quinta-feira, 25 de abril de 2019

Doom Patrol s01e08: "Danny Patrol" - "We're all misfits living in a world on fire"

wow...



I mean...WOW..... 

Se tinha um conceito do run do Morrison no gibi da Doom Patrol que eu tinha absoluta certeza de que era inadaptável, era Danny, the Street.
Well..... fuck myself. Fizeram e fizeram bem pra caralho. 
Isso não é um episódio, essa porra é um MANIFESTO. Sério, se não tiverem contingentes de excluídos, punks, rejeitados sociais, drag queens e os cacetes, nesse momento, agitando pra realizarem festas e mais festas com o tema "Danny, the Street", eu vou ficar ainda mais decepcionado com a humanidade do que eu já estou. E vejam bem, meu parâmetro aqui é o mais baixo possível.

Anyways, melhor episódio até agora, simples assim. 
Bom... depois dos eventos desencadeados por Admiral Whiskers Cliff semana passada, lidamos com o fallout do negócio: o homem robótico recebe uma ligação de Jane dizendo que tá tudo bem e dando um endereço a ser passado para Rita, que nos informa que estamos lidando com uma nova persona da meta-humana: Karen, aparentemente uma doida cuja visão de mundo é cunhada a base de muito filme da Julia Roberts e Meg Ryan dos anos 90. Ela seria a personalidade que emerge quando Jane tá completamente quebrada emocionalmente. So, os dois vão ao resgate da colega.
Paralelo a isso, Vic e Larry recebem um pedido de ajuda particularmente peculiar, na forma de um bilhete com a msg "Niles, socorro" e um bolo com um mapa desenhado acima, com um endereço em Danny Street.




So here we go. 
Danny e o Bureau são dois conceitos 100% Morrisonianos até a medula. O primeiro, uma rua senciente de gênero fluido (e aqui uma ressalva: vou tentar tomar cuidado com os artigos de gênero quando for falar del@. Como os senhores puderam notar, optei pelo uso da @ pra me referir a Danny. Entre as opções - omitier o "e" ou "a" ao final, chamando el@ de "el" ou usar o x, essa foi a opção que mais agradou. Enfim, vou tentar não dar mancada ao me referir a el@, mas se escapar um ele ou ela alguma vez, já peço desculpas por antecipação). 
O segundo, uma organização militar de contenção do que eles chamam de "anormalidades". 
Manjam Planetary? A série do Ellis com o Cassaday? Então, é isso, mas o oposto. Se a missão do Planetary é manter o mundo "weird", a do Bureau é manter o mundo "normal", podar qualquer foco de "estranheza" encontrado. Obviamente, Danny e a organização estão em rota de colisão e cabe à dupla de discípulos do Chief, protege-l@. 
Chegando lá, eles são recebidos por Maura Lee Karupt, uma drag queen que explica aos nossos heróis a natureza..... peculiar?.... daquela outrora adorável ruazinha.



Danny é uma rua senciente. E não-binári@. Onde existe um barzinho, o Perpetual Cabaret, onde rolam apresentações todas as noites. Pq do contrário, sem alegria jorrando daquele lugar... Danny morre. Simples assim. El@ pode se teleportar pra qualquer canto do planeta a qualquer momento e tem como natureza o hábito de receber em si os rejeitados sociais, os parias, proscritos e qualquer pessoa vista pela família tradicional brasileira americana com desdem. Os filhos rejeitados do american dream. 
Por mais que todos os demais membros do clã de Caulder brilhem, esse episódio É do Larry. O seu arco chega perto de uma conclusão nesse episódio, todo sobre aceitação. Melhor: AUTO-aceitação, vc aprender a se amar, mesmo num mundo que te odeia e tenta apontar vc como uma aberração apenas pelo simples ato de existir. Obviamente tem o fato de Larry ser gay e as drags, mas Danny abraça geral: no começo do ep., vemos góticos, gays, uma menina muçulmana, deficientes físicos e toda sorte de pessoa com alguma característica única ou estilo de vida que fuja do dito "normal", singrando por suas ruas, feliz, o que vai contrastar monstruosamente com a versão da rua que vemos quando Ciborgue e o Homem-Negativo chegam lá. E todo o conflito do Larry gira em torno do embate entre suas identidades, seja metaforicamente, antes do acidente ou de forma literal no período de sua vida posterior ao encontro com a entidade negativa. Não é pra menos que ele seja tão resistente a, nas palavras de Vic, "seguir a onda". A cena no bar apresenta como poucas vezes na série, esse conflito a respeito de quem o ex-militar é e de quem ele gostaria de ser, se não fosse a visão do "outro". Dessa forma, curioso que a razão que ele dê pra não querer se envolver na luta contra o grupo de vilões seja "estar cansado de gente dizendo quem ele realmente é". Pq alguém com o conflito que ele tem nada mais é do que uma pessoa tendo que negar a própria natureza em prol da visão da família tradicional e do que esse bando de....... esse grupo de indivíduos toma e prega como o "natural". Bom, graças aos céus, os tempos mudam e em um determinado momento, todos os excluídos por não serem brancos o bastante ou héteros o bastante ou cristãos o bastante, decidiram que havia outra escolha e tomaram como lei:







