sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Doctor Who 9x05 - "The girl who died": Fire in the water.....



Tirando do caminho: melhor episódio da temporada. E o primeiro que se sustenta sozinho, sem a parte II. Aliás, vou mais longe e me atrevo a dizer: mesmo que o episódio de semana que vem for, tipo, 40 minutos de ruído branco, ainda assim, esse se mantem como um novo clássico.
Diabos, tematicamente falando, esse episódio conseguiu melhorar minha impressão até dos arcos anteriores, que entregaram pequenos hints que foram ser amarrados aqui em "The girl who died".


Eu falei do monstro de semana passada, mas não me entendam errado: não espero nível de excelência nos efeitos especiais de Doctor Who. Exatamente por isso, adorei o nível de tosqueira no efeito especial de Odin nas nuvens. E aliás, esse episódio só reforça ainda mais o quanto o Fisher King foi um vilão meh. 


Os aliens, conhecido como os "Mire" são tão genéricos quanto o alien de "Before the flood". Sontarans genéricos. Mas bem utilizados. Ainda, no entanto, fico esperando por qual vai ser a grande contribuição dessa temporada pra mitologia da série, como foram os wheeping angels, o silence ou mesmo os boneless, da season 08. 




Absolutamente incrível a interação entre o Doctor e os Vikings. Sim, todos sabíamos que os momentos do Capaldi dividindo a tela com Maisie Williams seriam ouro puro mas eu não esperava ver um grupo de coadjuvantes igualmente aptos a roubar a cena. A cena do treinamento dos vikings foi algo que me fez rir alto. E Clara, que teve apenas momentos aqui e ali nos episódios anteriores, pôde brilhar na cena em que quase conseguiu barrar a invasão dos Mire apenas com argumentos. 

Quem é a companion mais foda da série moderna? 
E já que mencionei, DW absolutamente brilha quando Moffat (aqui, co-escrevendo, junto com Jamie Matheson) escreve sobre seu tema preferido: o poder das histórias e a influencia da narrativa, não apenas como entretenimento mas como o próprio alicerce que sustenta a História. 
Li no "Tardis Eruditorum", certa vez, uma teoria do autor que achei particularmente fascinante, a respeito do porque dos Timelords serem taxativamente contra alguém poder remodelar a própria história: Quando um viajante do tempo altera a própria história, ele também está alterando as memórias dessa história, pra ele e pras demais pessoas. Num universo em que só podemos experienciar a realidade através dos nossos sentidos, a memória é o tecido que compõe a realidade. Portanto, altere a memória de um evento e vc alterou o evento em si (pelo menos pra todas as demais pessoas que não experienciaram o tal acontecimento e que terão sua percepção construída a partir das histórias e memórias de terceiros sobre ele).
Fascinante, não? 


E nem é a primeira vez nessa temporada, justiça seja feita: No primeiro arco, Davros usa a narrativa da própria série (com direito à cenas da série clássica) contra o Timelord. No arco passado, o Fisher King usa palavras, imbuídas de um sentido sinistro, pra garantir que sua mensagem (ou sua história) seja ouvida. Aliás, como um dos temas recorrentes do showrunner, podemos pincelar seu uso em vários outros momentos da série: lembram-se como os já citados angels usam a memória que as pessoas tem deles pra criar novos membros de sua raça? Como uma história assustadora que é fortalecida a cada nova vez que é passada adiante. Ou, de forma menos subtextual, quando ouvimos que "no final, nos tornamos todos histórias"? 
E aqui, storytellers salvam o mundo. O que torna os Mire criaturas tão temíveis são as histórias que contam a respeito deles.


Ashildr se sente diferente dos demais por causa das histórias em sua cabeça. E no final, lidando com criaturas que se valem de ilusões, de "fumaça e espelhos" pra causar terror, foi a "história", a ilusão de um dragão, voltadas contra os próprios invasores, que salvou a Terra. ]
Como derrotar uma história ruim? Com uma história melhor. 

Outros pensamentos: 
- Como disse, a sub-trama da responsabilidade do Doctor diante das leis do espaço tempo deixa o elemento "sub" e passa pro sobretexto. Vou mais longe: "The girl who died" me parece um contra-argumento ao conceito do "timelord victorious" que vimos nascer em "Waters from mars". Lá, quebrar as leis do espaço tempo (como, aliás, em "Before the flood") era uma aberração, uma negação da própria história, desrespeitando o papel de seus agentes. Aqui, a negação das leis de causalidade é um ato menor diante do principal papel do Doctor: salvar pessoas. Proteger inocentes. Considerando que as leis de causa e efeito sempre foram um dos poucos paradigmas aos quais o timelord rebelde sempre se manteve próximo (diabos, o 2nd Doctor era quase um black ops de Gallifrey, unleashing hell pra cima de qualquer um tentando dobrar as regras do espaço tempo) acho que podemos afirmar que vemos o doctor mais rebelde que nunca...
- MAS......tudo tem seu preço. Que cena linda a que fecha o episódio, mostrando os efeitos da imortalidade sobre Ashildr. Pq morrer TAMBÉM é uma habilidade, uma dádiva, como o protagonista nos lembra em determinado momento.



- Se os Mire enfraquecem ainda mais o vilão de semana passada, por outro lado, a retomada da trama da responsabilidade do Doctor fortalece os dois arcos anteriores da season 09, que, aparentemente, vai ter uma grande trama ligando a temporada de forma mais uniforme que nas seasons 07 e 08. Rever essa temporada, após sua conclusão, vai ser uma experiencia interessantíssima.
- Não canso de falar do elenco, mas: Capaldi. Rapaz, o que foi a cena dele traduzindo a linguagem do bebê? Uma das melhores cenas da temporada? Não apenas. Fácil, uma das melhores cenas dos 50 anos de série. Simples assim. 
- O lance do híbrido foi citado e.....ainda não compro totalmente essa história. Até pq, cáspite, pq o Timelord não entrou em panico, lembrando da tal profecia, quando vislumbrou a Doctor-Donna, um híbrido humano-Gallifreyan, pela primeira vez? 
- E aliás, falando nela: explicação simples mas que funcionou plenamente pra mim, a justificativa do rosto do 12th. Entre o Doctor passivo de Pompéia e o Timelord victorious, existe algum meio termo? Provavelmente descobriremos semana que vem.




- Donna Noble.... ainda a mulher mais importante em toda a história da criação. :-) 

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