histórias individuais. 

"do you love violence?"



Na trama de Lucha Underground, tudo começa com Dario Cueto, dono da bagaça e principal promotor dos combates, recrutando luchadores enmascarados para seu templo, onde deverão enfrentar uns com os outros em nome de um grande premio. A partir desse fiapo de história, a série faz mágica.
Graças às máscaras típicas da lucha libre mexicana, o negócio ganha ares super heroísticos, reforçado pelo elemento totêmico associado aquelas figuras (percebam como os grandes arquétipos ali evocados são de forças naturais como pumas, dragões, fênix e outros animais, além de conceitos como o caçador  - King Cuerno -  e até abstrações primais como a própria morte, personificada em Mil Muertes, o grande vilão da história). 
Temos grandes plots inicialmente: 
- A ascensão de Mil Muertes
- A cruzada pessoal de Pentagon Jr.
- Os objetivos secretos de Dario Cueto.



Como disse, além dessas, temos os subplots, sendo, o principal entre eles, o de Puma, galgando os primeiros degraus pra se tornar um herói, quase como se o que vemos no seriado fosse sua história de origem. Entre os plots surgidos no meio do caminho, vemos o estrelado por Son of Havoc, Angelico e Ivelisse e aqui temos uma das principais diferenças entre o LU e a WWE: a quase inexistência de jobbers.



Pros neófitos: Jobbers são aquela galera que aparecem num combate apenas pra apanhar. A peãozada desconhecida que geralmente só aparece pra fazer hora durante um evento. No universo dos animes, combates com jobbers seriam equivalente aos fillers.  Não existe um único maldito personagem em LU que não ganhe densidade com o tempo.



Figuras como Macky, Killshot, Marty the moth, Jack Evans e mesmo Cage, que parecem ser apenas caricaturas de minions, anti heróis e até mesmo vilões, vão ganhando peso e nuances (serem estupidamente carismáticos com certeza contribuiu a favor da causa deles).



Havoc, por exemplo: começou como um puta alivio cômico, ridicularizado. Diabos, ele enfrentou um anão em um determinado episódio. E, spoiler alert, PERDEU.



Mas aí vem aquele elemento do underdog. da história de superação que todo mundo curte, aquilo que eu chamo de "efeito Daniel Bryan". E boooooommmm.....O luchador barbudo terminou a season 01 como um dos principais nomes entre o rol de luchadores do programa. O caso de Pentagon Jr. tb é curioso, já que o personagem deveria, em tese, afastar, alienar o publico. E no entanto......



Já falei demais do programa. Poderia listar os personagens, mas como disse, não tem jobbers aqui, o que me obrigaria a listar todos, literalmente, TODOS os lutadores, um por um e é mais fácil vcs irem pessoalmente atrás do negócio e irem descobrindo um a um, no seu devido tempo.
Com locução de Matt Striker e da lenda Vampiro (jesus amado, esse cara já lutou contra o Sting) a série encerrou essa semana sua segunda temporada e já foi renovada para a season 03, provavelmente estreando no final desse ano ou comecinho de 2017. 
Caso ainda não tenha conseguido convence-los, listo meus 5 momentos favoritos a seguir e a awesomeness deles deve completar o trabalho. E creiam-me, o negócio é provavelmente meu seriado favorito dentre todos que atualmente vejo, e isso deve querer dizer alguma coisa. So..... let's go?

The Mack 3:16



O evento rolou num dos combates nos dois episódios especiais que fecham a temporada, entre Mack e Cage. Eu já disse isso aqui zilhões de vezes mas, como ocorre em todo fandom que gira em torno de uma mitologia mais velha (e a luta livre como conhecemos já tem mais de seculo de existência, como mencionei rapidamente no prólogo da maratona do Santo), pro-wrestling tb envolve toneladas de tradição. E os tempos mudaram desde a Monday Night War, quando a WWE  e a finada WCW disputavam, cabeça a cabeça, a audiência nos EUA. Portanto, não só aqui se celebra constantemente a longa historia do pro-wrestling americano como, inclusive, tá liberado uma refrerência mega rasgada: num dos momentos que fecham o combate, Mack aproveita pra homenagear o lutador mais popular do mundo com seu golpe mais característico: o Stunner. ALL HELL BROKE LOOSE!!!!! STONE COLD!!! STONE COLD!!!

