terça-feira, 19 de julho de 2016

The real deal....(ou: um desabafo disfarçado de reflexão pop)






Tirado de "Amazing Spider Man V.02 #32 de Agosto de 2001". Historia concebida pela minha equipe criativa favorita em todos esses anos lendo histórias do alter ego de Peter Benjamin Parker: J. Michael Straczynski nos roteiros (e sim, eu tenho certo orgulho em saber escrever o nome do escritor sem precisar olhar no google) e John Romita Jr. (meu desenhista favorito) na arte. E com capas do sempre awesome J. Scott Campbell
Toda minha visão de mundo se sustenta em cima do conceito acima teorizado por Ezekiel e eu levo isso comigo  cada dia: existem aqueles que tem acesso direto à fonte, os criadores. Gênios, por falta de um termo melhor. Não apenas por causa de talento, mas deste aliado a uma quantidade obscena de trabalho duro.
E existem as rêmoras.. Aí eu vejo um monte de artista criativo, redefinindo as mídias onde eles se inserem. Talento genuíno, daqueles que merecem ser celebrados por eras e discutidos. E do lado desses, com muito mais sucesso e reconhecimento, essas sanguessugas, diluindo o material bruto que essas primeiras mentes concebem, prostituindo tudo isso e recebendo atenção e tapinhas nas costas de gente igualmente medíocre. É por isso que, citando um exemplo que eu sempre uso, Two and a half man durou por umas 4 eras geológicas enquanto seriados como Hannibal, Community e Millennium penaram pra conseguir a curta vida que tiveram. E por isso que eu vejo gente mega talentosa tendo que trabalhar oito horas por dia num emprego de merda enquanto fazem arte do jeito que dá, quando podem, de forma guerrilheira e aos trancos e barrancos enquanto farsantes, vejam bem, FARSANTES ganham loas na base do grito, da cacofonia e da adoção de uma postura supostamente formal. Pq qualquer imbecil hoje em dia com acesso à internet pode posar de "formador de opinião", principalmente se conseguir ter um domínio mínimo de retórica (eu que o diga). 
Mas, se algo me motiva, é saber que, no fundo, lá no fundo, esses arremedos de artista sabem que eles não são grande coisa, que os elogios são vazios e que no fundo, os incentivos são só um "vá lá, deixa o coitado tentar" dito de forma mais gentil. 
Desculpem o tom críptico, mas alguns sites que eu curtia pra caralho decidiram encerrar atividades e saber que tem gente sem 1/10 do talento destes pagando de "vozes de uma geração" por aí é algo que faz meu sangue ferver..... Mas no final das contas, citando Sandman: "o tolo pode até ter seu momento de glória apontando que o rei está nu. Mas no final, o tolo continua o tolo e o rei continua sendo o rei".  Eu gosto de pensar que esse ato de capitulação é só aquele momento de dúvida que todo herói em formação passa e que isso ainda vai ser motivo de riso no futuro, quando as coisas voltarem a seus eixos, os artistas de verdade voltarem a conceber seu trabalho e eterniza-lo enquanto os farsantes ganham o justo tratamento que a distância histórica propicia e são apropriadamente julgados, ridicularizados e esquecidos. 
Por isso que Milli Vanilli hoje em dia só ganha atenção em festas trash, por isso que o jogo estilo "just dance" do Black eyed peas já pode ser encontrado nas bancas de saldão das Lojas Americanas por menos de 10 reais. Por isso que material que cunhou pra si mesmo adjetivos como "clássico" e "épico" e "símbolo de uma era" é revendido em sebos antigos por menos de 50 centavos cada edição.
Pq o material original sempre vai ser the real deal. E o resto? Um bando de ovelhas balindo, tentando ganhar atenção no grito.....

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