quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Dias raivosos: uma ode a Spider Jerusalem.

“Toda revolução tem um furo, seja grande ou pequeno. E ele tem um nome. Gente. Não importa o quão grande seja a ideia em torno da qual as pessoas se reúnam. Elas são pequenas, fracas, custam pouco e vivem com medo. São as pessoas que matam as revoluções”

Evito ao máximo falar de política pq, neste blog, assim como na vida, se eu não sei do que estou falando, das suas nuances e meandros e detalhes e etc., eu simplesmente calo a boca.
Longe de ser apolítico no entanto: costumo dizer que orgulhosamente não carrego nenhuma ideologia (ou, melhor, consigo com certa - e incomoda - facilidade enxergar a falha em absolutamente todas elas) mas OBVIAMENTE tenho minhas crenças. 
Por outro lado, arte é política. Desculpem quem achar que arte é puro escapismo mas..... nope, vcs só estão errados. Mesmo o filme mais imbecil do mundo, mesmo, sei lá, algum "clássico" do Adam Sandler carrega valores e propaga idéias e conceitos culturais, explicita ou implicitamente. Quando eu digo que vcs deveriam ler X é pq eu gosto daquilo mas tb estou, intencionalmente ou não, recomendando que vcs acessem aquele conjunto de idéias. E não estou dizendo que concordo com elas. 

Isso posto, com Trump por lá e com a legítima presidente sendo "convidada a se retirar" por aqui, com a ascensão de uma nova mentalidade totalitarista e que flerta com o fascismo (ou com o retorno de uma velha mentalidade rebootada pros novos dias. Totalitarismo 2.0. Direitismo open source. Fascismo liquido), eu não poderia ser mais enfático e dizer aos senhores: sério, procurem Transmetropolitan.  Não é só sobre distopias futuristas, sobre o REAL papel da imprensa e do nosso papel, individual e coletivamente enquanto agentes ativos politicamente. Sim, é sobre tudo isso, mas também é sobre, como sempre ocorre com os melhores trabalhos de ficção especulativa, o NOSSO mundo, um reflexo distorcido e sombrio, uma lupa criticando com ferocidade esse contexto pós 11/9 em que vivemos (detalhe que o gibi começou a ser publicado em 97 e terminou em 2002, ou seja, pegou o mundo antes, durante e depois da transição socio-politico-cultural desencadeada pela queda das torres gêmeas).

O torrent com as 60 edições (mais especiais) tá a duas googladas de achar. E quem preferir o negócio por meios oficiais, a série tá saindo atualmente aqui no Brasil (se pans até já terminou de ser publicada). Não importa como vcs vão ler isso mas sério: Transmet nunca foi tão relevante quanto é no caótico cenário político em que nos vemos enfiado nesses dias sinistros. 

Pra quem quiser mais incentivo pra procurar o negócio, deixo não um, não dois, mas três artigos dissecando a série. E claro, futuramente eu pretendo resenhar a hq, arco por arco.

Escutem titio Urso e vão atrás desse material, uma das melhores coisas que a Vertigo já lançou....

Isso tudo dito, uma ultima observação: não sei se uma olhada em qualquer caderno político de qualquer jornal em publicação atualmente causaria uma ereção permanente em Spider ou uma úlcera nervosa gangrenante fatal. 

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