Eu sei que é doloroso falar da evolução da percepção social e da mentalidade de geral num mundo onde Donald Trump é o presidente dos Estados Unidos, onde o Bozo é o presidente do Brasil e num momento em que vemos regimes reacionários e obscurantistas ganhando força em todo o planeta. Mas fato é, isso é reação, backlash a um movimento do pêndulo da história onde todas as minorias ganharam poder. Ainda menos do que gostaríamos, mas mais do que eles querem que estes grupos tenham. O rabino Henry Sobel tem uma frase que de vez em sempre eu cito quando em discussões sobre temas como o abordado pelo ep. em que ele diz "Durante milhares de anos os judeus tentaram ser o mais parecidos com as pessoas "normais" o possível. E o que conseguimos? 6 milhões dos nossos exterminados em Auschiwitz, Daschau, Baden Baden, etc. Agora é diferente. Nossa mensagem é: nós somos diferentes e vcs VÃO nos aceitar como somos".



É isso, né? "We're not running anymore", motherfuckers. 
Ao final, não é o agente Morris Wilson, mas Maura Lee Karupt, do alto de seus saltos agulha e de vestido, que enfia a porrada em Darren, operativo do Bureau obcecado em eliminar Danny. 
Pq afinal, isso ainda é Doom Patrol e enfiar a porrada em fascistas é lei aqui, ímpios. Como deveria ser, aliás. Ao final, Darren termina como todo reaça deveria: de costas pro chão, engolindo os dentes e aos pés de uma rainha que é pure awesomeness.



Os Dannyzens terminam livres pra festejar e cantar a plenos pulmões. 

Mas claro, como nem tudo é festa, corta pra Karen, Rita e Cliff. Após usar seus poderes de persuasão pra convencer Doug, a família dele e Rita a apoiarem seu projeto de casar-se com o pobre rapaz, resta a Cliff quebrar o "charming spell" da garota, para imensa alegria de Hammerhead, que mais que prontamente se prepara para dar cabo daquele relacionamento da forma mais gore e definitiva possível.



Obviamente, isso não termina bem, e o conflito entre as diferentes personalidades de Jane resulta no cérebro da guria dando "tela azul" e um shutting down.





Aparentemente, o próximo episódio vai resultar no grupo indo ao resgate da guria. E no processo, descobrindo o quão sinistros são os segredos que a moça esconde dentro da sua fragmentada mente. 

- "Oh, look at these two serving us Terminator and King Tut realness, honey".



- Episódio com uma pá de referência, né? Vamos lá.
Quando Rita diz a Karen pra parar com essa bullshit de sonho tipo Nora Ephron, ela tá se referindo a escritora e roteirista americana, autora de, entre outros, "Harry e Sally" e "Mensagem pra vc", duas comédias românticas famosas dos anos 90.
Dermot Mulroney, por sua vez, teve em rom coms dos 90s e começo dos 2000 como "O casamento do meu melhor amigo" e "Procura-se um amor que goste de cachorros". 
Por fim, quando Jane diz que a vida da Rita é uma piada "Grey Gardens' style", ela tá citando o documentário Grey Gardens, de 1975, que narra a vida de duas parentes de Jackie Kennedy "Big Edie" e "Little Edie".



Outrora ricas, agora vivendo em condições de miséria na mansão da família. Ainda não assisti - tô com o filme no hd externo - mas Stella viu e disse que o bagulho é sinistro. Quem assiste RuPaul, deve lembrar da vez que Sharon Needles interpretou a Little Edie no ep. da temporada em que rolou o Snatch Game. 
- Gostei do aceno na edição no começo do episódio: Vcs notaram que logo após o beijo entre Karen e Doug, corta pra cena do Vic vendo o profético quadro desenhado por uma das personalidades da Jane? Tragédia a caminho. 
- Foda-se, eu chorei horrores assistindo isso. 
- Admito que na cena do bar, eu pausei caçando alguma drag famosa fazendo figuração. Eu tinha certeza de que iria achar a Shangela por lá, já que ela bate cartão direto em séries de tv, de Broad City e Community até a saudosa Terriers. Halleloo, mothafuckers. :-)
- A última ajuda que Danny presta aos heróis.... 




Maus auspícios, imagino. 
- Okay, texto pronto, é isso, talvez amanhã tenha mais, já que eu tô dois, quase 3 episódios atrasado. Agora, se me derem licença, vou soltar a voz ao som de "People like us" de novo (a versão da série. Desculpem-me os fãs, mas poucas coisas me soam mais estranhas que Kelly Clarkson, uma mina loura e branca, criada por Simon Cowell e seu American Idol - o equivalente da música pop do bureau of normalcy  - cantando sobre ser socialmente malquista. Fora que Larry e Maura mandam benzaço, né?)



so.... Let's turn the party, gurrrrlllls!!!!!



A seguir: silêncio. Resgate psquíco em execução.

Nenhum comentário: