segunda-feira, 4 de abril de 2016

A ultima aventura do Pérola Negra



Então...... depois de alguns meses morando no meu ex-quarto na pensão localizada exatamente á frente da minha atual residencia, meu irmão achou um lugar pra morar que atendia melhor às suas expectativas (e quem já morou numa pensão só pra homens sabe que não é difícil ter suas menores expectativas reduzidas à pó). Blz, fui pegar alguns dos meus pertences que havia deixado lá, com ele, depois da mudança. E um deles era um velho gabinete branco de um computador, morto há eras, atualmente usado apenas como apoio para coisas. E eu que sou completamente avesso à idéia de nostalgia, me peguei, tal qual Anton Ego ao mordiscar sua primeira garfada de ratatouille, de volta à uma época em que aquele computador do milhão (deus do céu) era minha janela pro mundo. Presente dos meus pais lá pelos idos de 99/2000, o Pérola Negra foi meu segundo computador pessoal e provavelmente meu ultimo, ja que atualmente I'm a notebook kind of guy...
Dizer que mesmo nos seus primeiros dias ele era bastante lento seria um eufemismo dos mais baratos. De qualquer maneira, ele mudou minha vida. Simples assim. Sem ele, não teria embarcado nas primeiras madrugadas nas salas de HQs de chats no Zaz/Terra onde conheci algumas pessoas que podem não fazer mais parte do meu círculo de amigos mas que foram fundamentais em um determinado momento. Sem ele, não teria entrado na lista de discussão de Friends (sim, a série do Chandler) onde conheci minha melhor amiga. Amiga essa que me avisou sobre um cursinho popular pra pré-vestibulandos aqui de SP. Que me ajudou a entrar na USP. Portanto, sem o Pérola Negra, eu não teria a vida que atualmente tenho, que pode não ser perfeita, mas que pelo menos é fruto das minhas escolhas pessoais, dos meus acertos e erros. 
E obviamente, se não fosse pelo Pérola negra, justificando o nome escolhido para meu computador, eu não teria tido acesso ao Napster e suas variações, que me apresentaram toneladas e toneladas de pirataria que me tornaram o nerdão que eu sou hoje. 
Fim do flashback. Pensei, por um segundo, em reaproveitar pelo menos o gabinete e remontar um computador do zero usando a carcaça do Black Pearl, mas..... you have to let it go. 
Peguei o bichão e deixei na frente da pensão, pra ser recolhido pelos lixeiros, e desencanei.
Fui me despedir do meu irmão e quando vou me virar pra voltar pra casa, vejo um rapaz com o Pearl no ombro, levando ele embora, provavelmente pra vender a carcaça dele naqueles lugares que compram metal por quilo. E o mais perfeito, finalzinho de tarde, zona leste de sp, então, pela posição da rua onde moro e pelo rumo tomado pelo supracitado moço em questão, a ultima imagem que eu tenho do Pearl realmente foi ele rumando em direção ao por do sol. 
Ri sozinho, bati uma continência tímida em sinal de respeito e voltei pra casa... 

Slainte, Pérola negra. Um ultimo gole de rum (ok, de café, pq é o que tem pra hoje) aos amigos caídos.... :-)

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