segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Rebuild of Evangelion - 1.11 e 2.22





Sério agora: tem duas formas de enxergar os novos filmes pra cinema que recontam a saga de Evangelion. Ou pelo menos, num primeiro momento: a de que a) estão tentando espremer o máximo que dá da franquia ou b) Isso na verdade é o Anno tentando recontar a história da série direito, usando uma caralhada de dinheiro e os efeitos especiais disponíveis hoje em dia pra isso. Pq, por mais que eu goste pra cacete da primeira série, convenhamos, é visível a falta de dinheiro ali (e é muito legal como a equipe de produção usa essas limitações de formas muito criativas, como a clássica cena do Kaji e da Misato na cama). 
E..... bom.... eu só posso me basear no que eu vi aqui e devo dizer algumas coisas: 
Primeiramente, eu senti uma puta falta das, por falta de termo melhor, viageiras psicológicas do Shinji e dos demais personagens. Tem um ou outra pontualmente colocada ali, mas obviamente, pelas limitações de tempo, a coisa é mais diluída. Os comentários de que os filmes seriam feitos de forma a serem mais acessíveis que a série meio que são verdade..... meio que. Sim, a maioria dos personagens discute os aspectos mais espinhosos do universo de Evangelion (a natureza do projeto da instrumentabilidade, a relação entre os humanos e os anjos, a real natureza dos Evangelions e até pontos que eram meramente sugeridos anteriormente, como a possibilidade da presença de almas humanas em cada uma das 3 unidades de batalha) de forma bem mais expositiva do que na série original. Além disso, como já dito, a carga psicológica é um pouco amenizada em prol da ação, mas nada que desfigure a história. O Shinji ainda é um banana, a Asuka ainda tem a fachada de durona mas com interior todo quebrado e a Rei ainda tem suas crises de identidade enterradas em uma fachada semi-autistica. 

Apocalipse all over again.


Segundo: Os efeitos especiais são lindos. Sério, eu tive dificuldades de rever o longa que encerra a série depois de ter visto os dois filmes. Cada um dos anjos parece mais um conceito abastrato com forma física do que uma criatura viva (coisa que já tinha na série, mas os efeitos 3d elevam isso de forma épica). Meu preferido é o sexto anjo, que parece uma fractal em constante mudança de forma. 
Terceiro: eu fiquei sentindo muito que eles tinham que refazer a série sim, mas não em forma de filmes, mas de uma nova série de 26 episódios, recontando a história do original e com os efeitos atuais. Eu mataria pra rever essa história, agora reunindo os recursos dos filmes com a densidade emocional e intelectual da primeira série.
E por ultimo: Tudo isso acima é válido e tals, mas é incrível como vêm o segundo filme e manda tudo pro cacete. 
Ok, a partir daqui, spoilers. Pesados. Mesmo. Sério, eu não tô brincando

.... ainda aqui?

Ok.

Então, tava lá vendo o primeiro filme, maneiro, etc. Aí aparece o Kaworu, meu personagem favorito. E ele olha pra Adão e manda "novamente a terceira criança?"

Kaworu diante de Adão: whatta fuck??


E eu... woooow...
Aí a Misato leva o Shinji pra área proibida dentro do Geofront, e revela o anjo cativo ali. E vc vai lá, achando que já viu aquilo e aí, ela manda... "Esta é Lilith, fonte de toda a vida da Terra".
WAIT, WHAT??????
E vão se juntando detalhes, e o sobrenome da Asuka é outro, e as águas dos mares são vermelhas (como no final de "The end of evangelion") e aí.... aí eu fiquei com a nítida impressão de que o Anno está preparando a mãe de todas as trolladas: a de que essa série não é um reboot da série original, mas uma continuação direta. De alguma forma, uma espécie de time-looping onde os personagens estão presos esperando que algo aconteça de forma a corrigir algo que aparentemente estava errado. Manja o dia da marmota ou, pros fãs da Haruhi, o infame "Endless eight"? Então, mais ou menos isso. Impressão essa reforçada pelo título do terceiro filme: "Evangelion 3.33 - You (cannot) redo". Qual seria o catalisador de uma possível timeline alternativa: algo que o Shinji fez ou deixou de fazer? Talvez, a instrumentabilidade que deveria ter ocorrido e o impedimento da evolução humana foi uma falha de tal gravidade que a história está se reescrevendo até correção desse desvio. Ou seria algo relacionado a algum dos demais personagens? Perguntas e mais perguntas.... 
Da forma que termina o segundo filme (com o Kaworu no Eva 08, atirando a lança de Longinus no Eva 01, impedindo assim o que parecia um inevitável terceiro impacto) a história pode seguir pra qualquer lado, desde um que, apesar das particularidades, siga mais ou menos o rumo original, ou....... 
.....ou algo completamente diferente. E é pra esse lado que eu acho que a história vai...

Mari, a nova personagem



Outros comentários pertinentes: Eu fui achando que ia odiar a tal nova personagem, Mari. E nem rolou. Na verdade foi absolutamente o inverso. Eu acho que Mari pode se tornar um personagem central dentro da "nova" trama (embora muito pouco tenha sido mostrado dela. No ponto em que estamos, ela não tem muita densidade, funcionando como uma personagem cujo "core" é ser um piloto de Eva e pouca coisa além disso...bem, além de ser badass pra cacete. O que foi a menina fazendo o Eva dela entrar em modo "Berserker"? Um momento bem "massavéio" feito pra agradar a platéia e que, devo dizer, funcionou comigo). Talvez o desenvolvimento dela corra de forma paralela ao de Kaworu que, pelo trailer lançado recentemente, vai ocupar um papel central no próximo filme. E aí tudo descamba pro quarto e último filme do Rebuild, e vai ser fascinante ver em que ponto ele vai largar os personagens, tanto em termos de história quanto em seu papel na cultura pop mundial. 
Minha única crítica vai ao excesso de fan-service. Incomoda um pouco ver meninas de 14 anos nuas ou em posições meio ginecológicas, mas .....bem, fazer o que, exigências de mercado. O otaku babão gosta desse tipo de coisa, e como já dito acima, Anno tava disposto a fazer concessões pra uma maior recepção.
Enfim, gostei pra cacete do que vi, os efeitos são lindos, a história, mesmo menos densa ainda é pesada pra cacete - não coincidentemente, minha cena favorita é uma passada quase que inteiramente dentro da cabeça do Shinji e da Rei, quando o piloto do Eva 01 tem que resgatar a menina, aprisionada com seu Eva dentro de um dos anjos. Vemos a coisa de duas perspectivas, a literal, com a unidade 01 entrando no corpo do anjo, mas também de forma metafórica, onde um Shinji inseguro, mas determinado, tem que se esgueirar por várias camadas até alcançar Ayanami e traze-la de volta pro mundo real. Simbólico pra cacete, não? -  e tem potencial pra ser algo quase tão mind-fucker quanto a da série original, então, escutem alguém que é fã incondicional de Evangelion, podem ir assistir sem medo. 

Segue o trailer de "Evangelion 3.33 - You (cannot) redo.


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