sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Doctor who 9x09 - "Sleep no more": "Mr. Sandman. Bring me a dream....."


Ok, eu protelei, enrolei, embacei, fiz mil coisas enquanto deveria estar fazendo isso, mas, deu,é hora de encarar a complicada missão de escrever sobre Sleep No More.

O que diabos aconteceu ali?



Mark Gatiss. Digamos que o fandom tem uma relação complicada com ele. Ok, ele é capaz de bons roteiros ocasionalmente, mas a menção do seu nome não inspira particular confiança. Se justificadamente ou não, deixo pra cada um decidir, mas mesmo o espectador mais crítico vai concordar que ele vinha numa curva ascendente de roteiros muito bem escritos. Cold War, Crimson Horror e Robots of Sherwood são episódios bem legais, o que fazia com que eu, mesmo sendo o cético que sou, tivesse certa ansiedade positiva com relação a esse episódio, principalmente com a promessa de ser algo mais experimental. Um episódio rodado estilo found footage? Promissor, no mínimo...

Desculpem se me repito, mas.... o que demônios aconteceu ali?



O que deu errado? Sim, os monstros de remela são um problema, mas c'mon, ninguém que esteja aqui desde a época do Russel T. está desacostumado a sua cota de monstros ridículos. Digo, ridículos demais ATÉ pra Doctor Who. Raxacoricofalapatorians e seus primos distantes de Clom, abelhas gigantes, pedaços de pele com rosto. E nem vou me enveredar pelo rol de criaturas bizarras da série clássica pq, se quisesse, tudo que teria que fazer é citar monstruosidades como o Candyman ou mesmo os Quarks (basicamente cômodas ambulantes com armas de fogo acopladas)


Sim, foi doloroso ver os bichos se movendo e eu ainda tenho dificuldades em entender como remela consegue digerir carne humana, mas, vá lá, suspensão de descrença e tals.
Mas, novamente, esse foi o menor dos problemas.


Esse episódio, como quase todos os da season 09 apresentou um leque de conceitos interessantes que poderiam render, sozinhos, várias histórias. A situação dos Grunts, raça fruto de bio-engenharia, a "grande catástrofe" mencionada rapidamente pelo 12th, etc. 
E vejam bem, na segunda assistida, eu até consegui me afeiçoar ao grupo de coadjuvantes. 474, Nagata e Deep Ando, por terem menos tempo de tela, acabam não deixando uma marca tão duradoura quanto, por exemplo, o crew de "under the lake"/"before the flood", mas eles tem seu charme. 



O grande problema aqui é o quanto o roteiro parece desconjuntado e preguiçoso. Como os aliens surgiram? Como diabos a sociedade, enquanto grupo, foi estúpida, mesmo pros níveis humanos, a ponto de embarcar coletivamente na canoa vazando que era a tecnologia "morpheus"? Como o Doctor, só batendo os olhos nos monstros, concluiu quase imediatamente que eram criaturas surgidas a partir da sujeira dos olhos humanos? E o que diabos foi aquele pseudo twist final, que deveria ter soado impressionante mas só me deixou ainda mais confuso? (ainda que, preciso admitir, tenha achado a cena muito bem filmada e dirigida, com tons realmente perturbadores)



Pois é. 

Já tendo comentado a respeito dos coadjuvantes, preciso dizer: mesmo Peter Capaldi pareceu meio apagado aqui, salvo em alguns momentos mais pontuais (ele recitando Shakespeare foi bem legal). Jenna Coleman, por sua vez, não teve muito como brilhar, já que o roteiro a reduziu ao papel de donzela em apuros. 

Em termos de narrativa, o found footage foi interessante. Não exatamente funcionou da forma fluída e orgânica que deveria, mas é um exercício que pode e deve ser tentado novamente, no futuro. 



É fascinante ver que a série atingiu um nível de sucesso grande o bastante a ponto de permitir que o grupo de roteiristas tente algumas experimentações narrativas. Ok, esta não foi das mais bem sucedidas, mas tem que se começar de algum lugar. 

Outros pensamentos: 
- Sério, é esse elemento de irregularidade que me faz ter calafrios quando sugerem o nome de Gatiss como substituto de Steven Moffat pra função de showrunner. Na melhor das hipóteses, seria legal. O problema é que RTD e Moffat já entregaram algo muito acima do nível de "legal", portanto, sigo inseguro a esse respeito. Inclusive, consigo pensar em nomes muito mais interessantes só me restringindo a alguns dos demais escritores dessa temporada. O que diz muito. Mas reconsidero minha opinião no dia em que Gatiss entregar algo no nível de Midnight, Blink ou Listen
- Só pra reiterar o ponto do macro-tema da temporada, o Doctor chega a mencionar como a atmosfera de sonho dos eventos ocorridos na Le Verrier parece-se com uma narrativa. 
- Vale a menção que esse foi o primeiro episódio da série, clássica e atual, a ter uma atriz transsexual no elenco: Bethany Black, que interpretou o 474. 
- Li em algum lugar que teve fã chiando pq não teve a abertura, substituída por aquela tela com caracteres aparecendo e....mano, vão pro inferno, ok? Corajoso a série tentar coisas novas, principalmente em se tratando de um programa de TV cujo tema principal é a mudança, a necessidade de evolução, "change or die".



- só tirando do caminho, Pior episódio da temporada. Aliás, pior episódio da fase Capaldi. Aliás, vamos um pouco mais longe: PIOR EPISÓDIO DA FASE MOFFAT. Pronto, falei. 

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