Angelico flies

Jesus amado, só vejam isso: 


Coisa mais bonitinha do mundo Striker e Vampiro perdendo a compostura diante da fodacidade do que vemos acima....

Nem comentei isso, mas LU não tem divisão feminina. As lutas são mistas, com homens e mulheres saindo na porrada (e, devo dizer, em pé de igualdade, salvo exceções que chamam a atenção exatamente pela diferença de dimensões entre os combatentes) que é outro ponto legal que bota o programa à frente do RAW/Smackdown (que, só recentemente, pra ser justo, mudou o título de sua divisão feminina, anteriormente chamada de "WWE DIVAS LEAGUE" pra "WWE WOMEN'S CHAMPIONSHIP"). Esse fator, somado ao carisma monstruoso do trio, fez da aliança entre Angelico, Havoc e Ivelisse um dos carros-forte do campeonato.



Fenix vs. Mil Muertes (grave consequences)



O avatar da morte vs o homem que usa como escudo a ave incapaz de morrer. Só podia ser um combate do grandessíssimo caralho. E com um twist: como o nome do ep. deixa a entender, é um caskett match. Vence aquele que jogar a carcaça do coleguinha oponente dentro do caixão deixado ao lado do ringue e fechar a tampa. 

Puma vs Johnny Mundo (iron man match)




Johnny Mundo surgiu como o segundo potencial herói da série e possivelmente um parceiro pra Puma. Mas aí, no meio do negócio, decidiram espertamente explorar a rivalidade entre ambos e o feud entre os dois foi criado, culminando nesse episódio reservado exclusivamente pros dois lutarem. Por uma hora os dois se enfiam a porrada e ganha quem conseguir o maior número de pinfalls ou submissions. Eu, particularmente, como tb já afirmei antes, tenho certa preferencia pela escola mexicana de luta livre por causa da agilidade e do equilíbrio quase perfeito entre força e velocidade e essa luta exemplifica isso muito bem. Um clássico!!!! Só perdendo pra......

Vampiro vs Pentagon Jr. 




Jesus mothafucking Christ..... Não quero falar muito pra não soltar spoilers (spoilers de luta livre, sim, afinal, estamos falando de um programa igualmente plot e character driven) mas o feud entre ambos me pegou completamente de surpresa. Quando o avatar do "Cero Miedo" foi quebrar o braço de Sexy Star e o locutor subiu no palco, confesso, o braço arrepiou. De novo: THIS MOTHAFUCKING MAN LUTOU CONTRA O FUCKING STING!!!!!!!

Tá liberado tacar fogo no amiguinho...
Não uma, nem duas vezes.... E um dos combates foi numa fucking cela de metal, então, vcs vão entender pq a imagem do lutador dentro de um ringue de novo, depois de uma década sem lutar e de todo um conjunto de momentos difíceis e vitórias pessoais (Vampiro sobreviveu a DOIS canceres, um no estômago e um no cérebro, que surgiram simultaneamente. Falemos de corpo fechado!!!) tem um puta peso simbólico.
E, sendo eu o fã de Mick Foley que sou, adorei que a luta seguiu pelo caminho das extreme fights, com muita tachinha, muito combustível inflamável e sangue pra caralho!!!! Não foi um combate dos mais ágeis, mas o que o confronto entre os dois não teve de velocidade, teve de peso dramático e puro gore/brutalidade e, pra mim, funcionou maravilhosamente bem.



Já to na season 02 e adorando, com uma mudança de tom nos plots principais, consequência direta dos eventos do season finale passado. E esperando ansioso pela estréia, nos ringues do LU, de um dos meus wrestlers favoritos, Rey Mysterio
Não sei como assistir isso por meios oficiais, então, corram pras baías piratas preferidas entre os senhores que o negócio é firmeza.



Ah sim: uma coisa que eu acho legal do programa é que o episodio sempre abre com uma apresentação musical de algum grupo ou artista mexicano o que é bem maneiro já que me apresentou a nomes tão díspares quanto Amandititita, Mexican Dubweiser, Mexican Institute of Sound e Sergio Mendoza y la Orkestra, todas bandas bem bacanas e todas facilmente encontráveis nos Spotify da vida. :-)

E isso que eu nem falei de um dos mais legais ali, o DRAGO!!!!!!!

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