quinta-feira, 31 de julho de 2008

Being Victor Von Doom - Parte I



Ok, uma pergunta meramente filosófica: de onde vem o mal?
Qual a gênese dele? Não do conceito abstrato, estou me referindo sim ao mal como escolha individual, pessoal.
Mais precisamente, quais as motivações que levam uma pessoa a seguir o caminho da destruição em vez de um caminho ligado à valores associados ao “bem”?
Nietzche dizia que o bem e o mal eram meramente conceitos criados pelos povos oprimidos da história, de forma a diferenciá-los de seus opressores. Hoje em dia temos a compreensão de que o mal, aquele que se manifesta em um sujeito por meio do egoísmo, violência, etc, está associado a fatores socioeconômicos e, quando muito, psicológicos.
Posso deixar a pergunta um pouco mais difícil?
O que faz com que um humano decida se especializar de tal forma no mal, que ele não será conhecido apenas como um vilão ou um malfeitor, mas um SUPER-vilão?
Muito embora esse texto se refira a um vilão dos quadrinhos, sabemos que já existiram pessoas no nosso mundo que poderiam muito bem se encaixar no conceito. Hitler, Pol Pot, Stalin, Milosevic, etc, etc. O que motiva alguém a se tornar um verdadeiro arquétipo do conceito de maldade?
Como eu disse, esse texto vai se centrar em responder essa questão sob a perspectiva dos quadrinhos. Sim, pq foi-se o tempo em que os vilões queriam apenas “dominar o mundo”. Vivemos tempos complexos onde até os outrora bidimensionais e escapistas personagens dos quadrinhos precisam de motivações plausíveis, de forma a não incorrer no ridículo do vilão que é mal simplesmente pq é mal e ponto.
Pensando assim, vamos ver alguns casos específicos.
Se perguntarmos “O que é o mal?” para vilões como Ra’s Al Ghul ou Galactus, o devorador, provavelmente eles responderiam que “bem e mal são meramente questões de perspectiva”. Ra’s, inimigo do Batman, quer o bem para todos, pretendendo criar uma sociedade utópica. Infelizmente, parte vital desse processo é o extermínio de 80% da humanidade, o que o demônio considera apenas como “redução do rebanho”.
Quanto ao gigante devorador de planetas, ele nunca se considerou mau. Pra quem não sabe, Galactus é um ser cósmico semi-onipotente que data de um mundo pré-big bang.
A explosão que deu origem ao universo o atingiu, transformando seu organismo, conferindo-lhe poder inimaginável, mas a um alto custo: Para se manter vivo, ele teria que se alimentar da energia de corpos cósmicos inteiros (planetas, estrelas, etc.) deixando no lugar um planeta e/ou estrela morto. O semi-deus prefere consumir planetas desabitados, mas em circunstancias em que sua fome se mostra fora de controle, ele vai devorar o primeiro corpo celestial que encontrar, habitado ou não.
Isso faz dele mau? Bem, como ele mesmo já disse certa vez, “se pra sobreviver, vc tivesse que pisar num formigueiro até destruí-lo, vc hesitaria em fazê-lo?”.
Para vilões como o Coringa, por exemplo, a maldade é meramente uma “saída de emergência”, uma resposta a um mundo caótico, aonde a falta de senso de...bem, de qualquer coisa, é a única resposta sã.
Vamos deixar as coisas mais complicadas ainda? Ozzymandias, o “vilão” de Watchmen. Se formos tentar entender conceitos de bem e mal a partir dele, provavelmente vamos perceber a camada de gelo fino na qual caminhamos. Para salvar o mundo, ele dá origem a uma cadeia de eventos que vai levar a morte de 100 mil pessoas. Mas ele consegue alcançar seu propósito. 5 bilhões e 900 mil pessoas salvas ao custo de 100 mil. Pelas perspectivas éticas clássicas, “o bem estar de muitos é mais importante que o bem estar de poucos”, logo, Ozzymandias realizou um ato nobre..... mas..... 100 mil pessoas. O que impressiona aqui? O fato de vidas inocentes terem sido perdidas ou os números? Se fosse uma única pessoa morta, isso seria válido?
Afinal, Adrian Veidt (a identidade “secreta” do “vilão”) é um santo ou um demônio?


“e qual o ponto que vc está tentando provar, tio Hak?”

Bom, little John, esta introdução gigantesca tem como objetivo apenas falar a respeito de “LIVROS DE DESTINO”, encadernado reunindo as 6 edições de “Books of Doom”, mini-série de Ed Brubaker (roteiros) e Pablo Raimondi (desenhos), que propõe uma viagem na cabeça de VICTOR VON DOOM (o Dr. Destino) e entender um pouco mais as razões que o levaram a se tornar o (aham, atenção para o negrito, itálico e demais efeitos): MAIOR VILÃO DO UNIVERSO MARVEL. Em forma, de biografia (narrada para um personagem que só aparece no final da história), conhecidos (e o próprio Von Doom) falam sobre sua vida, e os passos galgados até o trono.
Filho de pais ciganos, Victor descobre ainda jovem que sua mãe foi uma bruxa, ligada á magia negra, e que teria utilizado tal recurso para eliminar os homens do então monarca da Latvéria (o Barão Vladimir, que depois chegou ao trono). O custo, no entanto, foi desastroso, e a feiticeira terminou morta pelos aldeões locais e sua família, perseguida pela população (o que se revelaria apenas o começo de sua tragédia, já que a alma da mãe de Von Doom foi condenada ao inferno.) E é aí que vemos como o autor apresenta o destino e as escolhas feitas antes mesmo de seu nascimento, como os principais responsáveis pelo homem que Destino se tornou. (como o post ficou imenso, voi dividi-lo em dois)

Nenhum comentário: