sexta-feira, 8 de março de 2019

Capitã Marvel: "I'm not gonna fight your war. I'm gonna end it"


Oooooookay. Então, este humilde escriba foi ontem assistir o mais novo longa da Marvel e seu MCU, o filme da Capitã Marvel (e sim, caso alguém esteja se perguntando, eu fui todo paramentado com minha recém adquirida camiseta da personagem). Expectativas moderadas. Uma das minhas personagens favoritas dos quadrinhos. Mas ainda é um filme da Marvel, e pior, um filme de origem, e estes tendem a ter uma estrutura mega engessada. Um filme importantíssimo, tanto pro futuro do universo cinematográfico da casa das idéias quanto pelo seu efeito político e simbólico. Mas que, por isso mesmo, poderia ceder diante do próprio peso. E aí. Presta?

Bom, resumindo bastante: SIM. É bem legal. Tem um monte de falhas, algumas mais sérias, outras ignoráveis, mas, no geral, eu diria ser um glorioso 7 de 10. Bons personagens, boas interações e o estabelecimento de um universo que deve render bem mais quando todas as arestas forem aparadas nas sequências.

Bom, é isso crianças, deem like, se inscrevam no canal, ativem o sininho e.....

oh......vcs esperavam mais do que isso. Okay, okay, vcs me pedem pra pular, eu subo no topo do prédio do Banespa lá no centrão de SP e pergunto de volta "tá bom ou quer mais alto?"
Mas o filme estreou ontem e pra falar mais dele, vou ter que descrever detalhes. Então, fica o aviso, gurizada.



Ainda aqui? 
Bom.... eu sempre me vi como uma pessoa copo meio cheio, então, vamos falar dos defeitos do filme pra tirar a parte ruim do caminho? que tal?
SO...... Tem alguns diálogos que te catapultam pra fora do filme, que tu ouve e na hora soam pouco naturais. Vc saca que são engenhados pra parecerem cool. O filme pesa a mão aqui e ali, onde poderia ter sido um tiquinho mais sutil, APESAR de eu entender que vivemos tempos extremos e estúpidos, então, as vezes vc tem que desenhar da forma mais gráfica possível pra ver se as pessoas pegam a mensagem. O único ponto que realmente ficou meio como um rombo de roteiro é o lance do personagem do Jude Law sacar de cara o que tinha acontecido com a Carol depois do acidente que lhe deu os poderes. Yo, mano, tu vê uma mina ser atingida por uma explosão monstro, e só de bater os olhos, ele já "ela obviamente absorveu a energia do motor". Ow, se é tão simples assim criar alguém como a personagem, pq demônios, após o relatório do que ocorreu com ela chegar até a suprema inteligencia kree, não tentaram explodir motor em cima de maluco pra ver se rola de novo?
C'mon, guys. 

Okay? Okay.

Isso tudo dito e posto..... FODA-SE, nenhum filme da Marvel é perfeito, todos tem defeitos, e inclusive alguns desses são coletivos, se repetindo em quase todos, como a necessidade de quebrar a tensão o tempo todo com uma piada. Mas de novo, nada que zoe o rolê aqui. 

So, vamos falar de coisa boa. Adorei a interação entre a Carol e Fury. Da mesma forma que eu poderia ver um filme estrelado por Rhodes e Stark, sem super batalhas e super vilões ou mesmo super armaduras -  apenas os dois, sei lá, comendo uma schwarma e zoando um ao outro - eu veria fácil mais meia hora, uma hora, uma hora e vinte de ping pong verbal entre a Capitã e o então futuro líder da SHIELD. Com relação à mensagem do filme, adoro que dá pra resumir o grande conflito em um tuíte: uma mariner do exército do tio sam descobre que tá lutando do lado errado e decide dar uma força pra um bando de imigrante. Só que em escala cósmica. Substituam "exército do tio sam" na frase acima por "imperio kree" e já é. E não QUALQUER soldado, mas uma guria.



