quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Tava vendo o começo da nova edição do Big Brother hoje (coisa que admito sem nenhum orgulho. Curiosidade mórbida se quiserem assim chamar). Além do que geralmente chama a atenção (ou seja, a quantidade de gostosas que provavelmente vão ser capa de Playboy, Sexy e, quando estiverem em vias de voltar ao estado de ostracismo inicial, protagonistas de um ou outro filme da “Brasileirinhas”) uma coisa saltou aos olhos: a necessidade quase biológica que as pessoas tinham ali de entrar na casa. O interessante é que o tal prêmio em dinheiro é só UM dos motivos que os levam a enfrentar uma via crucis até o cárcere publico. Aparentemente o principal motivo que os leva a passar por tudo isso é simplesmente o desejo pela fama. Não consigo não pensar em pq as pessoas tem essa necessidade tão pungente de serem famosas e especificamente NESSE caso, já que geralmente a fama é (ou deveria ser) fruto de algum talento que a destaca do resto da massa o que é o contrário do que acontece aqui, já que as figuras no big brother não ganham fama pq são talentosas ou algo assim. Elas são, sim, famosas apenas por serem famosas, o que, aliás, é um fenômeno típico da nossa época (que dirá Paris Hilton).
Um lado mais ingênuo meu quer acreditar que esse desejo pela fama vem de uma vontade de ser “imortal”. De se destacar da multidão. Um grito desesperado de revolta contra o processo de padronização e homogeneização de toda a diversidade que é a base da civilização humana, o qual sofremos hoje em dia. Uma vontade de se fazer notar perdido no meio da massa de “lemingues”, na multidão de rostos indistinguíveis e, a partir da fama, se provar único.

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Mas aí vem o meu lado cínico e escroto e me diz que o que essa gente quer mesmo é grana ou passar o rodo geral (preferencialmente os dois), não é??
Fato é que funciona, pelo menos por um tempo. Elas vão fazer, pelos próximos meses, algumas pessoas pararem tudo que estão fazendo pra acompanhar o seu dia a dia. Mesmo sendo um dia a dia particularmente medíocre. Pq? Controle. A única conclusão a qual eu posso chegar é que reality shows como esse fazem sucesso pq concedem ao publico a ilusão do controle. É o espectador olhando aqueles 14 competidores em casa que irá decidir a vida dos que estão lá dentro. E aí forma-se tudo aquilo que todo começo de ano a gente vê. Comunidades do orkut de “eu amo fulano” e “eu odeio ciclano”, blogs falando disso (e alguns que surgirão APENAS pra falar disso), notas em revistas e jornais (os mais cara de pau simplesmente admitem que compraram o zeitgeist e tão na torcida por um ou outro. Os mais “pseudo-classudos” vão dar uma roupagem crítica ou pseudo-sociológica pra falar da coisa, discutindo o pq do burburinho em torno de um ou outro participante, como a revista Veja já fez num dos BBBs passados).
E assim, nessa relação simbiótica de “desejo pela fama” e “ilusão de controle”, temos um sucesso de audiência, o que com certeza vai render algumas cifras a mais pra rede globo.
Se existe alguma consolação final nisso é o inegável fato de que não existe câmera, reality show ou milagre que cure a tendência à mediocridade. Por mais que essas pessoas na casa venham a encher o nosso saco com aparições em programas, flashes em comerciais e em todo o burburinho ao qual seremos expostos nas próximas semanas, ainda assim, se elas não tiverem nada que as torne especiais, elas vão voltar a serem legitimas anônimas depois que saírem do foco das câmeras.


....Pelo menos até um novo grupo de candidatos a celebridades-relâmpago aparecer no ano que vem quando começar o BBB 10, e no ano seguinte com o 11 e por aí vai....

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