sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Relicário: Sobre aliens e reis. And also, Lunella. E Squirrel Girl.

Há dois anos, eu resenhei o número 1 da hq do Pantera Negra lançada em 1998, sob a batuta de Christopher Priest e Mark Texeira. 
2 fucking anos.
Depois eu não entendo pq essa porra de blog ainda não dominou o mundo...

...enfim, hora de voltar pra série. A intenção é resenhar até o final, mas não vou prometer nada pq vcs sabem como eu sou ótimo pra cumprir minhas promessas de pauta.
Enfim... 

Black Panther #2 a #4



A trama continua, com T'challa tentando descobrir quem foram os responsáveis pelos eventos que levaram a completa corrupção da Tomorrow Fund, corporação sem fins lucrativos operando em solo americano criada pelo governo Wakandiano. E como dito na resenha anterior (2 fucking anos...), toda a onda de chorume atingindo a vida do monarca africano era OBVIAMENTE um plano para força-lo a sair do território natal, a beira de uma guerra civil, e permitir que os conspiradores façam suas jogadas. 
Após algumas horas de investigação, alguma violencia justificada e mais alguns violentos golpes contra a dignidade do agente Ross (incluindo uma luta contra strippers numa piscina de lama), T'challa finalmente consegue o nome, e somos apresentados a um dos meus personagens favoritos da série: o Reverendo Dr. Michael Ibn al-hajj Achebe.



Ou, citando os personagens da série "um Desmond Tutu do mal". Priest afirma que se inspirou em Hans Gruber e Hannibal Lecter pra conceber a personalidade do vilão e boy, oh boy, a afirmação faz sentido. Achebe não é nem de longe um porradeiro, pelo contrário, mas é seguramente a criatura mais perigosa em Wakanda. Um Littlefinger ainda mais inteligente e diabólico, pros fãs de Game of Thrones poderem criar uma imagem mental. LITERALMENTE diabólico, já que os mitos a respeito de sua origem envolvem um pacto satânico. Vejam bem: tem uma guerra étnica rolando num país que faz fronteira com Wakanda, Ghudazan. Esse filho da puta não apenas está utilizando o conflito para estabelecer-se politicamente. Oh, não, estamos falando de um nível acima: o lazarento CONCEBEU o tal conflito. Tava nos EUA, voltou pra lá e tocou o terror politicamente até a chapa esquentar. Quando a merda explodiu, Achebe foi um dos que pediram refugio no país de T'challa. Esse é o nível de mastermind do qual falamos aqui. Alguém capaz de dar origem a eventos que vão resultar na morte de centenas de milhares de pessoas, sem ter que mover um dedo de forma direta pra faze-lo. 
E como se não bastasse, temos que lembrar que um outro personagem importante nesse momento da trama, é o diabo.
Sério.



O gibi ganha um ritmo opressivo, onírico, de pesadelo, com Tchalla sendo confrontado por forças muito maiores que as dele próprio. Não completamente estranhas a ele, como vamos perceber futuramente, mas ainda assim. O tom, perturbador num nível que beira o terror, me lembrou em vários momentos o do clássico "Coração Satânico", com o rei de Wakanda no lugar de Harry Angel. 
A arte de Texeira, suja, com um pé no real mas quase expressionista, funciona maravilhosamente pra criar o ambiente ora real, ora fantástico experienciado pelo protagonista. 
Após ser tentado e sair com sua alma ainda ilesa (dentro do possível, afinal, ele é um rei), o vingador volta para o apartamento de Ross, onde ele e o demônio o esperam. 
Ao final da edição 4, Wakanda está sob regência de Achebe, o país a beira de uma guerra civil e considerando tudo, este nem é o pior dos problemas do super herói, já que ele e o agente Ross terminam no inferno. Literalmente. 



Mas hey, pelo menos Everett conseguiu um par de calças. 

A seguir: Fogo contra fogo. 