Eu vivo criticando, aqui e em outras redes sociais, obras que querem ser desconstruídas e se perdem na própria panfletagem. Se intencionalmente ou não, fica a cargo dos senhores lendo isso, mas não dá pra negar que a bandeira SJW tb virou uma commoditie na mão das empresas responsáveis por cultura pop. Tem um roteiro fraco? Personagens vazios? A coisa não tá dando liga? Bota uma mensagem pró minorias aí e tá valendo. Como eu disse, o longa carece de certa sutileza, principalmente na cena climática da personagem literalmente "rising up" diante das adversidades. Mas não pesa a mão em excesso e naquele momento, na moral, dá pra entender pq tinha que ser daquele jeito. É o primeiro filme estrelado por uma personagem feminina do MCU, a msg ia ter que estar lá de qualquer forma, então que bom que tá lá desse jeito. Passa longe de ser, tipo, sense 8 ou aquele ep. patético de body positivity da season 1 de Riverdale, minhas referencias máximas disso de "progressismo para disfarçar roteiro porco". 
Se vcs tem alguma duvida do quanto isso é necessário e como isso foi feito de uma forma legal no filme, só um exemplo da vida real: Vi o filme sentado do lado de duas gurias. Não tava prestando atenção nelas pq, né, tô lá pra ver o longa. Mas na cena em que aquele motoqueiro manda um "dá um sorriso aí, moça bonita", as duas meninas se entreolharam de tal forma que até eu notei. Aquela coisa de cumplicidade, de "nossa, já rolou comigo várias e várias vezes", que qualquer guria já passou, que qualquer homem já ouviu vindo da boca das amigas ou familiares várias e várias e várias vezes. 
O cinema tava bem comportado então, não rolaram palmas nem reações mais apaixonadas por parte do publico, então, não posso dizer como o aspecto mais político do longa atingiu aquelas pessoas, mas a cena da Carol se levantando e o edit da cena, tipo "caímos para podemos nos reerguer em seguida" gerou burburinhos e certa "eletricidade" na sessão em que estava, o que foi bem legal. 



O roteiro não é nenhum primor mas é suficientemente competente pro trabalho que tem que realizar, salvo esses pequenos furinhos citados acima. A direção, principalmente a de elenco, me incomodou um pouquinho mais aqui e ali, mas de novo, nada que comprometa.
Vi gente falando mal das coreografias de lutas, mas fiquei bem satisfeito com o mostrado em tela. 
O elenco é, de longe, a melhor parte do filme. Brie Larson é maravilhosa no papel. Confesso que, no anúncio de sua contratação pro papel, fiquei mega bolado pq eu era do time Katee Sackhoff pra essa personagem desde sempre. Mas considerando tudo, I'm sold. Agora, eu tô animado MESMO é com as sequências e com o que vão fazer com ela daqui pra diante. Samuel L. Jackson, por sua vez, é meio que o alívio cômico do longa e funcionou bem, principalmente em seus momentos de interação com Goose, o gato flerken. É visível que o ator tá completamente relaxado e, mais que isso, se divertindo ali. 
Os vilões, sempre citados como o ponto fraco dos filmes do MCU, nesse caso, não me incomodaram. 
A Suprema Inteligência Kree, aliás, Mar-Vell, e o exército kree, liderado por Yon-Rogg, personagem de Jude Law tão lá meio como metáforas. Sorry se isso soar cheesy, mas o grande inimigo desse filme, na real, é o fascismo e é contra ele que a Capitã vai lutar durante as duas horas de duração dessa história. E no momento em que estamos, essa é uma msg super bem vinda. Nenhuma das adaptações feitas pro filme me incomodou, muito pelo contrário. Mar-vell, o herói original, segue eterno nas hqs. Quem quiser, que vá atrás. E os Skrulls como personificação da alteridade foi uma sacada de gênio. Se nos quadrinhos, de fato, eles simbolizam a ameaça sem rosto, mutante e disforme, o sleeper agent que pode estar ali do lado sem vc saber, aqui, eles encarnam o fantasma que é o motor e combustível dos regimes fascistas. A tal "ameaça invisível" contra os quais os defensores de política de direita sempre usam como exemplo do pq o militarismo se faz necessário. A alteridade, não mais inimiga, mas vítima de um sistema que precisa de um bicho papão para manter o seu povo assustado a ponto de que estes se permitam abrir mão de liberdades individuais em troca de alguma segurança.



Familiar? Não falo de nada específico aqui, taoquei? :-)

Fiquei me perguntado, durante o final, se, considerando essa msg, não teria sido mais interessante que Monica Rambeau, a Capitã Marvel negra e a primeira mulher a usar essa identidade, nas hqs, não teria sido uma escolha mais interessante, pelo efeito simbólico e tals. Mas, vá lá, um passo de cada vez. Hollywood não é famosa por seu progressismo e por abraçar de cabeça esse tipo de questão. Ou pelo menos, não de forma tão rápida e urgente. 



