quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Sobre falsas verdades, preconceitos e os méritos de "Superman Lives"...

A palavra chave aqui é "truísmo".
Direto do Dicionário Aurélio: 

"verdade incontestável, tão óbvia que não precisa ser mencionada"

ou, no caso, FALSOS truísmos. Ultimamente, pelo menos no fandom de cultura pop, truísmos tem me incomodado profundamente. Vcs sabem do que to falando: "ah, episódio II é o melhor filme de Star Wars, óbvio", "ah, claro que artista X é um clássico inatacável", "ah, como assim, vc gosta dessa merda? todo mundo sabe que isso é terrível"

"todo mundo" quem, cara pálida? 

Nope, me deixem refazer a afirmação acima: acho que estou menos propenso a preconceitos do que em qualquer momento da vida, pelo menos no que diz à apreciação artística. Ok, ainda acho funk carioca e heavy metal uma droga, mas pelo menos já ouvi o suficiente pra saber que não gosto. A questão é mais algo do tipo, estar menos propenso a descartar uma idéia antes de dar-lhe uma justa oportunidade.
E digo isso em virtude do fato de ter visto, há alguns dias, o documentário "The death of superman lives: what happened?", filme que investiga as filmagens do infame longa estrelado pelo ultimo filho de Krypton com direção de Tim Burton e Nicolas Cage no papel principal. 


Aliás, mais um salto temporal: há uns tempos atrás eu tinha me organizado pra fazer duas maratonas aqui pro blog, uma resenhando todos os filmes do Ed Wood e outra sobre a franquia Velozes e furiosos. E fui com espírito armado, pronto pra achar tudo uma bosta ou só apontar o ridículo da coisa e........eu absolutamente adorei o que vi. Da mesma forma que foi quando vi todos os filmes do Godzilla ou quando fiz a maratona de John Waters, eu fui achando que tudo seria galhofa e que não iria ultrapassar o nível da apreciação irônica mas....nope. Eu gostei pra caralho do que vi. Não, tipo "tão ruim que é bom". Ok, TODOS os nomes e franquias citados nesse parágrafo tem sua cota de falhas e defeitos (principalmente Ed Wood?) mas o que eu vi encontrei ali, na verdade, eram obras feitas por gente apaixonada pela arte que faziam, que, ok, tentaram e acertaram ou erraram em diferentes níveis, mas ainda assim que colocavam alma e paixão naquilo, longe do tipo de coisa feita em linha de montagem que vemos hoje em dia, com seus reboots e remakes de remakes....



Voltando ao documentário: Entrei obviamente achando que tudo seria ridículo, pronto pra me explodir de rir pensando no quão idiota um ser humano deveria ser pra achar que Nick Cage era a escolha mais apropriada pro papel principal e do quanto Burton deve ter feito tudo no automático e..... nope. Desde o ator principal e o diretor, até nomes como Jon Peters (o produtor) e Kevin Smith (responsável pelo roteiro inicial descartado), além de outros profissionais como responsáveis por efeitos especiais, figurino, concept arts e etc., todos realmente estavam engajados em fazer algo histórico. E diabos, o que já havia de concretizado do longa era tão bizarro, tão....ÚNICO. Acho que qualquer coisa vinda dessa união de pessoas e mentes criativas seria, no mínimo, estranho. Eu seguramente tenho dificuldades em imaginar o resultado final desse filme rendendo bonequinhos vendidos no Mc Lanche Feliz ou álbuns de figurinhas, mas, hey, prefiro mil vezes algo estranho e único e bizarramente maravilhoso como os dois primeiros filmes do Batman a algo meio sanitizado e "pra toda família", esquecível e inofensivo, como são as produções recentes da união Disney/Marvel (as exceções sendo "O soldado invernal" e "guardiões da galaxia". DEFINITIVAMENTE havia algo de especial nesses dois), só pra ficar em exemplos mais recentes (mas as produções da DC não fogem NADA dessa descrição pouco lisonjeira).

E hey, essa é uma lição que eu já deveria ter aprendido há algum tempo: lembro que um dia ouvi sobre um seriado sendo feito, adaptando uma franquia de filmes mega famosa. Minha reação? "hah, pra que? Isso vai ser uma merda, certeza"

a série em questão? Hannibal.

Eu não estou e provavelmente nunca vou estar ok com o final de Hannibal  >___<
Então, fica a pequena lição de moral: sejam menos refratários a idéias estranhas, crianças. Eu to tentando. As vezes eu falho miseravelmente (o ultimo filme do Quarteto Fantástico sendo exemplo máximo disso), mas to tentando. 

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