Martian Manhunter #1 a #5




Como vcs podem perceber pela resenha acima e pelos quase 10 anos de existência desse blog, eu sou um grande fã de homens calados anti-sociais. Válido pro rei T'challa, válido para J'onn J'onzz, o Caçador de Marte (vou ter que me esforçar pra não chama-lo de Ajax aqui e ali..)....
Se vamos ser honestos aqui, admito que me interessei por esse gibi por causa daquela clássica imagem do personagem sentado num trono de oreos.
Poucas imagens me causam mais identificação que essa. Fui atrás dos 36 números da série, com equipe de arte rotativa mas sempre com argumentos de John Ostrander, sem saber o que esperar. Pra mim, J'onn padece do mesmo mal que Diana de Themyscira: um excelente personagem dentro da JLA mas não particularmente notável em aventuras solo (No caso da Mulher Maravilha, isso só mudou comigo depois da espetacular passagem de Brian Azzarello no gibi da amazona). Bom, só li cinco números do gibi e ainda tá cedo pra fazer qualquer afirmação de fato, mas confesso que fiquei positivamente surpreso com o que vi aqui. Começou como uma estrutura de proceduralzão básico. Bem feito, mas básico. O marciano tem aventuras super humanas enquanto se divide entre a identidade heróica e seus vários alter egos civis, o principal deles sendo o policial John Jones. da NYPD. Temos alguma exposição do passado do personagem, aparentemente apenas para estabelecer sua história, considerando que nem todo mundo tem muita familiaridade com as suas origens.
E aí, na edição 3, vem o twist, e o procedural ganha novos ares.



Como eu disse, a trama começa básica mas com umas sacadas particularmente inteligentes que deixam o formato menos familiar: enquanto a edição 2, passada no Japão, brinca com alguns tropes dos mangás e tokusatsus, a número 5 flerta de leve com a estrutura de Rashomon, do Kurosawa, com a trama sendo visitada e revisitada a partir da visão de diferentes personagens. 
Eu confesso que fui atrás da hq esperando só o arroz com feijão básico pra me entreter entre uma e outra viagem de busão pro trabalho, mas achei um estudo de personagem bem interessante e com brincadeiras narrativas, tanto no roteiro quanto na arte, que evitam que a estrutura geral do gibi soe engessada ou preguiçosa. 
Tem bastante potencial. Ainda bem, considerando que o Caçador é um dos meus personagens favoritos dos quadrinhos.



- E aliás, falando nele, só pra citar, to bem no comecinho dos primeiros números da JLA de Maguire, Dematteis e Giffen e preciso dizer: considerando que essa fase é conhecida pela leveza e humor, é meio surpreendente o quanto seu primeiro arco é sombrio, com uma trama envolvendo heróis de uma outra dimensão, destruída após uma guerra nuclear, vindo pro nosso mundo (well.... pro do universo DC) pra evitar que algo parecido aconteça aqui. No entanto, as sombras se dissipam já no arco seguinte, com a introdução do Gladiador Dourado e seu teste de fogo, sozinho contra a Royal Flush Gang.....



- Ainda não estou em dia com o gibi da Squirrel Girl (uns 4 números atrasados) mas hoje eu resolvo isso. O ponto: a edição desse mês é um fanzinão, criado e protagonizado pelos personagens do gibi. E no meio disso, aproveitaram pra chamar alguns grandes nomes dos gibizinhos e tals e o que importa aqui:  tem tirinhas do Surfista Prateado e Galactus. Criadas por Jim Davis. Sim, o pai do Garfield. Surfista. Galactus. Jim Davis. Garfield. "Feed me".



- Em dia com o gibi da Lunella. Sério, vai tomar no c*, eu não tenho como recomendar mais que os senhores leiam "Moon girl and the devil dinosaur". Nessa ultima leva de 10 números que li, passei por uma despedida que me deixou com os olhos marejados, viajei para uma terra alternativa, vi encontros com Riri, encontros com Kamala e uma trama linda envolvendo uma guria atrás de amigos. E que no caso, é um satélite senciente, filha de Ego, o planeta vivo.
É simples: tu gosta de gibi? Gosta de personagens bem construídos? Gosta de Jack Kirby? Tramas fora da caixa? Gosta de se sentir com o coração quentinho? Sim? Vai ler "Moon girl". Simples assim.
A Marvel é da Disney. A Disney tem a Pixar. É querer demais uma animação da Lunella feita pelo estúdio de John Lasseter? Tipo, pra ontem.


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