De resto, já vi algumas críticas ao filme, algumas válidas, outras não (fui ver o vídeo da comic book girl 19 sobre o longa mas ela me perdeu no momento em que soltou a pérola "Brie Larson não deveria ofender nerds brancos pq tem um monte deles que é fã dos quadrinhos". Sem saco, mano). Algumas citaram coisas que eu concordo que são um ou outro ponto problemático, outras mencionaram coisas que é só relevar, sabe? O negócio dos anos 90 e das referências visuais e musicais incomodou certa galera, mas mano, eu ri pra caramba, achei bem legal. Ok, eu tenho 40 anos de idade? Tenho (bom, 39 se vamos ser precisos). Essas referências pegam em mim de um jeito que não deve funcionar com uns 50% do publico alvo do filme? Certeza. Me incomodo com isso? De maneira nenhuma. E, ow, na boa: o inferno vai congelar antes de vcs me ouvirem reclamar de um filme que decide usar como trilha sonora clássicos do Elastica, Hole, No Doubt, Garbage e outras bandas que, ainda hoje, me são queridas. Inclusive, cantei junto nos créditos finais, quando tocou "Celebrity Skin". \o/


Ah, tb: chorei com a vinheta nova do Marvel Studios. Simples assim.
E adorei ver o nome de Kelly Sue Deconnick nos créditos do filme. Pra quem não sabe, ela é a roteirista responsável pelo reboot da personagem, por ter pego alguém que era uma coadjuvante nível C, cujo único destaque, até então, era um arco na fase do Busiek em que se revelava alcoólatra e transforma-la num dos pilares do universo Marvel. Simples assim: tem um filme da super heroína? Agradeçam a Kelly Sue....

.....como... aliás... a Marvel fez... então..... hã.... yay??.... 


..... YAY!!!! \o/


Uma última nota: o 3D de Capitã Marvel tá excelente. Se vc tem que pagar mais caro, prefiro que seja esse uso do recurso, que faz as coisas se projetarem da tela o tempo todo, não aquele um que tu esquece que tá vendo um filme com esse tipo de tecnologia depois dos primeiros 5 minutos de longa. Não sei se foi filmado pensando nisso ou se é convertido, mas na primeira cena envolvendo naves em 3D, eu já tava me segurando pra não esticar a mão e tentar "tocar" nos encouraçados Krees
É isso, pessoas. Importante, já falei isso aqui, não é um termo que eu gosto de ver associado à arte pq obras podem ser importantes e ainda assim serem uma droga. "O despertar de uma nação" é um filme mega importante, primeiro filme "com história" produzido nos Estados Unidos. "The Jazz singer" é o primeiro filme falado produzido em solo norte-americano. Alguém vai dizer que são filmes bons?
Mais recentemente? Avatar, o dos smurfs gigantes não o do dobrador de ar, é um filme mega importante por avançar a tecnologia do 3D e seu uso na indústria do cinema. De resto? Um filme mega medíocre 
Mas, tal qual "Black Panther" antes dele, "Captain Marvel" é um filme extremamente importante, por questões de diversidade, pela mensagem anti-fascista num momento em que movimentos de direita tão perdendo a vergonha e o medo de falar merda e tão pipocando em tudo que é canto do mundo, incluindo, obviamente, no nosso quintal tupiniquim. E, por fim, pelo seu papel dentro do MCU, o divisor de águas desse universo, preparando o pré e o pós Infinity Wars. 
E TAMBÉM ser um filme que diverte bastante só agrega valor à experiência. Baixem um pouco as expectativas,  não esperem algo com a intensidade de "Infinity Wars", - até pq a proposta não é essa - mas vão na fé.



Ah, uma ultima nota II: Forçaram um pouquinho a mão no lance do "Avenger", mas dane-se. O filme dá a impressão de que a Carol vai ser, tipo, "o Superman da Marvel" em termos de importância dentro desse universo e por mim, tá tudo bem.
Ah sim III: os trailers. Foda-se. Passou o do X-men novo. Não sei o nome e não me importo a ponto de procurar. Tem a Fênix e tem a Mística com uma maquiagem nível cospobre. Passou o do filme novo da Maísa, a do PRAISTAIXON, PRAISTAIXON das manhãs do sbt (tinha o Yudi tb, não tinha?) e tipo, dane-se.  Acho que passou mais um ou dois e absolutamente ninguém se importa.
A única coisa relevante aqui: passou o trailer, esse sim, awesome, do especial que o cinemark vai exibir, dia 23 e 24, do Especial ALUCINAAAAAAANTE do irmão do Jorel, com a exibição de 1h20 dos episódios da série focados na relação do protagonista com a Lara. 


Mano, eu não vou explicar quem é a Lara. Vão ver essa porra. O mundo é um lugar melhor pq esse desenho existe, ok? Tem as duas primeiras temporadas inteiras no netflix. Não tem netflix?
Procura no youtube, cacete. Mas vai ver que, tipo, é maravilhoso. Tem a vovó Juju. E tem o Gesonel, o mestre dos disfarces. E tem o Steve Magal. E tem bacate. Come bacate. Deixa o cabelo bunito.


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